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Este texto discute a ideologia como uma representação do mundo e da sociedade, submetida a um sistema de conjunto de representações e crenças, que pode conter elementos de conhecimento, mas é orientada e falseada. Althusser enfatiza que as representações da ideologia se referem à natureza, à sociedade e às relações humanas, e que sua eficácia reside na sua relativa autonomia na superestrutura jurídico-política, mesmo assim se introduzindo em todas as partes do edifício social.
O que você vai aprender
Tipologia: Esquemas
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO IFSP Campus São Paulo CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (PROEJA)
São Paulo 2017
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO IFSP Campus São Paulo CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (PROEJA)
Trabalho apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, como requisito parcial para a avaliação final do curso de Pós- Graduação Lato Sensu - Especialização em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na modalidade EJA, sob a orientação do Prof. Dr. Márcio Alves de Oliveira. São Paulo 2017
Não há coisa mais nobre que ensinar Rubem Alves
O presente estudo consiste numa breve análise no que respeito à Educação e suas variantes, especificamente aos discursos pedagógicos dos docentes e suas supostas autonomias. Delineando uma discussão um tanto polêmica quanto ao hábito relacionado à temática apresentada. Uma vez que sustentamos a ideia de que o currículo escolar anula a autonomia docente. Isto, por meio das ideologias disseminadas nos discursos dos professores. Palavras-chave: Educação. Ideologia. Docência. Currículo. Autonomia.
Como primeiras palavras aqui expostas, diz-se que este trabalho não é científico e não quer ser; bem como não se preocupa integralmente com metodologia. Quer dizer, lembrando Feyerabend (1977), pode-se considerar que a ciência é uma instituição dogmática. E aqui não desejamos dogmatismos. Em todo caso, também não aceitamos o ceticismo absoluto, pois que assim sendo, as hesitações constantes tornam-se sentenças autoritárias (novo dogmatismo). Apenas e tão somente intentamos por refletir à cerca da Educação e suas variantes. O presente escrito se constitui uma abordagem teórica buscando expor algumas visões de mundo relacionadas aos estudos, ou mais precisamente, à Educação, na figura do educador e do professor. Nosso estudo se caracteriza mais como um ensaio sobre Educação e alguns dos seus desdobramentos. Solicitamos para que o leitor se atente - mais adiante, no corpo do texto
Por meio de seus discursos os docentes não visualizam as ideologias implantadas no currículo, e assim as ideologias se materializam. Tal ocorrência transpõe o educador para o campo professoral, transformando-o em "professor". Nos atentemos para isso. Isto é, o educador transformado em simples "professor". Como nos sugere Severino (1994, p. 11), é necessário nos atentar para a "significação ideológica do discurso pedagógico". E isso exige "vigilância crítica sobre o discurso ideológico" (p. 10). Em nosso caso, o discurso ideológico é aquele que permeia a educação. Eis nossa centralidade. A tese da nossa investigação se caracteriza, ou melhor, se fixa nos discursos docentes e nas suas "relativas" ou supostas autonomias, especificamente por meio da ideologia do currículo "escolar" que lhe é apresentado^3. Assim, se exige de nossa parte dialogar sobre ideologia, bem como sobre educação, currículo e autonomia docente. Para isso, é preciso construir ou arquitetar nossa orientação/argumentação com base em três autores principais: Althusser (e o conceito de ideologia), Michael Apple (e o significado de currículo) e José Contreras (abordando a autonomia docente); intermediando com o conceito de educação à partir de Durkheim; de sistema de ensino na perspectiva de Bourdieu, e da concepção de educação bancária de Paulo Freire, respectivamente. Não necessariamente seguindo essa ordem. Esse conjunto de autores apresentados nos servirá para fundamentar o núcleo da pesquisa: o quanto os "professores" estão envolvidos pela ideologia educacional e não possuem autonomias nas práticas "docentes". Pois para possuir autonomia docente, é preciso que o educador continue sendo educador; mas quando deixa de ser docente, ele se transforma em "professor". E realmente nenhum "professor" possui autonomia quanto à Educação. Juntamente com esses autores mencionados anteriormente nos apoiaremos em outros tantos cujos mesmos reforçarão nossos argumentos. E nessa caminhada, observaremos o que todos eles tem de melhor a nos oferecer quanto à discussão educacional. Para sermos mais explícitos, enunciaremos que a idéia de ideologia aqui adotada parte, em especial, das análises elaboradas e desenvolvidas por Althusser (1966, 1970). Em todo caso, suas contribuições no âmbito escolar institucional – a escola como aparelho ideológico de Estado (1970) – ampliam nossas argumentações. Seguindo essa lógica, nos apoiamos em Apple (em especial na obra Ideologia e currículo , de 1982), no que concerne ao currículo escolar e suas variantes no contexto social. Por vezes, a idéia de autonomia docente (a qual consideramos como sendo relativa, ilusória e aparente) será auxiliada por intermédio das noções e sistematizações desenvolvidas por Contreras (2012), especificamente na sua obra de (^3) Note-se que não estamos enfatizando suas formações - graduações - licenciaturas (cursos de Magistério).
referência A autonomia de professores. Obra esta em que o autor mostra as variadas alternativas para a autonomia "professoral". Muito embora afirmando que o "professor" possui uma autonomia aparente, relativa e ilusória. Em relação ao conceito de educação, Durkheim nos subsidiará com a ajuda da proposição freiriana de educação bancária (como já referido). Como um todo, o presente estudo consiste numa análise em torno dos discursos dos educadores-professores e nas suas supostas autonomias descentralizadas (através do instrumental por eles utilizados), e, para tanto, se concentra nas abordagens dos autores anteriormente citados. Doravante, as demais referências nos auxiliarão na construção e no desenvolvimento dos nossos argumentos (já mencionados). Ou seja, os demais autores expostos ao longo do texto nos servirão como complementação supostamente "metodológica" para fundamentar com coerência a argumentação textual. Embora saibamos que muitos apresentem discursos divergentes e visões de mundo opostas uns aos outros (autores de distintas correntes de pensamento), bem como escreveram em contextos históricos diferentes, ao referi-los consideramos suas análises muito importantes para o momento atual no que respeita à educação e ao tema apresentado. Eis então, a razão para termos efetuado a consulta dos mesmos. A seleção dos autores e suas produções, assim como a coleta dos dados ou das informações aqui expostas foram intencionalmente buscadas. No que concerne à legislação educacional, por exemplo, não iremos nos deter às mesmas, uma vez que nosso direcionamento visa simplesmente à teoria reflexiva em nível aparentemente "metodológico", e não à preocupação legislacional. Além disso, é essencial acrescentarmos que os dados aqui exibidos são aqueles no âmbito teórico reflexivo, isto é, não houve a intenção em coletar "dados estatísticos" oficiais ou algo similar (para esse intuito, seria necessário outro trabalho de investigação). Com isso, nos limitaremos a uma abordagem exaustiva apoiada em indicadores sociais referentes à educação. Além do mais, acrescentamos que para nós "dados oficiais" disponíveis não são confiáveis, pois quando os mesmos nos chegam são dados manipulados, já foram selecionados ou classificados. Portanto, não vemos, neste momento, real importância nos mesmos para esta pesquisa. Exposto isto, ressalta-se que o plano geral se configura como um Estudo Teórico. Um estudo de reflexão crítica para com os educadores-professores, em especial, e a educação. O trabalho está dividido em três partes ou três momentos/capítulos concernentes ao desenvolvimento da pesquisa. E, no interior desses capítulos, acrescentamos sub-capítulos desenvolvendo melhor os nossos argumentos. Inicialmente (capítulo 1) os conceitos de ideologia (abrangendo o conceito de aparelho ideológico de Estado escolar ) e de educação
Como premissa inicial, discutiremos o significado de ideologia em Althusser (1966,
os outros homens e com suas próprias atividades, inclusive à sua prática econômica e à sua prática política (ALTHUSSER, 1966, p. 19, grifos do autor). Contudo, soma-se que "estas representações não são conhecimentos verdadeiros que representam o mundo" (ALTHUSSER, 1966, p. 19, grifos do autor). Mas certamente podem conter elementos de conhecimento, mas sempre integrados e submetidos ao sistema de conjunto destas representações, que é, em princípio, "um sistema orientado e falseado, um sistema regido por uma falsa concepção do mundo ou do domínio dos objetos considerados" (Idem, 1966, p. 19, grifos do autor). E isto, de modo simples, constitui a ideologia. Ou dito por metáfora: a ideologia é uma espécie de óculos que temos atrás dos olhos (ou por trás dos olhos). Na verdade, a ideologia é a retina dos olhos. Assim sendo, ao encarar a realidade, por exemplo, não conseguimos ver nossos próprios óculos, mas são eles que nos permitem "enxergar" essa realidade. A ideologia, portanto, é esse conjunto de ideias incutidas em nossas mentes e que fundamentam nossos valores e motivam nossas atitudes em relação ao mundo. Bem entendido, "assim como os homens nascem "animais econômicos" e "animais políticos", pode-se dizer que eles nascem também "animais ideológicos"" (ALTHUSSER, 1966, p. 19). E no contexto da história humana, pode-se considerar que a religião foi a "primeira forma geral da ideologia" (Idem, 1966, p. 20). Ou, porque não dizer que a religião é a cultura imaterial mais antiga da humanidade. Decerto, "a ideologia aparece assim como certa representação do mundo , que liga os homens às suas condições de existência e os homens entre si na divisão de suas tarefas e na igualdade ou desigualdade de sua sorte [espécie]"^4 (Idem, 1966, p. 20, grifos do autor). Para Althusser (1966), parafraseando-o, se representarmos a sociedade segundo a metáfora clássica de Marx, ou seja, a sociedade como um edifício, uma construção onde uma superestrutura jurídico-política, elevada sobre a infraestrutura da base, sobre os fundamentos econômicos, devemos dar à ideologia um lugar muito particular: para compreender sua eficácia, é necessário situá-la na superestrutura e dar-lhe uma relativa autonomia em relação ao direito e ao Estado – mas ao mesmo tempo para compreender sua forma de presença mais geral, há de considerar que a ideologia se introduz em todas as partes do edifício e constitui esse cimento de natureza particular que assegura o ajuste e a coesão dos homens em seus papéis, suas funções e suas relações sociais (ALTHUSSER, 1966, p. 20, grifos do autor). De fato, vê-se que a ideologia impregna, influencia ou abrange todas as atividades do homem, inclusive sua prática econômica e sua prática política; a ideologia está presente nas (^4) Nesta primeira parte (capítulo 1), os colchetes são acréscimos nossos para melhor situar o leitor.
visíveis para os homens que lhe estão submetidos (ALTHUSSER, 1966, pp. 20, grifos do autor). Sendo assim, os homens não percebem a ideologia de sua representação do mundo como ideologia , não conhecem nem sua estrutura nem seus mecanismos; praticam sua ideologia (como se diz de um crente que pratica sua religião ou de um militante político), mas não a conhecem. Em razão de estar determinada por sua estrutura , a ideologia excede, supera e transcende como realidade todas as formas nas quais é vivida subjetivamente por tal ou qual indivíduo; é por esta razão que ela não se reduz às formas individuais nas quais é vivida; " é por isso que [ela] pode ser objeto de um estudo objetivo. É por esta razão de princípio que podemos falar da natureza e da função da ideologia e estudá-la (ALTHUSSER, 1966, p. 21 , grifos do autor). Ademais, é necessário dizer que "a forma superior da teorização da ideologia é a filosofia , cuja grande importância constitui o laboratório da abstração teórica proveniente da ideologia, mas tratada por ela mesma como teoria" (Idem, 1966, p. 21, grifos do autor). Quer dizer, com isso se tem a Filosofia como a "teoria da prática científica real" (Idem, 1966, p. 21). Para tanto, "a ideologia não se reduz à sua expressão teórica , a qual não é geralmente acessível a um pequeno número de homens, mas existe nas grandes massas sob uma forma não-refletida teoricamente, que a estende muito além de sua forma teorizada" (ALTHUSSER, 1966, p. 22, grifo no original). Isto é, a função da ideologia não é inteligível, nas sociedades de classes, mas sobre a base da existência das classes sociais. Numa sociedade sem classes quanto numa sociedade de classes, a ideologia tem por função assegurar a união dos homens entre si no conjunto das formas de sua existência, à relação dos indivíduos com as tarefas que a estrutura social lhes fixa. Numa sociedade de classes, porém, esta função é dominada pela forma que assume a divisão do trabalho na diferenciação dos homens em classes antagônicas. Nos damos conta, então, de que a ideologia está destinada a assegurar a coesão das relações dos homens entre si e dos homens com suas tarefas na estrutura geral de exploração de classe, que predomina sobre todas as outras relações (Idem, 1966, p. 22, grifos do autor). Em outros termos, a "ideologia é uma teoria (conjunto de princípios entre si coerentes) que pretende justificar uma prática (geralmente socioeconômica)" (MOREIRA, 2012, p. 79). Mas é também uma prática. Não obstante, para Althusser A ideologia está então destinada, acima de tudo , a garantir dominação de uma classe sobre as outras e a exploração econômica que lhe assegura sua preeminência, fazendo os explorados a aceitarem [sua
condição de explorados] como baseada na vontade de Deus, na "natureza" ou no "dever" moral etc., sua própria condição de explorados (ALTHUSSER, 1966, p. 22, grifos do autor). Mas a ideologia não é apenas, como nos diz Althusser, uma "bela mentira" (ALTHUSSER, 1966, p. 22), inventada pelos exploradores para manter [em seus limites] os explorados e enganá-los [iludi-los]: "é útil aos indivíduos da classe dominante para se reconhecerem como sujeitos da classe dominante, para aceitarem como "desejada por Deus", como fixada pela "natureza", ou inclusive como assinalada por um "dever" moral à dominação que eles exercem sobre os explorados; lhes és útil, pois, ao mesmo tempo serve também para eles como laço de coesão social, para se comportarem como membros de uma mesma classe , a classe dos exploradores (Idem, 1966, p. 22, grifos do autor). A "bela mentira" da ideologia tem, portanto, um duplo uso: exercer sobre a consciência dos explorados para fazer-lhes aceitar como "natural" sua condição de tais; atua também sobre a consciência dos membros da classe dominante para lhes permitir exercer como "natural" sua exploração e dominação. Com efeito, a ideologia é, nas sociedades de classes, uma representação do real, mas necessariamente falseada , dado que é necessariamente orientada e tendenciosa; e é tendenciosa porque seu fim não é oferecer aos homens o conhecimento objetivo do sistema social em que vivem, mas ao contrário, oferecer-lhes uma representação mistificada deste sistema social para mantê-los em seu lugar no sistema de exploração de classe (Idem, 1966, p. 22, grifos do autor). Deste modo pode-se adicionar que "a ideologia é, numa sociedade de classes, necessariamente deformante e mistificadora, porque é produzida às vezes como deformante pela opacidade da determinação pela estrutura e pela existência da divisão de classes" (ALTHUSSER, 1966, p. 22- 23 , grifo do autor). Além disso, devemos considerar que, como representação do mundo e da sociedade, a ideologia é necessariamente uma representação deformante e mistificadora da realidade em que os homens devem viver, uma representação destinada a fazê-los aceitar em sua consciência e em seu comportamento imediatos , o lugar e o papel que lhes impõe a estrutura desta sociedade (ALTHUSSER, 1966, p. 23, grifos do autor). Se se compreende que a ideologia ofereça aos homens certo "conhecimento" de seu mundo - ou melhor, ao permitir-lhes um certo "reconhecimento" em seu mundo, lhes proporcione um certo "reconhecimento" - mas ao mesmo tempo não os introduza senão ao seu desconhecimento. Althusser, com sensatez nos adverte categoricamente para o seguinte:
Certamente, as concepções de mundo "são em grande parte imaginárias, ou seja, não correspondem à realidade" (Idem, 2007, p. 86). Portanto, admitindo que elas não correspondem à realidade e que então elas constituem uma ilusão, admitimos que elas se referem à realidade e que basta "interpretá-las" para encontrar, sob a sua representação imaginária do mundo, a realidade mesma desse mundo (ideologia = ilusão/alusão) (ALTHUSSER, 2007, p. 86). Assim, "interpretando a transposição (e inversão) imaginária da ideologia, concluímos que nas ideologias "os homens representam-se, de forma imaginária, suas condições reais de existência"" (ALTHUSSER, 2007, p. 86). Nesta acepção, indaguemos porque os homens necessitam dessa transposição imaginária para suas realizações? Apenas o homem faz ideologias ou as promovem e as disseminam, indubitavelmente; portanto, o homem é um ser ideológico. Ou mais precisamente: "o homem é por natureza um animal ideológico" (Idem, 2007, p. 94). Ou como já referido: os homens são "animais ideológicos"" (ALTHUSSER, 1966, p. 19). A Tese II , apresentado por Althusser, por sua vez, propõe que "a ideologia tem uma existência material" (ALTHUSSER, 2007, p. 88). E, não obstante, " uma ideologia existe sempre em um aparelho e em sua prática ou práticas. Esta existência é material" (Idem, 2007, p. 8 9 , grifos nossos). Neste sentido, portanto, a ideologia precisa da materialidade além do engendramento psíquico para se constituir, e isso se efetiva, em nosso caso específico, na escola por intermédio do "currículo oficial", bem como por meio dos discursos dos professores realizando uma fusão do imaginário e da materialidade (escola como aparelho ideológico de Estado, segundo o pensamento althusseriano). Lembremos que para Althusser a ideologia é igual "a relação imaginária com as relações reais" (Idem, 2007, p. 89). Diremos, então, "que esta relação imaginária é em si mesma dotada de uma existência real" (Idem, 2007, p. 90). Deveras, após uma breve apresentação, por assim dizer, das duas formas de ideologias aqui expostas (imaterial e material), Althusser enuncia as duas teses de forma simultâneas: "
(ALTHUSSER, 1966, p. 19, grifos do autor), pode ser considerada como uma das muitas manifestações humanas na existência real e concreta. De certo modo, "a ideologia exprime a maneira pela qual os homens vivem os modos de relacionamento entre si, assim como os modos de relacionamento que mantém em suas condições de existências (CAPALBO, 1978, p. 4 1 ). Em suma, a ideologia "trata-se de símbolo apenas , em oposição à coisa mesma. Imagem dentro de um espelho que não tem dentro, por isto ilusão. Apenas um símbolo, e além disto, invertido : reflexo obscuro em água turva, imagem ao fundo da câmara fotográfica, eco" (ALVES, 1985, p. 55, grifos do autor). Conseqüentemente, ao lado da ideologia há a alienação que não se distancia jamais. Alienação, por vezes, é identificada aqui por nós - de modo muito simples - como "um estado no qual a pessoa não tem consciência do que está acontecendo no mundo em que vive" (ALVES, 2005 , p. 56). Noutras palavras, a alienação é a " perda da própria identidade , diluição no outro estranho a si" (SEVERINO, 1994, p. 117, grifos nossos). Sobre a Escola e o sistema de ensino/sistema escolar Buscando compreender as idéias de Aparelho Ideológico de Estado (AIE) assinalado por Althusser (1970), há de salientar o AIE escolar , especificamente. - Pois, para este autor, “a Escola e as religiões "adestram" por métodos apropriados de sanções, exclusões, seleção, etc.” (ALTHUSSER, 1970, p. 14; 2007, p. 79). Ainda mais: no concerto [musical] da ideologia, a música silenciosa neste cenário “se trata da escola” (ALTHUSSER, 1974, p. 43). Não obstante, a escola (aqui podemos abranger a educação, a pedagogia, o ensino, a didática, por exemplo) “exige apenas submissão. O único objetivo é adestrar à forma e à matéria” (STIRNER, 2001, p. 77). Como se pode observar, a escola certamente torna-se vítima da “contaminação ideológica” (SEVERINO, 1986, p. 45). Por vezes, sabemos que a ideologia em sua essência é uma “linguagem entre os homens” (WERNECK, 1984, p. 41); é uma linguagem humana. Em nosso caso específico, portanto, advertimos que "o problema básico da educação chama-se professor " (SILVA, 1998 , p. 02, grifo do autor). Isto, para o nosso caso específico. Uma vez que nosso debate orbita em torno de um núcleo central: o professor. Embora saibamos do complexo (educacional, numa palavra, cultural) que o envolve por inteiro.