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Transição Esôfago-Gástrica e Transição Escamocolunar: Definições e Localizações Normais, Notas de estudo de Diagnóstico

Este documento revisa as definições da transição escamocolunar (tec) e transição esôfago-gástrica (teg) após 38 anos de observações endoscópicas. A tec é localizada na margem caudal do segmento intraluminal de alta pressão, normalmente próxima do nível da teg. Durante a endoscopia, a tec e teg podem ser observadas mudando de posição com a deglutição ou insuflação intraluminal. Ilhas de epitélio colunar ao longo da tec são ocasionalmente vistas e consideradas normais. Quando a tec é irregular, biópsias devem ser obtidas para avaliar a presença de epitélio colunar curto do esôfago.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Reginaldo85
Reginaldo85 🇧🇷

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DEFINIÇÃO ANATOMO-ENDOSCÓPICA DA TRANSIÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA.
HW,Boyce – Gastrointest Endosc 51 (5) 2000
Tradução : Kendi Yamazaki / Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura
A definição endoscópica do ponto de vista anatômico da transição esôfago
gástrica (TEG) é essencial antes de realizar o diagnóstico ou tratamento de
qualquer doença. Existem certas dúvidas relacionadas a parâmetros
endoscópicos ou radiológicos para definir esta região sendo pouco relatado na
literatura. Infelizmente , o uso incorreto de certas terminologias como transição
esôfago-gástrica(Muscular) ou escamo-colunar (mucosa) como sendo sinonímias
têm criado desentendimento na comunicação médica escrita e oral. A Transição
Esôfago-Gástrica seria um termo correto para a junção muscular transmural e
estática entre o esôfago e o estômago , sendo que a Junção escamo- colunar
seria a margem circunferêncial de contato entre os dois tipos de mucosa, o tipo
escamoso do esôfago e o tipo colunar do estômago. A Transição escamo-
colunar normal pode variar de contorno , porém a sua localização na Transição
esôfago-gástrica , isto é , na margem proximal das pregas gástricas, é constante
no esôfago normal (Fig.1).
O objetivo deste estudo é revisar certas definições provindas de 38 anos de
observações endoscópicas da Transição esôfago-gástrica e Transição escamo-
colunar (1-5). Algumas redundâncias em certas descrições são necessárias ,
porém pode ajudar em entender melhor certas definições endoscópicas.
JUNÇÃO ESCAMO-COLUNAR (MUCOSA)
A Transição escamo-colunar(TEC) normal está localizada na margem caudal do
segmento intraluminal de alta pressão classicamente definida como esfíncter
inferior do esôfago ( EIE). A Junção escamo-colunar está normalmente localizada
no hiato diafragmático ou abaixo dela (Fig.2A). A localização normal da TEC é
bem próximo do nível da TEG. Com a deglutição ou insuflação intraluminal
durante a endoscopia a cárdia migra ao nível do hiato havendo uma migração
cefálica da TEC e TEG , se estabelecendo a menos de 2cm acima do hiato. A
TEC é reconhecida pela coloração distinta entre o epitélio escamoso e colunar
normal. A superfície do epitélio escamoso é macio com pouco brilho. O epitélio
gástrico , ao contrário , devido a presença de revestimento de muco possui um
brilho mais intenso devido ao reflexo da luz. O epitélio escamoso tipicamente tem
uma coloração cinza-rósea comparado a coloração laranja-avermelhada
(salmão) para o epitélio colunar. A cromoscopia com Lugol promove um realce
contrastado da mucosa escamosa possibilitando a identificação de qualquer
irregularidade. A aplicação de Iodo na mucosa resulta em uma melhor definição
anatômica da JEC devido a sua coloração marrom escura que promove ao ser
absorvida pelas células glicogênicas do epitélio escamoso o que promove um
contraste com o epitélio colunar não contrastado (Fig2c). Algumas vezes , ilhas
de epitélio escamoso estão presentes ao longo da JEC; porém , pode sugerir a
presença de um pequeno segmento de epitélio colunar esofágico (Barret).
Cromoendoscopia com Iodo pode também ser usadas para identificar ilhas até
menores de mucosa escamosa. Pequenas ilhas de epitélio colunar ao longo da
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DEFINIÇÃO ANATOMO-ENDOSCÓPICA DA TRANSIÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA.

HW,Boyce – Gastrointest Endosc 51 (5) 2000

Tradução : Kendi Yamazaki / Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura

A definição endoscópica do ponto de vista anatômico da transição esôfago gástrica (TEG) é essencial antes de realizar o diagnóstico ou tratamento de qualquer doença. Existem certas dúvidas relacionadas a parâmetros endoscópicos ou radiológicos para definir esta região sendo pouco relatado na literatura. Infelizmente , o uso incorreto de certas terminologias como transição esôfago-gástrica(Muscular) ou escamo-colunar (mucosa) como sendo sinonímias têm criado desentendimento na comunicação médica escrita e oral. A Transição Esôfago-Gástrica seria um termo correto para a junção muscular transmural e estática entre o esôfago e o estômago , sendo que a Junção escamo- colunar seria a margem circunferêncial de contato entre os dois tipos de mucosa, o tipo escamoso do esôfago e o tipo colunar do estômago. A Transição escamo- colunar normal pode variar de contorno , porém a sua localização na Transição esôfago-gástrica , isto é , na margem proximal das pregas gástricas, é constante no esôfago normal (Fig.1). O objetivo deste estudo é revisar certas definições provindas de 38 anos de observações endoscópicas da Transição esôfago-gástrica e Transição escamo- colunar (1-5). Algumas redundâncias em certas descrições são necessárias , porém pode ajudar em entender melhor certas definições endoscópicas.

JUNÇÃO ESCAMO-COLUNAR (MUCOSA)

A Transição escamo-colunar(TEC) normal está localizada na margem caudal do segmento intraluminal de alta pressão classicamente definida como esfíncter inferior do esôfago ( EIE). A Junção escamo-colunar está normalmente localizada no hiato diafragmático ou abaixo dela (Fig.2A). A localização normal da TEC é bem próximo do nível da TEG. Com a deglutição ou insuflação intraluminal durante a endoscopia a cárdia migra ao nível do hiato havendo uma migração cefálica da TEC e TEG , se estabelecendo a menos de 2cm acima do hiato. A TEC é reconhecida pela coloração distinta entre o epitélio escamoso e colunar normal. A superfície do epitélio escamoso é macio com pouco brilho. O epitélio gástrico , ao contrário , devido a presença de revestimento de muco possui um brilho mais intenso devido ao reflexo da luz. O epitélio escamoso tipicamente tem uma coloração cinza-rósea comparado a coloração laranja-avermelhada (salmão) para o epitélio colunar. A cromoscopia com Lugol promove um realce contrastado da mucosa escamosa possibilitando a identificação de qualquer irregularidade. A aplicação de Iodo na mucosa resulta em uma melhor definição anatômica da JEC devido a sua coloração marrom escura que promove ao ser absorvida pelas células glicogênicas do epitélio escamoso o que promove um contraste com o epitélio colunar não contrastado (Fig2c). Algumas vezes , ilhas de epitélio escamoso estão presentes ao longo da JEC; porém , pode sugerir a presença de um pequeno segmento de epitélio colunar esofágico (Barret). Cromoendoscopia com Iodo pode também ser usadas para identificar ilhas até menores de mucosa escamosa. Pequenas ilhas de epitélio colunar ao longo da

TEC são ocasionalmente vistas e são consideradas achados normais (Fig.2D). Biópsias são necessárias para diferenciar estes focos com ilhas de metaplasia intestinal. A junção entre estes dois tipos de mucosa , com o lúmen distendido com ar, é tipicamente irregular ou serrilhada ( ora serrata, Linha “Z” ) (Fig.3). O contorno exato da junção varia de paciente para paciente e do grau de distensão da região durante a endoscopia, tornando-se em alguns instantes a presença de uma linha de junção circunferencial melhor demonstrável quando uma hérnia hiatal está presente. Pode haver uma leve irregularidade da TEC com o lúmen durante a distensão. Quando a TEC é irregular com projeções únicas ou múltiplas de mucosa tipo colunar pode ser um achado normal, porém biópsias devem ser obtidas em todos os casos para avaliar a presença de epitélio colunar curto do esôfago. Os vasos da mucosa em sentido linear no esôfago distal são prontamente visualizadas com uma mínima insuflação durante o exame endoscópico. Esses vasos aparentemente somem abruptamente além ou a 2 ou 3 mm distal da localização normal da JEC ( Fig 2A , 2B e 4). Esses vasos podem não ser vistos quando há inflamação no epitélio escamoso. Ao nível da região onde estes vasos desaparecem é bem próximo da margem das pregas gástricas que marcam a TEG. A mucosa normal da Cárdia é suficientemente opaca que os vasos subepiteliais não podem ser vistos a não ser que haja atrofia deste epitélio colunar ou devido a distensão excessiva durante a insuflação. A visualização de uma extensão anormal (mais de 2 ou 3mm) de vasos visíveis distal a TEC e proximal ás pregas gástricas é indicativo de ausência de epitélio escamoso contendo glicogênio e sugere a possibilidade de epitélio colunar presente no esôfago distal.

RETROVISÃO DA TRANSIÇÃO ESCAMO-COLUNAR

Durante a manobra de retrovisão endoscópica no corpo proximal do estômago , o ângulo de His parece envolver a porção distal da Transição esôfago-gástrica ao nível da grande curvatura , ficando justo ao endoscópio(Fig.5). Este colar semicircular da parede proximal do estômago ( ângulo de His) é formado pelas fibras musculares de configuração obliqua a este nível. Com uma mínima insuflação , a TEC pode ser vista protruindo caudalmente envolta da margem do endoscópio bem próximo ao nível do ângulo de His (Fig.5). Em alguns indivíduos com o esfincter inferior do esôfago hipertenso , o fechamento em volta do endoscópio é suficientemente apertado que ao progredir o endoscópio , uma certa extensão da TEC pode se notar invertendo em direção ao estômago. Com a retração do endoscópio , a TEC irá everter cefálicamente e sairá do campo de visão. Quando uma hérnia hiatal está presente , a TEC é prontamente examinada durante a retrovisão(Fig.6). O exame na posição de retrovisão em pacientes com hérnia de hiato revela com mais precisão a topografia da TEC do que na visão em posicão anterógrada(Fig.6). Quando a TEC está de acordo com todas os parâmetros anatômicos descritos acima , é incomum que a linha colunar do esôfago esteja presente. Porém , biópsias ao longo da TEC é necessária para descartar metaplasia intestinal.

individuos com o EEI normotenso ou hipotenso. Conseqüentemente , o rosário da mucosa normal não será visto por endoscopistas que hiper insuflam ou se apressam através da Transição esôfago-gástrica. Em pacientes com hipertensão esfincteriana , a margem do EEI pode abaular cefálicamente(Fig.7C) e o rosário pode se tornar pálido devido a isquemia(Fig.7D), desaparecendo após o relaxamento. O tamanho do segmento do EEI á endoscopia está estimado entre 2 a 3 cm. Isto pode ser mensurado pelo ponto de fechamento do rosário na margem proximal do EEI(Fig. 7 A ) até até a TEC(Fig.7B), no qual é o melhor parâmetro em pessoas normais para demarcar a margem distal do EEI. Como já´mencionamos acima , estas observações do EEI ocorrem ao estudar indivíduos com hipertensão do EEI .(Fig. 7C). Quando observamos esta região em retrovisão nos pacientes com hipertensão do EEI e hérnia hiatal , o segmento distal ( com menos tonicidade, crural e externo) do EEI que vai da TEC (cefalicamente) até a margem inferior do segmento proximal (hipertônico)do EEI, abre-se facilmente com minima insuflação(Fig.6). Quando o segmento de maior pressão (proximal ) do EEI está bem fechado , a distância entre a TEC e a margem caudal proximal da região de alta pressão do EEI pode medir de 1 a 1,5cm (Fig. 6). Esta distância linear é estimado através da comparação da quantidade medida na inserção do aparelho. No estado normal sem distensão , esta área coincide com a porção caudal do EEI determinada manometricamente localizada além e caudalmente do hiato diafragmático. A pressão mensurada no segmento distal do EEI (extrinseco-crural) pela manometria , ocorre mais devido a compressão das margens crurais do hiato diafragmático e pressão intra abdominal do que contração intrínseca do músculo esofagiano como ocorre no segmento proximal , intrínseco do EEI (alta pressão). Durante a endoscopia é evidente que a pressão do EEI é predominante na sua porção proximal. A medida endoscópica do segmento proximal do EEI fechado é em torno de 1 cm. Este segmento proximal do EEI delineia o músculo intrínseco do EEI durante a manometria e também representa o chamado anel A do esôfago , que se apresenta durante esofagograma com bário. O Anel A é demonstrável durante o esofagograma com bário , através da distensão do lúmen esofágico distal com bário , e através da endoscopia com insuflação de ar, especialmente nos pacientes com hipertensão do EEI e hérnia hiatal. Estas observações anatômicas suportam o conceito manométrico da zona de pressão da Transição esôfago-gástrica que consiste de dois componentes: a cefálica onde a pressão é produzida pela contração intrínseca do músculo liso do esôfago distal enquanto que a baixa pressão do componente caudal é produzida principalmente pela combinação da pressão intra-abdominal e compressão do diafragma crural. Dados radiográficos e manométricos tem demonstrado que tanto a musculatura lisa do EEI quanto o fechamento ou contratura do diafragma crural contribui para o funcionamento do EEI, seria o chamado a “teoria dos dois esfíncteres”. Este componente caudal da pressão do EEI é facilmente superado pela pressão causada pela insuflação gástrica e fica mais hipotônico ainda com o deslocamento intratorácico deste segmento na hérnia de hiato.

IDENTIFICAÇÃO DO NIVEL DO HIATO DIAFRAGMÁTICO

A localização endoscópica do hiato diafragmático é importante no diagnóstico de patologias ao nível de região da Transição esôfago-gástrica. Um estudo endoscópico de 1968 determinou que as alterações endoluminais que ocorrem durante a endoscopia corresponde precisamente com a compressão do esôfago distal ou da parede gástrica proximal pela crura diafragmatica do hiato. Quando o paciente inspira profundamente , o diafragma desce comprimindo a parede gástrica , e isto permite a identificação do nível do hiato crural. Através desta manobra a descida súbita do diafragma causa uma redução rápida no diâmetro do lúmen com o movimento cefálico da parede esofágica ou gástrica sobre as margens crurais que estão descendo. Durante a insuflação endoscópica , o alcance normal da migração cefálica das dobras da mucosa cárdica está entre a localização do nível normal do ângulo de His (1,5 a 2 cm) abaixo do hiato diafragmático até a um nível menor que 2cm , acima do hiato. O deslocamento cefálico da margem proximal destas dobras por 2cm ou mais serve como critério diagnóstico de hérnia de hiato.

RELEVANCIA CLINICA

A acurácia diagnostica de patologias endoscópicas é dependente de definições precisas sobre a anatomia normal. Estas definições são essenciais para reconhecer anormalidades. Quando as definições sobre anatomia normal não estão bem definidas ou não usadas no meio médico , erros de interpretações ou de entendimento comum são freqüentes. A ênfase que o medico endoscopista dá em alterações patológicas é tão grande que ele não considera essencial a anatomia endoscópica normal como base para o diagnóstico de doenças. A doença do refluxo gastro-esofágico é a patologia mais comum do trato gastrointestinal que necessita de terapia médica e pode evoluir com complicações. Pesquisas na fisiopatologia e terapia das seqüelas do refluxo gastro-esofágico têm sofrido nas ultimas duas décadas devido a falta de consenso endoscópico , radiográfico e fisiológico sobre a definição de normalidade. A uniformidade entre os estudos é impossível se investigadores falham tanto em definir suas próprias terminologias quanto em citar definições já estabelecidas como denominador comum para suas interpretações diagnósticas. Esta discrepância é até mais aparente nas publicações clinicas sobre o papel da hérnia de hiato na fisiopatologia da doença do refluxo gastro- esofágico. Este entendimento foi negligenciado por quase duas décadas parcialmente devido a conclusões baseadas em observações manométricas que indicavam que a hérnia hiatal não possuía relação significante com a doença do refluxo gastro-esofágico, sem nunca oferecer a definição de hérnia de hiato como base para esta conclusão. O aumento na ênfase do potencial pré-maligno da metaplasia intestinal do esôfago distal e cárdia relacionado ao refluxo acido criou uma necessidade para uma definição anátomo-endoscópica da TEC e TEG. Observações cuidadosas sobre parâmetros endoscópicos realçados pela cromoendoscopia facilitou a acurácia diagnóstica. A localização endoscópica do EEI assumiu uma grande importância com o uso de injeção de toxina botulinica tipo A para denervação química na acalasia. Falhas na localização do EEI resultam em falha terapêutica. Guidelines recentes da ASGE para injeção de toxina botulinica A na TEC relatou errôneamente que