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Guias e Dicas
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ECONOMIA POLÍTICA, Provas de Economia Política

Nesse sentido, a disciplina de Economia Política visa capacitá- lo a dar os primeiros passos na análise e na percepção ... Apresentamos, a seguir, um resumo.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Roberto_880
Roberto_880 🇧🇷

4.6

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA
ECONOMIA POLÍTICA
1º semestre
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA

ECONOMIA POLÍTICA

1º semestre

Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva

Ministério da Educação Fernando Haddad Maria Paula Dallari Bucci Carlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal de Santa Maria Clóvis Silva Lima Felipe Martins Muller João Manoel Espina Rossés André Luis Kieling Ries José Francisco Silva Dias João Rodolfo Amaral Flores Jorge Luiz da Cunha Charles Jacques Prade Helio Leães Hey João Pillar Pacheco de Campos Fernando Bordin da Rocha

Coordenação de Educação a Distância Cleuza Maria Maximino Carvalho Alonso Roseclea Duarte Medina Roberto Cassol José Orion Martins Ribeiro

Centro de Ciências Sociais e Humanas Rogério Ferrer Koff João Vicente da Costa Lima

Elaboração do Conteúdo Adayr da Silva Ilha

Ministro do Estado da Educação Secretária da Educação Superior Secretário da Educação a Distância

Reitor Vice-Reitor Chefe de Gabinete do Reitor Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Pró-Reitor de Extensão Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitor de Planejamento Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Pró-Reitor de Recursos Humanos Diretor do CPD

Coordenadora de EaD Vice-Coordenadora de EaD Coordenador de Pólos Gestão Financeira

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas Coordenador do Curso de Sociologia

Professor pesquisador/conteudista

sumário

  • Apresentação da disciplina
  • Objetivos da disciplina
  • unidade
  • ciência econômica
      1. Origens, concepções e definições da ciência econômica
      • 1.1. Origens e definições de economia
      • 1.2. Necessidades humanas
      • 1.3. Bens e serviços
      • 1.4. O problema da escassez
      1. Questões econômicas fundamentais
      • 2.1. Problemas econômicos
      • escassez e da escolha 2.2. A curva de possibilidades de produção: uma ilustração do problema da
      • 2.3. Uma fazenda e sua fronteira de possibilidades de produção
      1. Economia e a interação com outras áreas de conhecimento
      • 3.1. Por que a economia é considerada uma “ciência social”?
      • 3.2. Economia e a inter-relação com as demais ciências
      1. A metodologia do conhecimento econômico
      • 4.1 O senso comum
      • 4.2. A construção da ciência
      • 4.3. Ideologia e normas
      • 4.4. A elaboração da ciência: os métodos indutivo e dedutivo
      1. A escola clássica
      • 5.1. Escola clássica
      • 5.2. Adam Smith (1723–1790)
      • 5.3. Thomas Robert Malthus (1766–1834)
      • 5.4. David Ricardo (1772–1823)
      • 5.5. Jean Baptiste Say (1768–1832)
      1. Continuação escolas econômicas
      • 6.1. Escola neoclássica
      1. Mais-valia absoluta e relativa
      1. Divisão didática da ciência econômica
      • 8.1 Análise microeconômica e macroeconômica
      1. Métodos normativos e positivos
      • 9.1. Raciocinando com teorias e modelos
      • 9.2. Etapas na construção de uma teoria
      • 9.3. Economia positiva e economia normativa
  • unidade
  • componentes básicos da economia
      1. As formas de renda
      • 10.1 Introdução
      • 10.2 Modelo keynesiano básico – agregados macroeconômicos
      • 10.3 Consumo, poupança e investimento
      1. Os agregados macroeconômicos
      1. A moeda e o crédito
      • 12.1 Oferta de moeda
      • 12.2 Demanda por moeda
      • 12.3 Efeitos da política monetária sobre o nível de renda e de preços
      • 12.4 Eficácia da política monetária e fiscal
      • 12.5 A importância da taxa de juros
      1. Inflação: causas e consequências
      • 13.1 Causas da inflação
      • 13.2 Curva de Phillips
  • unidade
  • sistemas econômicos
      1. Organização econômica
      • 14.1 Introdução
      • 14.2. Economia de mercado
      • 14.3. O sistema de preços
      1. Recursos produtivos
      • 15.1. Recursos produtivos
      1. Sistema de economia de mercado
      • 16.1. Preço e quantidade de equilíbrio............................................................................
      • 16.2. Elementos de uma economia de mercado
      1. Falhas no funcionamento das economias de mercado
      • 17.1 Economia planificada centralmente
      • 17.2 Economia mista
  • unidade
  • preços no funcionamento da economia
      1. Os preços no funcionamento da economia
      • 18.1 Formação e função dos preços nos sistemas econômicos
      • 18.2 Teorias da demanda e da oferta
      1. As formas de mercado
      • 19.1 Introdução
      • 19.2 Estruturas de mercado e bens finais e serviços
      • 19.3 Estruturas de mercado de fatores de produção
  • unidade
  • comércio internacional
      1. Comércio internacional
        1. 1 As relações econômicas internacionais e sua importância
      • 20.2 Fatores explicativos para o comércio internacional
      • 20.3 Obstáculos ao livre comércio de mercadorias
      • 20.4 Balanço de pagamentos, balança comercial e balança de serviços
      1. Taxas de câmbio
      • 21.1 As moedas e as taxas de câmbio nas relações econômicas internacionais
      • 21.2 Mercado cambial
      1. Comércio exterior do brasil
      • 22.1. Panorama geral do comécio exterior do Brasil
      1. Evolução do setor externo no brasil desde os anos
      • 23.1. Governo Collor
      • 23.2. O Plano Real
      1. Globalização e acordos regionais
      • 24.1. Panorama geral da globalização
      1. Teoria da globalização e internacionalização do capital
      • 25.1 Breve apanhado geral sobre o processo de globalização
      • 25.2. Intensificação da globalização no capitalismo
      • 25.3. Organismos políticos internacionais
      • Bibliografia básica utilizada

e c o n o m i a p o l í t i c a

objetivos da disciplina O objetivo geral da disciplina Economia Política é mostrar que o co- nhecimento da teoria econômica possibilita uma melhor compre- ensão dos problemas socioeconômicos que enfrentamos em nosso dia-a-dia. Os objetivos específicos são pelo menos três: primeiro, estimulá-lo a perceber e a se interessar pelos problemas econômi- cos; segundo, buscar familiarizá-lo com as teorias que se propõem a analisar os mesmos problemas e, finalmente mostrar o quanto se deve aprender sobre essa importante ciência social. O desafio é grande, mas a paciência, a vontade, o entusiasmo devem ficar aci- ma das dificuldades, pois cada conceito deve ser entendido, para que não se perca a coerência lógica do raciocínio analítico que é inerente ao pensamento econômico.

e c o n o m i a p o l í t i c a

unidade 1 ciência econômica

aula 1

1. origens, concepções e definições da ciência econômica Nesta aula, você começará a entender como surgiu o termo econo- mia e também poderá refletir sobre o fato de que os desejos huma- nos são ilimitados, mas, por outro lado, os recursos produtivos são limitados e por isso devemos fazer escolhas.

1.1. origens e definições de economia

Embora o período científico das ciências econômicas tenha se de- senvolvido só a partir do século XVIII, nesta aula, vamos analisar as definições da economia primitiva, clássica e contemporânea. O ponto de vista primitivo sobre economia foi desenvolvido por Aristóteles em 384-322 A.C., filósofo que primeiro analisou o sistema econômico. Em sua época, a economia era uma ciência da administração da comunidade doméstica, assim seu campo de ação derivava da própria etimologia da palavra economia (do grego oikonomia, de uivos = casa; nonos = lei). O termo “econômico” (de oikos, casa, e nomos, lei) foi utiliza- do pela primeira vez por Xenofontes, entretanto, os autores gregos não apresentaram um pensamento econômico independente. Tra- tava-se, pois, de um ramo de conhecimento destinado a abranger apenas o campo comunal da atividade econômica, em suas mais simples funções de produção e distribuição. Como teria definido Aristóteles, a economia era a “ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição”. Da Antiguidade à Renascença, as questões econômicas assu- miram gradualmente maior importância, com o aparecimento das formas de organização mais complexas. Nesse período, foram dis- cutidos os sistemas de posse territorial, a servidão, a arrecadação tributária, questões relacionadas aos mercados, ao comércio intrar- regional, às guildas, à cunhagem e emprego de moedas. Durante muito tempo, a economia constituiu um conjunto de preceitos ou de soluções adaptadas a problemas particulares. Na Antiguidade Grega, por exemplo, apareceram apenas algumas ideias econômicas fragmentárias em estudos filosóficos e políti- cos, mas sem o brilho dos trabalhos nos campos da filosofia, ética, política, mecânica ou geometria. De modo geral, os gregos trataram apenas de conhecimentos práticos de administração doméstica, inclusive a Crematística (de chrema, posse ou riqueza) de Aristóteles, apesar do título, referia- se, sobretudo, a aspectos pecuniários das transações comerciais.

A comunidade doméstica deve ser entendida, aqui, no mais amplo sentido da primitiva organização da grande família, seja de caráter cooperativo ou senhorial.

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e c o n o m i a p o l í t i c a

uma nova definição para o termo economia. Apesar de a maioria das pessoas participarem de atividades de natureza econômica, pou- cas possuem conhecimentos teóricos que lhes permitam analisar os problemas econômicos que estão presentes em nosso cotidiano.

1.2. necessidades humanas

Entende-se por necessidade humana a sensação da falta de algu- ma coisa unida ao desejo de satisfazê-la. Sabemos, por experiência própria, que as pessoas necessitam de ar, água, alimentos, roupas e abrigo para que possam sobreviver. Sabemos, também, que não há limite à variedade e ao número das necessidades humanas. O fato é que, quanto mais se deseja, mais se descobre coisas capazes de tornar a vida mais agradável e confortável.

importante: Por essa razão, os economistas dizem que as necessi- dades humanas são ilimitadas. Também sabemos que nem todas as necessidades humanas podem ser satisfeitas.

1.3. bens e serviços

De modo geral, pode-se dizer que Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Por essa razão, um bem é procurado: porque é útil. Os bens são classificados, quanto à raridade, em bens livres e bens econômicos. Entre os bens livres estão a luz solar, o ar, o mar etc., que são bens porque satisfazem necessidades, mas cuja utilização não im- plica relações de ordem econômica. A principal característica dos Bens Livres é a de que não possuem preço (têm preço zero). Os bens econômicos ao contrário, apresentam como caracte- rística básica o fato de terem um preço (preço maior que zero). Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: bens materiais, ou bens propriamente ditos, e bens imateriais ou Serviços. Os primeiros são de natureza material, sendo, portanto, tangíveis, e a eles podemos atribuir características como peso, altura etc. Alimentos, roupas e livros são exemplos de bens materiais. Os Serviços , ao contrário, são intangíveis, ou seja, não podem ser trocados. Fazem parte dessa categoria de bens os cuidados de um mé- dico, os serviços de um advogado, os serviços de transporte e etc., que acabam no mesmo momento de sua produção. Isso significa que a prestação de serviços e sua utilização são praticamente instantâneas. Outra característica dos bens imateriais é a de que eles não podem ser estocados. Exemplificando: podem ser estocados bilhe- tes de metrô que dão ao seu possuidor o direito de viajar nesse meio de transporte; as viagens de metrô, entretanto, que são a pró- pria prestação de serviço, não podem ser estocadas.

A economia é a ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos.

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Bens livres : são aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano.

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Bens econômicos : são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção.

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e c o n o m i a p o l í t i c a

Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em bens de consumo e bens de capital. Os bens de consumo podem ser de uso não-durável, ou seja, que desaparecem uma vez utilizados (alimentos, cigarros, gasoli- na etc.), ou de uso durável, que têm como característica o fato de que podem ser usados por muito tempo (móveis, eletrodomésti- cos, etc.). São exemplos de Bens de Capital: as máquinas, computa- dores, equipamentos, instalações, edifícios, etc. Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens Finais , uma vez que já passaram por todos os processos de trans- formação possíveis, significando que estão acabados. Além dos Bens Finais existem também os Bens Intermediários, que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. A título de exemplo, podemos citar o fertili- zante utilizado na produção de arroz, ou o aço, o vidro e a borracha utilizados na produção de carros. Os bens podem ser classificados ainda em Bens Privados e Bens Públicos. Os Bens Privados são os produzidos e possuídos privadamen- te. Como exemplo, temos os automóveis, aparelhos de televisão etc. Os Bens Públicos referem-se ao conjunto de bens gerais for- necido pelo setor público. Como exemplo, temos: educação, justi- ça, segurança, transportes etc.

1.4. o problema da escassez

A escassez é o problema econômico central de qualquer socie- dade. Se não houvesse escassez, tampouco haveria a necessidade de se estudar economia. Mas, por que existe a escassez? A escassez existe porque as necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas) e serviços (transporte, assistência médi- ca) são infinitas e ilimitadas, ao passo que os recursos produtivos (máquinas, fábricas, terras agricultáveis, matérias-primas) à dispo- sição da sociedade e que são utilizados na produção dos mais di- ferentes tipos de produtos são finitos e limitados, ou seja, são insu- ficientes para se produzir o volume de bens e serviços necessários para satisfazer as necessidades de todas as pessoas.

Bens de consumo são aqueles dire- tamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas.

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Bens de Capital ou Bens de Produ- ção , por sua vez, são aqueles que permitem produzir outros bens.

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e c o n o m i a p o l í t i c a

aula 2

2. questões econômicas fundamentais

Como vimos, na primeira aula, a sociedade não dispõe de recursos produtivos em quantidade suficiente para produzir tudo o que a população deseja e também observamos que os seres humanos têm desejos ilimitados. Então, como conciliar esses dois fatores? Nesse caso, devemos fazer escolhas, assim é que toda sociedade, qualquer que seja sua organização política, se defronta com três questões econômicas básicas decorrentes do problema de escassez:

2.1. problemas econômicos

lembre-se: O que e quanto produzir? Como produzir? Pra quem produzir?

a) O que e quanto produzir? Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela socie- dade dos mais diversos tipos de bens e serviços, a sociedade deve escolher entre as várias alternativas, quais bens e serviços serão produzidos e em que quantidade. Devemos produzir mais automó- veis do que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos?

b) Como produzir? Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido será produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinações de recursos e técnicas. Nesse sentido, deve-se optar pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido.

c) Para quem produzir? Uma vez decidido quais bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira decisão fundamental: quem vai receber esses bens e serviços? Sabemos que a produção to- tal de bens e serviços deverá ser distribuída entre os diferentes indivíduos que compõem a sociedade. De que maneira essa dis- tribuição ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a mesma quantidade de bens e serviços? Ou será que a distribuição de bens e serviços será feita segundo a contribuição de cada um à produ- ção? Ou a cada um segundo a sua necessidade?

e c o n o m i a p o l í t i c a

2.2. a curva de possibilidades de produção:

uma ilustração do problema da escassez e da

escolha

A análise das ilimitadas necessidades humanas e da escassez de recursos empreendida até aqui conduz à conclusão de que a Eco- nomia é uma ciência ligada a problemas de escolha. Esse fato pode ser exemplificado através da utilização de gráficos e de exemplos aritméticos. Para fins de simplificação, discutiremos o dilema da opção e suas possíveis soluções aplicadas a um empreendimento agrícola. Posteriormente, a questão da escolha será abordada no âmbito de uma economia. Para você entender melhor, vamos supor três hipóteses bási- cas que são necessárias para que possamos desenvolver o modelo da “Curva de Possibilidades de Produção”:

  • Existência de uma quantidade fixa de recursos. A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos permanecem inalteradas (constantes) durante o período da análise.
  • Existência de pleno emprego dos recursos. A economia opera com todos os fatores de produção plenamente empregados e produzindo o maior nível de produto possível.
  • A tecnologia permanece constante.

2.3. uma fazenda e sua fronteira de

possibilidades de produção

Consideremos inicialmente uma fazenda com uma determinada extensão de terra, um conjunto de instalações, máquinas e equi- pamentos e um número fixo de trabalhadores. Consideremos ain- da que o proprietário dessa fazenda possua qualificações técnicas que lhe permitam a dedicação a qualquer tipo de atividade agríco- la. Ao decidir o que e como produzir, o fazendeiro estará decidindo as maneiras pelas quais os seus recursos produtivos serão distribu- ídos entre as várias combinações de bens possíveis. Quanta terra será destinada à pastagem? E à produção de soja? Será conveniente utilizar parte da área destinada à lavoura de soja e parte para o plantio de milho? Por que não introduzir também a cultura de arroz? De que modo os empregados serão utilizados nas várias atividades? Como a análise simultânea de tais problemas é bastante com- plicada, vamos, para simplificar, supor que essa fazenda só produ- za dois tipos de bens: milho e soja. Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área disponível para o plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de soja, utilizando-se de toda sua propriedade para este fim, não poderá plantar milho. Estamos

e c o n o m i a p o l í t i c a

possíveis entre milho e soja que podem ser estabelecidas, quan- do todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados (significa pleno emprego de recursos). A FPP ilustra a escassez, vista na aula anterior, porque não é possível alcançar os pontos fora da fronteira, como os pontos “H” “H”, os quais descrevem necessidades que não podem ser satisfei- tas, podemos produzir em qualquer ponto dentro ou sobre a FPP. Os pontos sobre a curva de FPP são eficientes porque não con- seguimos produzir mais soja sem diminuir a produção de milho (C para D), nesse sentido, quando a produção é eficiente, estamos em um ponto sobre a FPP. Se estivermos em um ponto dentro como o ponto “G” da figura acima, a produção é ineficiente porque temos alguns recursos não utilizados ou mal alocados. A FPP nos ajuda a entender o conceito de custo de oportunidade (Glossário: corresponde à redução da quantidade produzida de um bem dividida pelo aumento da quantidade produzida de outro bem, à medida que percorremos a FPP) e nos permite calculá-lo. Ao longo da FPP há somente dois bens, de modo que se abdica de apenas uma alternativa: alguma quantidade do outro bem. Considerando a tecnologia a os recursos disponíveis, podemos produzir mais soja somente se produzirmos menos milho. O custo de oportunidade de produzir um quilo de soja adicional é a quantidade de milho que precisamos abdicar. Por exemplo, no ponto “C”, produzimos menos soja e mais milho do que no ponto “D”.

importante: Em todas as empresas e situações de produção nos de- paramos com situações que envolvem escolhas e elas devem sempre buscar minimizar as perdas e maximizar os ganhos, pois isto pode re- sultar em aumentos de bem-estar para toda a sociedade, evitando os desperdícios e o uso ineficiente dos recursos. Após essa breve noção dos problemas de escolha com os quais se deparam os agentes eco- nômicos, você estudará, na próxima aula, a forma como a economia interage com as demais áreas do conhecimento.

referências utilizadas

VASCONCELLOS, M. A. (Org.) Manual de Economia da Equipe de Professores da USP. São Paulo: Ed. Atlas, 2007.

PASSOS, R. M. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira, 2005.

Custo de oportunidade: corres- ponde à redução da quantidade produzida de um bem dividida pelo aumento da quantidade produzida de outro bem, à medida que percor- remos a FPP.

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e c o n o m i a p o l í t i c a

aula 3

3. economia e a interação com outras áreas de conhecimento

Após você ter se deparado com alguns problemas econômicos bá- sicos, vamos analisar nesta aula as inter-relações que existem en- tre a economia e demais ciências, em especial, a economia política está relacionada com uma ampla área de conhecimento.

3.1. por que a economia é considerada

uma “ciência social”?

A Economia é considerada uma ciência social porque as ciências sociais estudam a organização e o funcionamento da sociedade. O Direito, a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia são ciências so- ciais, uma vez que cada qual estuda o funcionamento da sociedade a partir de um determinado ponto de vista. A título de exemplo, vejamos as definições dessas ciências:

  • Direito : Ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade;
  • Sociologia : Estudo objetivo das relações que se estabelecem, consciente ou inconscientemente, entre pessoas que vivem em uma comunidade ou em um grupo social, ou entre grupos sociais diferentes que vivem no seio de uma sociedade mais ampla;
  • Antropologia : Ciência que reúne várias disciplinas cujas fina- lidades comuns são descrever o homem e analisá-lo com base nas características biológicas (antropologia física) e culturais (antropologia cultural) dos grupos em que se distribui, dando ênfase, através das épocas, às diferenças e variações entre es- ses grupos;
  • Psicologia : Ciência que trata da mente e de fenômenos e ati- vidades mentais. Ciência do comportamento animal e humano em suas relações com o meio físico e social. A Economia, por- tanto, também é uma Ciência Social, pois se ocupa do compor- tamento humano e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços.

3.2. economia e a inter-relação com

as demais ciências

Apesar de a ciência econômica ter seu objeto de estudo, na reali- dade, é difícil separar os fatores que são essencialmente econô- micos dos extraeconômicos, pois todos são significativos para o exame de qualquer sistema social. Nesse sentido, a autonomia que tem cada ramo da ciência social não deve ser confundida com um

e c o n o m i a p o l í t i c a

3. Economia e Política A Economia e a Política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de causalidade (causa e efeito) entre elas. A Política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político do país (se é um regime democrático ou autoritário). Porém, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao poder econômico. Citemos apenas alguns exemplos: a política do “café com leite”, antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do país; o poder econômico dos latifundiários; o poder dos oligopólios e monopólios; o poder das corporações. 4. Economia e História A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Eco- nomia, pois facilita a compreensão do presente e ajuda nas previ- sões. As guerras e revoluções, por exemplo, alteraram o comporta- mento e a evolução da Economia. Por outro lado, também os fatos econômicos afetam o desen- rolar da História. Alguns importantes períodos históricos são as- sociados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro e da cana- de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York (1929), a crise do petróleo, que alteraram profunda- mente a história mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções são permeadas por motivações econômicas. 5. Economia e Geografia A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de em- presas e a composição setorial da atividade econômica. Atualmente, algumas áreas de estudo econômico estão relaciona- das diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização industrial e a demografia econômica. Na próxima aula, serão estudados os métodos de investigação da ciência econômica, ferramentas que nos auxiliam na busca de respostas a diversos problemas econômicos.

referências utilizadas

VASCONCELLOS, M. A. (Org.) Manual de Economia da Equipe de Professores da USP. São Paulo: Ed. Atlas, 2007.

PASSOS, R. M. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira, 2005.

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aula 4

4. a metodologia do conhecimento econômico

Nesta aula, analisaremos os diferentes métodos de investigação da ciência econômica que servem de base para a investigação em outras áreas do conhecimento. A robustez de seus pressupostos e a constatação de que há traços comuns entre as diferentes abordagens da economia, nota- damente quanto a seu significado e propósito, não escondem por inteiro duas de suas mais desafiantes características: de um lado, a delimitação entre o senso comum e o conhecimento econômico cientificamente sistematizado; de outro lado, a vinculação da sis- tematização científica a paradigmas ideológicos.

Estas duas características resultam de duas diferentes situações:

a) O senso comum em economia. Na mais pura acepção mar- shalliana, a economia “cuida das atividades correntes da vida”. Trata das ações, interações e reações de uma multiplicidade de agentes, que interferem no processo econômico em caráter permanente, de- finindo expectativas, influenciando cursos de ação e interpretando causas e efeitos do ordenamento corrente de que participam.

b) A vinculação a paradigmas ideológicos. Em economia, não é fácil demarcar os limites entre o conhecimento científico e a acep- ção ideológica. De certa forma, esta dificuldade reforça as relações biunívocas da economia com outros ramos do conhecimento so- cial. E faz sempre ressurgir, apesar da delimitação sistematizada de seu campo de investigação, seus estreitos laços com a filosofia, a política e a ética.

A dificuldade de delimitação entre senso comum, ciência e ide- ologia não se restringe, obviamente, à economia. Estende-se prati- camente a todos os outros campos do conhecimento humano. Na economia, porém, as dificuldades de delimitação parecem superar as de outros ramos, pela força e pela capacidade de pressão dos agentes econômicos e pela magnitude dos interesses envolvidos. Por isso mesmo, é útil aprofundar esses conceitos, notadamente quanto a seu significado e atributos.

4.1 o senso comum

O entendimento do homem sobre o mundo que o cerca, tanto no âmbito de suas relações com as forças da natureza, quanto no que diz respeito às diferentes manifestações de sua interação social,