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Descrição e cuidados a pacientes submetidos a artroplastia de quadril
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
Milena Maredmi Corrêa Teixeira CRB/SC 14/
Esta licença permite a redistribuição, comercial e não comercial, desde que o trabalho seja distribuído inalterado e no seu todo, com crédito aos autores, E- book.
B277c Cuidados e orientações ao paciente submetido a artroplastia de quadril [recurso eletrônico] / Eduardo Cordeiro de Barros... [et al.] – Florianópolis: Perse, 35p.: il. 2017 1 e-book Disponível em: < http://www.cefid.udesc.br/?id=120 > ISBN 978.85.464.0553- 1.Cirurgia. 2. artroplastia de quadril. 3.pacientes de artroplastia. 4. UDESC I. Barros. Eduardo Cordeiro de. II. Cambruzzi. Giulio Silveira. III. Souza. Jaqueline de. IV. Barroso. Júlia Fernandes. V. Silva. Lucas Preis da. VI. Título. CDU: 616.7: 617(049)
A ideia para a criação deste material surgiu no projeto de extensão intitulado “Protetiza-Ação”, coordenado pela professora Dra. Jaqueline de Souza, docente do departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Partindo da experiência prática junto ao atendimento e assistência de pacientes submetidos a artroplastia de quadril (AQ), via sistema único de saúde (SUS), nas atividades práticas e de estágio do curso Fisioterapia na cidade de Florianópolis, verificou-se a necessidade de informações aos pacientes operados e seus familiares ou cuidadores, sobre o processo de recuperação e os seus principais cuidados a serem adotados.
O presente material não possui o intuito de substituir as informações médicas e do fisioterapeuta, ou as visitas/consultas e acompanhamentos com os mesmos. Este material pretende apenas ser uma ferramenta básica de orientação e complementação de informações sobre os cuidados após cirurgia de AQ. Sugerimos que você mostre o material e discuta junto com o seu médico e fisioterapeuta sobre as medidas de cuidados mais importantes para a recuperação da sua cirurgia.
Figura 1 – Articulação do quadril (marcado em vermelho) Fonte: https://pixabay.com/pt/músculos- esqueleto-metade-do-corpo-2277447/
A artroplastia de quadril.
A “artroplastia de quadril” (AQ) é um procedimento cirúrgico, realizado pelo médico ortopedista, quando é necessário trocar ou restaurar a articulação natural do quadril por um implante (prótese externa), visando a recuperação do movimento e funcionalidade do quadril. A artroplastia de quadril é realizada quando o paciente apresenta dor crônica e/ou aguda acompanhada de incapacidade da articulação para realizar as funções diárias como: caminhar, subir e descer escadas, entrar no carro, entre outros 1. Somente o médico especialista em ortopedia poderá avaliar e indicar corretamente a necessidade do procedimento cirúrgico de AQ.
Dentre as articulações que existem no corpo humano, são as articulações dos membros inferiores, em especial o quadril, que mais sofrem com problemas de saúde e que precisam fazer a artroplastia. O quadril é a maior articulação do corpo, formado pelo osso da pelve (bacia) e do fêmur (osso da coxa), localizado ao lado da bacia (Figura 1).
Além da estrutura óssea, a articulação possui uma cartilagem (tecido macio) que protege a superfície dos ossos que se contatam, uma cápsula (membrana fina) que separa a articulação do resto do corpo, e ligamentos, que funcionam como “cordas” limitando o movimento do quadril e garantindo a sua estabilidade (Figura 2A). As funções dos quadris estão relacionadas ao suporte e transferência do nosso peso corporal e, também, a capacidade de realizar movimento para a locomoção.
Figura 2 – A: quadril normal; B: quadril com osteoartrose Fonte: http://orthoinfo.aaos.org/topic.cfm?topic=A
A principal causa de incapacitação funcional e indicação de substituição articular do quadril é a osteoartrose (Figura 2B), uma doença caracterizada por um processo de desgaste, que destrói os tecidos da articulação citados acima 1.
Outros problemas/doenças também podem contribuir para o desgaste do quadril e indicação de artroplastia, como a artrite reumatoide (inflamação articular) e fraturas do colo do fêmur (quebra do osso da coxa) decorrentes de quedas ou acidentes de trânsito2,^.
Com o processo de envelhecimento do corpo, as articulações também sofrem com um desgaste progressivo da cartilagem e demais estruturas articulares. Entre os fatores contribuintes para o desgaste articular estão: o excesso de peso corporal, a má postura, impacto das atividades repetitivas e com cargas no trabalho ou na prática de esporte. Outro fator impactante para o aumento nas indicações de artroplastia de quadril, está relacionado ao aumento da expectativa de vida do brasileiro 2.
A idade dos pacientes brasileiros que realizam uma AQ encontra-se acima dos 60 anos, com médias em torno de 68 a 71 anos 1,2^. Estudo tem apontado para melhora significativa no alívio da dor, melhora na capacidade de movimento do quadril e na realização das atividades de vida diária de pacientes com patologia de quadril, que realizaram a cirurgia de artroplastia 4.
Existem dois tipos de artroplastia do quadril: a parcial (ou hemiartroplastia) e a total. A hemiartroplastia ocorre quando apenas uma das superfícies ósseas é substituída por um implante. Já a do tipo total, conhecida como ATQ (artroplastia total do quadril), ocorre quando as duas superfícies ósseas são substituídas por implantes. Atualmente, a maioria das próteses de quadril são do tipo total, em especial, para aqueles pacientes cuja causa foi o processo de osteoartrose (desgaste articular).
Embora as artroplastias sejam intervenções cirúrgicas reconhecidamente seguras, existem consideráveis riscos de complicações pós-operatória 1,9^. É importante conhecer as principais complicações que podem ocorrer, a fim de preveni-las. Entre as complicações encontra-se a “trombose venosa profunda” (TVP), que pode evoluir para uma embolia pulmonar 1,7^. Esta condição ocorre devido a redução do fluxo de sangue nos vasos sanguíneos decorrente da imobilidade na cama e pelo processo cirúrgico. Para prevenir a TVP é importante que o paciente use corretamente a medicação prescrita pelo médico e realize os exercícios que o fisioterapeuta lhe passar. Outra complicação após cirurgia da AQ é a infecção. Para preveni-la será utilizado medicação específica, porém, cuidados com o curativo da incisão operatória são importantes, assim como um menor tempo possível de internação hospitalar. Estudos indicam uma relação positiva entre tempo de cirurgia e de internação com a associação de complicações pós-operatória 1,9^. O período estimado de internação na AQ varia entre 3 a 10 dias e, verifica-se que a redução de internação, associada a melhora clínica do paciente, é um fator importante para evitar as infecções.
Outros fatores de complicação na AQ é a soltura da prótese, luxação (saída da prótese do local correto) e fratura peri-protética (na região do osso onde a prótese está fixa) 9. Medidas de prevenção devem ser tomadas como cuidado no posicionamento do membro operado, com a movimentação do membro, adaptação do ambiente onde mora, bem como a realização de exercícios físicos para melhorar a força, mobilidade e equilíbrio.
Fisioterapia na reabilitação após artroplastia de quadril
O profissional fisioterapeuta integra a equipe multidisciplinar no atendimento e acompanhamento do paciente submetido à AQ. O acompanhamento do fisioterapeuta pode iniciar ainda no período pré-operatório, com orientações sobre os cuidados pós- operatórios, melhora das condições físicas do paciente para a cirurgia, orientação dos principais exercícios a serem realizados, adaptações que poderão auxiliar na mobilidade e funcionalidade do paciente, etc.
O tratamento da fisioterapia pós-operação da AQ pode ser dividido em duas principais fases: o pós-operatório (PO) imediato e o PO tardio. No PO imediato, o paciente está internado no hospital e, normalmente, é iniciado o acompanhamento no mesmo dia que foi realizado a cirurgia. O fisioterapeuta irá acompanhar o paciente nas primeiras atividades motoras como sentar, sair da cama, deambular (caminhar), na indicação de dispositivos auxiliares como andador e no cuidado para prevenir complicações. Existe evidência científica de que o acompanhamento fisioterapêutico no pós-operatório imediato reduz o tempo total de internação do paciente submetido a AQ 10 e, com isso, há redução dos riscos de complicações e custos hospitalares.
O acompanhamento fisioterapêutico no pós-operatório tardio (após a alta hospitalar do paciente) transcorre com diferentes abordagens. São empregados exercícios em solo para ganhar mobilidade e força, uso de aparelhos elétricos para ativação muscular, exercícios para o equilíbrio e exercícios aquáticos 11. As condutas da fisioterapia variam conforme a necessidade do paciente, tipo de prótese e de abordagem cirúrgica realizada, por isso, o seu fisioterapeuta deverá avaliá-lo antes de prescrever o tratamento de reabilitação mais adequado a você.
Nesse sentido, a participação do fisioterapeuta na equipe que atende o paciente submetido à artroplastia, pode colaborar na recuperação clínica, prevenção de complicações, redução de custos associado a redução do tempo de internação e medicação, além de colaborar na recuperação da qualidade de vida do paciente.
Figura 6 e 7 – Pernas giradas para fora e para dentro: não poderá ser adotada esta posição. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Para facilitar o entendimento dos cuidados em cada posição, descrevemos a seguir cada uma delas e as precauções que o paciente deve tomar.
Deitado na cama ou no leito
O paciente adotará a posição deitado de costas no leito, durante a internação no hospital. Esta posição normalmente é referida pelos pacientes como a mais confortável.
Quando o paciente estiver deitado ele deve buscar manter os pés retos, com os dedos apontando para o teto, evitando assim que o quadril gire, como mostra as figuras 6 e 7.
Figura 10 – Pernas cruzados: cuidado, o paciente não deve adotar esta posição. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Figura 8 – Pernas afastadas com um rolo. Utilize esta posição! A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Figura 9 – Almofada para abdução. Fonte: www.ortoponto.com.br
As pernas devem ficar afastadas, na largura da bacia e, para mantê-las nesta posição, o paciente poderá utilizar um rolo de almofada/travesseiro (pequeno) ou cobertor (manta), como mostra na Figura 8.
Existe uma almofada específica para manter as pernas afastadas, conhecida como “almofada para abdução” (Imagem 9), que pode ser adquirida em lojas de materiais hospitalares. A almofada apresenta um ajuste ergonômico, além de faixas que ajudam a fixar nas pernas.
Para aliviar as costas e mudar um pouco de posição na cama, o paciente pode deitar na “posição de lado adaptado”. Esta posição adaptada deve ser feita sobre o lado são (ou lado não operado) e, nunca sobre o lado da cirurgia. É importante reforçar que, para virar para a posição de lado, o paciente mantém o rolo entre as pernas, para evitar aproximá-las ou encostá-las. Não é recomendado adoção da posição de lado se o paciente ainda estiver com o dreno na ferida operatória.
Sentado na cama ou na cadeira/poltrona
Comumente após a ATQ, a equipe médica recomenda que o paciente adote a posição sentada em até 48 horas após cirurgia.
Assim como na posição deitada, é necessário observar as principais recomendações e cuidados. A primeira delas é: o paciente está proibido de sentar cruzando as pernas (Figura 10).
Quando sentado, o paciente não deve girar o tronco para os lados, como por exemplo para pegar algum objeto. Ao girar o tronco, os quadris ficam na cadeira e assim, adota-se uma posição de abertura ou fechamento das pernas de
Figura 13 – Posição correta do andador. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Os andadores possuem ajustes de altura e devem ser adaptados a altura o paciente. O correto é que o mesmo fique na altura dos quadris, de maneira que o paciente mantenha o tronco reto, os cotovelos levemente fletidos e as mãos bem apoiadas nas laterais (Figura 13). Um indicativo de que a altura do andador está errada é observar se o usuário precisa elevar os ombros na hora de apoiar as mãos no andador.
A) Opte pelo lado da cama em que está a perna operada. Apoie-se nos cotovelos/antebraços para lhe ajudar na transferência.
B) Gire o corpo todo colocando primeiro a perna operada para fora do leito/cama e sente-se. Não esqueça de manter o corpo inclinado para trás!
C) Arraste as nádegas para frente e fique de pé apoiando-se no chão sobre a perna sã (não operada).
Levantando da cama/leito para em pé e retornando para a cama
Os principais cuidados para levantar da cama são:
A seguir descrevemos o passo a passo correto para realizar a saída do leito com segurança (Figura 14).
Confira no Vídeo: levantar do leito
Figura 14 – Levantando da cama (A, B e C). A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
as mãos estejam firmemente apoiadas nos apoios de braços da cadeira. Com ajuda da perna boa e dos braços, o paciente deve ir inclinando-se para trás até alcançar o assento e encosto.
É importante que o paciente lembre de manter o quadril operado esticado durante todo o movimento de sentar! Para levantar da cadeira, o paciente deve realizar força com os braços e com a perna boa, sem que necessite dobrar o tronco a frente.
Vídeo: sentar e levantar da cadeira
Para utilizar cadeira sem apoio de braço, o paciente deve optar por sentar de lado na cadeira, de maneira que possa apoiar um dos braços na parte do encosto da cadeira e o outro braço no assento (Figura 17). Após sentar com segurança, efetuar o giro do tronco, segurando com as mãos a perna operada e levando-a junto, acompanhando o movimento do tronco.
Vídeo: sentar na cadeira sem apoio de braço
Caminhando com o andador
Após cirurgia será fundamental o uso de “dispositivos auxiliares para a marcha”, como andador e muletas. Inicialmente, o uso do andador é mais indicado, pois ele proporciona mais segurança e equilíbrio. Conforme houver a liberação de descarga de peso no membro operado e melhora das condições pós-operatórias do paciente, o andador poderá ser substituído por muleta ou bengala. O médico e/ou fisioterapeuta irão avaliar e indicar o momento ideal para a troca do andador por muleta/bengala.
O andador deve ser ajustado à altura de cada paciente. Todos os andadores apresentam um dispositivo em cada “perna de apoio” do andador. Basta empurrar o dispositivo para dentro e ajustar a altura da “perna de apoio” do andador, puxando-a para baixo ou para cima. Confira se a altura das quatro “pernas do andador” estão niveladas.
Figura 17 – Sentar em cadeira sem apoio de braços. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Figura 19 – Posição correta do andador. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
Figura 18 – Posições erradas no andador. A – andador muito a frente, paciente inclinado; B – andador recuado, paciente muito próximo ao andador. A perna com a faixa representa a perna operada. Fonte: próprio autor.
A altura ideal é aquela em que as mãos ficam apoiadas no andador, na altura do quadril, sem necessidade de esticar muito o cotovelo, nem de elevar os ombros acima.
Para caminhar com o andador, o mesmo deve ficar logo à frente do paciente, cuidando para não posicionar muito à frente para não ter que inclinar muito corpo e, nem muito próximo para evitar tropeços e perda de equilíbrio (Figura 18). Dessa forma, posicione o andador (“pernas posteriores”) um pouco na frente dos dedos dos pés (Figura 19).
Lembre-se, o paciente não pode descarregar peso sobre a perna operada! Solte o peso do corpo na perna boa, e com as mãos, leve o andador à sua frente e recomece o ciclo.