








Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
síntese do entendimento da doutrina de Santo Tomás a partir de Cornélio Fabro
Tipologia: Resumos
1 / 14
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Prof. Dr. Carlos Frederico Gurgel Calvet da Silveira Universidade Católica de Petrópolis.
A metafísica tomista no século XX encontra em Cornelio Fabro sua figura mais expressiva. Em diálogo com os mais importantes filósofos do pensamento ocidental, e através de rigoroso itinerário, Fabro recuperou a originalidade do pensamento de Santo Tomás, a despeito das sombras lançadas ao longo da histó- ria sobre o tomismo, especialmente em sua própria escola. Essa originalidade consistiu em conceber o ser ( esse ) como ato emergente em relação a todos os atos, diferentemente da fonte aristotélica. O ser manifesta-se assim como funda- mento do agir e do pensar, abrindo novas perspectivas para um dos temas cen- trais da filosofia contemporânea: a questão da liberdade.
A ORIGINALIDADE DE CORNELIO F ABRO
A importância e a atualidade da investigação metafísica de Cornelio Fabro 1 residem em sua aproximação da história da filosofia, especialmente da filosofia contemporânea, no intuito de levar o tomismo a um diálogo que não consista apenas em justapor teses mais ou menos compatíveis, mas sobretudo em uma síntese a partir da lógica interna da filosofia do Doutor Angélico. Em prefácio à última edição da obra Introduzione al pensiero di San Tommaso de Fabro, o Pe. Cotier 2 ressalta a importância dessa aproximação mas não se limi- ta a ela, pois indica também o ponto central da metafísica que guiou a investiga- ção filosófica do nosso autor. Em primeiro lugar, a descoberta da doutrina do actus essendi como contribuição original de Santo Tomás à filosofia; e, a partir daí,
Publicado em Synesis , Ano II, n°.1, Jan.-Jun. (2005), pp. 35-45. (^1) O Pe. Cornelio Fabro nasceu na cidade Flumignano (Itália) em 1911 e faleceu em 1995, em
Roma. (^2) COTIER, Georges. Prefazione , in: FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso , p. 6:
Prendendo, come punto di partenza del confronto che ci propone, la dottrina della com- posizione degli esseri creati in essenza e actus essendi, ha avuto l intuizione che questa dottrina era veramente al cuore della delucidazione metafisica del reale e che segnava l insieme dei problemi riscontrati dalla filosofia. Al contrario, la sua disconoscenza o il suo rigetto conduce- vano in un vicolo cieco.
as atitudes relativas a essa intuição tomista, ou seja, a sua aceitação e desenvolvi- mento na escola tomista; e, por fim, a negação e o abandono dessa originalidade. Por sua vez, a originalidade da pesquisa de Fabro consistiu em saber conju- gar a mais moderna atitude hermenêutica, típica do historicismo contemporâneo, e a atitude especulativa metafísica, ontológica, que perscruta a realidade e a toma como método de investigação. Foi isso que garantiu a Fabro a possibilidade de interpretar o pensamento genuíno de Santo Tomás e sobretudo de dar algumas respostas e pistas para a solução de questões filosóficas contemporâneas, como a questão da liberdade.
O ITER FILOSÓFICO DE FABRO
A tese central de interpretação do pensamento de Santo Tomás pode ser mais bem entendida excluindo duas hipóteses que, embora imprecisas, não estão ausentes na história do tomismo. São elas: a tendência a considerar o tomismo como mero aristotelismo; e a postura que defende que Santo Tomás procurou realizar uma síntese entre elementos inconciliáveis, que seriam a filosofia de Pla- tão e de Aristóteles. Ao contrário, defende Cornelio Fabro, o tomismo é verda- deira síntese entre aristotelismo e platonismo, justamente porque Tomás de- monstrou que os princípios da tradição platônica só se sustentam na base da me- tafísica aristotélica. Essa tese foi amadurecida por Fabro ao longo de décadas de pesquisa, que teve seu marco inicial na obra de 1939, La nozione metafisica di partecipazione secondo San Tommaso , e se desenvolveu em três fases fundamentais: primeira fase: a pri- meira interpretação do esse 3 tomista; segunda fase: a hermenêutica do esse ; terceira fase: a emergência do esse como originalidade tomista. Essas três fases são marca- das, respectivamente, pelas obras: La nozione metafisica di partecipazione secondo S. Tommaso, de 1939; Neotomismo e suarezismo , 1941; Participation et causalité , 1960. 4
(^3) Conservaremos, na medida do possível, a terminologia de Santo Tomás, por insistência do
próprio Fabro: esse , ser (evitando-se a expressão 'existência'). (^4) A produção científica de Fabro é ingente. Além das obras citadas, vale citar um conjunto de
obras que são de suma importância para o estudo da filosofia e para a história do tomismo contemporâneo: Introduzione all´esistenzialismo, 1943; Tra Kierkegaard e Marx , 1953; Dio, 1953; L´assoluto nel esistenzialismo , 1953; L´anima , 1955; Dall´essere all´esistente, 1957; L´uomo e il rischio di Dio , 1967; Fenomenologia della Percezione , 1961; Percezione e pensiero, 1962; Introduzione all´ateismo
própria escola. Cornelio Fabro identifica momentos de ruptura ou de obscureci- mento da descoberta original do tomismo primeiramente logo após a morte do Doutor Angélico, e depois, já como conseqüência ulterior desse primeiro perío- do, na escolástica do Renascimento. A essas rupturas Cornelio Fabro dá o nome de flexões , distanciamentos que permanecem na própria escola; são os próprios tomistas que manifestam, em relação ao tema do ser, uma atitude antitomista. A origem remota do obscurecimento do ser no tomismo é identificada com a figura de um suposto discípulo de Santo Tomás, Egídio Romano, arcebis- po de Bourges, filósofo e teólogo e primeiro mestre agostiniano na Universidade de Paris. Sua importância para a história do tomismo é incomparável, não so- mente porque se trata de autoridade eclesiástica, mas sobretudo porque, segundo testemunhos históricos, foi aluno de Santo Tomás em Paris, de 1269 a 1272. Em polêmica com Henrique de Gand, Egídio está convencido, com Santo Tomás que há distinção real entre essência e ser nas criaturas. Considerado inicialmente um grande expoente do tomismo nascente, na verdade, sua atitude é ambígua. Essa ambigüidade é, por um lado, fruto da própria tendência agostinista de seu pensamento e, por outro, da polêmica que travou com Henrique de Gand na de- fesa do tomismo. Nessa defesa, usando terminologia própria e, às vezes, tiradas de seu opositor ( esse essentiae ; esse existentiae ) gera um distanciamento da filosofia original de Santo Tomás, considerado a primeira flexão do tomismo, que terá gra- ves conseqüências na Segunda Escolástica (séculos XVI-XVIII). E, na Segunda Escolástica, verifica-se a segunda flexão do tomismo. To- más de Vio, Cardeal Caetano, OP, +1534 é a figura mais influente do tomismo do Renascimento. Suas posturas resumem o espírito de toda a época. Entretanto, Caetano deve ser considerado um tomista aristotelizante , ou seja, um tomista que procura fazer exegese tomista sempre à luz de Aristóteles, afastando-se portanto da originalidade do Doutor Angélico, especialmente no que tange ao ser. Duvida até mesmo das provas da imortalidade da alma: talvez apenas pela fé possamos chegar a tal sentença. Sua tendência formalística e altamente sistemática toma o lugar da sobriedade original do texto tomista. Fabro não exime de responsabilidade neste caso nem mesmo João de San- to Tomás:
É na linha desse essencialismo, que logo dominará o desenvolvi- mento do tomismo, que João de Santo Tomás (o comentador mais brilhante e admirado pelos neotomistas, entre os quais Maritain)
não põe mais como constitutivo formal da essência divina, como Santo Tomás, no ipsum esse.^5
E cita o texto do próprio Comentador, que disserta sobre a essência de Deus de modo claramente essencialista:
Est solum intellectualitas in actu puro, quae est ipsum intelligere [...], quod est actus ultimus [...], ita quod in illa natura [divina] prin- cipium et operatio formaliter coincidant, sicut in persona divina suppositum et relatio. Unde quando dicimus quod in Deo natura est principium, non intelligitur principium prout ordinatur ad actum se- cundum, sed prout est ipsemet actus secundus, idest principium in actu puro, seu in actu ultimo, in quo idem est formalissime princi- pium et terminus, primum et ultimum, alpha et omega.^6
Feitas essas breves considerações, não é de admirar que os tomistas dos séculos XV-XVII tenham deixado de lado a distinção real entre essência e ser , seguindo a tendência de Egídio Romano (embora ainda mais distantes do tomis- mo original do que este), em favor de uma distinção (real ou de razão) entre es- sência e existência. É a segunda flexão do tomismo, na expressão de Cornélio Fa- bro.
Exposto o iter , importa evidenciar o saldo da pesquisa de Fabro em função de sua elucidação do que poderia ser chamado de um tomismo essencial. Para tal, selecionaremos algumas das teses elaboradas pelo autor na tentativa de atualizar o
(^5) "È nella linea di quseto essenzialismo, che bem presto finirà per dominare lo sviluppo del
tomismo, che Giovanni di san Tommaso (il commentatore più brillante e ammirato dai neo- tomisti, tra i quali Jacques Maritain) non pone più il costitutivo formale della divina essenza, come san Tommaso, nello ipsum esse... " FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso , p. 269. (^6) É somente intelectualidade em ato puro, que é o próprio entender (...), que é ato último; de
fato naquela natureza (divina) coincidem formalmente o princípio e a operação, assim como na pessoa divina coincidem o suposto e a relação. Donde, quando dizemos que em Deus a natu- reza é princípio, não se entende que o princípio se ordene ao ato segundo, mas é ele mesmo ato segundo, isto é, princípio em ato puro, ou em ato último, no qual o mesmo é formalissima- mente princípio e termo, primeiro e último, alfa e ômega. JOÃO DE SANTO TOMÁS. Cusus Theologicus , q. XIV, d. XVI, a. 2: apud FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso , p. 269-70.
V. Enquanto, pois, no pensamento clássico, o ato indica a essência e a forma, a qual não tem origem e constitui o esse próprio e primei- ro dos entes materiais e também dos inteligentes e inteligíveis, no pensamento tomista, o ato pertence primeiramente e sobretudo ao esse , assim que toda forma (essência, perfeição) tem tanto mais atua- lidade quanto mais participa do esse.^10
Em gnosiologia, a crítica de Fabro dirige-se à redução imanentista do ser ao pensamento, realizada na filosofia moderna a partir do cogito cartesiano que, passando por Spinoza, e especialmente por Kant, chega à sua expressão plena em Hegel, onde a própria Lógica se identifica com a Metafísica. A tentativa de alguns filósofos contemporâneos de superar os impasses do Idealismo hegeliano, como Kierkegaard ou Heidegger, às vezes recorrendo ao próprio Parmênides, mostra- se insuficiente, pois o ponto de partida do cogito cartesiano não teria sido ainda superado. Isto tem levado a Metafísica ao niilismo, identificado por Heidegger na obra de Nietzsche. 11
XII. A apreensão do ens é portanto um primus que é ao mesmo tem- po inicial e constitutivo, é o objeto como iluminante transcendental: portanto, a rigor, não se pode dizer, em sentido próprio, isto é, de- terminado, objeto, embora objetivante transcendental. Somente Sto Tomás não ainda Parmênides, que abriu o caminho; nem Hegel, que o fechou; nem Rosmini, que unificou no ente ideal o real e o
materiale che spirituale, si dice ente come ciò che há l' esse per partecipazione." FABRO, Corne- lio. Introduzione a San Tommaso , p. 158. (^10) V. Mentre, quindi, nel pensiero classico l'atto indica l'essenza e la forma, la quale non ha
origine e costituisce l' esse proprio e primo degli enti materiali e anche di quelli intelligenti e in- telligibili, nel pensiero tomista l'atto dell'operare è per partecipazione dell'atto di esse, quale atto primo della sostanza. FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso , p. 159. (^11) À guisa de ilustração, vale a pena citar a seguinte passagem da monumental análise de Hei-
degger sobre a metafísica de Niestzsche, como expressão do fim da própria metafísica ociden- tal: Le nihilisme n'est pas pour Nietzsche une Weltanschauung Qui surgirait à un moment et en un lieu quelconques, mais il est le caractère fondamental de l'événement [Geschehen, ce qui se produit] dans l'histoire ocidentale. Même là, et précisément là, où le nihilisme n'est pas for- mulé en tant que doctrine ou revendication, mais où c'est apparemment son contraire Qui s'affirme, le nihilisme est à l'oeuvre. HEIDEGGER, Martin. Nietzsche , I, p. 32.
possível; nem Heidegger, que o destruiu afirmou a prioridade cognoscitiva (especulativa) fundante do plexo ens-esse.^12
Sobre a natureza e as ciências naturais, a metafísica tomista, ao contrário do que precipitadamente se diz, mostra-se fecunda tanto no diálogo com os cien- tistas quanto na composição das teorias científicas e os princípios fundamentais da cosmologia filosófica clássica. Embora as críticas devam ser consideradas tan- to de um lado quanto de outro, hoje, as ciências podem receber grande auxílio da reflexão metafísica. O juízo de Fabro sobre a ciência moderna pode surpreender, mas se entendido no seu exato sentido, evidenciará um problema de fundo da ciência moderna que tem influenciado enormemente as próprias reflexões filosó- ficas dos últimos séculos: o platonismo de suas premissas.
XXV. A metafísica da participação pode encontrar ( per analogiam ) a física e a biologia modernas. De fato, no horizonte metafísico pró- prio do tomismo, a matéria não é entendida no sentido matemati- zado do platonismo. Sentido este que foi retomado pela primeira ciência moderna (Galileu, Descartes...) mecanicista, e indiretamente (dentro da exigência da verdade-certeza: Heidegger) também pela fi- losofia moderna (ao menos a partir de Kant...), assim como em to- das as variações do imanentismo moderno e contemporâneo. A ma- téria na realidade corpórea não é o todo , mas a parte potencial positiva e não negativa; Aristóteles declara que ela é de todo incog- noscível. Para Santo Tomás, ao contrário, em virtude da criação, ela é demonstrável com a noção de participação: a matéria participa do ente e tem a seu modo, isto é, por referência à sua forma, a sua idéia em Deus. Assim, é resgatada e subtraída do esvaziamento de reali- dade da matematização (Platão, Galileu...), a positividade de toda a realidade física da matéria. 13
(^12) "XII. L'appreensione dell' ens è quindi un prius che è iniziale e costitutivo insieme, ossia è og-
getto come illuminante trascendentale : quindi, a rigore, non può dirsi in senso proprio, cioè deter- minato, oggetto, bensì oggetivante trascendentale.. Solo san Tommaso - non ancora Parmeni- de, che há aperto la via; non Hegel, che l'há chiusa; non Rosmini, che há unificato nell'"ente ideale" il reale e il possibile; non Heidegger, che l'ha distrrutta - ha afferrato la priorità conosci- tiva (speculativa) fondante del plesso di ens-esse. (...)"FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tom- maso , p. 161. (^13) "XXV. La metafisica della partecipazione può incontrare ( per analogiam ) la fisica e la biologia
moderna. Infatti in quell'orizonte metafisico, ch'è proprio del tomismo, la materia non è intesa
A grandeza da antropologia tomista tem seu fundamento justamente nas premissas metafísicas até aqui enunciadas. De fato, o tema do homem apresenta- se como coroamento de todo esse processo investigativo. O mistério do corpo humano: o ser pensante parece incapaz de dar razão de sua dimensão corpórea. É na matéria [prima] como princípio do ente material que se encontra o caminho para um dos problemas mais complexos da filosofia ocidental: sem paralelismos, dualismos, ocasionalismos, materialismos ou espiri- tualismos, Fabro mostra-nos que Santo Tomás, Doctor Humanitatis , soube ver na precariedade da matéria a delicadeza da criação participativa, que abre ao homem a grandeza do Absoluto a partir da própria limitação extrema da matéria , e a conseqüente multiplicidade de perfeições, que apontam para a inefabilidade do Criador.
XLVI. A existência das coisas materiais, ou seja, o durar no tempo, depende da duração e do modo de durar da união do sínolo de ma- téria e forma; e assim vale para o homem mesmo na sua existência corpórea. Como espírito, a alma humana é incorruptível: de fato o ser, o modo de ser, é revelado pelo agir, isto é, pelo modo de agir. Ora, a alma conhece o verdadeiro em si e tende ao bem em si, per- feito e sem limites: daí a sede insaciável de saber e de felicidade. As- sim, a alma no conhecer e no querer atinge o absoluto e não depen- de do corpo, nem pára nas realidades materiais, e sim aspira à ciên- cia e ao conhecimento perfeito e à felicidade última. Esta emergên- cia ou independência no agir revela a independência no ser, de mo- do que o esse ( actus essendi ) não pertence ao composto, mas propria- mente à alma intelectiva como forma em si subsistente (a alma sub- siste no próprio esse , que é comunicado ao corpo e que o retoma pa- ra si quando o corpo, com a morte, cessa de existir ). À forma es- piritual o esse (como actus essendi ) adere imediatamente e por isso in- cindivelmente: assim a alma humana é imortal. 15
(^15) "XLVI. L'esistenza delle cose materiali, ossia il durare nel tempo, dipende dalla durata e dal
modo didurare dell'unione del sinolo di materia e forma; e così vale per l'uomo stesso nella sua esistenza corporea. Come spirito, l'anima conosce il vero in sé e tende al bene in sé, perfetto e senza limiti: di Qui la sete insaziata di sapere e di felicità. Così l'anima nel conoscere e nel vole- re attinge l'assoluto e non dipende dal corpo né si ferma alle realtà materiali, bensì aspira alla scienza e alla conoscenza perfetta e alla felicità ultima. Questa emergenza o indipendenza nell- 'operare rivela l'indipendenza nell'essere, in modo che l' esse ( actus essendi ), non appartiene al
A luta pela liberdade que caracteriza o homem moderno tem encontrado apoio indiscutível na filosofia. Mas importa saber que filosofia tem iluminado o homem nessa busca. Fabro sublinha dois elementos importantes: a necessidade, no âmbito do pensamento cristão, de uma nova reflexão sobre a liberdade e a identificação do caminho percorrido até aqui pela filosofia moderna. Neste últi- mo caso, o princípio de imanência, aludido acima na tese XII, domina o hori- zonte reflexivo 16. Embora se possa reconhecer certo progresso nessa investiga- ção, o princípio citado mostra-se como impedimento para uma teoria da liberda- de que não seja excludente, já que a imanência metafísica, ao libertar o homem dos compromissos com o transcendente, tira-lhe a possibilidade do mistério as- sim como os fundamentos da liberdade, da vida social e política. O princípio de imanência leva à criação de "sistemas" fechados, projeto de salvação humana cla-
composto ma in proprio all'anima intellettiva come forma in sé sussistente (l'anima sussiste nel proprio esse , che comunica al corpo e che riprende in sé quando il corpo com la morte cessa di "esistere"). Alla forma spirituale l' esse (come actus essendi ) aderisce immediatamente e perciò ins- cindibilmente: così l'anima umana è immortale." FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso , p. 179. (^16) O princípio de imanência ganha sua formulação metafísica com Spinoza, que vai influenciar
toda a filosofia subseqüente, especialmente a filosofia alemã do século XIX. Toda a Ethica do filósofo judeu está fundada em um princípio básico que ele mesmo enuncia na primeira parte da obra: "Deus é causa imanente de todas as coisas e não transitiva" ( Ethica , I, p. XVIII. O texto latino: " Deus est omnium rerum causa immanens, non vero transiens "). Deixando de lado neste momento a questão hermenêutica do famoso princípio, o fato é que toda a Modernidade, de um modo ou de outro, encontrou nesta proposição spinozista a caraterização do seu tempo, isto é, o tempo da imanência. O trabalho de um comentador de Spinoza, Yovel, parece deter- minante e definitivo para que se possa entender esse princípio e essa influência, especialmente na obra Spinoza and Other Heretics , quando, na segunda parte, identifica esse imanentismo spino- zista nos principais autores modernos, como Kant, Hegel, Nietzsche e até Freud. Yovel afirma que, depois de Spinoza, a imanência é o horizonte total do ser, fonte única da ética e da políti- ca, e que o reconhecimento disso é condição prévia para a emancipação do homem. O próprio comentador admite níveis de compreensão desse princípio na história da filosofia moderna: 1. "a imanência é o horizonte único e global do ser", o que poderíamos chamar de imanência metafísica e gnosiológica; 2. "é igualmente a única fonte de valor e normatividade", imanência ética; 3. "integrar o reconhecimento disso em sua vida é o prelúdio e a condição prévia de toda libertação e emancipação do homem", a imanência política e religiosa. Cf. YOVEL, Y. Spinoza et autres hérétiques, Seuil, Paris 1989, p. 271.
Para o tomismo, o homem enquanto tal, na medida em que é espírito, é sujeito livre, o que não significa que ele possa cumprir o bem sem o conhecer. Embora essa liberdade, em certo sentido, seja anterior (pois é ato) ao pensar e ao querer, a decisão livre da vontade recebe sua orientação do intelecto. Ora, é aqui que se situa a delicada questão da liberdade, que tem no intelecto sua raiz, sempre que se considere que este também é fundado e não fundante. Essa necessidade de fundamento para o intelecto, embora indique a insuficiência da condição hu- mana, abre o espírito para a dinâmica da participação no ser, neste caso na ordem operativa, e para uma nova dimensão de sua liberdade. O ser em contraste com o devir, com o mero aparecer, com o pensamen- to, com o que deve ser, porque ainda não se realizou, mostra-se como fundamen- to, como algo estável: " Permanecer, constante igualdade, existência, o estar diante são se- mantemas que dizem a mesma coisa, presença estável : ón como ousía e o homem, privado de fundamento absoluto no Absoluto e de toda esperança de salvação do mal, está condenado a viver a aventura da sua vida como um fenômeno, isto é, como uma sombra." 18 É nessa mesma linha de pensamento que a Fides et Ratio cita, em clara alu- são a esta metafísica, a "filosofia do ser"^19 , isto é, a filosofia de Santo Tomás, tal como ela foi interpretada por Fabro.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CORETH, Emerich et alii. La Filosofia Cristiana nei secoli X IX e X X ; II: Ritorno all'eredità scolastica. Roma: Città Nuova Editrice, 1994. ELDERS, Leo J. La Metafisica dell'essere di San Tommaso d'A quino in una prospettiva storica. V. I , Cidade do Vaticano: Lib. Edit. Vaticana, 1995. FABRO, Cornelio. Introduzione a San Tommaso ; La metafisica tomista & il pensiero moderno. Milão: Ares, 1997. ____. Riflessioni sulla libertà. Rimini: Maggioli, 1983. HEIDEGGER, Martin. Nietzsche. Paris: Gallimard, 1984. JOÃO PAULO II. Fides et Ratio. São Paulo: Loyola, 1998.
(^18) ID. IBID., p. 314: "Permanere, costante egualianza, l'esistenza, lo star davant i sono semantemi i
quali dicono tutti la stessa cosa, stabile presenza : on come ousia e l'uomo, ogni uomo così privo di un fon- damento assoluto nell'A ssoluto e di ogni speranza nella salvezza dal male è condannato a vvere l'avventura della sua vita come un fenomeno, cioè come un'ombra". (^19) Por exemplo, nos parágrafos 48 e 97.
PANGALLO, Mario. L essere come atto nel tomismo essenziale di Cornelio Fabro. Cid. do Vaticano: L. Ed. Vaticana, 1987. PROUVOST, Géry. Thomas d A quin et les thomistes. Paris: Du Cerf, 1996. YOVEL, Yirmiahu. Spinoza et autres hérétiques, Seuil, Paris 1989, p. 271.