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A doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi, é considerada a principal doença endêmica de origem parasitária nas Américas do Sul e Central, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas em todo o mundo. Sua sintomatologia é variada, abrangendo desde casos assintomáticos até indivíduos que desenvolvem cardiomegalia, megacólon e megaesôfago. A relação parasito-hospedeiro é muito dinâmica e, por isso, a determinação da patogênese da doença de Chagas ainda é uma questão desafiadora. Assim esse trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura abordando os principais fatores que envolvem o desenvolvimento e tratamento da doença de Chagas. Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico no qual foram selecionados artigos e trabalhos acadêmicos nos bancos de dados Scielo, BIREME e PubMed, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, publicados entre os anos de
Tipologia: Teses (TCC)
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xxxx Xxxx xxxx
xxxxx Monografia apresentada ao curso de Pós- graduação em Diagnóstico Laboratorial: Análise Clínica da Universidade Castelo Branco, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialização em Diagnóstico Laboratorial: Análise Clínica sob orientação da Prof. Dra. Xxxx Xxxx xxxx
Agradeço....
A doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi , é considerada a principal doença endêmica de origem parasitária nas Américas do Sul e Central, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas em todo o mundo. Sua sintomatologia é variada, abrangendo desde casos assintomáticos até indivíduos que desenvolvem cardiomegalia, megacólon e megaesôfago. A relação parasito-hospedeiro é muito dinâmica e, por isso, a determinação da patogênese da doença de Chagas ainda é uma questão desafiadora. Assim esse trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura abordando os principais fatores que envolvem o desenvolvimento e tratamento da doença de Chagas. Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico no qual foram selecionados artigos e trabalhos acadêmicos nos bancos de dados Scielo, BIREME e PubMed, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, publicados entre os anos de 2010 e 2020. Como fator de inclusão foram selecionados materiais que no qual o seu conteúdo estava de acordo com os objetivos propostos nesse trabalho. Já com fatores de exclusão considerados para esse estudo foi de artigos que não estavam de acordo com o proposto no artigo e que não estivesse dentro dos fatores de inclusão que foram selecionados para o trabalho. A doença de Chagas é um problema secular, e as milhões de pessoas infectadas e negligenciadas no mundo exigem que os conhecimentos atuais sobre a doença sejam traduzidos em políticas públicas efetivas e inclusivas como resposta. Para romper esse ciclo de negligência que envolve a doença, é fundamental considerar os protocolos de manejo clínico atualizados, profissionais de saúde treinados e a disponibilidade de insumos para a oferta de diagnóstico e tratamento. Palavras-chave: Doença de Chagas. Trypanosoma cruzi. Tratamento. Diagnóstico.
Chagas disease, caused by Trypanosoma cruzi, is considered the main endemic disease of parasitic origin in South and Central America, affecting approximately eight million people worldwide. Its symptoms are varied, ranging from asymptomatic cases to individuals who develop cardiomegaly, megacolon and megaesophagus. The parasite-host relationship is very dynamic and, therefore, determining the pathogenesis of Chagas disease is still a challenging issue. Thus, this work aims to carry out a literature review addressing the main factors that involve the development and treatment of Chagas disease. To this end, a bibliographic survey was carried out in which articles and academic papers were selected from the Scielo, BIREME and PubMed databases, in Portuguese, English and Spanish, published between 2010 and
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1. INTRODUÇÃO A doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, é causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi e é a causa da morte de cerca de 10 mil pessoas todos os anos, além de mais de 25 milhões de pessoas correrem o risco de adquiri-la. Estima-se que oito milhões de pessoas estejam infectadas no mundo, principalmente na América Latina, onde a doença é endêmica (WHO, 2018). A doença de Chagas é considerada a principal doença endêmica de origem parasitária nas Américas do Sul e Central, apresentando alta morbidade e mortalidade. Em 2009, completou-se 100 anos do descobrimento dessa enfermidade, sendo considerado um marco científico realizado pelo médico Carlos Justiniano Ribeiro Chagas, enquanto realizava expedição à pequena cidade de Lassance, no Estado de Minas Gerais. Sendo médico e pesquisador, não focou apenas em oferecer tratamento aos doentes: durante suas pesquisas, detectou a presença de um tripanossomatídeo no sangue de um gato e, pouco tempo depois, também em uma criança febril de nome Berenice, com dois anos de idade, e residente em uma casa infestada por "barbeiros" infectados com o parasito. Carlos Chagas ganhou notoriedade devido à sua tripla descoberta, identificando o vetor, o agente etiológico da doença e descrevendo a patologia (WHO, 2018). Atualmente, a doença de Chagas também representa um novo desafio mundial devido à sua expansão para países não endêmicos, resultado da migração de indivíduos infectados (COURA e BORGES-PEREIRA, 2010). Sem o tratamento, o paciente evolui do quadro de fase aguda para a fase crônica da doença. A infecção crônica pode persistir despercebida por mais de 30 anos antes de causar complicações e alterações anatomofisiológicas (CLAYTON, 2010). No Brasil, a doença de Chagas encontrava-se intimamente relacionada ao nível socioeconômico da população, sendo mais frequente encontrada em indivíduos de áreas rurais com baixa renda financeira, que viviam em condições precárias e com elevado índice de analfabetismo (DIAS e SCHOFIELD, 1999). Em decorrência da transição demográfica das populações rurais para os centros urbanos, foi observada uma mudança no perfil epidemiológico da doença. Este novo cenário está associado à expansão imobiliária com construção de residências em áreas adjacentes aos
13 para uma vigilância e controle maior na manipulação e comercialização destes produtos (MARTINS-MELO et al. , 2014). Sua manifestação clínica se dá em duas fases, sendo uma inicial aguda, que dura de 4 a 8 semanas, onde cerca de 30% dos indivíduos pode evoluir para uma fase crônica da doença, que irá persistir até o final de sua vida. A fase aguda é caracterizada por uma alta carga parasitária no sangue, geralmente assintomática ou apresentando sintomas leves e inespecíficos como: febre, dor de cabeça, dor muscular, dificuldade respiratória e para engolir. Os sintomas aparecem de 1 a 2 semanas após a exposição ao vetor infectado ou alguns meses após transfusões sanguíneas. Em menos de 50% dos casos podem ocorrer sinais característicos indicando o local do repasto, como um edema unilateral nas pálpebras chamado de sinal de Romaña ou um nódulo na pele denominado chagoma de inoculação. Após 4 a 8 semanas a parasitemia diminui e os sinais de manifestação podem desaparecer espontaneamente (STANAWAY e ROTH, 2015). Na fase crônica, a maioria dos indivíduos (90%) apresenta sua forma indeterminada em que permanece infectado e sorologicamente positivo, mas não apresenta sintomas. Destes, 20 a 30% sofrem progressão para a forma determinada, onde os parasitos apresentam tropismo para certos tecidos. Devido a esse aspecto, são desenvolvidas cardiomiopatias e síndromes digestivas (megaesôfago e megacólon), que se manifestam separadamente ou em conjunto. As mortes atribuídas a doença de Chagas são resultado de sequelas cardiovasculares, onde em seus anos finais, o paciente pode vir a óbito por causa de arritmias e falência cardíaca progressiva (BERN, 2015). Existem dois medicamentos comerciais disponíveis para combater T. cruzi : Benznidazol (BZN) e Nifurtimox, introduzidos em 1971 e 1965, respectivamente. Eles apresentam níveis variados de eficácia, principalmente em relação à fase crônica. O principal critério para estabelecer a efetividade do tratamento é a conversão de sorologia positiva para negativa, associada a resultados negativos em testes parasitológicos, tais como xenodiagnóstico e/ou hemocultura, ou investigação da presença do parasito através do método da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) (ZREIN et al ., 2018). Entretanto, nenhum dos fármacos se mostra efetivo em todos os acometidos pela fase crônica tardia da infecção (GUEDES et al, 2006). Além disso, ambos são
14 compostos tóxicos, que causam efeitos indesejáveis como alterações psíquicas, excitabilidade ou sonolência, náuseas, dentre outros, o que diminui a adesão ao protocolo terapêutico (COURA e CASTRO, 2002). É necessária então, a busca por novas formas de tratamento com fármacos que tenham a capacidade de induzir a cura parasitológica em indivíduos tratados durante as diferentes fases da doença, com baixa toxicidade, que seja administrado por via oral em poucas doses, e com menor probabilidade de desenvolvimento de resistência pelo parasito (COURA e CASTRO, 2002).
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3. MATERIAIS E METODOS Para a realização desse estudo, será realizada uma pesquisa exploratória com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema e, assim, permitir a construção de uma hipótese (GIL, 2007). Para tal, será feita uma abordagem qualitativa do problema, pois, nesse trabalho o intuito é o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. e não uma análise de dados com representativa numérica (GOLDENBERG, 1997). Ainda será realizada uma pesquisa bibliográfica descritiva que exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). Para tal, foram selecionados artigos e trabalhos acadêmicos nos bancos de dados Scielo, BIREME e PubMed, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, publicados entre os anos de 2010 e 2020. Como fator de inclusão foram selecionados materiais que no qual o seu conteúdo estava de acordo com os objetivos propostos nesse trabalho. Já com fatores de exclusão considerados para esse estudo foi de artigos que não estavam de acordo com o proposto no artigo e que não estivesse dentro dos fatores de inclusão que foram selecionados para o trabalho.
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4. DESENVOLVIMENTO 4.1 Histórico doença de Chagas A doença de Chagas foi descrita pela primeira vez em 1909, pelo cientista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1879-1934) em Lassance, Minas Gerais. Naquela ocasião, Carlos Chagas foi designado para combater uma epidemia de malária que acometia os trabalhadores da antiga Ferrovia Central do Brasil. Após transformar um vagão de trem em seu laboratório, Chagas foi avisado da existência de insetos hematófagos habitando as residências, conhecidos pelos locais como barbeiros, procotós, chupanças, bicudos ou chupões. Os barbeiros atacavam o homem à noite e se escondiam em frestas das paredes e coberturas das casas durante o dia, sendo encontrados com mais frequência em habitações precárias, choupanas de paredes sem reboco e cobertas por palha. Estas observações aguçaram a curiosidade científica do pesquisador levando-o a encontrar protozoários flagelados no intestino médio destes insetos. A esta nova espécie deu-se o nome de Schizotrypanum cruzi , atualmente denominado Trypanosoma cruzi , em homenagem ao seu mentor, o pesquisador Oswaldo Cruz (1872-1917) (CHAGAS, 1909 citado por LEONY, 2019). A repercussão da descoberta se fez sentir rapidamente na América Latina. Na Venezuela e na América Central casos são descritos, “barbeiros” identificados como portadores de tripanossomos. Deve ser ressaltado ainda o reconhecimento que ela mereceu na Europa, quase que imediatamente. Há referências curiosas, em cartas, da visita do Dr. Hoffman, famoso pelos seus trabalhos de profilaxia da febre amarela, em 1910 ao Brasil, o qual, havendo tomado conhecimento da existência de uma nova tripanossomíase humana, apressou em comunicá-la, ao retornar a Alemanha, a Roberto Koch. Este de tal modo se interessou pela descoberta que naquela mesma noite convocou todos os assistentes para uma reunião em sua casa, durante a qual fez o Dr. Hoffman uma detida exposição sobre os trabalhos de que tomara conhecimento no Brasil (Cançado,1968 citado por ARRUDA, 2003). O T. cruzi surgiu há cerca de 100 milhões de anos, na natureza. Habitava primitivamente, invertebrados aquáticos, tubo digestivo de peixes, répteis e anfíbios.
19 FIGURA 1 : ROTAS MIGRATÓRIAS DE INDIVÍDUOS PORTADORES DA DOENÇA DE CHAGAS DE ÁREAS ENDÊMICAS PARA PAÍSES NÃO ENDÊMICOS. Fonte: VIÑAS (2010). Essa dispersão ao redor do mundo nas últimas duas décadas têm constituído novos desafios epidemiológicos, políticos e sociais, tendo uma maior distribuição da doença para regiões ainda não infectadas quando comparado com sua evolução desde mais de 9.000 anos atrás. Estudos econômicos indicam um custo global de 7, bilhões de dólares por ano associado a doença, o que corresponde a cerca de 27 bilhões de reais (LEE et al. , 2013). No Brasil, estima-se que haja 4,6 milhões de pessoas infectadas pelo T_. cruzi_ , resultando em, aproximadamente, 6.000 óbitos por ano (MARTINS-MELO et al ., 2014). Atualmente, há um predomínio de casos crônicos, reflexo da infecção por transmissão vetorial em décadas passadas. Estudo realizado entre os anos de 2001 e 2008 em crianças menores de cinco anos residentes em área rural apresentou prevalência da infecção de 0,03%. Destas, 0,02% com positividade materna, sugerindo transmissão vertical, e apenas 0,01% com positividade somente na criança, demonstrando indícios de transmissão vetorial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Entre os casos agudos da doença de Chagas confirmados no Brasil no período de 2000 a 2013, verificou-se que a transmissão por via oral foi a mais frequente em todos os anos. Destes registros, 87,5% são do estado do Pará. No que diz respeito à
20 transmissão vertical, 50% dos registros foram feitos no Rio Grande do Sul (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). No que se refere à distribuição da doença de Chagas de acordo com o sexo e a idade dos indivíduos, nota-se uma maior prevalência na faixa etária de 40 anos, com igual distribuição entre homens e mulheres (PRATA, 2001). Entretanto, estudo realizado por Gasparim et al. (2018) verificou que, dos 270 pacientes infectados na região Centro-Norte do Estado do Paraná pelo T. cruzi , 173 (64,1%) eram do sexo feminino. Do total de pacientes, 38,5% tinham idade entre 65 e 74 anos e apenas 3,3% tinham idade abaixo ou igual a 44 anos. Nesse mesmo estudo, foram caracterizados 33 óbitos, sendo o sexo masculino predominante (55%) e a mediana de idade de 38 anos. A forma vetorial de dispersão da doença é realizada por meio de insetos da família Reduviidae, subfamília Triatominae, conhecidos popularmente como “barbeiros”. Existem mais de 150 espécies, todas consideradas capazes de transmitir o T. cruzi , todavia, as pertencentes aos gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus possuem o maior impacto epidemiológico (VIEIRA et al ., 2018). Vargas et al. (2018) realizaram pesquisa para confirmar um surto de doença de Chagas aguda no Rio Grande do Norte. Foram encontrados 18 indivíduos positivos, sendo 12 do sexo feminino (66,7%). A mediana de idade foi de 49 anos. Em relação ao dano no miocárdio, há diferença entre homens em mulheres. Homens apresentam fibrose miocárdica maior que as mulheres e fração de ejeção do ventrículo esquerdo menor, evidenciando o fato de que homens possuem prognóstico pior do que as mulheres (ASSUNÇÃO et al., 2016).
2. 3 Trypanosoma cruzi T. cruzi é um flagelado da Ordem Kinetoplastida, Família Trypanosomatidae, caracterizado pela presença de um único flagelo e de uma organela contendo DNA denominada de cinetoplasto e localizada na mitocôndria (BRENER, 1997). O T.cruzi possui organelas, que normalmente são encontradas em células eucarióticas, e algumas outras estruturas que lhe são próprias. A mitocôndria é tubular