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Critérios de Depreciação e Contabilidade de Custos, Notas de estudo de Contabilidade

Este documento aborda a contabilidade de custos e os critérios de depreciação, enfatizando a necessidade de estabelecer critérios menos distorcidos para a mensuração da depreciação e do lucro em um determinado período. São discutidos os métodos de cálculo da depreciação e sua influência na composição dos custos e despesas, bem como no valor dos estoques e do lucro na contabilidade financeira. Além disso, é apresentada a importância da depreciação dentro das organizações e a falta de detalhamento sobre o assunto na literatura da contabilidade de custos e gerencial.

O que você vai aprender

  • Quais são os métodos de cálculo da depreciação e sua influência na composição dos custos e despesas?
  • Qual é a diferença entre depreciação linear e não linear e quais são as suas implicações na contabilidade?
  • Como estabelecer critérios menos distorcidos para a mensuração da depreciação e do lucro em um determinado período?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Boto92
Boto92 🇧🇷

4.6

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CRITÉRIOS DE DEPRECIAÇÃO: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Charles Albino Schultz
Marcia Zanievicz Da Silva
Altair Borgert
Resumo:
Mesmo sendo a depreciação um fenômeno contábil presente, tanto na contabilidade financeira quanto na
contabilidade de custos e gerencial, tem-se notado pouca ênfase a respeito dela nos estudos acadêmicos brasileiros.
O presente trabalho classifica-se como uma pesquisa descritiva de levantamento bibliográfico e tem por objetivo
abordar os principais métodos encontrados nos livros de contabilidade de custos, contabilidade gerencial e
contabilidade financeira. Ainda foram investigados artigos nacionais e internacionais na busca de subsídios para o
debate sobre o assunto. Além da conceituação da depreciação, foram identificados sete métodos para o cálculo desta
na literatura pesquisada. Esses métodos foram conceituados e testados por meio de simulação, baseadas em um caso
fictício e, posteriormente, analisados comparativamente com a finalidade de ressaltar as vantagens e desvantagens de
cada um deles. Com base nesta análise foi comprovado que, aparentemente, não há maneira de indicar um método
como superior a outro. Todos os métodos possuem aplicabilidade em casos específicos, o que significa que, no
momento da opção por um método de depreciação, a empresa deve realizar estudos para verificar qual deles melhor
atende à necessidade de informações gerenciais para a tomada de decisões.
Área temática: Desenvolvimentos teóricos em custos
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CRITÉRIOS DE DEPRECIAÇÃO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Charles Albino Schultz

Marcia Zanievicz Da Silva

Altair Borgert

Resumo:

Mesmo sendo a depreciação um fenômeno contábil presente, tanto na contabilidade financeira quanto na

contabilidade de custos e gerencial, tem-se notado pouca ênfase a respeito dela nos estudos acadêmicos brasileiros.

O presente trabalho classifica-se como uma pesquisa descritiva de levantamento bibliográfico e tem por objetivo

abordar os principais métodos encontrados nos livros de contabilidade de custos, contabilidade gerencial e

contabilidade financeira. Ainda foram investigados artigos nacionais e internacionais na busca de subsídios para o

debate sobre o assunto. Além da conceituação da depreciação, foram identificados sete métodos para o cálculo desta

na literatura pesquisada. Esses métodos foram conceituados e testados por meio de simulação, baseadas em um caso

fictício e, posteriormente, analisados comparativamente com a finalidade de ressaltar as vantagens e desvantagens de

cada um deles. Com base nesta análise foi comprovado que, aparentemente, não há maneira de indicar um método

como superior a outro. Todos os métodos possuem aplicabilidade em casos específicos, o que significa que, no

momento da opção por um método de depreciação, a empresa deve realizar estudos para verificar qual deles melhor

atende à necessidade de informações gerenciais para a tomada de decisões.

Área temática: Desenvolvimentos teóricos em custos

Critérios de depreciação: uma revisão da literatura

Resumo

Mesmo sendo a depreciação um fenômeno contábil presente, tanto na contabilidade financeira quanto na contabilidade de custos e gerencial, tem-se notado pouca ênfase a respeito dela nos estudos acadêmicos brasileiros. O presente trabalho classifica-se como uma pesquisa descritiva de levantamento bibliográfico e tem por objetivo abordar os principais métodos encontrados nos livros de contabilidade de custos, contabilidade gerencial e contabilidade financeira. Ainda foram investigados artigos nacionais e internacionais na busca de subsídios para o debate sobre o assunto. Além da conceituação da depreciação, foram identificados sete métodos para o cálculo desta na literatura pesquisada. Esses métodos foram conceituados e testados por meio de simulação, baseadas em um caso fictício e, posteriormente, analisados comparativamente com a finalidade de ressaltar as vantagens e desvantagens de cada um deles. Com base nesta análise foi comprovado que, aparentemente, não há maneira de indicar um método como superior a outro. Todos os métodos possuem aplicabilidade em casos específicos, o que significa que, no momento da opção por um método de depreciação, a empresa deve realizar estudos para verificar qual deles melhor atende à necessidade de informações gerenciais para a tomada de decisões.

Palavras-chave: Critérios de depreciação; Contabilidade de custos; Informações gerenciais.

Área temática: Desenvolvimentos teóricos em custos

1 Introdução

O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis a seus usuários. Tais informações têm, normalmente, dois focos principais baseados nos tipos de usuários, que são internos ou externos à empresa. Isso porque os interesses e as necessidades de ambos os grupos, normalmente, são diferentes. Além disso, a contabilidade, em seu estágio atual, encontra dificuldade em emitir um relatório padronizado capaz de atender aos dois grupos simultaneamente. As informações destinadas aos usuários externos possuem a incumbência de atender às necessidades destes, e ao mesmo tempo, respeitar os princípios e normas contábeis a fim de permitir sua confiabilidade, padronização e conseqüente comparabilidade, seja dentro da sua evolução histórica, seja dentro do mercado, isto é, uma forma de garantir credibilidade. Assim, seu enfoque está voltado para uma configuração mais objetiva. Já, para os usuários internos, a contabilidade precisa oferecer informações úteis ao processo de tomada de decisão, seja ele operacional ou estratégico sem, no entanto, ficar excessivamente presa às normas, princípios contábeis e legislação fiscal. Desse modo, para que a contabilidade possa atender às necessidades exigidas pelos usuários internos, ela nem sempre poderá se fixar nos princípios e normas estabelecidos para a contabilidade financeira (destinada a usuários externos), uma vez que seu objetivo está voltado para a utilidade da informação, mesmo que para isso seja necessária uma redução na objetividade. Quando a contabilidade se volta para atender aos usuários internos, com o intuito de dar subsídio ao planejamento, controle e tomada de decisão, recebe o nome de Contabilidade Gerencial. A contabilidade teve sua origem voltada para o âmbito gerencial, porém, no decorrer do desenvolvimento das sociedades econômicas, à medida que os usuários externos passaram a influenciar mais ativamente as empresas e seus investimentos, a contabilidade

determinar algum método mais eficiente ou mais apropriado. O objetivo se restringe a levantar o assunto, caracterizar os métodos identificados e compará-los entre si, ressaltando pontos positivos e negativos e as diferentes influências nos custos.

2 Revisão da literatura

Os estudos existentes sobre o assunto depreciação têm-se demonstrado confusos, iniciando já pelo conceito que envolve o tema. A palavra, que tem origem no latim, pretium , significa preço ou valor. Dessa forma, de- pretium significa redução de preço ou valor (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999). Porém, Weygandt, Kieso e Kimmel (2005, p. 119) definem depreciação com um “processo de alocação do valor de um bem em despesa, ao longo da vida útil do bem, de modo racional e sistemático”. Da mesma forma, Hendriksen e Van Breda (1999, p. 325) dizem que, “na estrutura contábil tradicional, depreciação refere-se ao processo de alocação do valor de entrada, geralmente o custo original ou corrigido, de instalações e equipamentos, aos vários períodos durante os quais espera-se obter os benefícios decorrentes de sua aquisição e seu emprego.” Assim, pode-se dizer que a depreciação é um procedimento contábil de alocação dos custos, históricos ou corrigidos, referentes à aquisição de um bem num período, a outros períodos subseqüentes, não tendo relação com o significado literário da palavra (redução de valor). “A alocação dos custos destina-se a estabelecer a comparação das despesas apropriadas com as receitas conforme o princípio da confrontação das despesas com as receitas.” (WEYGANDT, KIESO e KIMMEL, 2005, p. 441). Porém, ainda conforme Weygandt, Kieso e Kimmel (2005), os fatores que influenciam no cálculo da depreciação são o custo, a vida útil e o valor residual do ativo. O custo se obtém no momento da aquisição, a vida útil é estimada e o valor residual também. Sabe-se que uma estimativa, por mais que seja baseada em itens e eventos similares anteriores, não oferece garantia de que ela venha a se realizar. Assim, existe uma grande dose de subjetividade nas estimativas. Apesar da depreciação ser um gasto alocado como Custo Indireto de Fabricação – CIF

  • abordado por Atkinson (2000), Horngren, Foster e Datar (2000), Martins (2003), Hansen e Mowen (2001) em suas obras sobre contabilidade de custos, nenhuma delas explora o assunto com mais detalhes. A mesma falta de conceituação e detalhamento sobre depreciação evidenciada nos livros sobre contabilidade de custos, também é observada nos livros de contabilidade gerencial pesquisados, dentre os quais, os de Garrison e Noreen (2001), Crepaldi (1998), Atkinson et al (2000) e Padoveze (1996). Já, nas obras destinadas à contabilidade financeira dos autores Stickney e Weil (2001) e Weygandt, Kieso e Kimmel (2005), e na teoria da contabilidade de Hendriksen e Van Breda (1999) percebe-se uma ênfase ao assunto depreciação. Nesta encontra-se o conceito, os critérios de cálculo da parcela para a alocação e as variáveis que a afetam, fornecendo, dessa forma, embasamento teórico essencial para sua compreensão. Outras obras pesquisadas ligadas à contabilidade, como a da Fipecafi (2003) e de Franco (1997), também abordam o assunto, porém de forma mais sucinta e mais voltada para a contabilidade financeira. Já, na pesquisa em periódicos, não foram localizados trabalhos nacionais que tratam especificamente do assunto. Por sua vez, em periódicos estrangeiros, a situação apresenta-se positiva, sendo encontrados artigos que abordam métodos de cálculo da depreciação. Atenta- se ao fato de que a maioria dos trabalhos foi publicada há mais de dez anos, o que, talvez, evidencie a menor atenção ao tema na última década.

2.1 Definição de depreciação

A depreciação recebe duas abordagens distintas: econômica e contábil. A abordagem econômica é definida por Wright (1964) como a soma dos fluxos de serviços futuros trazida a valor presente, em uma determinada data, por uma taxa de desconto preestabelecida. Bodie, Kane e Marcus (2000) a definem como um valor do fluxo de caixa operacional que deve ser reinvestido na empresa para que seja possível manter seus fluxos a níveis atuais. Para essa abordagem, o custo do ativo é irrelevante, seu foco está na sua capacidade de geração de serviços futuros. Já, na abordagem contábil de depreciação – foco desta pesquisa, a revisão da literatura identificou três definições distintas:

  • depreciação como um processo de alocação do custo de aquisição do ativo , que deve ser distribuído durante sua vida de forma sistemática e racional (WRIGHT, 1964). Contribuindo com essa definição, Hendriksen e Van Breda (1999) também conceituam depreciação como um processo de alocação do custo original ou corrigido de um ativo fixo aos vários períodos nos quais se espera obter benefícios em função de seu uso. Stickney e Weil (2001) e Weygandt, Kieso e Kimmel (2005) enfatizam que a depreciação não procura medir a perda de valor de um ativo e sim simplesmente reconhecer como despesa ou custo de fabricação uma parcela do custo de aquisição desse ativo. Esse conceito de depreciação acaba por limitar-se a um simples “rateio” de um custo de aquisição a vários períodos contábeis que recebem os serviços prestados. Tal procedimento alinha o método de depreciação aos princípios contábeis – principalmente o do custo como base de valor e o da confrontação das despesas com as receitas – e aos períodos contábeis;
  • depreciação de um ativo com vida útil superior a um ano como o reconhecimento, em um determinado período, de sua perda de valor , que se dá em função de: seu desgaste, provocado pelo uso decorrente da prestação de serviços deste para a entidade em certo período de tempo; perda de sua utilidade ou obsolescência em razão de avanços tecnológicos; seu declínio do valor de mercado durante o período em que seu serviço está sendo consumido. Entre os autores favoráveis a esta definição estão Ijiri e Kaplan (1969) e Willett e Lane (1997). Dessa forma, caso não ocorra, em um determinado período, nenhum dos fatos acima mencionados, via de regra, não haveria motivo para ser lançado algum valor de depreciação. Em contrapartida, havendo, em dado momento, a ocorrência de um maior desgaste dos ativos comparativamente a outros períodos, é conveniente que a depreciação daquele período considere tal desgaste e procure estimá-lo quantitativamente, a fim de reconhecer a não linearidade da utilização desse ativo durante o decorrer de sua vida útil, melhorando a qualidade da informação fornecida no período em questão;
  • depreciação como fundo de poupança para reposição futura. Autores como Beulke e Bertó (2001) e Sá (2002) são favoráveis à definição da depreciação como um fundo de poupança que a empresa se apropria, periodicamente, para que, ao final da vida útil do ativo seja possível realizar sua substituição. Weygandt, Kieso e Kimmel (2005) alertam para o fato de que a simples apropriação da depreciação não garante que a empresa possua recursos disponíveis para a reposição do bem ao final da depreciação. Assim, esses autores sugerem que a depreciação seja considerada como uma espécie de reserva para a reposição do ativo.

A partir das três definições contábeis de depreciação encontradas na revisão da literatura, pode-se observar que existem diferentes conceitos dentro da contabilidade, o que

esse método de depreciação é calculado:

Períodosremanescentesdevida útil

Valorcontábillíquido Valorresidual Depreciação doperíodo

Na tabela 1, apresentam-se os cálculos realizados a partir desse método. Nesta percebe-se que todos os períodos têm a parcela de depreciação com mesmo valor.

Tabela 1 – Depreciação pelo método de linha reta Período Valor contábil líquido

Valor residual Cálculo da depreciação

Valor da depreciação 1 16.000 500 15.500 ÷ 5 3. 2 12.900 500 12.400 ÷ 4 3. 3 9.800 500 9.300 ÷ 3 3. 4 6.700 500 6.200 ÷ 2 3. 5 3.600 500 3.100 ÷ 1 3. Total/saldo 500 15.

Por se tratar de depreciação linear, tem-se como pressuposto que a utilização do ativo se dá de forma constante no tempo, ou seja, que não há a ocorrência de sazonalidade em sua utilização. Se o ativo em questão não apresenta esse padrão (uniformidade) de utilização, a depreciação alocada no período não estará refletindo o custo do serviço prestado pelo ativo, gerando distorções nos custos ou despesas e, conseqüentemente, no resultado geral da empresa.

3.2 Método da linha reta baseada na produção ou utilização

Esse método considera a existência da sazonalidade na utilização do ativo, uma vez que a depreciação é distribuída aos produtos e não aos períodos. É necessário estimar o total de unidades a serem produzidas ou consumidas durante toda a vida útil do ativo. Após a determinação do valor da depreciação por unidade produzida ou consumida (DUP), o mesmo é alocado conforme o volume de produção. O método é denominado de linha reta baseada na produção, porque o custo de depreciação para cada unidade de produto é constante. A depreciação, nesse caso, pode ser calculada por meio da fórmula 2:

Unidadestotaisaseremproduzidas

Custodeaquisição Valorresidual DUP (2)

Na tabela 2, a seguir, apresenta-se a simulação desse outro método para a determinação do valor da depreciação. Por meio dele é possível observar a variação das parcelas da depreciação de acordo com a variação da produção. Se ocorrer o caso de num período não haver produção, o mesmo também não receberá custos ou despesas de depreciação. Contudo, estimar a vida útil em termos temporais é demasiadamente difícil. Estimá-la em termos de volume de prestação total de serviço pode ser igualmente ou ainda, mais complexo. Entretanto, sendo possível tal estimativa e havendo considerável variação na taxa de utilização do ativo durante sua vida útil, esse método torna-se adequado.

Tabela 2 – Método de linha reta baseada na produção ou utilização Período Valor contábil líquido

Valor residual

Valor da deprecia- ção (un)

Volume produzido

Cálculo Valor da depreciação

1 16.000 500 0,031 150.000 150.000 x 0,031 4. 2 11.350 500 0,031 100.000 100.000 x 0,031 3. 3 8.250 500 0,031 83.333 83.333 x 0,031 2. 4 5.667 500 0,031 83.333 83.333 x 0,031 2. 5 3.083 500 0,031 83.333 83.333 x 0,031 2. Total/saldo 500 15.

De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999), Stickney e Weil (2001) e Weygandt, Kieso e Kimmel (2005), esse método acaba por considerar a depreciação como uma despesa variável, o que pode ser razoável, quando o ativo em questão está mais suscetível a fatores de desgaste físico em detrimento a obsolescência imprevista.

3.3 Método da contribuição à receita líquida

Conforme Hendriksen e Van Breda (1999), esse método possibilita uma boa aproximação do ritmo de utilização do ativo, com a vantagem adicional de considerar as variações da receita por unidade. Porém, possui todas as desvantagens do método de linha reta baseada na produção. Ele, ainda, não é aplicável nos casos em que os bens produzidos são estocados e em que a receita global não pode ser atribuída aos ativos especificamente. Ainda conforme Hendriksen e Van Breda (1999, p. 329), “a contribuição à receita líquida é definida como a receita gerada pelo ativo, menos as despesas operacionais, incluindo os custos de manutenção e reparos.” O cálculo é realizado por meio de um índice, que pode ser obtido pela fórmula 3, como segue:

=

= (^) n

t

Rt

m C

1

ou seja, (^0) , 31

  1. 000

  2. 500 5 1 5

= ⇒ ⇒

t =

R

m C (3)

Onde: m é o quociente entre custo histórico e contribuição total à receita líquida esperada; C é o custo do ativo menos o valor residual; e, Rt é a contribuição à receita esperada por ano ( t ), durante a vida útil do ativo. Aplicando-se a fórmula ao exemplo se obtém o índice de 0,31. Dessa forma, a depreciação anual pode ser determinada pela fórmula 4:

Dt = mR t (4)

Onde Dt é a depreciação atribuída a cada ano t.

Na tabela 3, a seguir, apresentam-se os cálculos e os valores da depreciação para os períodos. Ainda, percebe-se que com essa forma de cálculo, a depreciação passa a ser variável dentro do tempo, ou seja, pode ter diferentes valores para períodos distintos. Em períodos nos quais não há receita não haverá alocação de custos de depreciação por esse método.

Ainda na tabela 4, apresentam-se os cálculos da depreciação para cada um dos 5 períodos. Percebe-se, desde já, que esse método também ignora a existência de sazonalidade no volume de produção, ou seja, apesar de não ser linear, o valor da depreciação é alocada ao período, independentemente da quantidade produzida. Nota-se que, nesse caso, ao final do último período, permanece no saldo do ativo exatamente o valor residual. Esse método se enquadra na categoria de depreciação acelerada, uma vez que as parcelas iniciais são maiores que as finais. Um fator limitante desse método encontra-se na determinação do valor residual, uma vez que é item primordial para o estabelecimento da taxa de depreciação. Se, por exemplo, o ativo não possuir valor residual, ao final da sua vida útil, a taxa de depreciação para o primeiro ano seria de 100%, impossibilitando a aplicação do método em tais casos.

3.5 Método da taxa dupla

Nesse método, normalmente, aplica-se uma taxa que corresponde, na maioria das vezes, a aproximadamente o dobro da taxa aplicada no método de linha reta. O objetivo desse novo método é apropriar um valor de depreciação maior no início da vida útil do ativo e não no final. Configura-se, também, como um método de depreciação acelerada. Segundo Stickney e Weil (2001), o número de períodos que receberá a taxa dupla não é fixo, sendo determinado pela empresa. Para os períodos finais, a taxa a ser utilizada é a determinada pelo método da linha reta. Os autores indicam como ponto de ruptura, entre a utilização de uma taxa e a outra, o momento em que o método da taxa dupla produzir um valor de depreciação menor que o fornecido pelo método da linha reta. Para calcular o valor da depreciação pelo método de linha reta, nesse caso, calcula-se a cada novo período: valor contábil líquido (coluna A da tabela 5, a seguir) menos o valor residual estimado (500), dividido pela quantidade de períodos estimados restantes. A seguir, na tabela 5 (coluna F), apresentam-se os valores da depreciação anual durante o período de vida útil do ativo. Observa-se que, a partir do quarto ano, a depreciação linear é maior que a de taxa dupla. Então, a partir desse ponto, é abandonada a taxa dupla e passa-se a utilizar a taxa linear. Percebe-se que esse método, igualmente, tem a vantagem de promover a depreciação acelerada nos primeiros anos de vida do ativo, mesmo que o valor das últimas parcelas seja igual. Entretanto, a determinação dessa taxa como sendo o dobro da taxa do método linear e o fato de o ponto de ruptura se situar entre um sistema e outro, é arbitrado sem nenhuma base lógica. Esse procedimento pode ser questionado ou até mesmo revisto para aplicações práticas.

Tabela 5 – Depreciação pelo método da taxa dupla Início do Ano

Custo Aquisição

(A) Valor contábil líquido

(B) Taxa de depreciação

(C) Depreciação anual - Taxa Dupla

(D) Valor contábil líquido

(E) Depreciação Anual Linha Reta

(F) Depreciação por período

1 16.000 16.000 0,4 6.400 15.500 3.100 6. 2 16.000 9.600 0,4 3.840 9.100 2.275 3. 3 16.000 5.760 0,4 2.304 5.260 1.753 2. 4 16.000 3.456 0,4 1.382 2.956 1.478 1. 5 16.000 1.978 0,4 829 1.478 1.478 1. 6 16.000 500 15. Fonte: Adaptado de Stickney e Weil (2001, p. 399)

Na tabela 5, as colunas contêm: Coluna A = Custo aquisição – depreciação acumulada; Coluna B = dobro da taxa linear = (100%/5 anos = 0,2) X 2 = 0,4; Coluna C = Coluna B X Coluna C; Coluna D = (Custo de aquisição – Valor residual) – Depreciação acumulada; Coluna E = Coluna D ÷ Vida útil residual; Coluna F = Depreciação a ser considerada, ou seja, para os primeiros 3 períodos pela taxa dupla e para os 2 períodos restantes a taxa linear.

3.6 Método da soma dos dígitos dos anos

O método da soma dos dígitos dos anos é sugerido por Stickney e Weil (2001), e consiste na determinação de uma taxa estipulada e calculada a partir de uma fração (coluna D da tabela 6) decrescente dentro do tempo de vida útil residual. Essa fração pode ser determinada pela fórmula 6, conforme demonstrado no cálculo da taxa do primeiro ano:

n n

VR

T (6)

Nesse caso tem-se: T como a taxa calculada para cada período; VR como vida útil residual estimada; e, n representando os períodos residuais durante os quais o bem ainda será utilizado. Na tabela 6, apresentam-se as frações, as taxas e o valor da depreciação para os períodos.

Tabela 6 – Depreciação pelo método da soma dos dígitos

Período

Custo Líquido (custo – valor residual)

Vida útil residual estimada

Fração Taxa aplicada

Depreciação no período

1 15.500 5 5/15 0,33 5. 2 15.500 4 4/15 0,27 4. 3 15.500 3 3/15 0,20 3. 4 15.500 2 2/15 0,13 2. 5 15.500 1 1/15 0,07 1. Total 0 15.

Esse método apresenta-se como uma alocação decrescente da depreciação a ser computada. Igualmente, é favorável para casos em que o ativo sofrerá maior desgaste nos primeiros anos de sua vida estimada, uma vez que se caracteriza como depreciação acelerada.

3.7 Método da depreciação crescente

Segundo Anthony e Govindarajan (2002), por esse método o cálculo da lucratividade mostra o valor econômico agregado (EVA) e o retorno do investimento correto. Isso porque o valor da depreciação conjuga-se como a recuperação do investimento implícita ao cálculo do valor presente. Esse método difere dos demais porque ele retorna um valor baixo de depreciação nos anos em que o investimento é alto e aumenta gradativamente conforme o valor do investimento diminui. Dessa forma a taxa de retorno permanece constante. Observando-se a tabela 7, a seguir, percebe-se que, nesse caso, o ingresso de caixa e o EVA são constantes. Contudo, existem equações que permitem o cálculo quando os ingressos de caixa são diferentes, ou até mesmo decrescentes (ANTHONY e GOVINDARAJAN, 2002). Uma característica que acompanha esse método é a de que ele também tende a seguir a

métodos em antecipar a despesa com depreciação, alocando valores maiores nos primeiros períodos e menores ao final da vida útil. Autores como Hendriksen e Van Breda (1999) defendem essa opção porque nos últimos períodos há uma tendência dos custos com manutenção e reparos crescerem. Dessa forma, os custos totais tendem a ser mais estáveis.

500

1 2 Per í o d o 3 4 5 Linha reta Linha reta baseada na produção Saldo declinante ou decrescente Taxa dupla Soma dos dígitos Depreciação crescente Contribuição à receita líquida

Figura 1 – Resumo comparativo entre métodos de depreciação

Ainda conforme o gráfico da figura 1, ressalta-se o fato de que os resultados (lucro) variam inversamente proporcionais ao valor da depreciação. Ou seja, quanto maior o valor da depreciação, menor o lucro. Assim, os métodos de depreciação de parcelas crescentes influenciam o lucro decrescentemente; os métodos de parcelas decrescentes influenciam o lucro de forma crescente; o método de parcelas variáveis, de forma variável, porém inversamente e o método de linha reta não influencia o lucro. Quanto às parcelas no tempo, elas podem ser fixas ou variáveis. As fixas, como já se subentende, são iguais em todos os períodos. Já, as variáveis, se dividem em três tipos distintos:

  • variável aleatório – pode variar tanto para mais quanto para menos entre os períodos, conforme variações de produção ou receita;
  • variável decrescente – as parcelas são maiores nos primeiros períodos que nos últimos. Estas são as da depreciação acelerada;
  • variável crescente – as parcelas são menores nos primeiros períodos e vão aumentando ano a ano. Na tabela 7, apresentam-se as principais características dos métodos mencionados.

Tabela 9 – Características dos métodos Período/ método

Linha reta Linha reta baseada na produção

Contri- buição à receita líquida

Saldo declinante ou decres- cente

Taxa dupla

Soma dos dígitos

Crescente

Sazonalidade na produção Ignora^ Considera^ Considera^ Ignora^ Ignora^ Ignora^ Considera Valor das parce- las no tempo Fixo^ Variável^ Variável^

Decres- cente

Decres- cente

Decres- cente Crescente Depreciação acelerada? Não^ Sim^ Não^ Sim^ Sim^ Sim^ Não

Como se pode notar na tabela 7, os sete métodos apresentados possuem características que fazem com que se assemelhem a alguns e se diferenciem de outros. Existem métodos que consideram a sazonalidade, ou seja, se a produção reduz, o custo com depreciação também diminui. O método de linha reta, que proporciona parcelas fixas, tem a vantagem de propiciar o cálculo mais simplificado de todos os métodos abordados. Além disso, ele envolve somente um cálculo, já que, ao calcular a primeira parcela, já se tem o valor de todas as demais. Os métodos que consideram a sazonalidade podem oferecer alguma vantagem para empresas que possuem variações nos volumes produzidos. Dessa forma, o custo da depreciação tende a acompanhar mais proximamente a utilização real do ativo. Já empresas que possuem ativos com grande risco obsolescência num prazo mais longo podem obter vantagem, ao utilizar algum dos métodos de depreciação acelerada. Isso, torna-se possível caso o ativo entre em obsolescência no final do período uma parte maior dos custos já tenha sido apropriada. Outro enfoque da depreciação acelerada diz respeito ao aumento na manutenção e reparos nos períodos finais da vida útil. Assim, o valor da depreciação é decrescente, enquanto o valor da manutenção e reparos tende a ser crescente, o que acaba por possibilitar custos totais de depreciação, manutenção e reparos mais estáveis. No caso da depreciação crescente, já se tem um enfoque mais específico, que prima pela correta demonstração do EVA e do retorno sobre o investimento. Conforme o valor do ativo diminui, o valor exigido como encargos (retorno do investimento) também diminui. Como a depreciação vai aumentando gradativamente de um período para outro, os índices EVA e de lucro tendem a se manterem mais estáveis. Contudo, para Lowe (1963) e Hendriksen e Van Breda (1999), todos os métodos de depreciação são subjetivos estão sujeitos a críticas, pois todos requerem decisões arbitrárias e estimativas. Dessa forma, não foi identificada, na literatura, nenhuma forma de depreciação que seja melhor ou mais apropriada que outra. Autores como Landen et al (1979), Hendriksen e Van Breda (1999) e Johnson (1968), em suas considerações sobre o assunto, concluem que a escolha de um método vai depender do objetivo da informação que se pretende. No caso da contabilidade gerencial é necessário levar em conta, principalmente, a utilidade e a materialidade da informação. Johnson (1968, p. 36) enfatiza que mais importante que respeitar a objetividade, a comparabilidade e a consistência, é o objetivo da própria contabilidade, ou seja, para o que servirá a informação gerada, mesmo que para atender essa necessidade, seja necessário abandonar o custo histórico e utilizar o valor de mercado, de reposição ou algum outro conceito. Como se pode perceber, a utilização de um método de depreciação – seja um dos modelos abordados neste estudo ou não – em detrimento de outro depende exclusivamente da sua utilidade. A necessidade de estudos antes de se optar por um método é eminente. A empresa, portanto, deve tentar adotar o método que propicia informações mais adequadas às decisões dos seus gestores.

4 Conclusão

A depreciação possui conceitos diferentes para a contabilidade e a economia. Para a economia, ela é tratada como um fluxo de caixa futuro, trazido a valor presente, sendo desprezadas as abordagens que focam a depreciação como custo. Já, para a contabilidade, ela possui três significados distintos: depreciação como um processo de alocação do custo de aquisição do ativo; reconhecimento da perda de valor em um determinado período; fundo de poupança para reposição futura.

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