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Diagnóstico e Identificação de Micobactérias, Manuais, Projetos, Pesquisas de Microbiologia

Este documento aborda os procedimentos e técnicas utilizados no diagnóstico e identificação de micobactérias, com foco especial no complexo mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose humana. O texto detalha os requisitos de coleta, transporte e processamento de amostras clínicas, como escarro, urina, tecidos e líquidos orgânicos. Também são descritos os meios de cultura utilizados, os testes bioquímicos e moleculares para identificação das espécies, bem como os métodos para avaliação da resistência aos antimicrobianos. Essa abordagem abrangente fornece informações valiosas para profissionais da área de microbiologia clínica, contribuindo para o aprimoramento dos procedimentos diagnósticos e o manejo adequado das infecções por micobactérias.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 30/05/2024

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yasmin-barbosa-30 🇧🇷

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CURSO DE BIOMEDICINA
DISCIPLINA MICROBIOLOGIA CLÍNICA
PROFESSOR LUÍS HENRIQUE
ALINE ELLEN RIBEIRO FERREIRA
CLAYRE MARYANNE ARAÚJO DOS SANTOS
MARLIA STERFANNY NUNES COSTA
RAÍLA MELO DA COSTA
YASMIN VICTORIA BARBOSA FIGUEREDO SOUSA
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO - CULTURA PARA
MICOBACTÉRIAS
São Luís MA
2024
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CURSO DE BIOMEDICINA

DISCIPLINA MICROBIOLOGIA CLÍNICA

PROFESSOR LUÍS HENRIQUE

ALINE ELLEN RIBEIRO FERREIRA

CLAYRE MARYANNE ARAÚJO DOS SANTOS

MARLIA STERFANNY NUNES COSTA

RAÍLA MELO DA COSTA

YASMIN VICTORIA BARBOSA FIGUEREDO SOUSA

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO - CULTURA PARA

MICOBACTÉRIAS

São Luís – MA 2024

INTRODUÇÃO

As micobactérias são um grupo de bacilos aeróbios que resistem à descoloração com álcool-ácido, sendo essa uma propriedade característica desse gênero. São micro-organismos em geral de crescimento lento, devido a uma constituição hidrofóbica da parede celular, o que dificulta a entrada de nutrientes nas células, levando a um crescimento lento. Há atualmente cerca de 100 espécies reconhecidas no gênero Mycobacterium , sendo que grande parte é patogênica para o homem. De modo geral, as micobactérias podem ser divididas em dois grupos principais (Imagem 1): micobactérias do complexo M. tuberculosis e micobactérias não pertencentes ao complexo M. tuberculosis. A espécie M. tuberculosis é responsável pela tuberculose humana, doença muito frequente em todo o mundo, com cerca de 8 milhões de novos casos ao ano e uma alta taxa de mortalidade em alguns países. Devido ao aumento no número de casos de infecções causadas por micobactérias a partir da década de 1980, tornou-se cada vez mais importante a realização de diagnósticos rápidos e precisos que envolvam não somente a detecção do micro-organismo. Com a crescente preocupação mundial com a tuberculose, os laboratórios de Microbiologia têm sido cada vez mais exigidos em relação à rapidez do diagnóstico. Um número maior de amostras é processado no laboratório para realizar este diagnóstico, exigindo que medidas de segurança sejam tomadas e Fonte: OPLUSTIL, 2004.

congelar até encaminhar ao laboratório. É recomendável a coleta de três amostras em dias consecutivos ou alternados. Lavado broncoalveolar e lavado brônquico Coleta: Colher a amostra em tubo ou frasco estéril. Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 12 horas após a coleta, à temperatura ambiente (20 a 25°C). Para períodos prolongados, refrigerar a amostra de 2 a 8°C. Urina Coleta: Colher, após antissepsia, todo o volume da primeira urina da manhã desprezando o primeiro jato em frasco estéril. Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 24 horas, se mantida refrigerada de 2 a 8°C. Não processar amostras de urina de 24 horas, já que o processo de descontaminação dessas amostras para cultura utiliza um tempo maior de exposição aos agentes químicos e uma concentração maior desses agentes descontaminantes, o que pode eliminar prováveis micobactérias patogênicas presentes na amostra e, portanto, prejudicar o resultado final. É recomendável a coleta de três amostras em dias consecutivos ou alternados. Liquor Coleta: Colher a amostra em tubo estéril. Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 2 horas se mantida a temperatura ambiente (20 a 25°C) ou, se refrigerada, de 2 a 8°C até 24 horas após a coleta. Solicitar que sempre seja colhido um volume mínimo de 2ml, destinado especificamente para cultura de micobactérias. Aspirado gástrico Coleta: Colher pela manhã em jejum. Colocar em um frasco ou em tubos estéreis contendo 100mg de carbonato de sódio para neutralizar a amostra.

Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 24 horas, se mantida refrigerada de 2 a 8°C. Fragmentos de tecido, biópsias e líquidos orgânicos Coleta: Colher a amostra de tecido e biópsia em frasco ou tubo estéril sem formol ou outro conservante. As amostras de líquidos orgânicos devem ser colhidas em frascos estéreis em um volume mínimo de 10ml. Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 2 horas, à temperatura ambiente (20 a 25°C), e em até 24 horas se mantidas refrigeradas de 2 a 8°C. Sangue Coleta: Colher em frascos de hemocultura específicos para cultura de micobactérias. Manter à temperatura ambiente (20 a 25°C). Transporte: Encaminhar ao laboratório em até 12 horas após a coleta. Fezes Coleta: Colher a amostra em frasco estéril sem conservante ou diluente. Transporte: Encaminhar em até 2 horas ao laboratório, à temperatura ambiente (20 a 25°C) e em até 24 horas se mantida refrigerada de 2 a 8°C. Amostras de fezes podem ser utiliza- das para a pesquisa do complexo M. avium em paciente com aids em conjunto com culturas de outros sítios. CONTROLE DE QUALIDADE Para verificar se o método empregado para tratamento dos materiais clínicos está sendo eficaz, monitorar a porcentagem de meios contaminados. O aceitável é um índice de 3 a 5% de contaminação. Se houver um índice menor que 3%, significa que o método está sendo muito rigoroso na descontaminação e um índice maior que 5% significa que o método não está descontaminando adequadamente as amostras, portanto deve ser revisto. Os meios de cultura utilizados devem ser controlados para verificar se as micobactérias apresentam bom crescimento.

Colocar a amostra clínica em um tubo cônico estéril de tampa de rosca (50ml). Se a amostra for escarro, colocar até 5ml da parte mais purulenta ou sanguinolenta da amostra. Em outro material clínico colocar até 10ml da amostra. Adicionar o mesmo volume da solução de NALC-NaOH. Homogeneizar vigorosamente por 30 segundos. Deixar à temperatura ambiente (20 a 25°C) por 15 minutos (não ultrapassar esse tempo). Completar até 50ml com água estéril. Misturar por inversão várias vezes. Centrifugar a 3.000xg/15 minutos (centrífuga refrigerada). Desprezar o sobrenadante em um frasco contendo hipoclorito a 2% (cloro livre). Ressuspender o sedimento em 1ml de solução fisiológica estéril. Inocular nos meios apropriados. Fazer uma lâmina para pesquisa direta.

2. Método de NaOH (Petroff) Colocar a amostra clínica em um tubo cônico estéril de tampa de rosca (50ml). Se a amostra for escarro, colocar até 5ml da parte mais purulenta ou sanguinolenta da amostra. Em outro material clínico que necessite de tratamento prévio, utilizar até 10ml da amostra. Adicionar o mesmo volume de NaOH a 2%. Homogeneizar vigorosamente. Deixar à temperatura ambiente (20 a 25°C) por 15 minutos (não ultrapassar esse tempo). Completar até 50ml com tampão-fosfato (0,067M, pH 6,8). Misturar por inversão várias vezes. Centrifugar a 3.000xg/15 minutos (centrífuga refrigerada). Desprezar o sobrenadante em um frasco contendo hipoclorito a 2%. Adicionar algumas gotas de vermelho de fenol ao sedimento. Neutralizar com HCl homogeneizando continuamente até ficar amarelo. Ressuspender o sedimento em 1ml de tampão-fosfato. Inocular nos meios apropriados.

Fazer uma lâmina para pesquisa direta. PROCESSAMENTO DO MATERIAL Dependendo do tipo de material clínico, a técnica de preparação da amostra para semeadura nos meios de cultura pode variar. A figura 2 descreve a forma de processamento, atmosfera, temperatura e tempo de incubação das amostras. Após o processamento é aconselhável estocar as amostras por até sete dias refrige- radas de 2 a 8°C, para eventual reprocessamento do material. MEIOS DE CULTURA EMPREGADOS MGITIM (Becton Dickinson, Biosciences) - meio constituído de 4ml de 7H modificado acondicionado em um tubo, acrescido de OADC (ácido oléico, albumina bovina, dextrose e catalase) e um composto fluorescente embebido em silicone, sensível ao oxigênio. A detecção é baseada no consumo de oxigênio pelas mico- bactérias que permite a emissão da fluorescência, que é então visualizada utilizando luz ultravioleta (365nm). Amostras fluorescentes devem ser confirmadas após coloração de Ziehl. Bactec 12B (Becton Dickinson, Biosciences) - meio constituído de 4ml de 7H12 contendo ácido palmítico marcado com "C. Se houver crescimento de micobacté rias, estas vão utilizar o ácido palmítico e liberar "CO, marcado como produto do metabolismo. O equipamento Bactec 460TB quantifica o "CO 2 , marcado e traduz em um número, Gl (índice de crescimento). GI maior que 10 indica possível amos- tra positiva, a qual deve ser confirmada após coloração de Ziehl. Nota: amostras obtidas de lesões de pele ou tecido devem ser semeadas em mais um meio sólido para incubação a 30°C para isolamento de M. marinum e M. ulcerans. No caso de suspeita de M. haemophilum, semear também a amostra em CHOC e incubar a 30°C.

ESP Myco Reagent media (Trek Diagnostic Systems, Ohio) - meio constituído de 7H9, casitone, glicerol e esponjas de celulose. As esponjas de celulose fornecem um suporte para crescimento, simulando os alvéolos pulmonares. Em cada frasco é acoplado um sensor que se liga ao aparelho ESP Culture System II para monitorar a mudança de pressão dentro do frasco, provocada pela produção de gases ou consumo de oxigênio pela micobactéria. O sistema ESP Culture System II monitora constantemente as culturas. Amostras positivas devem ser confirmadas após coloração de Ziehl. BacT/Alert MP (bioMérieux, Inc., Durham, NC) - meio contendo 10ml de 7H modificado. Cada frasco possui um sensor na base, que muda de coloração quando em contato com CO, produzido pelo metabolismo da micobactéria. Cada fras- co é monitorado constantemente pelo equipamento BacT/Alert 3D ou MB/BacT e amostras positivas são indicadas com sinais luminosos e devem ser confirmadas após coloração de Ziehl. LJ (Lowenstein-Jensen) - meio de cultura sólido à base de ovo, sais, glicerol e fécula de batata com ou sem adição de antimicrobianos que permite o desenvolvimento de pigmento pela micobactéria. Esse meio é menos sensível que os outros, mas continua sendo amplamente utilizado nos laboratórios. O meio permite a visualização da morfologia das colônias, o que é de extrema importância para a identificação das espécies. É recomendado que seja utilizado em conjunto com um meio líquido. 7H10 - meio de cultura sólido constituído de sais, vitaminas, co-fatores, ácido oléico, albumina, catalase, glicerol e dextrose. Esse meio é utilizado para a realização de testes de avaliação da resistência aos tuberculostáticos e como meio para isolamento primário. Esse meio permite verificar a presença de culturas mistas de micobactérias e visualizar a morfologia das colônias, que são típicas nesses meios. 7H11- meio sólido constituído de sais, vitaminas, co-fatores, ácido oléico, albumina, catalase, glicerol, caseína hidrolisada e dextrose. Esse meio permite verificar a presença de culturas mistas de micobactérias e visualizar a

morfologia das colônias que são típicas. A caseína hidrolisada do meio favorece a recuperação de cepas de micobactérias resistentes à isoniazida. Para amostras de sangue, os frascos mais freqüentemente utilizados são: Bactec 13A (Becton Dickinson Diagnostic Systems, Sparks, Md), Myco/F Lytic (Becton Dickinson Diagnostic Systems, Sparks, Md), BacT/Alert MB (bioMérieux, Inc., Durham, NC), ESP Myco reagent media (Trek Diagnostic Systems, Ohio) e HEMOLISOBAC (Probac do Brasil, São Paulo, SP). Testes de identificação Os testes tradicionais para a identificação de micobactérias resumem-se na utilização de algum substrato pela micobactéria, no crescimento em diferentes temperaturas, na produção de pigmento e na morfologia da colônia das diferentes espécies. Tempo e temperatura de crescimento A velocidade de crescimento refere-se ao tempo necessário para haver desenvolvimento de colônias visíveis no meio de cultura. São consideradas micobactérias de crescimento rápido aquelas que formam colônias visíveis em até sete dias e as de crescimento lento as que se desenvolvem após sete dias em meio sólido. Para realizar esse teste o meio sólido deve ser inoculado com uma suspensão-padrão de micobactérias. A maioria das micobactérias desenvolve-se na temperatura de 35 a 37°C e outras temperaturas (28°C, 30°C, 42°C, 45°C) devem ser testadas se houver suspeita de determinadas micobactérias (M. xenopi tem seu crescimento ótimo a 42°C e M. marinum a 30°C). Produção de pigmento As micobactérias são classificadas em três grupos quanto à habilidade de produzir pigmento em meio de cultura Lowenstein-Jensen. As fotocromogênicas produzem colônias pigmentadas somente após exposição à luz, no escuro elas não produzem pigmento (M. kansasii , M. marinum). As micobactérias scotocromogênicas pro- duzem forte pigmento amarelo alaranjado tanto no escuro quanto após exposição à luz (M. gordonae ) e as

padronizados para o teste de M. tuberculosis, embora sejam também empregados para outras micobactérias não pertencentes ao complexo. COMO REPORTAR O RESULTADO Pesquisa direta em amostra de escarro Resultado positivo - 2 + (presença de 10 bacilos/10 campos microscópicos). Resultado negativo - pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes: negativa em 300 campos microscópicos analisados. Cultura Exemplo 1: para laboratório nível II no caso de isolamento de micobactéria não pertencente ao complexo M. tuberculosis. Resultado positivo - cultura positiva para micobactérias. Cepa será enviada para laboratório de referência para identificação final. Exemplo 2: para laboratório níveis II e III. Resultado negativo - cultura negativa para micobactérias, Exemplo 3: para laboratório nível III. Resultado positivo - cultura positiva para complexo Mycobacterium avium.

REFERÊNCIA

OPLUSTIL, Carmen Paz. Procedimento Básico em Microbiologia Clínica. 2° Edição. São Paulo. Savier, 2004.