






Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
suas interconexões tanto com a arte feminista quanto com o mito da beleza apresentado por Naomi. Wolf em seu livro O Mito da Beleza.
Tipologia: Notas de aula
1 / 10
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
1
ARTE FEMINISTA: Diálogos entre o Mito da Beleza e as Obras de Jenny Saville Patricia Fabiola Scandolara^1
Resumo : Este artigo tem como objetivo investigar as imagens que problematizam a condição feminina na contemporaneidade através das obras da artista plástica Jenny Saville. Apresentando reflexões a respeito das práticas artísticas contemporâneas que extrapolam o campo do discurso artístico e apontam para questões políticas e sociais. Vivemos um momento de diluição das fronteiras e dos conceitos estanques, portanto a arte se expande e segue o fluxo da miscigenação e da conexão das idéias e das práticas discursivas, trilhando o caminho da apropriação de discursos e imagens do cotidiano com o intuito de questioná-los, estando tal expansão de sentido associada a questões hegemônicas a nível cultural, político e social. Adotou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, que abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, revistas e sites, que serviram à fundamentação teórica e ao estudo sobre o percurso artístico da artista Jenny Saville e suas interconexões tanto com a arte feminista quanto com o mito da beleza apresentado por Naomi Wolf em seu livro O Mito da Beleza. Como as Imagens de Beleza são Usadas Contra as Mulheres.
Palavras-chave : Genero; Arte Contemporânea; Mito da Beleza; Jenny Saville.
(^1) Arte-Educadora graduada em Artes Visuais pelo Centro de Artes (CEART) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/Florianópolis); Mestranda em Educação, Comunicação e Tecnologia na mesma Instituição (FAED/UDESC).
2
No momento em que as mulheres usam seu próprio corpo na arte, estão usando na verdade o seu próprio ser, fator psicológico da maior relevância, pois assim convertem o seu rosto e o seu corpo de objeto a sujeito (Lucy Lippard, 1995).
A arte contemporânea tem se mostrado atuante no questionamento de conceitos fronteiriços e delimitantes, através da experimentação de novas mídias e de categorias como a performance , os happenings , a body art , instalações, intervenções e outras ações de tipo experimental que problematizam espaços e padrões comportamentais, incidindo em contextos políticos, de gênero e sexualidade. Utilizando-se dos estereótipos corporais e interferindo na estabilidade que proporciona o conceito de identidade, a arte agora está presente na rua, nos conceitos, nas relações pessoais, na pluralidade da comunicação humana. Este caráter de indefinição se deve ao fato de a arte contemporânea ser algo em processo que, mesmo na qualidade de desdobramento de influentes genealogias, não se limita a reproduzi-las com subserviência. Ao contrário, nega-as expandindo seus limites ou confrontando seus princípios normativos; assume caminhos e formas que elas não prescreveram ou que o fizeram como um impedimento. As percepções do mundo e as condições de vida fazem com que o expectador seja parte da história, e no encontro com a arte, tende a eliminar os estereótipos. Metaforicamente vivemos, sofremos, rimos e sentimos prazer, na idéia do outro, neste olhar individual que rebate um olhar coletivo. Temos a oportunidade de olhar com os olhos deste outro, isto mostra que nossas identidades se refletem e se definem nas maneiras como representamos a nós mesmos visualmente, do que vestimos ao que assistimos na televisão (SARDELICH apud FREEDMAN, 2006). Portanto para pensar a arte contemporânea é necessária a percepção dos constantes estados inter-relacionais e desterritorializantes que se apresentam, ou seja, há de se refletir sobre o deslocamento do campo artístico delimitado para o campo ampliado das relações. Nesse sentido, impõe-se, de imediato, o debate acerca das transversalidades^2 , já que, mais do que nunca, irrompem questões e poderes polimorfos que vertem para identificações e percepções dos sentidos da arte no mundo contemporâneo. O corpo “feminino” segue sendo utilizado como abordagem de muitos artistas plásticos contemporâneos, a linguagem performática na fotografia tem sido amplamente
(^2) Conceito de Félix Guattari, “Transversalidade” em oposição a uma verticalidade e a uma horizontalidade. A noção de transversalidade aplicada ao paradigma rizomático seria a base da mobilidade por entre as redes rizomáticas (GUATTARI, 1976).
4
FIGURA 1 – Strategy – 1993-94 (Óleo sobre tela, 274 x 640 cm).
Fonte: http://delpilarsallum.blogspot.com.br/2013/03/jenny-saville.html
FIGURA 2 – Closed Contact’s – 1996 (Fotografia)
Fonte: http://theartgeek.tumblr.com/page/
5
FIGURA 3 – Prop – 1992 (Óleo sobre tela)
Fonte: http://seedanieldraw.blogspot.com.br/2011/02/jenny-saville.html
FIGURA 4 – Propped – 1992 (Óleo sobre tela)
Fonte: http://seedanieldraw.blogspot.com.br/2011/02/jenny-saville.html
7
Como o movimento das mulheres conseguira desfazer a maioria das outras ficções necessárias da feminilidade, a função de controle social, que antes se distribuía por toda uma trama em lendas, teve de ser designada para o único fio que permanecia intacto. Voltaram a ser impostos aos corpos e rostos das mulheres liberadas todas as limitações, tabus e penas das leis repressoras, das injunções religiosas e da escravidão reprodutiva que já não exerciam influência suficiente. A ocupação com a beleza, trabalho inesgotável porém efêmero, assumiu o lugar das tarefas domésticas, também inesgotáveis e efêmeras. Como a economia, a lei, a religião, os costumes sexuais, a educação e a cultura foram forçados a abrir um espaço mais justo para as mulheres, uma realidade de natureza pessoal veio colonizar a consciência feminina. Recorrendo a conceitos de “beleza”, ela construiu um mundo feminino alternativo, com suas próprias leis, economia, religião, sexualidade, educação e cultura, sendo cada um desses elementos tão repressor quanto os do passado (WOLF, 1992, p.18). As imagens de Jenny Saville instigam a criticidade, incomodam e chamam ao afastamento da zona de conforto das idéias pré-concebidas que o mito da beleza impõe aos olhares e as percepções. Sua obra denuncia os muitos conflitos ocorridos devido a distorção da autoimagem das mulheres, muitas são as autoviolações, as automutilações impostas ao corpo feminino contemporâneo. O corpo feminino idealizado que circula pelas mídias não é natural, então o corpo das mulheres em geral passa a ser o grotesco, o estranho. As pinturas de Jenny Saville abordam este corpo apresentando imagens que não fazem parte do ideal de beleza contemporâneo. Nas imagens de Saville, o corpo se apresenta através de seus aspectos “grotescos”.
FIGURA 5 – Reverse – 2003 (Óleo sobre tela)
Fonte: http://culturavisualqueer.wordpress.com/2010/07/13/jenny-saville-%E2%80%93-a-obsessao-pela-estetica- do-corpo-abjeto/
8
Em 1994, Saville passou muitas horas observando as operações de cirurgia plástica, em Nova York, adquirindo uma compreensão ampliada das mais variadas manipulações cirúrgicas com fins estéticos que podem ser feitas no corpo humano, mas, o mais importante é que ampliou suas percepções sobre os fatores psicológicos que as acompanham.
Os Ritos definem o cirurgião como o Sacerdote Artista, um Criador mais hábil do que o corpo materno ou do que a "Mãe-Natureza", de quem a mulher nasceu primeiro e de forma inadequada. A partir da literatura médica, aparentemente muitos cirurgiões partilham dessa opinião a respeito de si mesmos (WOLF, 1992, p. 123). FIGURA 6 - Crop of Stare - 2003 (Óleo sobre tela)
Fonte: http://seedanieldraw.blogspot.com.br/2011/02/jenny-saville.html As imagens do mundo contemporâneo abrem portas para infindáveis leituras e interpretações, a realidade deste universo imagético pede o estabelecimento de ligações e aberturas/fissuras que possam levar as mais variadas possibilidades de leitura, gerando tensão criativa. O que Deleuze e Guattari chamam de síntese disjuntiva 4 , que permite a apreensão de imagens e idéias instáveis e mutáveis que desconstroem suposições sociais e historicamente aceitas e assimiladas, compreendendo o processo e relacionando-o ao conceito que Naomi Wolff (1992) chama de construção do feminino. Percebendo que o discurso visual é de fácil corrupção de sentido, servindo as mais diversas funções e motivações, uma mesma imagem pode servir para significar as várias facetas das relações humanas, sociais e culturais que carregam sentidos e valores criados com e para imagens.
(^4) Expressão que remete a co-existência de formulações paradoxais, por exemplo ou...ou...., nem.. nem...; ambos.
10
FEMINIST ART: Dialogues between Myth Beauty and the Works of Jenny Saville
Abstract: This article aims to investigate the images that question the status of women in contemporary works of the artist Jenny Saville. Featuring reflections on the contemporary artistic practices that go beyond the field of art discourse and point to political and social issues. We live in a moment of blurring of boundaries and concepts watertight, so the art expands and follows the flow of miscegenation and connection of ideas and discursive practices, treading the path of the appropriation of discourses and images of everyday life in order to question them, and such expansion towards issues associated with the hegemonic cultural, political and social. Adopted as the research methodology literature, which covers reading, analysis and interpretation of books, journals, magazines and websites that served the theoretical foundation and the study of the artistic career of artist Jenny Saville and their interconnections with both the feminist art as with the beauty myth presented by Naomi Wolf in her book the Beauty Myth. How Images of Beauty are Used Against Women. Thus the art and discussions about gender relations are untied invisible power, which today is present hybrid and more complex.
Keywords: Gender, Contemporary Art, Beauty Myth, Jenny Saville