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Guias e Dicas
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Ecoturismo um guia turístico, Resumos de Turismo

Ecoturismo guia para o planeamento do turismo no Brasil

Tipologia: Resumos

2024

Compartilhado em 14/05/2025

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noely-silva-meneses-1 🇧🇷

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ecoturismo : um guia para planejamento e gestão / Kreg Lindberg, Donald E. Hawkins (editores) ; prefácio de David Western ; tradução de Leila Cristina de M. Darin ; revisão técnica de Oliver Hillel; 3 a ed. - São Paulo : Editora SENAC São Paulo, 2001. Título original: Ecoturism : a guide for planners and managers. Bibliografia. ISBN 85-85578-58-

  1. Ecologia 2. Turismo 3. Turismo-Administração I. Lindberg, Kreg II. Hawkins, Donald E. III. Western, David. 95-3364 __________________ CDD-338. Índices para catálogo sistemático:
  2. Ecoturismo : Planejamento e gestão 338.

O ecoturismo explodiu no mundo das viagens e da conservação como um tsunami, um verdadeiro maremoto; porém, suas origens são definitivamente mais evolutivas que revolucionárias. As raízes do ecoturismo encontram-se na natureza e no turismo ao ar livre. Os visitantes que, há um século, chegaram em massa aos parques nacionais de Yellowstone e Yosemite foram os primeiros ecoturistas. Os viajantes pioneiros que se embrenharam por Serengeti há 50 anos, e os aventureiros caminhantes do Himalaia que acamparam no Anapur-na 25 anos mais tarde eram tão ecoturistas quanto os milhares que hoje fotografam os pingüins da Antártida, acompanham a migração em grupo de Belize, ou dormem nas habitações comunitárias dos nativos de Bornéu. O século XX assistiu a uma mudança drástica e incessante nas viagens a áreas naturais. A África é um bom exemplo. O safári de caça de 1909 de Theodore Roosevelt para capturar as maiores cabeças e chifres que ele pudesse encontrar, é um exemplo clássico de sua época. Por volta da metade deste século, safáris fotográficos eram definitivamente mais populares do que as caçadas, embora também baseados nos "Big Five" (os cinco grandes mamíferos mais populares entre os caçadores: o leão, a zebra, o elefante, o kudu e o rinoceronte). Por

16 ecoturismo volta dos anos setenta, o turismo de massa e individual, ainda interessado nos mamíferos grandes, estava depredando hábitats, molestando animais e destruindo a natureza. Hoje, esse comportamento está mudando. Mais visitantes estão conscientes do dano ecológico que podem provocar, do valor da vida natural e dos interesses das populações locais. Excursões especializadas - safáris de aves, competições esportivas em regiões naturais, caminhadas pela natureza e outros -são cada vez mais comuns. Esse grupo crescente, mas pequeno, constitui o que chamamos de ecoturismo. E, surpreendentemente, o ecoturismo está tornando toda a indústria de viagens mais sensível ao meio ambiente. Mas ecoturismo é mais do que uma pequena elite de amantes da natureza. É, na verdade, um amálgama de interesses que emergem de preocupações de ordem ambiental, econômica e social. Vejamos a conservação, por exemplo. Foram-se os dias felizes nos quais o diretor geral do Parque Nacional de Yosemite mostrava satisfação ao constatar o número anual de visitantes. Nos últimos anos, os riscos de um fluxo elevado de visitantes às áreas naturais tornaram-se uma grande preocupação, e os conservacionistas têm trabalhado muito com o objetivo de aliar o turismo à preservação da natureza. O turismo é hoje uma das maiores atividades econômicas do mundo - uma forma de pagar pela conservação da natureza e de valorizar as áreas que ainda permanecem naturais*. De que forma os dólares dos turistas podem reverter para a conservação e torná-la auto-sustentável, ou como o valor não-monetário que as pessoas atribuem às regiões naturais pode ser quantificado, é uma questão central de um novo ramo da economia verde: o desenvolvimento sustentável. E, por fim, a responsabilidade social. Conservacionistas, economistas e turistas, todos compreendem que não se pode preservar a natureza à custa da população local. Como responsáveis pela terra — como aqueles que mais podem perder com a conservação -, os

  • Ver dados sobre a indústria turística na "Introdução". (Nota do Revisor Técnico.)

18 ecoturismo ano com o turismo*. Os lucros diretos e os indiretos são responsáveis por cerca de 10% do produto nacional bruto do Quênia. A renda proveniente do turismo, gerada a partir da extensa rede de áreas protegidas da África Oriental, representa a maior fonte de rendimentos da região. A Costa Rica gerou 336 milhões de renda com o turismo, em 1991, e registrou um aumento de 25% em relação aos três anos anteriores. O turismo de natureza é a força motriz das economias de muitas ilhas tropicais do Caribe, Pacífico e Índico. O ecoturismo deu a Ruanda e Belize um lugar de destaque no mapa. Ecoturismo é provocar e satisfazer o desejo que temos de estar em contato com a natureza, é explorar o potencial turístico visando à conservação e ao desenvolvimento, é evitar o impacto negativo sobre a ecologia, a cultura e a estética. Proteger a natureza através de sua venda não é nenhuma novidade; mas também não é novidade que há riscos envolvidos em tal empreendimento. O Parque Nacional de Yellowstone foi transformado em produto e salvo, graças à construção de hotéis e um acesso à ferrovia local e graças à divulgação de sua existência para um país urbanizado, carente de áreas naturais. Mas não demorou muito para que milhares de visitantes, com seu amor descontrolado, ameaçassem acabar com Yellowstone. O urso cinzento

  • que, alimentado e domesticado, agia de forma perigosa, atacando os turistas que o alimentavam - foi uma das muitas vítimas. Encontrar o equilíbrio certo entre conservação e turismo é o principal desafio dos planejadores de parques nos Estados Unidos, desde a década de 40. Se os pontos positivos e negativos do turismo não são novidade, os números ligados a ele certamente estão criando situações inusitadas. Todo ano, quatrocentos milhões de turistas em trânsito criam uma avalanche de problemas e desafios que seriam inimagináveis há 50 anos, como uns poucos exemplos podem ilustrar.
  • A menos que sejam explicitadas de outra forma, todas as referências monetárias deste livro estão em dólares americanos. (Nota do Editor.)

prefácio 19 Ecologia. Quantos visitantes uma área pode comportar? A vulnerabilidade das espécies e dos hábitats, os problemas de poluição, de descarga de lixo e de perturbação de processos ecológicos fundamentais, provocados pelo turismo, são muito pouco compreendidos. Quantos visitantes um guepardo pode tolerar? Que mudanças em um hábitat podem ser consideradas aceitáveis, se pensarmos nos alpinistas que cortam os arbustos do Himalaia à procura de madeira para combustível? O impacto de uma indústria do turismo em franca expansão está muito além de nossa capacidade de avaliar danos e prejuízos. Estética. O impacto pode ser avaliado tanto em termos do que os visitantes toleram quanto dos danos ecológicos provocados. Um turista feliz em pagar alguns dólares para observar um alce em Yellowstone, cercado por alguns espectadores curiosos, irá recusar-se a gastar 3.000 dólares para participar da disputa entre os vinte ônibus que procuram aproximar-se de um leão em Serengeti. Valores e crenças tornam o quadro mais complexo. Os níveis aceitáveis de uso são muito mais baixos em Serengeti do que em Yellowstone, porque o visitante está pagando um alto preço para "sentir-se próximo à vida selvagem". Multidões destroem o apelo estético, e a disposição do visitante em pagar diminui. O ecoturismo reflete um conjunto cada vez mais sofisticado de expectativas. Se a Costa Rica não pode oferecer a sensação de proximidade com a vida selvagem, o interesse passará então a Belize, à Guiana ou a algum lugar ainda por descobrir. Por seu próprio caráter, o ecoturismo suscita expectativas e provoca o risco do turismo predatório: um número grande de amantes da natureza é atraído a um lugar recentemente descoberto, para depois de um tempo abandoná-lo, já deteriorado. Economia. Já não é mais suficiente medir os benefícios do turismo em termos de renda bruta ou líquida. Tratar um parque como uma ilha econômica é inaceitável em países pobres. Que medidas adotar em relação ao câmbio estrangeiro ou à taxa de serviço? O custo compensa a drenagem na economia? E os custos extras e os custos de oportuni-

prefácio 21 Para responder a essa questão, é preciso levar em consideração o potencial cada vez maior do turismo convencional ligado à natureza. Tomemos como exemplo o Parque Nacional Amboseli, na região sul do Quênia. Nessa região, a renda gerada por mais de 250 mil visitantes é dez vezes maior do que a renda produzida pelo povo Masai com a criação de gado. A renda proveniente do turismo, sempre que garanta a melhoria de vida dos povos de Masai e do Quênia, é um bom motivo para conservar a vida selvagem de todo o ecossistema. Onde podemos traçar a linha divisória entre turismo de alto e baixo volume e turismo de alto e baixo impacto? De certa forma, a tendência atual é usar o conceito de ecoturismo para designar qualquer grupo remotamente ligado a viagem natural ou cultural. Por mais que desejemos uma definição restrita de ecoturismo, na realidade, os princípios adotados por um turismo de massa podem trazer mais benefícios para a conservação - e reduzir danos

  • do que um pequeno mercado elitista. Visto desse ângulo, o ecoturismo está deixando de definir-se como turismo de natureza de pequena escala para estabelecer-se como um conjunto de princípios aplicáveis a qualquer tipo de turismo que se relacione com a natureza. Creio que tal evolução será benéfica para a conservação. Evidentemente, o que importa não é a escala ou o objetivo, mas o impacto. Um vírus acidentalmente transmitido por um único amante da natureza bem- intencionado pode ameaçar o gorila da montanha. Umas poucas sementes, transportadas na lama das botas de um caminhante, podem introduzir uma erva daninha intrusa em um frágil ecossistema montanhoso. Por outro lado, milhares de visitantes indiferentes ao meio ambiente, reunidos no pavilhão aquático das Fontes de Tsavo's Mziraa, têm provocado pouco dano visível e contribuído muito para preservar o local. Se acreditamos que ecoturismo diz respeito à harmonia entre turismo, conservação e cultura, seu papel é ilimitado. No entanto, o ecoturismo corre o risco de se descaracterizar se adotarmos um conceito amplo demais, que abranja todo tipo de turismo ligado à natureza.

22 ecoturismo Uma forma de contornar o dilema é começar pelas pequenas coisas, mas com grandes objetivos - focalizar o mercado especificamente voltado para a natureza, tendo em mente as questões mais cruciais. As percepções e experiências adquiridas podem então ser ampliadas e aplicadas ao turismo de modo geral. Ecoturismo: Um Guia para Planejamento e Gestão representa um importante começo. Nele apresentamos os maiores desafios e uma série de sugestões de como lidar com eles. Assim, indicamos meios para examinar a demanda, o uso e o impacto, a distribuição de renda, o inventário dos recursos, a elaboração de programas, o planejamento, a gestão, o treinamento e a participação da comunidade local. Não se pode esperar que o ecoturismo enfrente esses desafios, se ele não for encarado como uma disciplina profissional que abrange os inúmeros interesses e habilidades relacionados ao turismo cultural e de natureza. Tal é o propósito que nutre The Ecotourism Society e sua mais recente publicação.

Há apenas alguns anos, a palavra ecoturismo não existia e muito menos os princípios que hoje ela representa. É verdade que viajantes naturalistas existem há muito tempo, como Humboldt, Darwin, Bates e Wallace. Mas suas experiências foram poucas e esporádicas, tão isoladas que não produziram benefícios socioeconômicos significativos para os lugares visitados, nem as atividades desenvolvidas pareciam ter a intenção de ser um meio para a conservação de áreas naturais, de culturas nativas ou de espécies em perigo de extinção. Foi somente com o advento da viagem aérea a jato, com a enorme popularidade dos documentários televisivos sobre a natureza e sobre viagens, e com o interesse crescente em questões ligadas à conservação e ao meio ambiente, que o ecoturismo passou a ser verdadeiramente um fenômeno característico do final do século XX e, tudo leva a crer, do século XXI. O turismo, de modo geral, já é a indústria civil mais importante do mundo. De acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travei and Tourism Council-WTTC), o turismo é hoje a maior indústria do planeta, e, para 1993, a expectativa era de que gerasse, em nível mundial, mais de 3,5 trilhões, o equivalente a 6% do produto nacional bruto mundial. A indústria do turismo é maior do que a do

26 ecoturismo automóvel, do aço, da eletrônica ou da agricultura. A indústria de viagens e turismo emprega 127 milhões de trabalhadores (um em cada 15 trabalhadores em todo o mundo). Ao todo, a expectativa é de que a indústria do turismo duplique até o ano 2005 (WTTC, 1992). Nessa perspectiva, dados da Organização Mundial de Turismo (World Tourism Organization - WTO) indicam que o turismo internacional cresceu mais de 57% na década passada, sendo que, para esta década, espera-se um aumento de 50%. Embora a taxa de crescimento esteja diminuindo, está previsto um crescimento anual médio de 3,7% para a década de 90; calcula- se que o número de 450 milhões de viajantes internacionais de 1991 se eleve para 650 milhões até o ano 2000. Em 1989, o turismo de natureza gerou aproximadamente 7% de todos os gastos com viagens internacionais, segundo estimativas da Organização Mundial de Turismo (WTO, 1992). As áreas naturais, em particular as áreas protegidas legalmente, sua paisagem, fauna e flora - juntamente com os elementos culturais existentes - constituem grandes atrações, tanto para os habitantes dos países aos quais as áreas pertencem como para turistas de todo o mundo. Por esse motivo, as organizações para a conservação reconhecem a enorme relevância do turismo e estão cientes dos inúmeros danos que um turismo mal- administrado ou sem controle pode provocar no patrimônio natural e cultural do planeta. O ecoturismo, como componente essencial de um desenvolvimento sustentável, requer uma abordagem multidisciplinar, um planejamento cuidadoso (tanto físico como gerencial) e diretrizes e regulamentos rígidos, que garantam um funcionamento estável. Somente através de um sistema intersetorial, o ecoturismo poderá, de fato, alcançar seus objetivos. Os governos, as empresas privadas, as comunidades locais e as organizações não-governamentais, todas têm um importante papel a desempenhar. Acredito firmemente que cada país deve criar planos nacionais de turismo, como parte de uma estratégia integral de planejamento, que incluam preocupações de ordem ambiental e diretrizes ecoturísticas. Conselhos nacionais de

28 ecoturismo tendo-se sempre em mente que esses inventários são diferentes daqueles cuja natureza é científica, e que eles devem refletir o quão atraentes são as características listadas (e não constituir uma mera descrição clínica e imparcial de seu significado biológico ou arqueológico). O treinamento é um componente vital. Cursos e seminários dirigidos a diferentes públicos (operadores turísticos, guias de campo, donos de hotéis, administradores de parques, grupos da comunidade local, funcionários do governo) são extremamente necessários. Programas de treinamento devem ter uma natureza prática, aliando as atividades de sala de aula ao trabalho de campo. Instalações físicas adequadas nas áreas naturais e em suas pro- ximidades são fundamentais para o desenvolvimento eficaz do ecoturismo. Planejamento, projeto e critérios de construção adequados devem ser aplicados, a fim de minimizar o impacto sobre o meio ambiente, fornecer um certo grau de auto-suficiência funcional e contribuir para a melhoria da qualidade da experiência do visitante. Infelizmente, não há centros de interpretação* na maior parte das áreas protegidas dos países em desenvolvimento. É preciso um cuidado especial para que as instalações sejam acolhedoras, pedagogica-mente apropriadas, e fáceis de operar e manter, sempre de acordo com a realidade socioeconômica de cada caso. Uma vez que muitas áreas protegidas situam-se em lugares de difícil acesso e distantes dos serviços tradicionais, é prudente empregar o que se conhece informalmente como "ecotécnicas", tais como energia solar (para aquecimento da água e/ou fornecimento de eletricidade), captação e reutilização da água da chuva, reciclagem do lixo, ventilação natural, e o uso de técnicas e materiais de construção nativas. Os prédios, as estradas, as trilhas, a sinalização, as torres e os locais de observação devem ser

  • Centros de Interpretação da Natureza ou Centros de Visitantes são espaços destinados a apresentar as características de uma Unidade de Conservação ou de áreas naturais para o público em geral. Através de museus, salas de projeção, visitas guiadas, painéis ou folhetos explicativos, o visitante pode ser informado sobre aspectos biológicos, geológicos, históricos ou socioeconômicos da região. (N. do R.T.)

introdução 29 todos projetados de maneira a não interferir abruptamente no meio ambiente, e tornar mais rica a experiência do visitante. Desde 1990, muitas conferências e simpósios têm sido organizados tendo como tema o ecoturismo. Hoje, a maior parte dos governos se interessa pelo assunto. Em muitas partes do mundo, investidores privados estão também voltando sua atenção para o fenômeno. É hora de agir com praticidade, criando projetos realistas e concretos que possam comprovar os benefícios reais e potenciais que tanto têm sido proclamados. Este livro oferece uma excelente introdução a uma nova era de implementação ecoturística. referências bibliográficas World Tourism Organization. 1991. Yearbook of Tourism Statistics. Madrid, Spain. World Travei and Tourism Council. 1992. The WTTC Report: Travei and Tourism in the World Economy. Brussels, Belgium.