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Uma pesquisa sobre a produção de textos na escola estadual d.e de são josé do rio preto, com foco nas produções de textos de alunos do 6º e 7º ano do ensino fundamental. O autor analisa a estrutura narrativa observada nas produções textuais, as dificuldades na condução da leitura e a importância de uma orientação pedagógica para professores. O texto inclui referências a vladimir propp e roland barthes.
Tipologia: Provas
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II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores
DA FOLHA EM BRANCO À PRODUÇÃO DE TEXTOS A PARTIR DA ESTRUTURA DA NARRATIVA DE PROPP. Maria De Fatima Da Silva Eixo 2 - Projetos e práticas de formação continuada
A produção de texto é alvo de debates e reflexões desde a década de 80. Segundo estudiosos no assunto, não basta escrever para cumprir uma tarefa solicitada pela escola mandatária, é preciso ter o que dizer e como dizer. Esse trabalho é recorte de uma pesquisa de mestrado em Educação, na Unesp de Presidente Prudente, na linha de pesquisa: Formação de professores. As observações em sala de aula e análises das produções de textos contribuíram para aprofundar o estudo sobre a produção textual e verificar os instrumentos utilizados para seu ensino em um 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, em uma escola Estadual da D.E de São José do Rio Preto, e observar se esses colaboram para a formação de alunos leitores e escritores. Para a análise das produções textuais, reportei-me aos estudos de Vladimir Propp (1984) “Morfologia do Conto Maravilhoso”. Após as análises e observações, percebeu-se a necessidade de uma intervenção junto às professoras e uma formação sobre o assunto. Palavras-chave: produção de textos, estrutura da narrativa, prática pedagógica.
Maria de Fátima da Silva – Unesp/ FCT - Presidente Prudente
Introdução
Aprender a escrever é, em parte, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender a encontrar idéias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou... Othon Garcia Quando lemos as grandes obras que encontramos no decorrer de nossas vidas literárias, nem de longe imaginamos que seus autores, embora experientes, travaram com o papel em branco uma luta sem fim, como define Lygia Fagundes Telles:
Uma luta. Uma luta que pode ser vã, como disse o poeta, mas que lhe toma a manhã. E a tarde. Até a noite. Luta que requer paciência. Humildade. Humor. Me lembro que estava num hotel em Buenos Aires, vendo na tv um drama de boxe. (...) E de repente me emocionei: na imagem do lutador de boxe vi a imagem no corpo a corpo com a palavra. (TELLES, 1984, p.7 )
Ainda Clarice Lispector, na voz do narrador de sua obra “A Hora da Estrela”, relata detalhes minuciosos dessa angústia que antecede esse ato:
Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas como aços espelhados. Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da moça. Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho contar parece fácil à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. (LISPECTOR, 1997, P.19) O narrador criado por Lispector (1997), ao sair em busca das palavras, vai tecendo a sua história em meio às indecisões. Em um passado distante,
a) Tenha o que dizer : é a partir da leitura de uma diversidade de textos, do diálogo constante do professor e autores não presentes, do entretecer de outras vozes que o aluno constrói sua biblioteca cultural e consegue tecer o seu texto. b) Tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer : que o texto tenha alguma função social na vida do aluno e não um mero exercício mecânico. c) Se tenha a quem dizer o que se tem a dizer : escolher o tipo de texto que será utilizado para melhor dizer o que tem a dizer e a quem o texto vai se dirigir. Verificar se esse texto terá realmente uma função social ou será apenas para uma prova bimestral. d) O locutor se constitua como tal, como sujeito que diz o que diz para quem diz. Que o sujeito não seja mecanizado, induzido a reproduzir apenas aquilo que a escola quer que ele diga, mas que ele crie suas próprias histórias, fie, teça, a partir de todas as interlocuções da sala de aula. e) Se escolham as estratégias para realizar; os melhores tipos de texto para se transmitir o que se pretende. Acrescentando ainda, como importantes e necessárias, informações a respeito da estrutura narrativa e de seus elementos, assunto esse a ser tratado nesse relato.
A pesquisa O presente trabalho é um recorte de minha pesquisa de mestrado e teve a finalidade de verificar na escola até que ponto atividades de leitura e produção de textos propostos em sala de aula favorece a formação do aluno leitor e escritor, escolhi o texto narrativo por ser o texto mais trabalhado até o 6º e 7º ano. Para analisar a estrutura da narrativa nas produções de textos dos alunos das 5ªas séries ou 6ºs anos, nas aulas de língua portuguesa, da Rede Estadual de Ensino, na D. E de São José do Rio Preto, reportei-me aos Estudos de Vladimir Propp (1984) “Morfologia do conto maravilhoso
A estrutura narrativa de Propp: o texto e sua forma
Avançando nas investigações sobre a estrutura do conto maravilhoso, Propp (1984), conclui que o conto maravilhoso atribui ações iguais a personagens diferentes. A ação aqui é entendida como função. Assim Propp estuda os contos a partir das funções dos personagens. O que foi possível a Propp perceber no decorrer dos estudos é que por mais diferentes que os contos fossem, os personagens realizam freqüentemente as mesmas ações. Percebeu-se também que existem muitos personagens e poucas funções. As funções serão definidas por meio de um substantivo que expressa uma ação: proibição, interrogativa, fuga; ou seja; “por função, compreende-se o procedimento de um personagem, definido do ponto de vista de sua importância para o desenrolar da ação”.(Op.cit., 1984, p.26). Sabe-se que todo texto, independentemente de que gênero seja, há uma introdução, o desenvolvimento das ações e o desfecho, contudo, apenas essa informação pouco ajudará um aluno a produzir um texto, pois o que o pequeno produtor precisa saber é que da situação inicial (aparentemente tranqüila) ao desfecho existe o conflito (intriga) e um processo de transformação. Segundo Jolibert (1994) é importante um instrumento conceitual funcional por professores e pelas crianças tanto para leitura como para produção de textos. Para Propp (1984) em todo texto narrativo há: Uma situação inicial - a apresentação dos personagens - o afastamento do responsável. O desenrolar dos fatos (nó) – a proibição, a persuasão dolosa pelo antagonista, o rapto de um dos membros da família, o anúncio da desgraça, a procura. Desfecho: Resolução ou não dos acontecimentos descritos nas outras etapas, castigo do antagonista, a recuperação dos raptados e o regresso. A transformação se efetiva.
A estrutura narrativa observada nas produções textuais Para esta investigação, optei por observar nas produções de textos escolares (num total de 32 textos) incluindo as duas séries observadas, 6ºs anos e 7ºs anos do Ensino Fundamental, utilizando a essência de uma estrutura da narrativa simplificada e linear de acordo com o aporte teórico de
Percebi que os alunos não entenderam na proposta, o porquê em descrever a tela, pois deveriam descrevê-la com a intenção de “fazer o amigo ver” o quadro por meio de seu texto, fazendo com que entendesse o porquê em estar tão distraído, não esquecendo que a descrição depende sempre do contexto em que estiver inserida. Verdadeiramente os alunos escreveram parágrafos de descrição isolada, seguindo uma listagem de perguntas oferecidas na proposta do texto, faltando a introdução a um interlocutor para dar sentido ao seu dizer. Esses “trechos descritivos não podem ser subdivididos, ao menos não tão claramente, em partes como” “introdução”, “desenvolvimento” e “conclusão”. (BEARZOTI FILHO, 1991, p.49) Observem um exemplo dos 19 textos:
O lugar onde a mulher está é um ambiente aberto, de onde ela está dá para ter uma visão muito boa o lugar é tranqüilo. Os objetos que está perto dela é pequeno. As cores são suaves, as cores não combinam com a mulher. O que se destaca é a paisagem, porque é muito bonito. Há muitas casas que chamam a atenção, é a paisagem que é muito bonita e tem cores lindas. A sensação é de paz , amor e beleza. É uma figura linda e perfeita, todos que olharem acha perfeita. ( Aluna do 7º ano )
Será que o amigo (a ) ao receber esse texto em resposta ao seu torpedo, irá entender o porquê da amiga estar distraída? Merece atenção a proposta e o questionário feito pela professora para direcionar o texto do aluno, não significa eliminar o questionário, no entanto, o que se percebe nas produções dos alunos são respostas às questões, utilizando-se as idéias sugeridas pela professora. Percebe-se que não foi dada a oportunidade para que os alunos criassem “verdadeiramente” seus próprios textos, pois o que dizer já está previamente determinado, poupando-lhe o trabalho de reflexões sobre a imagem a ser analisada e o que poderia ser escrito. E esses seguem à risca o roteiro imposto pela professora para a organização de suas idéias.
Nas duas salas de aulas observadas e nos documentos analisados, percebi uma grande distância entre a realidade e o aporte teórico estudado por mim. Considerando as observações das práticas pedagógicas dos professores, dos instrumentos de leitura utilizados por eles, das análises das produções de textos e dos diálogos ocultos em sala de aula, dificuldades na condução da leitura, percebi que as professoras não dominavam conceitos fundamentais sobre leitura e produção de textos. Resolvi, então, planejar uma orientação pedagógica para os professores envolvidos, entendendo ser necessário auxiliar os professores a atuarem em suas salas de aula de forma a favorecer melhores condições para o desenvolvimento dessas capacidades, pois o papel mediador do professor para a formação do leitor e escritor é fundamental, por ser ele o adulto mais próximo e experiente em sala de aula. Percebi que não bastava o conhecimento de novas teorias, mas um trabalho de reflexão sobre sua prática, que conduziria a mudanças e tomadas de decisões, pois o professor ao pensar sua própria prática, pode modificá-la inconscientemente. Ainda segundo Smith (1999), o professor precisa compreender e saber o suficiente sobre o que vai ensinar. Utilizei seis horas de HTPCs para orientação das professoras, dividida em três momentos, para assim refletir sobre as dificuldades observadas em sala de aula e ainda momentos antes de cada aula para planejamento e replanejamento das atividades sobre estratégias de leitura, estrutura da narrativa nas produções de textos e elaboração de atividades para ser aplicado em sala de aula. Após as reflexões necessárias, cruzando teoria X prática pedagógica, houve a seleção de uma diversidade de textos sobre um mesmo tema, utilizamos as teorias estudadas para prepararmos as atividades a serem aplicadas aos alunos, salientando sempre que ninguém escreve do nada, há sempre em nosso escrito a voz do outro. Como afirma Geraldi (1997), é preciso ter o que dizer. Após a aplicação das atividades de leitura em sala de aula, com uma diversidade de textos e gêneros, foi possível, estabelecer-se situações
Exemplo 1 - nesse texto, há a descrição de um paraíso e da paz que é quebrada quando o personagem narrador anuncia o conflito com um advérbio e uma onomatopéia ( linguagem típica das histórias em quadrinhos): “... de repente ouvi um barulho, “ Plás ”, uma mancha preta...”
Exemplo 2, o conflito está marcado por ações de desespero, na tentativa de sobreviver, “...foi horrível ver aquele óleo escorrendo nas ribanceiras do rio...”, nota-se no exemplo , o clímax (momento de maior tensão na narrativa), “mas minhas penas estava cheio de óleo, com o tempo não sentia mais meus pés... comecei a chorar e fui afundando cada vez mais.” O leitor dessa passagem, fica imaginando o que aconteceu a esse pássaro-personagem. Terá ele sobrevivido? Há uma expectativa em querer conhecer o enredo da história e seu final, pois o que prende a atenção do leitor é o conflito, sem esse teríamos histórias sem graça e perderíamos o interesse pela leitura. Percebe-se nos textos analisados a estrutura narrativa sugerida por Propp (1984), situação inicial( equilíbrio ), conflito ( desiquilíbrio ) e desfecho ( reequilíbrio).
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfim... Os textos produzidos pelo 7º ano, após a intervenção apresentaram coerência com as orientações da proposta de texto apresentada), os alunos
GERALDI, João Wanderley. (org.). O texto na sala de aula. 3. ed. Cascavel:
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_________Da redação à produção de textos. In: CHIAPPINI, Lígia. Aprender e
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JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
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