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Desenho como Meditação: Um Novo Aproximamento ao Ensino de Desenhar, Notas de estudo de Desenho

Através da pesquisa em áreas de meditação e ensino de desenho, a autora compartilha sua experiência de utilizar um método inovador de ensinar a desenhtar, demonstrando resultados visíveis e reais, além de revelar uma abordagem mais natural e consciente ao desenho. O texto apresenta resultados de experimentos realizados com alunos de diferentes níveis de conhecimento em desenho.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

4.6

(84)

74 documentos

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I
2010
Escola Superior de Design
Carla Susana
Serafim Chasse Santo
Desenho como Meditação
O Olhar que Contempla
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I

2010 Escola^ Superior^ de^ Design Carla Susana Serafim Chasse Santo

Desenho como Meditação

O Olhar que Contempla

II

IV

V

Dedico este trabalho ao meu Avô João.

VII

agradecimentos Agradeço^ a^ todos^ aqueles^ que^ de^ uma^ forma^ ou^ de^ outra^ passaram^ pela minha vida. Esta tese é o reflexo de todos eles. Aprendi com os que me confrontaram, ignoraram, aos que não tiveram tempo e que me disseram que não, foram fundamentais para mim, pois, sem eles, não poderia ter chegado aqui com esta força. Por outro lado, aprendi tanto com todos aqueles que me ajudaram, orientaram, compreenderam e apoiaram. Estou eternamente grata à ajuda incondicional, ao apoio silencioso, ao carinho subtil, ao sentido de humor que me ajudou a voltar ao meu caminho, à espera paciente, a todo o tempo que de me deram, à coragem incomensurável, aos risos, aos livros, ao bom gosto, à elegância, à sabedoria, à bondade, à simplicidade, sinal de imensa grandiosidade. Esta tese presenteou-me com provas de Amor vindas dos sítios mais improváveis, com ajudas de pessoas tão recentes mas que ficarão para sempre na minha vida, e de pessoas que sempre aqui estiveram e só agora as vi. Foi uma lição de bondade, de grandeza humana, uma inspiração para estar cada vez mais grata à vida. Graças a todos eles, vejo melhor. No fundo todos foram importantes, os que têm nome e os anónimos. Neste percurso, as demonstrações de bondade que recebi, de uma forma incondicional, foram comoventes. Agradecer não é uma opção. Para mim, é a base da minha existência. Agradeço ao meu Orientador, Professor Doutor Eduardo Côrte – Real, por ter aceite este tema, sem hesitar, dando-me, dessa forma, a possibilidade de concretizar algo que eu achava impossivél. Agradeço com toda a minha Alma ao Mestre Henrique Castro, que tanto me ajudou, e que foi uma lição de tudo o que há de grande nesta vida. Ao amor incondicional e espera da minha filha Luz, Pais Maria e Gabriel, Avô João, Professor Quintino, amiga Isa, colega Ana Lourenço, Luis Pedro, Rui, a todos os professores que passaram na minha vida, a todos os alunos e amigos.

VIII

palavras-chave resumo Desenho, Conceito, Contemplação, Meditação. O fascínio pela verdade do olhar sobre as coisas conduziu a autora à questão essencial: “Sendo o desenho a forma primordial de expressão, ferramenta materializadora da ideia e do universo que nos rodeia, por que razão existe, inexplicavelmente, um estigma de inaptidão acentuado em relação ao mesmo? ” A intenção da autora é demonstrar que o desenho, no seu estado essencial, é idêntico à meditação, e que, se for efectuado com essa postura, origina resultados bastante positivos. Através da pesquisa nas áreas da Meditação e do ensino do Desenho, bem como o testemunho da autora e de demonstrações filmadas, aquando da utilização deste método, por parte da autora e pela dos alunos, acompanhados por registos fotográficos dos mesmos, demonstra-se o resultado real e visível daquilo que foi vivenciado, e que constitui um passo em frente no ensino da disciplina e uma nova forma de aprendizagem, revelando uma abordagem ao desenho, mais natural, total e consciente.

X

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

  1. 1 INTRODUÇÃO 01
  2. 2 MOTIVAÇÃO 03
  3. 3 OBJECTIVOS 03
  4. 4 METODOLOGIA 04
  5. DESENVOLVIMENTO
  6. 1 O Desenho
    1. 1 Desenho – O Conceito 05
    1. 2 O Conceito no Desenho 11
    1. 3 O Ensino e o Erro 16
    1. 4 O Cérebro 26
  7. 2 Zen
    1. 1 O que é o Zen 44
    1. 2 Arte Dharma - Zen nas Artes 49
    1. 3 Contemplação: a Meditação do Olhar 55
  8. 3 Desenho como Meditação
    1. 1 Desenhar o Agora : Desenho como Meditação O Processo 58
    1. 2 Percepção Pura - Contorno 68
    1. 3 Percepção Pura - Contorno Exterior e Interior – Desapego 78
    1. 4 Percepção Pura – Contorno Descrição do Processo e considerações.
  • 7 ÍNDICE DE FIGURAS
  • 8 EPILOGO

1. INTRODUÇÃO

1. 1 Introdução

Na minha observação de vinte anos como desenhadora e professora de Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes, na Nextart e em vários pequenos cursos, surgiu-me uma questão, independentemente do ano ou da idade do aluno, pude constatar a existência de uma dificuldade comum aos alunos de desenho, os quais manifestavam uma imensa vontade de aprender a desenhar, mas quase todos partiam do princípio de que era uma tarefa difícil, se não mesmo impossível, e, em conclusão, os seus resultados eram muito inferiores àqueles que poderiam obter. Era um facto estranho, uma vez que o desenho é algo natural e comum a qualquer ser humano, independentemente do local do planeta onde habite. Com o tempo compreendi, por um lado, onde residia o principal problema e, por outro, que poderia alterar esta realidade. Fundamentalmente, e tal como mais tarde percebi na pesquisa que efectuei de vários autores relacionados com a percepção, uma das principais razões pelas quais o aluno de Desenho não responde ao pretendido, prende-se com a simplificação sistemática das formas, com a expectativa associada ao acto e à superficialidade na postura. Desenha de uma forma automática e inconsciente. A informação captada é simplificada, destituída de volumetria e de pormenor, recorrendo inconscientemente aos conceitos que tem das coisas. Contrariar essa tendência tornou-se prioritário. Dar a entender que os nossos olhos funcionam de uma forma selectiva e que só parte daquilo que vêmos se encontra presente no nosso consciente, que, ao tentar desenhar, temos o “mau” hábito de usar a visão da forma a que estamos habituados a solicitar. O cérebro, a atitude mental, naturalmente, é o grande responsável por este comportamento. Consequentemente, entendi que seria fundamental silenciar a mente. Baseada na minha experiência pessoal, quer como executante, no papel de quem

1. 1. Motivação

Ao considerar o desenho uma ferramenta de expressão e de linguagem de extrema importância para o Ser humano, nas suas mais variadas formas, nasceu em mim a necessidade de partilhar a minha experiência nesse campo. Essa é razão pela qual me proponho efectuar esta exposição, porque considero ser importante partilhar e dar a conhecer um método que acredito ser facilitador da aprendizagem da disciplina do Desenho, permitindo um maior número de resultados positivos. Tal como desde sempre existiu uma valorização e preocupação na pesquisa de inúmeros métodos para melhorar a aprendizagem da linguagem escrita e verbal, pretendo também trazer essa mesma vontade para a aprendizagem do Desenho, tornando-o acessível a qualquer pessoa que pretenda fazê-lo. Para mim, todos nós sabemos desenhar, precisamos tão-só de aprender a ver.

1. 2 Objectivos

O meu objectivo geral é apresentar um método de Desenho baseado numa abordagem e postura meditativas, que garantem uma melhor execução, melhorando a qualidade dos resultados. Para isso, vou demonstrar que determinados exercícios, pelas suas características, associados à respiração e a uma determinada forma de apresentação da proposta, permitem ao aluno uma totalidade e uma presença no “momento”, característica de um estar meditativo. Irei clarificar e descrever as técnicas usadas para que possam ser reproduzidas por qualquer pessoa em qualquer lugar. Prentendo demonstrar como essa postura meditativa acontece na execução do desenho.

1. 3 Metodologia

Será do tipo descritivo, onde pormenorizarei todo o processo a ser utilizado. Esta escolha decorreu do surgimento da ideia, e tornou-se clara no processo de pesquisa. Uma vez que a meditação é algo pouco objectivável, torna- se fundamental realizar um teste empírico, ou até mesmo uma colecta de dados e, por essa razão, o enfoque quantitativo também fará parte da metodologia aplicada. Para isso realizarei duas aulas baseadas neste método de ensino como forma de demonstrar a sua eficiência. Grupo 1 - Com alunos de idades variadas, que já desenham e conhecem o exercício. Grupo 2 - Com o mesmo tipo de alunos, com as mesmas características, e cuja experiência a nível de desenho é reduzida, se não mesmo nula, e desconhecendo o exercício. Esta pesquisa decorre num ambiente espacial semelhante, com o mesmo tempo de execução, e a variável independente será o conhecimento ou desconhecimento do exercício. Para isso, e como prova, peço para que desenhem, por exemplo, uma mão ou um modelo nu, sem qualquer directriz, com o mesmo tempo para ambos os grupos. Seguidamente, apresento o método ou o exercício, e peço para desenharem novamente o mesmo objecto que desenharam inicialmente. No final registo fotograficamente e comparo o antes e o depois das pessoas de cada grupo, e, mais tarde ainda, comparo o resultado de ambos os grupos. (Vide, em anexo, um exemplo já recolhido da utilização do método*).

presente por meio da imagem da ideia que temos dela mesma. Apreendendo o objecto, de um modo obsessivo, para tentar compreender o nosso ser e as relações que mantemos e o meio ambiente que nos rodeia através das coisas. Apreensão intuitiva, conceptualizar ou ideal, através do qual o concreto é concebido sob uma forma de pensar categórica diferente."^1 (Molina, 1995 : 23 ) O Desenho sempre foi conotado com o campo de reflexão, mas só no século XX é que se libertou do facto de ser encarado como um género de arte com estatuto de menoridade em relação à Pintura e à Escultura. No entanto, apesar do seu papel auxiliar, durante o Renascimento, o Desenho foi identificado com a própria concepção da Ideia – a cosa mentale – o campo das ideias. Curiosamente, nas antigas categorias de Desenho do Renascimento, o esquisso era também apelidado de pensiero , uma vez que o material, o papel e o lápis, facultavam exactamente uma proximidade com a ideia, ao ponto de parecer a sua própria materialização instantanêa. No Renascimento, dado o seu papel coadjuvante noutras disciplinas artísticas, o Desenho foi considerado uma fase preparatória, etapa preambular em relação à obra final, meio de acesso ao pensamento, e que tomava forma em estudos e esboços. Contudo, foi precisamente a partir desta função que, nesta época, o Desenho foi identificado com a própria concepção da ideia, a dita cosa mentale (Vinci, 1970 : 129 ). A virtude da prática do Desenho não consistia apenas em ser um método comum à Pintura, à Escultura ou à Arquitectura, mas, pela numerosa linhagem de artistas que o teorizaram, na sua identificação com o momento da criação, adquiriu uma aura mítica que o relacionava com a própria criação divina. (^1) “(...)marca el intento más radical del ser humano por vencer la necesidad de los acontecimientos, el deseo de volver a hacer presente por medio de la imagen la idea que tenemos de ella misma. Aprehendiendo al objeto, de un modo obsesivo, para tratar de comprender nuestro ser y las relaciones que mantiene com el entorno a través de las cosas. Aprehensión intuitiva, conceptualizada o ideal, por médio de la cual lo concreto y lo diverso es pensado bajo una forma categorial.” (T.A.)

O Desenho, como instrumento de observação, constitui, a partir de Leonardo e de Dürer, o paradigma da observação que assegura uma descrição clara e minuciosa. Em Leonardo, constitui-se o paradigma do desenho como investigação e análise do “objecto”, onde se entende uma extrapolação do campo artístico para satisfazer uma necessidade científica. Na Renascença, o desenho permitia apresentar soluções resolutas para problemas de ordem documental, a par do desenvolvimento das ciências, atingindo “uma extensão relevante no quadro do Iluminismo Seiscentista.” (Faria, 2001 : 31 ) No decorrer da minha pesquisa, ao ler um texto de Mário Bismarck (Bismarck, 2004 ), deparei-me com a reprodução de um conto de Plínio, o Velho, na sua obra História Natural , onde o historiador romano nos relata um pequeno episódio que ficou posteriormente conhecido como "A Origem do Desenho" e é associado também à “Origem da Pintura”. Conta-nos Plínio, num curto fragmento, que a filha do oleiro Butades, de Sicion, “estava apaixonada por um jovem; quando este partiu para o estrangeiro, ela traçou uma linha ao redor da sombra do seu rosto projectada numa parede pela luz de uma lanterna." (Stoichita, Coderch, 1999 : 159 ). Um outro autor, Atenágoras, acrescenta-nos na sua narrativa o pormenor significativo de que o amante da jovem estava adormecido. (Atenágoras, 1943 ) Este episódio foi retomado inúmeras vezes durante a Renascença (Alberti, Leonardo Da Vinci, Borghini, Vasari), no século XVII (Dufresnoy, Felibien, Joachim von Sandrat), mas foi sobretudo no século XVIII e na Época Romântica que conheceu um maior desenvolvimento, quer através de registos escritos, quer de registos gráficos (pintura, desenho e gravura), tendo ficado então mais conotada com a origem do Desenho, mas sendo também pontualmente referida o como a invenção da Pintura, da Medalhística e mesmo da “Representação da Sombra”. (Stoichita, Coderch, 1997 : 159 ) No primeiro capítulo do Ensaio sobre a Origem das Línguas, Rosseu (1 781 ), baseado neste episódio, diz que “ o amor foi o inventor do desenho mas