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ERA UMA VEZ um aventureiro húngaro de beleza es- pantosa, charme irresistível, graça, talento de um ator consumado, cultura, conhecimento de muitas línguas,.
Tipologia: Notas de estudo
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ERA UMA VEZ um aventureiro húngaro de beleza es- pantosa, charme irresistível, graça, talento de um ator consumado, cultura, conhecimento de muitas línguas, modos aristocráticos. Por trás disso tudo, havia o dom para a intriga, para escapulir das dificuldades, para entrar e sair dos países deslocando-se suavemente. Viajava em grande estilo, com quinze baús das mais finas roupas, com dois grandes cães dinamarqueses. O ar de autoridade garantira-lhe o apelido de Barão. O Barão era visto nos hotéis mais luxuosos, em estações de águas e corridas de cavalo, em voltas ao mundo, em excursões ao Egito, viagens pelo deserto, pela África. Em toda parte ele se tornava o centro das atenções das mulheres. Como o mais versátil dos atores, passava de um papel para o outro para satisfazer o gosto de cada uma delas. Era o dançarino mais elegante, o parceiro mais animado para jantar, o anfitrião mais decadentista em tête-à-têtes * ; sabia velejar, cavalgar, dirigir. Conhecia cada cidade como se lá tivesse vivido toda a vida. Conhecia todos da sociedade. Ele era indispensável. Quando precisava de dinheiro, casava-se com uma mulher rica, espoliava-a e ia embora para outro país. Na maior parte das vezes as mulheres não se revoltavam, nem faziam queixa à polícia. As poucas semanas ou meses que desfrutavam tendo-o como marido deixavam uma sensação mais forte que o choque de perderem o dinhei- ro. Por um momento elas entendiam como era viver com asas fortes, voar acima das cabeças da mediocridade. Ele as levava tão alto, rodopiava tão rápido com elas em suas seqüências de encantamentos que sua partida
*O termo, em francês no original, aqui é usado para designar reuniões íntimas, de poucas pessoas. (N. do E.)
ainda tinha algo do vôo. Parecia quase natural – nenhu- ma parceira poderia acompanhar seus grandes arroubos de águia. O aventureiro livre e incapturável, que dessa ma- neira pulava de um galho dourado para outro, quase caiu em uma armadilha, uma armadilha de amor humano, quando certa noite conheceu a dançarina brasileira Anita em um teatro peruano. Os olhos alongados de Anita não se fechavam como os das outras mulheres, mas como os olhos dos tigres, pumas e leopardos, com as duas pálpe- bras juntando-se preguiçosa e lentamente; e estas pare- ciam levemente unidas próximo do nariz, tornando-se mais estreitas, com um relance lascivo e oblíquo pen- dendo dos olhos, como o olhar de relance de uma mulher que não quer ver o que estão fazendo em seu corpo. Tudo isso dava a ela um ar de quem estava fazendo amor, o que inflamou o Barão tão logo a conheceu. Quando foi ao camarim para vê-la, Anita estava se vestindo em meio a uma profusão de flores; e, para delei- te dos admiradores sentados à sua volta, estava pintando o sexo com batom, sem permitir que eles fizessem qual- quer movimento em sua direção. Quando o Barão entrou, ela apenas ergueu a cabeça e sorriu para ele. Estava com um pé apoiado sobre uma mesinha, o requintado vestido brasileiro estava levanta- do e, com as mãos cheias de jóias, retomou a pintura do sexo, rindo da excitação dos homens à sua volta. O sexo dela era como uma gigantesca flor de estufa, maior do que qualquer um que o Barão já houvesse visto, e o pêlo em volta era abundante, encaracolado, negro acetinado. Eram aqueles lábios que ela pintava como se fossem uma boca, muito requintadamente, de modo que ficaram como uma camélia vermelho-sangue aberta à força, mostrando o botão interior, o cerne mais pálido e de pétalas mais delicadas da flor. O Barão não conseguiu persuadi-la a cear com ele.
O Barão quase se apaixonou por Anita e ficou com ela por mais tempo do que com qualquer mulher. Ela se apaixonou por ele e lhe deu duas filhas.
Mas depois de alguns anos ele se foi de novo. O hábito era forte demais; o hábito de liberdade e mudança. Viajou para Roma e se hospedou em uma suíte do Grand Hotel. Casualmente ficou ao lado da suíte do em- baixador da Espanha, que lá estava com a esposa e duas filhas pequenas. O Barão encantou-os também. A mu- lher do embaixador o admirava. Ficaram tão amigos, e ele era tão agradável com as crianças, que não sabiam como se distrair naquele hotel, que logo se tornou hábito das duas garotinhas, ao levantarem de manhã, irem visi- tar o Barão e despertá-lo com risadas e brincadeiras que não lhes eram permitidas prodigalizar ao pai e à mãe, mais solenes. Uma das garotinhas tinha cerca de dez anos, a ou- tra, doze. Ambas eram lindas, com enormes olhos negros aveludados, cabelo comprido sedoso e pele dourada. Usa- vam vestidos brancos curtos e meias brancas curtas. As duas entravam correndo aos gritinhos no quarto do Ba- rão e atiravam-se alegremente em cima da grande cama. Ele brincava com elas e as afagava. Como muitos homens, o Barão agora acordava sem- pre com o pênis em uma situação peculiarmente sensí- vel. De fato, no estado mais vulnerável. Ele não tinha tempo de se levantar e acalmar a situação urinando. An- tes que pudesse fazê-lo, as duas garotinhas haviam corri- do pelo chão brilhante e se atirado em cima dele e em cima do pênis proeminente, que de algum modo o gran- de acolchoado azul-claro escondia. As garotinhas não se importavam que as saias voas- sem para o alto e as pernas esguias de dançarina ficassem enroscadas e caíssem em cima do pênis que jazia duro embaixo da colcha. Rindo, davam a volta por cima do
Barão, sentavam-se em cima dele, tratavam-no como um cavalo, montavam-no e o empurravam para baixo, insis- tindo para que sacudisse a cama com o movimento de seu corpo. Junto a tudo isso, beijavam-no, puxavam seu cabelo e mantinham conversas infantis. O deleite do Ba- rão por ser tratado dessa maneira tornava-se uma expec- tativa excruciante. Uma das garotas estava deitada de barriga para bai- xo, e tudo o que ele tinha que fazer era mexer-se um pouquinho contra ela para atingir o prazer. Então ele o fez como uma brincadeira, como se finalmente quisesse derrubá-la da cama. Ele disse:
filhas interessou-o. Recebeu-as com grandes demonstra- ções de afeto. Uma era linda, a outra nem tanto, mas era maliciosa. Haviam sido criadas presenciando a vida da mãe e não eram contidas ou pudicas. A beleza do pai impressionou-as. Ele, por outro lado, recordou-se dos jogos com as duas garotinhas em Roma, só que as filhas eram um pouco mais velhas, e isso acres- centou grande atrativo à situação. Elas ficaram com uma cama grande, e mais tarde, quando ainda estavam conversando sobre a viagem e o reencontro com o pai, ele entrou no quarto para dar boa- noite. Estendeu-se ao lado delas e beijou-as. Elas retribuí- ram os beijos. Mas, enquanto as beijava, deslizou as mãos ao longo dos corpos, que podia sentir através das camisolas. As carícias o agradaram. Ele disse:
fugissem, por isso as espionava e praticamente aprisio- nou-as. A esposa descobriu e fez cenas violentas. Mas o Ba- rão agora estava como louco. Não se importava mais com a vestimenta, a elegância, as aventuras, a fortuna. Ficava em casa e só pensava no momento em que poderia ter as duas filhas juntas. Havia ensinado a elas todas as carícias imagináveis. Elas aprenderam a se beijar na presença dele até ele ficar excitado o bastante para possuí-las. Mas a obsessão, os excessos, começaram a pesar sobre ele. A esposa o deixou. Uma noite, após haver deixado as filhas, ele vagava pelo apartamento, ainda nas garras do desejo, dos ardores e fantasias eróticos. Havia esgotado as garotas. Elas ti- nham caído no sono. E agora o desejo estava a atormentá- lo de novo. Ele ficou cego de desejo. Abriu a porta do quar- to do filho. O garoto dormia tranqüilamente, deitado de costas, com a boca levemente aberta. O Barão observou-o, fascinado. O pênis duro continuava a atormentá-lo. Pegou uma banqueta e colocou-a perto da cama. Ajoelhou-se em cima e pôs o pênis na boca do filho. O filho acordou sufo- cando e bateu nele. As garotas também acordaram. A revolta contra o desatino do pai eclodiu, e eles aban- donaram o agora enlouquecido e envelhecido Barão.