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Este documento oferece informações atualizadas sobre a doença celíaca, incluindo sua forma de apresentação clínica, crescente prevalência, complexa fisiopatologia e forte predisposição genética. Além disso, aborda os métodos de diagnóstico e tratamento da doença. A figura ilustra a complexidade da doença celíaca e sua relação com outras patologias.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Doença Celíaca: Revisão Bibliográfica
TCC apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal de Campina Grande. Orientadora: Profª. Drª. Maria Emília da Silva Menezes.
CASSIANNE LINS SILVA
Doença Celíaca: Revisão Bibliográfica
Monografia apresentada ao Curso de Farmácia da UFCG, para obtenção do Grau de Bacharelado em Farmácia.
BANCA EXAMINADORA
À memória do meu bisavô Edésio Lins de Oliveira, farmacêutico de quem muito me orgulho ter herdado a vocação.
À memória do meu avô Eudenício Correia Lins, cujo intelecto e retidão influenciaram a minha formação pessoal e profissional.
À minha irmã Candiça Lins Silva, celíaca e grande inspiração deste trabalho, a base mais sólida e confiável de informação.
Ao meu cunhado, Eder, meu companheiro de viagem, com o qual divido essa
conquista. Obrigada por cada viagem e pela ótima companhia! A cada universitário com os quais dividia o transporte para ir à Universidade,
em especial a Jeferson, Neves e Cintia. Obrigada por fazerem as viagens de ida e de volta mais divertidas!
Vocês são a força que impulsionam os meus passos e nada teria valor, se eu não pudesse contar com as suas presenças e o carinho. Muito obrigada! Essa vitória é
nossa!
Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
Madre Teresa de Calcutá
Celiac disease (CD) is an enteropathy chronic disorder of the immune system. Induced by the ingestion of gluten proteins, leading to damage the mucosa of the small intestine. Gluten is present in wheat, barley, rye, oats and their derivatives. Prevalence studies of DC have shown that it is more frequent than previously thought, but the lack of information about the disease and the difficulty in diagnosing impair adherence to treatment and limit the opportunities for clinical improvement. A gluten-free diet is the only treatment for celiac disease, but it is not an easy task as it depends on several aspects, such as: cultural, psychological, intellectual levels and access to alternative foods. The aim of this review is to provide updated information on Celiac Disease, its clinical presentation and increasing prevalence, pathophysiology and strong genetic predisposition of the disease, as well as on methods for its diagnosis and treatment. For its accomplishment a literature review will systematically use should be made, in Medline, Pubmed, Lilacs, SciELO and national and international health committees, the articles published in the last fifteen years, addressing Celiac Disease. The following search terms (keywords and delimiters) were used in various combinations: 1) Celiac Disease, 2) food intolerance; 3) gluten allergy; 4) celiac sprue. The literature search included original articles, review articles, editorials and guidelines written in English and Portuguese, being selected according to the criteria of the Oxford Centre for Evidence. In total, the survey included 19 articles in Portuguese, 17 articles in English, 7 books, 8 dissertations, 10 sites and 3 national laws.
KEYWORDS: Celiac Disease, gluten, food intolerance, celiac sprue.
FIGURA 01. Vilosidade intestinal com epitélio normal (esquerda) e epitélio característico do portador de doença celíaca com achatamento de vilosidades e infiltrado de linfócitos intraepiteliais (direita).................................................................................... 18
FIGURA 02. Estrutura do glúten: gliadina e glutenina....................................................... 19
FIGURA 03. Iceberg celíaco, manifestação clínica da doença........................................... 20
FIGURA 04. Prevalência mundial de Doença Celíaca....................................................... 21
FIGURA 05. Iceberg celíaco, prevalência da doença......................................................... 22
FIGURA 06. Classificação de Marsh das alterações histológicas do intestino delgado na Doença Celíaca..................................................................................................................... 25
FIGURA 07. Classificação de Marsh de Lesões Duodenais............................................... 34
FIGURA 08. Fluxograma de Diagnóstico da Doença Celíaca............................................ 35
ACELBRA - Associação dos Celíacos do Brasil AGA- Antigliadina Anti-tTG- Antitransglutaminase Tecidual ARA - Anti-reticulina DC - Doença Celíaca DIG – Dieta Isenta de Glúten ELISA – Teste Imunoenzimático EMA - Antiendomísio IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IgA – Imunoglobulina A IgG – Imunoglobulina G LIE – Linfócitos Intra-epiteliais POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares PSF – Programa de Saúde da Família Unifesp – Universidade Federal de São Paulo
A doença celíaca é um distúrbio imune-mediado que afeta principalmente o trato gastrointestinal. É caracterizada pela inflamação crônica da mucosa do intestino delgado que pode resultar na atrofia das vilosidades intestinais, com conseqüente má absorção intestinal e suas manifestações clínicas. Estas podem se iniciar na infância ou na vida adulta e os sintomas intestinais clássicos são diarreia, distensão e dor abdominal (PEREIRA& FILHO, 2013). A doença celíaca é uma intolerância permanente induzida pelo glúten, principal fração proteica presente no trigo, centeio e cevada. É considerada uma desordem auto - imune. Os sintomas podem surgir em qualquer idade após o glúten ser introduzido na dieta (RIBEIRO, 2013). Segundo um estudo apresentado no início de 2007 pela Unifesp, que analisou o sangue de 3 mil doadores, 1 em cada 214 eram celíacos. Seguindo essa média, estima - se que no Brasil existam quase 4 milhões de portadores da doença, a maioria sem sequer desconfiar da sua existência. Um número que merece atenção, pois a doença celíaca é responsável por disfunções que vão desde desnutrição, perda de peso, osteoporose até câncer de intestino (SDEPANIAN, 2001). Estudos de prevalência da DC (Doença Celíaca) têm demonstrado que esta doença é mais frequente do que anteriormente se acreditava, e que continua sendo subestimada. A falta de informação sobre a patologia e a dificuldade de diagnóstico prejudica a adesão ao tratamento e limitam as possibilidades de melhora do quadro. Outra particularidade é o fato da doença celíaca ser considerada uma patologia predominantemente da raça branca, embora existam relatos de sua incidência em indivíduos pardos e negros. Estudos revelam que o problema atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de seis meses a cinco anos. Também foi notada uma frequência maior em mulheres em relação aos homens (três mulheres para cada homem). O caráter hereditário da doença torna imprescindível que parentes de primeiro grau de celíacos façam testes de triagem para detecção da patologia (BRASIL, 2009). A doença celíaca pode se manifestar em crianças, adultos e idosos. Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca. No Brasil a DC afeta em torno de 2 milhões de pessoas, mas a maioria ainda estão sem diagnóstico. Na
última década destacou-se um aumento da consciência sobre a doença celíaca no Brasil (COSTA, 2013). O primeiro levantamento global sobre a doença, divulgado no final de julho, indica que ela causa a morte de cerca de 42.000 crianças todos os anos no mundo. No Brasil 200 crianças morrem anualmente em função desse mal. Alguns estudos internacionais afirmam ainda que uma a cada 100 pessoas no mundo seja portadora da doença; outros, que mais da metade dessas pessoas não sabem que estão doentes. No Brasil pouco se sabe sobre a incidência da doença, já que faltam levantamentos nacionais. Dados de uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, realizada em 2007, apontam que um a cada 214 brasileiros tem a doença. Os dados existentes sobre doença celíaca, como se vê, são poucos, dispersos e por vezes desatualizados (YARAK, 2013). Visto a necessidade em se padronizar as informações contidas em embalagens de produtos comercializados no Brasil a fim de facilitar a vida dos celíacos, a Legislação Brasileira no uso da Lei nº10. 674 obriga que “os fabricantes da indústria alimentícia devem escrever se contém ou não contém glúten nas embalagens de todos os alimentos industrializados [...]” (BRASIL, 2003). Infelizmente algumas fábricas desconhecem ou não se importam com o problema da contaminação e continuam vendendo seus produtos, sem uma devida análise da total inexistência de glúten. A regra geral é que o rótulo do alimento contenha informações de forma clara, precisa e legível sobre todos os seus componentes. Estas são as informações úteis e necessárias para que o consumidor possa fazer sua opção de compra, de acordo com suas necessidades e peculiaridades (ACELBRA, 2013). A necessidade de esclarecer as causas e as manipulações dietéticas necessárias para o tratamento da DC deve ser enfatizada aos pacientes e seus familiares mais próximos. Apesar da existência dos inúmeros novos métodos sorológicos não invasivos de rastreamento para o diagnóstico da DC, é imprescindível a realização da biópsia de intestino delgado, obtida de preferência na junção duodeno-jejunal necessárias para o tratamento da DC (SDEPANIAN, 2001). A obediência à dieta totalmente isenta de trigo, centeio, cevada, malte e aveia não constitui prática fácil. A transgressão à dieta pode ser voluntária ou involuntária. A primeira pode ocorrer em todas as faixas etárias, especialmente nos adolescentes ao passo que a segunda pode acontecer devido à incorreta inscrição dos ingredientes nos
No século I da Era Cristã, Areteus da Capadócia fez a primeira citação de uma entidade clinica compatível com DC. Ele utilizou o termo estado ou diátese celíaca para descrever uma desordem crônica em adultos caracterizada pelo transito intestinal de alimentos não digeridos associada a emagrecimento e astenia. (GALLEGO, 2002).
Em 1888 Samuel Gee descreveu nos termos atuais. No entanto, foi durante o período da Segunda Guerra Mundial que se associou os efeitos nocivos de certos tipos de cereais à doença celíaca. Neste período, Dicke, um pediatra holandês, observou que durante o período de racionamento de trigo na segunda Guerra Mundial, a incidência do “sprue celíaco” (nome dado à doença celíaca naquela época) havia diminuído muito. Posteriormente, quando os aviões suecos trouxeram pão para a Holanda, as crianças com doença celíaca voltaram rapidamente a apresentar sintomas, confirmando a importância do trigo na gênese da doença (ALMEIDA, 2008). A doença celíaca (DC) é uma desordem auto-imune que ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis em que a ingestão de glúten na dieta provoca inflamação da mucosa intestinal, hiperplasia de criptas e atrofia das vilosidades, deve ser encarada como uma doença sistêmica e integrada no diagnóstico diferencial de múltiplas patologias do foro gastrenterológico, respiratório, genético, sanguíneo (ALMEIDA,
Figura 01. Vilosidade intestinal com epitélio normal (esquerda) e epitélio característico do portador de doença celíaca com achatamento de vilosidades e infiltrado de linfócitos intraepiteliais (direita). Fonte: OLIVEIRA, 2013.
O fator ambiental mais importante na DC é o glúten, que consiste em um composto proteico que está presente no trigo, centeio, cevada e aveia (LEBWOHL et al ., 2012). Vêm crescendo gradativamente pesquisas voltadas para a elaboração de produtos isentos de glúten, tendo como fontes amiláceas, de milho, arroz, batata, mandioca entre outros, com o intuito de atender o mercado de alimentos para este público específico (CEREDA & VILPOUX, 2003; KOTZE, 2006).
O glúten subdivide-se em duas frações: prolaminas e gluteninas (Figura 02). Somente as prolaminas do trigo (gliadina), do centeio (secalina), da cevada (hordeína) e da aveia (avenina), são tóxicas para portadores de DC (HEKKENS, 1995). As prolaminas presentes no arroz (alanina) e no milho (leucina) não conferem toxidade observada nos cereais (BATISTA & CRUZ, 2006; CATASSI & FABIANI, 2004).
Figura 02. Estrutura do glúten: gliadina e glutenina. Fonte: OLIVEIRA, 2013.
O glúten é uma rede tridimensional viscoelástica e insolúvel em água, proveniente da combinação da gliadina, glutenina e água através da energia mecânica (BOBBIO & FLORINDA, 1992; ORNELLAS, 2001; ZANDONADI, 2006). A sociedade brasileira mantém um padrão de consumo alimentar rico em produtos como pães, biscoitos, bolos, macarrão, salgados, tortas doces e salgadas, bebidas diversas, molhos, sopas (SILVA, 2013), que se deve exatamente ao fato destes cereais possuírem glúten em sua composição garantindo propriedade de absorção de água, elasticidade e retenção de gás, o que permite esticar e estender promovendo a sua utilização em vários alimentos (ORNELLAS, 2001).