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Este documento discute a teoria da cultura da honra e sua relação com a propensão ao homicídio no estado de pernambuco, brasil. A teoria prevê que certas sociedades baseadas na criação de rebanhos tendem a produzir valores e crenças relacionados à defesa violenta da honra, aumentando o índice de homicídios. Resultados de pesquisas que confirmam essas previsões e identificam os aspectos específicos da cultura da honra que se relacionam com a propensão ao homicídio. Além disso, o documento discute a importância de relações espaciais e psicopatologias na teoria da cultura da honra.
O que você vai aprender
Tipologia: Resumos
1 / 201
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Não perca as partes importantes!
Cultura da Honra e Homicídios em Pernambuco:
Um Novo Modelo Psicocultural
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco é definido em três graus:
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração.
Título da Tese: Cultura da Honra e Homicídios em Pernambuco: Investigando os Processos Psicoculturais Nome do Autor: Monica Gomes Teixeira Campello de Souza
Data da aprovação: 27/02/ Classificação conforme especificação acima:
Grau 1
Grau 2 Grau 3
Recife, 27 de fevereiro de 2015
Assinatura do autor
x
Catalogação na fonte Bibliotecária, Divonete Tenório Ferraz Gominho CRB4- S729c Souza, Monica Gomes Teixeira Campello de. Cultura da honra e homicídios em Pernambuco: um novo modelo psicocultural / Monica Gomes Teixeira Campello de Souza. – Recife: O autor, 2015. 201 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Antonio Roazzi. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Pós- Graduação em Psicologia, 2015. Inclui referências, apêndice e anexos. da honra. I. Roazzi, Antonio. (Orientador). II. Título.^ 1.^ Psicologia. 2. Homícidios. 3. Criminologia. 4. Homícidios em defesa 153 CDD (22.ed.) UFPE (BCFCH2015-15)
Monica Gomes Teixeira Campello de Souza Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco e aprovada em XX de fevereiro de
Área de Concentração: Psicologia Cognitiva Data de Defesa: 27/02/ Banca Examinadora
Antonio Roazzi - Orientador Departamento de Psicologia - Universidade Federal de Pernambuco
Valdiney Veloso Gouveia – Examinador Externo Departamento de Psicologia - Universidade Federal da Paraíba
Rildésia Silva Veloso Gouveia – Examinador Externo Centro Universitário de João Pessoa
Alexandre Stamford da Silva – Examinador Interno Departamento de Economia - Universidade Federal de Pernambuco
Ana Karina Moutinho Lima – Examinador Interno Departamento de Psicologia - Universidade Federal de Pernambuco
Percorri estradas tortuosas, desgastadas, sofri as consequências de minha lealdade, sobrevivi graças ao apoio daqueles que agradecerei a seguir, mas antes de mais nada sobrevivi graças ao meu conhecimento das ciências Jurídicas que me serviram como escudo forte, apesar dos defeitos dos protecionismos e da covardia de seus operadores. Se não me serviu a advocacia para chegar a justiça, foi ela a única responsável por ter conseguido ao menos ter me aproximado dela. Agradeço aos meus tios, Waldecy Fonseca Soares e Hercília Gomes Soares pelo apoio ao longo da minha jornada desde a infância. Agradeço ao meu orientador Antonio Roazzi, pela paciência, pelos ensinamentos, pela sabedoria e amizade e à sua esposa Rosa pela compreensão. Agradeço ao meu marido Bruno Campello de Souza sem o qual eu jamais teria chegado até aqui, seu apoio e suporte me acompanharam em toda jornada e por isso lhe serei eternamente grata. Agradeço ao meu Sogro, Professor Fernando Menezes Campello de Souza, pela valiosa contribuição quanto à expressão matemática e dinâmica da teoria da honra homicida, à minha cunhada, Fernanda Maria Campello de Souza, pelas discussões do modelo e ajuda na correção da planilha de simulações e à minha sogra, Tania Maria Campello de Souza, pela paciência com as horas que roubei do seu marido e filhos. Ao meu professor de inglês e bom amigo, Samuel Gorvine, pelas aulas de inglês e pelas boas discussões acerca dos mais diversos temas. Agradeço a Faculdade do Recife na pessoa do Coordenador do Curso de Direito Professor Igor Cadena e do Curso de Serviço Social à época, Silvânia Carrilho, bem como a todo corpo diretor, pelo apoio e incentivo. Aos meus amigos agradeço pelo apoio imprescindível para a conclusão desse trabalho, Aparecida Regina, Edson Soares da Silva, Silvânia Carrilho e Sabrina Rocha. Por fim agradeço ao CNPQ pelo suporte e ao Programa de Pós Graduação em Psicologia Cognitiva especificamente nas pessoas da Profa. Sandra Ataíde, Prof. Alexandro Medeiros, a Secretária Vera Amélia Ferraz e demais funcionários da secretaria.
“Se eu pude enxergar longe é porque subi no ombro de gigantes” Isaac Newton
Homicide is one of the most relevant social concerns in the World, with Brazil standing out in that regard for having one of the highest rates and a tendency to worsen, with the Northeastern region and the state of Pernambuco presenting a special level of severity as to the problem (UNODC, 2013). There are several criminological theories attempting to explain the occurrence of homicide (Brantingham & Brantingham, 2008), but the Theory of the Culture of Honor (Reed, 1982) is oriented especifically towards this type of crim and has produced important interpretations in terms of Social Psychology (Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998). It is the idea that certain societies develop a culture that demands that the men never show weakness and must react violently to any threats to their reputation, with "honor" being the central point of their life, making homicide an acceptable or even mandatory form of resolution for certain conflicts (Reed, 1982). Certain authors point to it as one of the main causes for the alarmingly high levels of violence in the Brazilian Northeast (Alencar, 2006; Magalhães, 2009), surpassing, in that regard, the efficacy of several competing theories (Souza, Roazzi & Souza, 2009; Souza, 2010). Thus, the present work sought to investigate the role of "honor" in the propensity towards homicide, considering both sociocultural and psychological elements in the proposition of a model of the mechanisms and processes involved. Three studies were conducted, comprising a total of 1,453 subjects from Recife, with the intention of submitting the new model to an empirical test, as well as to explore eventual additional findings capable of contributing to a broader understanding of the phenomenon. The researches used tolerance to homicides and experience with homicides as proxies for the propensity towards this type of crime, as well as items and indexes from several forms and psychological tests, including the internalization of the Culture of Honor, as independent variables. The findings obtained indicate that: (a) the aspect of the Culture of Honor that is responsible for the propensity towards homicide is a combination of elements that may be called "Homicidal Honor", encompassing an elevated Masculine Honor (which involves assertiveness) and a low Social Honor (which involves integrity); sex, level of education, moral compasses, moral value, emotional regulation, and and Hyperculture are linked to Homicidal Honor in specific ways; and (c) Homicidal Honor produces impacts in the dynamics of anger and has repercussions in one's personality and attitudes towards homicide. The whole of these findings not only corroborates the theoretical model hypothesized a priori but also expands it by means of the detailing on several mechanisms and processes. It is a new theory that describes a psychocultural dynamics where Homicidal Honor acts upon the processes of social roles, shame, and spatial influences by means of the mechanisms of anger, experience with homicides, and the imperative to defend one's honor, thereby producing aggressiveness, habituation with homicides, and social pressure towards violence that, together, elevate the propensity towards committing homicide. Such a result presents important implications for academia, as well as for the creation and implementation of public policies against violence.
Keywords: Homicide, Culture of Honor, Criminology, Homicidal Honor, Psychocultural Dynamics.
Figura 1: A estrutura dos valores morais segundo Schwartz (2005).
Figura 2: Mapa conceitual sintetizando as hipóteses de pesquisa.
Figura 3: Estatística descritiva do indicador de Experiência com Homicídios.
Figura 4: Diagrama Box & Whiskers da pena dada aos tipos de crime.
Figura 5: Estatística descritiva da penalidade média dada aos homicídios.
Figura 6: SSA dos itens da Honor Scale salientando a estrutura da subescalas.
Figura 7: Estatística descritiva do indicador de Honra Homicida.
Figura 8: Relação entre a Honra Homicida e a Experiência c/ Homicídios.
Figura 9: Relação entre a Honra Homicida e cada Experiência c/ Homicídios.
Figura 10: Diagrama Box & Whiskers da Honra Homicida vs. a Pena Dada aos Homicídios.
Figura 11: Comparação entre homens e mulheres quanto à Honra Homicida.
Figura 12: Importância dada à Vontade Pessoal versus Honra Homicida.
Figura 13: A Honra Homicida em função da escolaridade.
Figura 14: A Honra Homicida em função da Hipercultura.
Figura 15: Estatística descritiva do indicador de Experiência com Homicídios.
Figura 16: Diagrama Box & Whiskers da pena dada aos tipos de homicídio.
Figura 17: SSA das Bússolas Morais, Valores Humanos, Viés da Honra, Experiência com Homicídios e a Pena Dada aos Homicídios.
Figura 18: Estatística descritiva do indicador de Experiência com Homicídios.
Figura 19: Diagrama Box & Whiskers da pena dada aos diversos tipos de crime.
Figura 20: Estatística descritiva do indicador de Honra Homicida.
Figura 21: Relação entre a Honra Homicida e a Experiência c/ Homicídios.
Figura 22: Diagrama Box & Whiskers da Honra Homicida vs. a Pena Dada aos Homicídios.
Figura 23: SSA de Múltiplas Variáveis Psicológicas e Socioculturais.
Tabela 4: Resultados gerais da Regressão Linear Múltipla (single step) da Honra Homicida com a Sociodemografia, Bússolas Morais e Hipercultura.
Tabela 5: Correlação de Spearman entre Honra Masculina, Honra Social e os parâmetros da Dinâmica da Raiva.
Tabela 6: Parâmetros heurísticamente estimados do modelo dinâmico.
Tabela 7: Exemplo dos valores das entradas do sistema para um dado caso.
Tabela 8: Exemplo dos valores das variáveis de estado de um sistema para um dado caso.
& Werlang, 2006). Nesse sentido, a criminologia oferece um amplo conjunto de opções, havendo diversas teorias de base biológica, psicológica, sociocultural e ambiental (Gomes & Molina, 2000; Brantingham & Brantingham, 2008). A Teoria da Cultura da Honra, porém, se destaca como sendo uma das poucas voltadas especificamente para este tipo de crime (Reed, 1982; Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998). A Teoria da Cultura da Honra prevê que, em certas sociedades com histórico de um modo de produção baseado, não na agricultura, mas sim na criação de rebanhos, tende a emergir um conjunto de valores e crenças relativos aos homens que os encoraja a mostrarem-se fortes, zelarem ferozmente pela sua reputação e resolverem conflitos usando a violência, havendo uma tendência dessas sociedades a apresentarem um elevado índice de homicídios (Reed, 1982; Cohen & Nisbett, 1996, 1997; Cohen, 1996, 1998). Tais condições estão claramente presentes no Nordeste Brasileiro, com certos autores apontando ser esta uma das principais causas dos alarmantes níveis de violência na Região (Alencar, 2006; Magalhães, 2009). De fato, um estudo psicológico abrangente realizado por Souza (2010) procurou, no contexto do estado de Pernambuco, testar a eficácia de teorias baseadas em frustração socioeconômica (Merton, 1968), processos decisórios (Loewenstein & O'Donghue, 2006), apego emocional (Katz, 1999), testosterona (Van den Bergh & Dewitte, 2006), desenvolvimento moral (Stams, Brugman, Dekovi, Rosmalen, Van der Laan & Gibbs, 2006), valores morais (Gouveia,
Jr., 2003) e a Hipercultura (Souza, Silva & Roazzi, 2010). Foram confirmadas as previsões teóricas de Reed (1982), Cohen e Nisbett (1996, 1997), e Cohen (1996, 1998), e também identificados quais aspectos da Cultura da Honra se relacionam com que aspectos da propensão ao homicídio, além de terem sido encontrados resultados que permitem o esboço de um modelo científico acerca do assunto, confirmando hipóteses e validando instrumentos.