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Guias e Dicas
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Carga Antrópica na Travessia Petrópolis x Teresópolis no Parque Serra dos Órgãos, Notas de aula de Turismo

Um estudo sobre a capacidade de carga antrópica na travessia petrópolis x teresópolis no parque nacional da serra dos órgãos. O autor utiliza a metodologia de cifuentes (1992) e propõe adequações, sugerindo novos indicadores relevantes para cálculos de capacidade de carga antrópica, levando em consideração a flora e fauna, os tipos de solo e de rocha, o relevo, os pontos para pernoites e aplicabilidade. O objetivo é aplicar a metodologia de cálculo de capacidade de carga na trilha da travessia petrópolis x teresópolis, propor estratégias para o manejo e conservação da trilha e contribuir para o desenvolvimento de pesquisas.

O que você vai aprender

  • Qual é o objetivo principal do estudo sobre a capacidade de carga antrópica na Travessia Petrópolis x Teresópolis?
  • Como a metodologia de Cálculo de Capacidade de Carga é aplicada na Travessia Petrópolis x Teresópolis?
  • Quais são as estratégias propostas para o manejo e conservação da Travessia Petrópolis x Teresópolis?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF
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Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais Luiz Carlos e Vera Lúcia, que sempre me apoiaram nos
meus estudos. Dedico também à equipe de gestão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
pelo apoio e colaboração.
Leonardo Silva Holderbaum
Dedico este trabalho a todos os que sempre me ampararam, em especial ao meu pais José
Roberto da Silva e minha mãe Idalina Martins da Silva. Ao professor Dr. Cézar. Aos amigos
que contribuíram direta ou indiretamente neste trabalho, em especial aos amigos do NAGEA
(Núcleo de Análise Geo-Ambiental) e todos os amigos do Curso de Ciências Biológicas. É
sempre bom aplicar um pouco dos conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade
melhor, que estime os reais valores.
Thiago Martins da Silva
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Baixe Carga Antrópica na Travessia Petrópolis x Teresópolis no Parque Serra dos Órgãos e outras Notas de aula em PDF para Turismo, somente na Docsity!

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF i

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Luiz Carlos e Vera Lúcia, que sempre me apoiaram nos meus estudos. Dedico também à equipe de gestão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos pelo apoio e colaboração.

Leonardo Silva Holderbaum

Dedico este trabalho a todos os que sempre me ampararam, em especial ao meu pais José Roberto da Silva e minha mãe Idalina Martins da Silva. Ao professor Dr. Cézar. Aos amigos que contribuíram direta ou indiretamente neste trabalho, em especial aos amigos do NAGEA (Núcleo de Análise Geo-Ambiental) e todos os amigos do Curso de Ciências Biológicas. É sempre bom aplicar um pouco dos conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade melhor, que estime os reais valores.

Thiago Martins da Silva

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço à equipe de gestores Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ao professor da disciplina de Geoprocessamento e também coordenador do curso, Cézar Henrique Barra da Rocha, que é também nosso orientador neste trabalho.

Leonardo Silva Holderbaum

Agradeço em primeiro lugar ao Autor da Existência, Aquele que permite que todas as coisas se concretizem, nosso único e verdadeiro Deus. Em segundo lugar agradeço a todas as pessoas que diretamente ou indiretamente, contribuíram para a construção dos meus valores: meus pais, os mestres do passado e todos os que compartilharam um pouco do que sabem comigo e com os meus amigos nesta vida acadêmica. Não vou deixar de agradecer a compreensão de pessoas especiais, quando minha presença não foi possível e quando minha preocupação e atenção pareciam se voltar exclusivamente para este trabalho, obrigado Natália, obrigado Mãe e Pai. Agradeço ao amigo Leonardo pela dedicação que teve no desenvolvimento do trabalho, aproveito para parabenizá-lo pelo admirável respeito e pela conduta responsável que possui no seu cotidiano. Ao amigo Lucas, o meu muito obrigado pelo auxílio no trabalho de campo. Ao amigo e orientador Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha o mais sincero agradecimento.

Thiago Martins da Silva

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF iv

RESUMO

É fato que a busca por atividades em áreas naturais, como: caminhada, escalada, camping, entre outras, crescem a cada dia. A necessidade de propor parâmetros quantitativos fica evidenciada nas diferentes metodologias para se estabelecer um limite no número de visitantes. O presente trabalho, realizado no roteiro da Travessia Petrópolis X Teresópolis do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro - Brasil), utiliza como base a metodologia para Cálculo da Capacidade de Carga antrópica de Cifuentes (1992), acrescentada de novos indicadores visando aproximar os resultados da realidade da área de estudo. A travessia realizada em três dias compreendeu três trechos, sendo eles: Primeiro Trecho – Sede de Petrópolis até a área de camping dos Castelos do Açú; Segundo Trecho – da área de camping dos Castelos do Açú até o Abrigo 4; e o Terceiro Trecho – do Abrigo 4 até a Barragem na Sede de Teresópolis. Como resultados encontramos o valor de Visitantes Diários (VD) para cada trecho, o Primeiro Trecho apresentou como valor de VD=111 visitantes, merece destaque uma parte do percurso, conhecida por Isabeloca, que necessita de uma estratégia de manejo específica e com resultados imediatos; já o Segundo Trecho, apresenta uma peculiaridade no relevo com grau de acessibilidade considerados ruins, obtivemos como resultado um VD=7 pessoas, o trecho conta com longas partes de afloramentos rochosos evidentes, além de uma pequena porcentagem de cobertura vegetal e locais com necessidade de intervenções, como o “Cavalinho” e outros trechos de acesso ruim e que necessitam de sinalização oficial. O Terceiro Trecho apresenta 80% da trilha com cobertura vegetal, o valor de VD=315, aparentemente alto, em partes, pode ser justificado pela melhor condição da trilha, pela acessibilidade mais fácil e pela proximidade da Sede de Teresópolis. O conceito de Capacidade de Carga deve ser dinâmico e relativo, pois depende de variáveis relacionadas a valores humanos. Os resultados de tal metodologia devem corroborar com os objetivos de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, reforçando a ideia de um turismo sustentável voltado para a educação ambiental, visando à conservação da natureza por meio da valorização dos seus recursos.

PALAVRAS-CHAVE: Capacidade de Carga Antrópica; Manejo; Trilhas; Travessia Petrópolis X Teresópolis; Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

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ABSTRACT

It is true that the pursuit of activities in natural areas, such as hiking, climbing, camping, among others, grow every day. The need to propose quantitative parameters is evidenced by different methodologies to establish a limit on the number of visitors.

This study, conducted at the crossing route Petrópolis X Teresópolis on National Park Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro - Brazil), based on the methodology used to calculate the load capacity of anthropogenic by Cifuentes (1992), added new indicators in order closer to reality the results of the study area. The crossing took place in three days consisted of three sections, namely: First Excerpt - Headquarters of Petropolis to the campground Castles Açú; Second Excerpt - from the campground Castle Açú to Shelter 4; and the Third Expert – from Shelter 4 until the dam at the Headquarters of Teresópolis. As a result we find the value of daily visitors (RV) for each stretch, stretch out as the first value of RV = 111 visitors, a prominent part of the journey, known as Isabeloca, which requires a specific management strategy and immediate results; The second section, which presents a peculiarity in relief with a degree of accessibility considered poor, given the large slope of the ramps, as a result had an RV=7 people per day, with long pieces with rock outcrops evident, but a small percentage of vegetation with closed canopy, given the widest distribution of nebular and forests to highland, with locations in need of assistance, such as "Pony" and other sections of poor access and requiring official signs. The third section presents the track with 80% vegetation cover, the value of RV = 315, seemingly high, in part, can be justified by the better condition of the trail, the easier accessibility and proximity to the headquarters of Teresópolis, which has good infrastructure.

The concept of Carrying Capacity should be dynamic and relative, it depends on variables related to human values. The results of such methodology should confirm with the objectives of a Conservation Unit of Integral Protection, reinforcing the idea of sustainable tourism focused on environmental education for conservation of nature through the exploitation of its resources.

KEYWORDS : Anthropogenic Load capacity; Management; trails; Crossing Petrópolis X Teresópolis; National Park of Serra dos Órgãos.

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF vii

  • 2 OBJETIVOS................................................................................................................................................. 1 INTRODUÇÃO IX
    • 2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................
    • 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • 3 REVISÃO DA LITERATURA
    • 3.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
      • 3.1.1 O Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza (ICMBio)
    • 3.2 PARQUES NACIONAIS
      • 3.2.1 A importância da conservação da Mata Atlântica
    • 3.3 ECOTURISMO
      • 3.3.1 Evolução do Ecoturismo
    • 3.4 BREVE HISTÓRICO: CAPACIDADE DE CARGA.........................................................................
    • 3.5 ÁREA DE ESTUDO
      • 3.5.1 A Travessia Petrópolis Teresópolis
  • 4 MATERIAL E MÉTODOS
    • 4.1 CÁLCULOS DE CAPACIDADE DE CARGA..................................................................................
      • 4.1.1 Cálculo da Capacidade de Carga Física (CCF)
      • 4.1.2 Fatores de Correção
        • 4.1.2.1. Fator de Correção Social (FCsoc)
        • 4.1.2.2. Fator de Correção Erodibilidade (FCero)
        • 4.1.2.3. Fator de Correção Acessibilidade (FCac)
        • 4.1.2.4. Fator de Correção Precipitação (FCprec)
        • 4.1.2.5. Fator de Correção Alagamento (FCal)
        • 4.1.2.6. Fator de Correção Brilho Solar (FCbsol)
        • 4.1.2.7 Fator de Correção Raízes Expostas (FCraiz)....................................................................
      • 4.1.3 Cálculo da Capacidade de Carga Real (CCR)
      • 4.1.4 Capacidade de Manejo (CM)
      • 4.1.5 Cálculo da Capacidade de Carga Efetiva (CCE)
      • 3.3.1 Visitantes Diários (VD) e Anuais (VA)
  • 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
  • 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • ANEXOS
  • FIGURA 1. Gráfico da evolução do número de visitantes nos Parques............................. LISTA DE FIGURAS
  • FIGURA 2. Mapa de Localização do PARNASO..............................................................
  • FIGURA 3. Mapa com Limite do PARNASO....................................................................
  • FIGURA 4. Mapa com Limite do PARNASO sobreposto ao Google Earth......................
  • FIGURA 5. Mapa com a hidrografia do PARNASO..........................................................
  • FIGURA 6. Mapa com as Sub-bacias do PARNASO.........................................................
  • FIGURA 7. Mapa Geológico do PARNASO......................................................................
  • FIGURA 8. Quadro para interpretação do Mapa Geológico do PARNASO (FIG. 7)........
  • FIGURA 9. Mapa da Travessia Petrópolis X Teresópolis (PARNASO- RJ).....................
  • FIGURA 10. Fluxograma da metodologia de Cifuentes com adaptações............................
    • Brasil................................................................................................................ FIGURA 11. Média anual de insolação diária do Brasil (horas). ATLAS Solarimétrico do
  • FIGURA 12. Quadro com os dados obtidos na Análise das Trilhas.....................................
  • FIGURA 13. Quadro com os valores obtidos, não levando em consideração o FCraiz.......
    • consideração o FCraiz..................................................................................... FIGURA 14. Quadro com os dados obtidos na Análise das Trilhas, levando em
  • FIGURA 15. Mapa do Primeiro Trecho: Sede Petrópolis – Castelos do Açu......................
  • FIGURA 16. Perfil Topográfico do Primeiro Trecho: Sede Petrópolis – Castelos do Açú..
  • FIGURA 17. Mapa do Segundo Trecho: Castelos do Açu – Abrigo 4.................................
  • FIGURA 18. Perfil Topográfico do Segundo Trecho: Castelos do Açú – Abrigo 4............
  • FIGURA 19. Mapa do Terceiro Trecho: Abrigo 4 – Barragem Teresópolis........................
    • Teresópolis)..................................................................................................... FIGURA 20. Perfil Topográfico do Terceiro Trecho: Abrigo 4 – Barragem (Sede
  • FIGURA 21. Mapa da Travessia Petrópolis X Teresópolis..................................................
  • FIGURA 22. Modelo Digital do Terreno Travessia Petrópolis x Teresópolis (SRTM).......
  • FIGURA 23. Perfil Topográfico da Travessia Petrópolis x Teresópolis..............................

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF viii

LISTA DE TABELA

TABELA 1. (^) Categorias de Unidades de Conservação Integrantes do SNUC..................... 5

Curso de Especialização em Análise Ambiental da UFJF 1

1 INTRODUÇÃO

A manutenção da sustentabilidade do turismo requer o gerenciamento dos impactos ambientais e socioeconômicos, o estabelecimento dos indicadores ambientais e a conservação da qualidade do produto e dos mercados turísticos. Através de um bom planejamento, desenvolvimento e gerenciamento do turismo, é possível minimizar seus impactos negativos; porém afim de assegurar a continuidade da sustentabilidade do turismo, o desenvolvimento turístico deve ser continuamente monitorado, e ações devem ser tomadas, caso apareçam problemas (OMT, 2003).

O crescimento do ecoturismo no Brasil vem acompanhando o crescimento do mesmo em nível internacional como Nova Zelândia, Austrália, Costa Rica e outros, porém em proporções muito menores.

Com inúmeros locais com potencial turístico há a necessidade de criar parâmetros que limitem a visitação, Primack & Rodrigues (2001) e Magro (1999) apontam a prática do turismo nas áreas naturais como um dos principais impactos para o esgotamento dos recursos naturais, tendo reflexos diretos na biodiversidade local e na dinâmica do ecossistema. Os impactos são produtos do excesso de visitação e do despreparo dos visitantes, no que diz respeito ao conhecimento funcional das áreas naturais protegidas, associado à precariedade da fiscalização e às limitações administrativas em Unidades de Conservação (UC) no Brasil.

O limite da utilização de recursos naturais sem que estes apresentem impactos significativos são obtidos pelos cálculos de capacidade de carga antrópica ou carga turística. Segundo Viana (2008), o estabelecimento de limites proporciona a diminuição de impactos ambientais, otimiza a interação do turista com a natureza, facilita a implantação de programas de educação ambiental, melhora a distribuição do fluxo turístico, melhora a qualidade dos serviços prestados e aumenta a segurança na visitação.

Embora o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) em nível de Brasil seja um dos mais avançados no quesito controle de visitação e uso público, em estudos realizados anteriormente na trilha da Travessia Petrópolis x Teresópolis, Holderbaum (2004) constatou que os problemas de erosão, lixo, abertura de atalhos, sinalização e bases de apoio (que foram os indicadores de conservação da trilha usados para avaliar o impacto do turismo no roteiro „Travessia Petrópolis x Teresópolis‟ na sua pesquisa), se agravaram em alguns pontos ou permanecem iguais em outros. Mesmo com as novas regras de uso público do parque, alguns

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problemas ainda são evidentes e em alguns trechos vêm aumentando. Ficando então evidente a necessidade de se aplicar medidas científicas de cálculo de capacidade de carga na trilha para limitar a visitação de acordo com a capacidade de carga correta da mesma.

A ideia do trabalho é aplicar a metodologia de Cifuentes (1992) e propor adequações, sugerindo novos indicadores relevantes para cálculos de capacidade de carga antrópica que se enquadrem nas peculiaridades ambientais do PARNASO em especial na Travessia Petrópolis x Teresópolis, levando em consideração a flora e fauna, os tipos de solo e de rocha, o relevo, os pontos para pernoites, direcionando sua aplicabilidade e aproximando os resultados esperados para as condições reais da área de estudo. Segundo Cifuentes (1992) a capacidade de carga não é um fim em si mesma e nem a solução dos problemas de visitação de uma área protegida. Ela é, essencialmente, uma ferramenta de planejamento para apoio a decisões de manejo. Considera que qualquer determinação de capacidade de carga deve basear-se nos objetivos de manejo da unidade, pois eles indicam os usos que a área pode ter e se é mais ou menos aberta a atividades de visitação. Além disso, a capacidade de carga deve ser calculada para cada lugar de uso público, separadamente, e o valor das capacidades de carga de cada um destes locais não se constitui na capacidade de carga total para a área protegida.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Unidades de Conservação da Natureza

Em 1872 foi criada nos EUA a primeira Unidade de Conservação oficial do mundo, o Parque Nacional de Yellowstone. Porém, a área do atual Parque Nacional de Yosemite, também nos EUA, tinha sido decretada pelo então presidente em 1864 como “ Inalienável em qualquer tempo ”. Certamente essas duas Unidades de Conservação foram um marco e um ponto de origem para a conceituação de áreas protegidas (COSTA, 2002).

Diversos países não tardaram a adotar a prática de criação de parques visando a conservação de suas áreas naturais, tendo como base o modelo de Yellowstone e Yosemite. Entre as primeiras nações a seguir o exemplo norte-americano estão: Austrália (1879); Canadá (1885); Nova Zelândia (1894); África do Sul (1898); México (1899); Argentina (1903); Chile (1926); Equador (1934); Venezuela e Brasil (1937); entre outros.

Após quase dez anos tramitando no Congresso Nacional, em 19 de julho de 2000 foi aprovado, com várias emendas e modificações, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a primeira normatização nacional das áreas naturais protegidas por lei. Mediante o Projeto de Lei no^ 2.892, de 1992 – que regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e IV da Constituição Federal – instituiu-se a lei no^ 9.985, e por meio dela surgiu o que os políticos passaram a denominar Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (COSTA, 2002).

O Conjunto de Unidades de Conservação do Brasil compõem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). A aprovação e adoção do SNUC foram passos fundamentais para que nossas áreas tivessem proteção real embasada em lei.

O SNUC em seu artigo 2º, define oficialmente Unidades de Conservação como: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”(BRASIL, 2000). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação é composto por dois grupos com características específicas: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.

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TABELA 1 - Categorias de Unidades de Conservação Integrantes do SNUC I – Unidades de Proteção Integral Quantidade Área (Hectares) Estação Ecológica Reserva Biológica Parque Nacional Parque Estadual Monumento Natural Refúgio de Vida Silvestre

31 29 67

2 5

6.869.411, 3.868.939, 24.705.236,36*

44.179, 169.103, II – Unidades de Uso Sustentável Quantidade Área (Hectares) Área de Proteção Ambiental Área de Proteção Ambiental Estadual Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta Nacional Floresta Estadual Reserva Extrativista Reserva de Fauna Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva Particular do Patrimônio Natural

31

17 65

59

1

9.899.433,

44.621, 16.556.903,

12.270.116,

64.441,

Fonte: ICMBio, 2009 (Unidades de Conservação Federais do Basil); MMA, 2010.

  • A área total apresentada corresponde à de 64 Parques Nacionais não incluindo os 3 últimos registrados no MMA.

Estas áreas são criadas através dos Poderes Públicos Federal, Estadual e Municipal em seu âmbito administrativo, além de instituições particulares, que, na grande maioria das situações, respondem pela sua manutenção e administração. Assim, as Unidades de Conservação têm a finalidade de (IBGE, 2000):

a) preservar bancos genéticos, de fauna e flora, de modo a permitir pesquisas que os levem à utilização racional pelo homem; b) acompanhar, no entorno e nas áreas protegidas, as alterações que ocorram, tanto provocadas por uma ação antrópica, estabelecendo-se parâmetros para melhor conduzir o uso do solo ou reabilitar áreas que já estejam degradadas; c) proteger os recursos hídricos, em especial as cabeceiras de rios e áreas, ao longo das bacias hidrográficas, que apresentam pressão demográfica;

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pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (Lei 9.985/2000).

As unidades de proteção integral se destacam pela preservação da natureza, com o mínimo de interferência humana nos ecossistemas. As Estações Ecológicas e Reservas Biológicas permitem a realização de pesquisas científicas, e de ações de educação ambiental. Nos Parques Nacionais, Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre além destas atividades, a visitação pública é permitida, sendo locais ideais para a prática de turismo e lazer, em harmonia com a natureza (Lei 9.985/2000).

O SNUC (2000) estabelece que a visitação em UC somente deverá ser permitida em unidades que têm plano de manejo. Entretanto, existem diversos parques em que as atividades recreativas já eram realizadas antes da UC ser criada e os atrativos continuaram a ser frequentados habitualmente. Isso ocorre, por exemplo, nos Parques Nacionais do Superagui, Cavernas do Peruaçú, Chapada da Diamantina, dentre outros.

No Brasil dos 67 Parque Nacionais existentes atualmente segundo os dados do Ministério do Meio Ambiente (2010), apenas 23 possuem plano de manejo aprovado por portaria (ANEXO 1).

3.2.1 A Importância da conservação da Mata Atlântica

A Mata Atlântica brasileira desde 1500, no “suposto” descobrimento do Brasil, começou a ser aos poucos desmatada. Um dos primeiros atos dos portugueses que chegaram ao Brasil em 1500 foi abater uma árvore para montar a cruz da primeira missa. Nesse gesto premonitório fez-se a primeira vítima da ocupação européia da Mata Atlântica, que cobria boa parte do território brasileiro. Nos cinco séculos que se seguiram, cada novo ciclo econômico de desenvolvimento do país significou mais um passo na destruição de uma floresta de um milhão de quilômetros quadrados, hoje reduzida a vestígios (DEAN, 2002). Daí a importância de manter preservadas as Unidades de Conservação da Natureza existentes hoje no Brasil, sendo os Parques Nacionais uma das principais delas.

Do Rio Grande do Sul até o Piauí, diferentes formas de relevo, paisagens, características climáticas diversas e a multiplicidade cultural da população configuram essa imensa faixa territorial do Brasil. No entanto, existe um aspecto comum que dá unidade a toda essa região: o bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica. Ao todo, são 1.300.000 km², ou cerca de 15% do território nacional, englobando 17 estados brasileiros,

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atingindo até o Paraguai e a Argentina. Somado à magnitude destes números, um outro dado modifica a percepção sobre a imensidão desse bioma: cerca de 93% de sua formação original já foi devastado (SOS MATA ATLÂNTICA, 2010).

A Lei Federal 11.428, de 22 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006), que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, explicita que tanto a proteção quanto a utilização devem assegurar: a manutenção e a recuperação da biodiversidade, vegetação, fauna e regime hídrico; o estímulo à pesquisa, à difusão de tecnologias de manejo sustentável da vegetação e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de recuperação e manutenção dos ecossistemas; o fomento de atividades públicas e privadas compatíveis com a manutenção do equilíbrio ecológico; e por fim que promova o disciplinamento da ocupação rural e urbana, de forma a harmonizar o crescimento econômico com a manutenção do equilíbrio ecológico. Objetivos que convergem com os da metodologia do presente trabalho.

3.3 Ecoturismo

Um dos primeiros a utilizar e definir a atividade ecoturística foi Ceballos-Lascuràin, na década de 1980, conceituando turismo ecológico como: “a realização de viagens para áreas naturais não perturbadas ou contaminadas, com o objetivo de admirar, gozar e estudar a paisagem, sua flora e fauna, assim como as culturas passadas e presentes em tais áreas” (CEBALLOS-LASCURÀIN, 1987. apud COSTA 2002).

Inicialmente, esse segmento do turismo foi apresentado como o retorno do ser humano às suas origens, ou seja, o reencontro do homem com a natureza em seu estado primitivo.

Já na década de 1990 convencionou-se a utilização de um termo mais específico: o Ecoturismo. A terminologia ecoturismo – absorvida com o tempo a trade turístico – foi conceituada pela EMBRATUR, em 1991, como: “Turismo desenvolvido em localidades com potencial ecológico, de forma conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio ambiente, harmonizando as ações com a natureza, bem como oferecer aos turistas um contato íntimo com os recursos naturais e culturais da região, buscando a formação de uma consciência ecológica”.

O Congresso Mundial de Ecoturismo (Belize), realizado em 1992, gerou uma nova abordagem do conceito: “turismo dedicado à apreciação da natureza em forma ativa, com o

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visitantes nas áreas naturais tornaram-se uma grande preocupação, o que leva este autor a considerar o turismo ecológico como um misto de oportunidade e risco a natureza. Sendo assim, inúmeros conservacionistas têm trabalhado com o objetivo de aliar o turismo à preservação da natureza.

O turismo é hoje uma das atividades econômicas mais relevantes do mundo – uma forma de pagar pela conservação da natureza e de valorizar as áreas que ainda permanecem naturais. Direcionar os recursos financeiros dos turistas para a conservação da natureza, tornando a atividade auto-sustentável, possibilitando atribuir um valor monetário às regiões naturais é um novo ramo da economia verde: o desenvolvimento sustentável. Que para ser atingido em sua plenitude, segundo Endres (1998), depende de um mesclo multidimensional dos aspectos econômicos, ecológicos e políticos.

FIGURA 1: Gráfico da evolução do número de visitantes nos Parques. Fonte:ICMBio (2010).

Ecoturismo, em outras palavras, envolve tanto um sério compromisso com a natureza como responsabilidade social. Essa responsabilidade deve ser assumida também pelo viajante. A expressão “ turismo responsável” , outra designação para o ecoturismo, embora com origem não muito clara mais provavelmente de autoria de W. Hetzer em 1965 (MOURAO,2004) deixa claro que cabe ao turista agir com responsabilidade. A Ecotourism Society oferece uma definição um pouco mais completa: “Ecoturismo é a viagem responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem-estar da população local” (WESTERN, 2002).

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Segundo Fontoura & Simiqueli (2006), o termo ecoturismo, embora apresente inúmeras definições, em geral, tais concepções fundamentam-se na conservação do patrimônio natural e cultural.

Segundo dados de trabalho de gabinete o PARNASO recebeu recorde de mais de 97.000 visitantes no ano de 2006 que representa um crescimento de 30% em relação a 2005. No ano de 2007 alcançou a marca de mais de 112.000 visitantes batendo novamente o seu recorde. Esses dados são referentes também à visitação na parte baixa nas proximidades das sedes, ou seja, de todos os atrativos do PARNASO, e não apenas à área de estudo do presente trabalho, a trilha da Travessia Petrópolis X Teresópolis. Em setembro de 2008 foi lançado o Programa Turismo nos Parques, com o objetivo de aumentar a visitação nas UCs, e o PARNASO foi contemplado pelo programa. Nos anos de 2009 e 2010 o Parque vem melhorando sua infraestrutura para assegurar a qualidade da visita aumentando ainda mais o fluxo de turistas, buscando maximizar a satisfação do visitante e proteger os recursos naturais.

3.4 Breve histórico: Capacidade de Carga

De acordo com Magro (1999) o conceito de Carrying Capacity (Capacidade de Carga) foi inicialmente introduzido no setor pecuário. Sua base era fundamentada na obtenção de resultados de produtividade e sustentabilidade das pastagens, buscando estabelecer um valor quantitativo ideal sem entretanto prejudicar os ciclos seguintes.

Em 1964, Wagar ( apud MAGRO,1999) propôs adaptações ao conceito voltado para o manejo de pastagens, baseando-se na Recreação, chamando de Capacidade de Carga Recreativa e o define como: “ o nível de uso que uma área pode suportar sem afetar a sua qualidade sustentada de recreação.”

Lindberg (2002) sintetiza a ideia de capacidade de carga como: “equilíbrio entre as atividades econômicas em relação à área ou região e à ocupação humana ou ao nível de exploração que os recursos naturais podem suportar, assegurando a satisfação dos visitantes e o mínimo efeito sobre o meio ambiente”.