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DEPRECIAÇÃO DE EDIFICAÇÕES
JOSÉ TARCISIO DOUBEK LOPES
ENG. CIVIL
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1.1.1. Depreciação De Ordem Física É a decorrente do desgaste das várias partes que constituem a edificação. 1.1.2. Depreciação De Ordem Funcional Pode ser decorrente de 3 fatores: INADEQUAÇÃO – Devida à falha de projeto ou na execução SUPERAÇÃO – Devida ao aparecimento de novas técnicas construtivas ou materiais. ANULAÇÃO – Inadaptação a fins diferentes para os quais foi concebido. 1.2. VIDA ÚTIL DE UM BEM (VU) Período decorrido entre a data em que foi concluído e o momento em que deixa de ser utilizado devido à necessidade de manutenção de grande monta.
1.3. IDADE REAL DE UM BEM (IR) Período decorrido entre a data que foi concluído e a data da avaliação. 1.4. VIDA REMANESCENTE DE UM BEM (VR) Período decorrido entre a avaliação e o fim de sua vida útil. Temos então: VU = IR + VR 1.5. VALOR RESIDUAL DE UM BEM (R) É o valor de demolição ou de reaproveitamento de parte dos materiais no fim da vida útil.
2. MÉTODOS PARA CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO Os vários métodos desenvolvidos para calcular a depreciação foram compilados e apresentados pelo saudoso Eng. Hélio de Caires. Os coeficientes de depreciação encontrados (Kd) devem ser aplicados ao valor de novo para obtenção do valor depreciado.
8
2.1. MÉTODO DA LINHA RETA
Este método fornece o valor presente, depreciado, relativo à idade “x” (real) da benfeitoria na época
da avaliação através da seguinte fórmula:
Vx = ( n – x ) Pd + Pr , onde:
n
Kd = coeficiente de depreciação
Pd = parcela depreciável, na forma decimal
Pr = Parcela residual, na forma decimal
n = vida útil
x = idade real
Exemplo:
Estima-se em 20% (vinte por cento) o valor residual de uma benfeitoria urbana, classe residencial,
com 25 anos de idade real e 60 anos de vida útil. Calcular o coeficiente de depreciação pelo método
da linha reta.
Solução :
Kd = 0,20 + 0,80 ( 60 - 25 ) = 0,20 + 0,467 = 0,
Aplicar-se-ia então este coeficiente ao valor de novo, ou de reprodução, da benfeitoria.
2.3. MÉTODO DO VALOR DECRESCENTE (“diminisching balance method”)
Entre os vários processos de cálculo da depreciação pelo desgaste, uso e manutenção normais
(decrepitude) o de emprego mais corrente, porém não o mais acertado, é o método do valor
decrescente (“diminisching balance method”), que fornece o coeficiente de depreciação através
da seguinte fórmula:
Kd = ( 1 – R )x^ onde:
Kd = coeficiente de depreciação
R = razão de depreciação (recíproca da vida útil)
x = idade aparente
As razões a considerar são as seguintes:
Exemplo:
Seja calcular o coeficiente de depreciação de uma construção habitacional, do tipo sobrado, com
idade real de 25 anos.
Solução:
Kd = (1 – 0,015)^25 = 0,
10
TIPO % VIDA
ÚTIL
(ANOS)
Barracos 4,0 25
Residências proletário rústico a médio
comercial
Residências médio superior a luxo 2,0 50
Apartamentos e Escritórios 2,5 40
Armazéns e Indústrias 1,5 67
Construções de madeira 4,0 25
2.4. MÉTODO DE KUENTZLE (Parábola)
A depreciação se distribui ao longo da vida da benfeitoria, segundo as ordenadas de uma parábola,
apresentando menores depreciações na fase inicial e maiores na fase final, o que é compatível com o
desgaste progressivo das partes de uma edificação. O coeficiente de depreciação é dado pela
expressão:
Kd = n^2 – x^2 , onde:
n^2
Kd = Coeficiente de depreciação
n = Vida útil
x = Idade da benfeitoria no momento da avaliação
Exemplo:
Calcular o coeficiente de depreciação, pelo método de Kuentzle, de uma benfeitoria urbana, da classe
residencial, grupo apartamento, padrão fino, com 25 (vinte e cinco) anos de idade e expectativa de 60
(sessenta) anos de vida útil.
Solução:
Kd = 60^2 – 252 = 0,
2.6. MÉTODO DE HEIDECKE
Este método leva em consideração o estado de conservação da benfeitoria.
Sabe-se que uma benfeitoria regularmente conservada deprecia-se de modo regular, enquanto que
outra mal conservada deprecia-se mais rapidamente.
O estado de conservação da edificação deve
ser classificado segundo a graduação que
consta do quadro ao lado, proveniente do
estudo de Heidecke:
Ref. ESTADO DA
EDIFICAÇÃO
DEPRECIAÇÃO
a Nova 0,
b Entre nova e regular 0,
c Regular 2,
d Entre regular e necessitando reparos
simples 8,
e Necessitando de reparos simples 18,
f Necessitando de reparos simples a
Importantes 33,
g Necessitando de reparos importantes 52,
h Necessitando de reparos Importantes a
edificação sem valor 75,
i Sem valor 100,
É importante notar que as características relativas aos estados de conservação acima reproduzidos
devem ser tomadas como referência geral, cabendo ao avaliador a ponderação das observações
colhidas em vistoria.
Exemplo:
Calcular o coeficiente de depreciação a ser aplicado na avaliação de uma benfeitoria urbana em
regular estado de conservação que necessita de reparações simples.
Solução:
Pela tabela, verifica-se que a benfeitoria avalianda está entre o estado “c” (Requer reparos
pequenos; Intermediário = 8,09%) e o estado “g” (Requer reparações simples; Regular = 18,10%). A
média destes estados é de:
Média = (8,09 + 18,10)/2 = 13,10%
Kd = 1 – 0,131 = 0,
CLASSE TIPO PADRÃO VIDA ÚTIL
VU (anos)
VALOR RESIDUAL
Os coeficientes de depreciação aplicáveis são os constantes da Tabela 2 a seguir: IR em % da VU (^) ESTADO DE CONSERVAÇÃO
- RESIDENCIAL BARRACO RÚSTICO R (%) - SIMPLES
- CASA RÚSTICO
- PROLETÁRIO
- ECONÔMICO
- SIMPLES
- MÉDIO
- SUPERIOR
- FINO
- LUXO
- APARTAMENTO ECONÔMICO
- SIMPLES
- MÉDIO
- SUPERIOR
- FINO
- LUXO
- COMERCIAL ESCRITÓRIO ECONÔMICO - SIMPLES - MÉDIO - SUPERIOR - FINO - LUXO
- GALPÕES RÚSTICO
- COBERTURAS RÚSTICO
- TABELA - 2 0,990 0,987 0,965 0,910 0,811 0,661 0,469 0, a b c d e f g h - 4 0,979 0,976 0,955 0,900 0,802 0,654 0,464 0, - 6 0,968 0,965 0,944 0,890 0,793 0,647 0,459 0, - 8 0,957 0,954 0,933 0,879 0,784 0,639 0,454 0,
- 10 0,945 0,942 0,921 0,869 0,774 0,631 0,448 0,
- 12 0,933 0,930 0,909 0,857 0,764 0,623 0,442 0,
- 14 0,920 0,917 0,897 0,846 0,754 0,615 0,436 0,
- 16 0,907 0,904 0,884 0,834 0,743 0,606 0,430 0,
- 18 0,894 0,891 0,871 0,821 0,732 0,597 0,424 0,
- 20 0,880 0,877 0,858 0,809 0,721 0,588 0,417 0,
- 22 0,866 0,863 0,844 0,796 0,709 0,578 0,410 0,
- 24 0,851 0,848 0,830 0,782 0,697 0,569 0,403 0,
- 26 0,836 0,834 0,815 0,769 0,685 0,559 0,396 0,
- 28 0,821 0,818 0,800 0,754 0,672 0,548 0,389 0,
- 30 0,805 0,802 0,785 0,740 0,659 0,538 0,382 0,
- 32 0,789 0,786 0,769 0,725 0,646 0,527 0,374 0,
- 34 0,772 0,770 0,753 0,710 0,632 0,516 0,366 0,
- 36 0,755 0,753 0,736 0,694 0,619 0,504 0,358 0,
- 38 0,738 0,735 0,719 0,678 0,604 0,493 0,350 0,
- 40 0,720 0,718 0,702 0,662 0,590 0,481 0,341 0,
- 42 0,702 0,700 0,684 0,645 0,575 0,469 0,333 0,
- 44 0,683 0,681 0,666 0,628 0,560 0,456 0,324 0,
- 46 0,664 0,662 0,647 0,610 0,544 0,444 0,315 0,
- 48 0,645 0,643 0,629 0,593 0,528 0,431 0,306 0,
- 50 0,625 0,623 0,609 0,574 0,512 0,418 0,296 0,
- 52 0,605 0,603 0,590 0,556 0,495 0,404 0,287 0,
- 54 0,584 0,582 0,569 0,537 0,478 0,390 0,277 0,
- 56 0,563 0,561 0,549 0,518 0,461 0,376 0,267 0,
- 58 0,542 0,540 0,528 0,498 0,444 0,362 0,257 0,
- 60 0,520 0,518 0,507 0,478 0,426 0,347 0,246 0,
- 62 0,498 0,496 0,485 0,458 0,408 0,333 0,236 0,
- 64 0,475 0,474 0,463 0,437 0,389 0,317 0,225 0,
- 66 0,452 0,451 0,441 0,416 0,370 0,302 0,214 0,
- 68 0,429 0,427 0,418 0,394 0,351 0,286 0,203 0,
- 70 0,405 0,404 0,395 0,372 0,332 0,271 0,192 0,
- 72 0,381 0,380 0,371 0,350 0,312 0,254 0,180 0,
- 74 0,356 0,355 0,347 0,327 0,292 0,238 0,169 0,
- 76 0,331 0,330 0,323 0,304 0,271 0,221 0,157 0,
- 78 0,306 0,305 0,298 0,281 0,250 0,204 0,145 0,
- 80 0,280 0,279 0,273 0,257 0,229 0,187 0,133 0,
- 82 0,254 0,253 0,247 0,233 0,208 0,170 0,120 0,
- 84 0,227 0,226 0,221 0,209 0,186 0,152 0,108 0,
- 86 0,200 0,200 0,195 0,184 0,164 0,134 0,095 0,
- 88 0,173 0,172 0,168 0,159 0,142 0,115 0,082 0,
- 90 0,145 0,145 0,141 0,133 0,119 0,097 0,069 0,
- 92 0,117 0,116 0,114 0,107 0,096 0,078 0,055 0,
- 94 0,088 0,088 0,086 0,081 0,072 0,059 0,042 0,
- 96 0,059 0,059 0,058 0,054 0,048 0,040 0,028 0,
- 98 0,030 0,030 0,029 0,027 0,024 0,020 0,014 0,
- 100 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,
Assim, para o cálculo do valor depreciado, devemos tirar esta parcela de depreciação, o
que corresponde a multiplicar o valor de novo por:
O exemplo anterior, agora repetido e resolvido com a aplicação da Tabela 2, resultaria:
Entra-se na linha de idade em % da vida referencial:
25/60 = 0,417 ou aproximadamente 0,42 = 42%,
e na coluna “g” do estado de conservação,
encontra-se o coeficiente “K” = 0,333.
Cálculo do coeficiente de depreciação:
Kd = 0,20 + 0,333 (1 – 0,20) = 0,
APURAÇÃO DETALHADA DA DEPRECIAÇÃO
Em casos especiais ou de conjunto de imóveis construídos com mesmo projeto e acabamento, o valor
de cada um deverá ser objeto de apuração mais detalhada de seu estado para fixação da respectiva
depreciação. Dessa maneira, para o caso especial ou para cada conjunto homogêneo em termos de
projeto, área e acabamento, deve ser elaborado orçamento com totalização percentual para cada uma
das etapas mais significativas em termos de custo, como por exemplo:
ESTRUTURA
ALVENARIA
REVESTIMENTO
PINTURA
PISO
COBERTURA
FORRO
ESQUADRIAS
HIDRÁULICA
ELÉTRICA
Para tanto, segue juntada a FICHA PARA APURAÇÃO DETALHADA DA DEPRECIAÇÃO na qual devem ser
anotados os “pesos” que são os percentuais de orçamento referentes a cada etapa da edificação. A
seguir devem ser anotados a Idade Real, a Vida Útil e o % da vida já decorrida.