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Contribuições da Psicanálise para a Educação O Grupo como ..., Slides de Psicanálise

Contribuições da Psicanálise para a Educação: o grupo como sujeito da criação. 2008. f. Dissertação (mestrado). Instituto de Psicologia,. Universidade de São ...

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
FLÁVIA BLAY LEVISKY
Contribuições da Psicanálise para a Educação
O Grupo como sujeito da criação
Fotografia de Arnaldo Pappalardo, 2002.
São Paulo
2008
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

FLÁVIA BLAY LEVISKY

Contribuições da Psicanálise para a Educação

O Grupo como sujeito da criação

Fotografia de Arnaldo Pappalardo, 2002.

São Paulo

FLÁVIA BLAY LEVISKY

Contribuições da Psicanálise para a Educação

O Grupo como sujeito da criação

Dissertação apresentada ao Instituto de Psicologiada Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Psicologia.

Área de Concentração: Psicologia Social Orientador: Prof. Dr. Nelson da Silva Junior

São Paulo

FOLHA DE APROVAÇÃO

Flávia Blay Levisky Contribuições da Psicanálise para a Educação: O Grupo como sujeito da criação

Dissertação apresentada ao Instituto dePsicologia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Psicologia Social

Aprovada em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. : _______________________________________________________ Instituição: _________________ Assinatura: ___________________________

Prof. Dr. : _______________________________________________________ Instituição: _________________ Assinatura: ___________________________

Prof. Dr. : _______________________________________________________ Instituição: _________________ Assinatura: ___________________________

DEDICATÓRIAS

Com a força e a delicadeza de meu olhar dedico esse trabalho

Ao Alex, Companheiro e marido amado, com quem cresço a cada dia e que traz dança à minha vida com sua música pessoal, seu humor sensível e seu pensar reflexivo

Aos meus pais, Ruth e David, que num afeto transbordante tanto me incentivam com seu entusiasmo de viver a vida

Aos meus irmão, Adriana e Ricardo, que sempre presentes me apóiam e me ajudam a crescer

Às minhas queridas sobrinhas, Nina e Lis, que inventam comigo incríveis histórias teatrais e que encantam minha vida com sua personalidade e brilho no olhar

Á amada tia Cecília, Que mesmo ausente continua tão intensamente presente dentro de mim

À todos os profissionais e amigos da Escola Vera Cruz , onde tanto aprendi, cresci e fortes vínculos construí, em especial à: Gláucia Britto Álvares Affonso - amiga, primeira orientadora e colega de trabalho, com quem sempre aprendi muito; Josca Ailine Baroukh - amiga de tantas trocas profissionais e pessoais, de risadas e confidências; Angela de Lima Fontana - amiga e coordenadora que sempre me mobilizou com seu exercício sensível e consistente de autoridade; Irajá Menezes – grande parceiro nos projetos musicais e que muito me influenciou com sua escuta sensível e com seu repertório de canções; à Márcia Lopez - que sempre acreditou em meu potencial e com quem teci ricas reflexões acerca da formação de educadores; à Cristina Maranhão - com quem muito refleti sobre a santa trindade da didática da matemática; à Elisabeth Scatolin; Heitor Fecarotta e Stela Mercadante.

Aos adolescentes, pais e funcionários da Escola Estadual Salvador Moya pela intensa troca e aprendizagem, em especial à: Anabel, Jaqueline, Ricardo, Samara, Rodrigo, Lidiane, Thaís, Jéssica, Denise, Elísia, Walkíria, Yvonette e Maria Helena.

À toda a equipe do Projeto Abrace seu Bairro e a todos das nove escolas que dele participaram, em especial à: Zemanuel Piñero, Nêusa Gallego, Marisa Donatiello, Renata Jesion, Helder Delena, Uirá Fernandéz, Maria Stella Sampaio Leite, Mauro Schames, Neyla Regina França, Paulo Baroukh, David Léo Levisky e Ruth Blay Levisky.

À Madalena Freire , pelo intenso contágio apaixonado ao aprender e ensinar, nas trocas estabelecidas no Espaço pedagógico;

À todos da Recreio Berçário e Educação Infantil, em especial a Isabel Linares e Alcy Linares, onde vivi meus primeiros passos como professora;

À todos do Colégio Bialik , em especial às professoras, professores e funcionários da Educação Infantil com quem aprendo e cresço a cada dia e a todos os colegas, orientadores e diretores do Corpo Técnico, pelo apoio, carinho e incentivo.

À Mirian Celeste Martins pelas contribuições em relação aos textos e ao sensível olhar-pensante ; e a Nalva Gil, Cecília e Elaine do Departamento de Psicologia Social e da Biblioteca do IPUSP, pelos atenciosos serviços.

RESUMO

LEVISKY, F. B. Contribuições da Psicanálise para a Educação: o grupo como sujeito da criação. 2008. f. Dissertação (mestrado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Em pleno século XXI cabe a nós educadores, pensadores da Educação, refletirmossobre novas formas de investimento para a melhoria da qualidade do Ensino. Inúmeras contribuições de naturezas distintas poderiam ser relatadas a fim de contribuir para tal, mas o que proponho nessa investigação é o investimento no que é a essência do humano: o vínculo. Há tempos se sabe sobre a importância das relações interpessoais na constituição do sujeito, mas será que no dia-a-dia dasinstituições educacionais existe, de fato, um investimento efetivo nesse olhar para dentro de si e para o outro? A escola enquanto espaço público, de primazia coletiva, lida cotidianamente com os vínculos no grupo; o mesmo ocorre em tantos outros ambientes educativos, que propõem projetos sociais, artísticos e esportivos para milharesoportunidade de estabelecer um diálogo mais próximo com a psicologia e com a de crianças e jovens de nosso país. Quantos educadores tiveram a psicanálise durante sua formação? Que conhecimentos puderam construir a respeito dos funcionamentos grupais e das possibilidades de manejar os conflitos e resistências que emergem no grupo? Com referência nas idéias de três autores de base psicanalítica - S. Freud, D. W. Winnicott e R. Kaës – relato e analiso duasexperiências vivenciadas em pequenos grupos pertencentes a duas instituições escolares de grande porte. Em A Cortina de Miçangas Musical , compartilho a experiência que vivi como professora, na Escola Vera Cruz. Em A Reabertura da Biblioteca, socializo a e xperiência vivida junto a um grupo de adolescentes, pais e funcionários da Abrace Seu Bairro. Escola Estadual Salvador Moya Que elementos no manejo grupal podem facilitar ou obstaculizar, como coordenadora do Projeto o nascimento de criações coletivas resultantes do encontro das intersubjetividades de seus integrantes? A reflexão - teórica, prática e sensível - é instrumento essencial para que os sons e os ruídos do grupo, possam ser transformados em música; para que o timbre de cada instrumento (indivíduo) possa aparecer sem encobrir o timbredo outro; para que os músicos dessa orquestra (grupo) possam tocar juntos, ora com melodias mais harmônicas, ora com novos padrões tonais. Reflexão esta: sobre os movimentos do educador, dos alunos e do grupo; sobre a maneira com que os vínculos são estabelecidos no coletivo; sobre os papéis e sobre as tarefas de cada um imerso nessa grupalidade; sobre a presença de uma relação horizontal ouhierarquizada entre seus integrantes; sobre o amadurecimento das relações; sobre a função continente que o grupo pode assumir; sobre a existência ou não do sentimento de pertencimento, enfim, sobre a possibilidade do educador construir um olhar clínico e uma escuta sensível-reflexiva, sobre o grupo, de forma que ele, o grupo, possa ser reconhecido como sujeito da criação. PALAVRAS-CHAVE: Psicanálise e educação; Grupos; Criatividade; Subjetividade; Laço social; Ambiente sócio-afetivo de desenvolvimento; Organizações; Formação de professores; Freud, Sigmund, 1856-1939; Winnicott, Donald Woods, 1896-1971; Kaës, René, 1936-.

“Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da moça. Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho contar parece fácil e à mão de todos. Mas sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados apalpar o invisível na própria lama. De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu. Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve, por causa da esvoaçada magreza. E se for triste a minha narrativa? Depois na certa escreverei algo alegre, embora alegre por quê? Porque também sou um homem de hosanas e um dia, quem sabe, cantarei loas que não as dificuldades da nordestina.”^1

A Hora da Estrela (1977) Clarice Lispector

(^1) LISPECTOR, C. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2006.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO – A Força e a Delicadeza do Olhar 12

CAPÍTULO I – O Fotógrafo e a Escolha da Lente 18 I.1. Retratos Pessoais: as trilhas de meu percurso pela Educação em “ Gaveta de guardados” 18 I.2. As Objetivas: do macro ao micro na definição do tema da pesquisa 24

CAPÍTULO II – O Enquadre: objetivos da pesquisa e seus pressupostos teóricos e metodológicos 29 II.1. Da Educação à Psicanálise ou da Psicanálise à Educação? 29 II.2. Sigmund Freud, Donald W. Winnicott e René Kaës 39 II.3. Metodologia 59

CAPÍTULO III – A Imagem que se Revela no Encontro: experiências com grupos na escola 61 III.1. A Cortina de Miçangas Musical: uma experiência com crianças na sala de aula da Escola Vera Cruz 61 III. 2.A Reabertura da Biblioteca: uma experiência com adolescentes, pais e funcionários nas reuniões do Projeto Abrace seu Bairro na Escola Estadual Salvador Moya 77

CAPÍTULO IV – Profundidade de Campo: análise das experiências 127

CAPÍTULO V – O Olho e o Olhar: conclusões 146

BIBLIOGRAFIA 149

INTRODUÇÃO

A Força e a Delicadeza do Olhar

Inicio esta dissertação compartilhando com o leitor os percursos que realizei durante minha trajetória investigativa acerca das contribuições que a psicanálise pode oferecer para a Educação ao se construir um olhar clínico sobre o grupo. Sob a ótica da psicanálise, alicerce teórico e metodológico desta investigação, analiso duas experiências vivenciadas em meu percurso profissional pela Educação, com o intuito de decifrar como a presença de alguns elementos propostos por tal abordagem, pode contribuir para a constituição de grupos onde a criação coletiva possa emergir. A primeira experiência a ser relatada, foi compartilhada com um grupo de crianças do Pré (atual 1º ano do Ensino Fundamental I) da Escola Vera Cruz e com demais profissionais da série que também se envolveram neste trabalho. Eu era a professora do grupo e trabalhei nesta instituição por mais de oito anos de minha vida, assumindo diferentes lugares e funções. A segunda experiência foi vivenciada junto a um grupo de adolescentes, pais e funcionários da Escola Estadual Salvador Moya , onde estive intensamente presente durante um ano de trabalho, como coordenadora do Projeto Abrace Seu Bairro, no bairro do Jabaquara_._ Acho importante enfatizar que além de psicóloga, sou também uma educadora e gostaria de dedicar esta escrita, a todos aqueles que se envolvem com a arte de educar e que de acordo com a especificidade de suas áreas, têm como

objetivo central favorecer a convivência grupal, a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento do indivíduo e sua inserção na sociedade, seja em instituições públicas, privadas, organizações governamentais ou não governamentais. Escrevo, portanto, para professores, orientadores, coordenadores, diretores, psicólogos, políticos, artistas, funcionários, técnicos de diferentes setores que trabalhem em instituições educativas, enfim, a todos os Educadores que vêem um sentido em se relacionar com o outro – sujeito em si, que constrói sua singularidade, a partir do encontro das subjetividades que os rodeiam - e que a partir da construção e do estabelecimento de vínculos, vivem seu papel de eterno aprendiz, onde possam estar presentes o ensinar, o aprender, o errar, a construção e a “desconstrução” de verdades, a existência concomitante de saberes e não saberes, o movimento dialético da história construída no tempo e no espaço e o vazio necessário para a aparição do novo, do imprevisto e do inusitado. Atualmente, na medida em que se garante a ampliação do acesso à Educação para os segmentos da população que há anos atrás estava fora da escola, o grande desafio do século XXI é o investimento na Q ualidade da Educação. Esta qualidade não se relaciona somente à possibilidade da escola apresentar um melhor currículo, ou em poder oferecer mais computadores e recursos tecnológicos à sua comunidade, mas está essencialmente ligada a uma perspectiva de formação em que se privilegia o sujeito e este em sua inserção no coletivo. Nos ambientes educacionais lidamos cotidianamente com grupos, portanto, uma Formação Reflexiva que proponha um diálogo mais aprofundado com a psicologia e com a psicanálise, muito pode contribuir para que o Educador continue a ampliar seu conhecimento sobre o sujeito singular e sobre os movimentos grupais,

importância da construção de um olhar (e de uma escuta) sensível, para mim muitas vezes revelado na arte de fotografar_._ Certa vez, perguntaram-me o que eu gostaria de proporcionar às pessoas ao sistematizar e coletivizar minhas experiências. Nesse momento, fui capturada por uma forte emoção e percebi que era fundamental para mim que a pesquisa acadêmica pudesse abarcar o sensível. Por um bom tempo achei que essa equação não seria possível, mas aos poucos, fui percebendo que poderia sim, reunir informações, analisá-las, interpretá- las, refletir e dialogar sobre elas, com consistência e sensibilidade, articulando e sistematizando o conhecimento teórico ao prático. Fotografar significa escrever com luz (do grego photus=luz e graphia=escrita). Vemos o que está ao nosso alcance, a partir da percepção que temos da transmissão ou da reflexão da luz em nossos olhos. Martins (1993) aponta que olho e olhar na língua portuguesa, muito se assemelham, mas uma distinção se faz bem clara noutras línguas. Em Espanhol, “ojo” se refere ao órgão (olho) e “mirada” ao ato de olhar; em inglês “eye” e “look”; em francês “oeil” e “regarder” e em italiano “occhio” e “sguardo”. Segundo Bosi (1988): [...]creditar ao mero acaso: trata-se de uma percepção, inscrita no Essa marcada diversidade em tantas línguas, não se deve corpo dos idiomas, pela qual se distingue o órgão receptor externo,a que chamamos ‘olho’ e o movimento interno do ser que se põe em busca de informações e de significações, que é propriamente o‘olhar’. Vinculações entre o olhar e o conhecimento, a percepção, a idéia e a imagem, são também evidenciadas no significado das palavras em sua origem latina e grega, conforme aponta Chauí (1988):

[ ] vínculo secreto entre o olhar e o conhecimento. Até mesmoaquela que o designa na filosofia – teoria do conhecimento – pois ‘pode contemplar, examinar, observar, meditar, quando nos voltamos theoria’, ação de ver e contemplar, nasce de ‘ théorein’: o que se para o ‘preceito, visto pelo ‘ théorema’: o que se pode contemplar, regra, o espetáculo e théoros’, o espectador.” A imagem captada pelos olhos, recebe também a influência de nossos outros sentidos, a partir dos sons que podemos escutar; dos aromas que podemos sentir; daquilo que podemos apalpar ou, simbolicamente degustar. E foi a partir desta complexidade do olhar, múltiplo e sensível, que procurei escrever esta dissertação. Inicio meus escritos com O Fotografo e a Escolha da lente onde teço um breve relato autobiográfico em Retratos Pessoais: as trilhas de meu percurso pela Educação em “Gaveta de guardados” , que demonstra como o tema foi sendo construído dentro de mim, muito antes da entrada no mestrado e o quanto e como ele faz parte de minha vida pessoal, profissional e intelectual, ou seja, de minha forma de olhar o mundo. Em As Objetivas 4 : do macro ao micro na definição do tema da pesquisa, apresento minha trajetória durante os anos da pesquisa: os desejos iniciais, as mudanças de trajetória, os novos recortes que foram se configurando a partir das leituras e escolhas realizadas, até a definição do tema. Sigo com O Enquadre: objetivos da pesquisa e seus pressupostos teóricos e metodológicos, onde apresento a concepção de Educação na qual me embaso, bem como algumas importantes contribuições da psicanálise para a Educação, a partir de pensamentos e conceitos propostos por Sigmund Freud ;

(^4) Objetivas - dispositivo ótico composto por um conjunto de lentes utilizado no processo de ajuste de foco da cena a ser fotografada. É responsável pela angulação do enquadre e pela qualidade da imagem. É a interface entre a cena e o filme fotográfico. Existem três tipos de objetivas: as grande-angulares; as normais e as teleobjetivas.

CAPÍTULO I

O Fotógrafo e A Escolha da Lente

I.1. Retratos Pessoais: as trilhas de meu percurso pela Educação em “Gaveta de guardados”

Ao relatar lembranças de minha trajetória pela educação e do percurso profissional relativo à minha história com os grupos, tenho a intenção de possibilitar ao leitor estabelecer o elo entre minhas vivências e a escolha do tema desta pesquisa. A partir deste relato autobiográfico procuro demonstrar como o tema da pesquisa foi sendo construído dentro de mim e o quanto e como ele faz parte de meu modo de olhar o mundo e de minha vida pessoal, profissional e intelectual. Compartilho o meu caminhar por diferentes espaços educativos - escolas públicas e privadas, de grande e pequeno porte, onde participei de intervenções junto a grupos diversos, tanto na formação direta de crianças, como na formação de formadores de crianças, adolescentes e adultos. Trabalhei em diferentes âmbitos e sistemas de educação – formais (em escolas) e não formais (em Projetos Sociais) - ocupando diferentes lugares e funções. Fui auxiliar de sala, professora polivalente, realizei projetos de análise institucional, coordenei grupos em projetos sociais e em escolas, trabalhei com formação de professores e gestores e atualmente, trabalho como psicóloga e orientadora escolar. Acho importante deixar claro que participei de projetos educacionais que não se restringiam à escolarização. A escola e os grupos sempre estiveram presentes

em minha trajetória e também o estão em minha pesquisa, mas não apenas sob a perspectiva escolar e sim sob a perspectiva de uma categoria mais ampla: a Educação. Para iniciar o resgate de minha Gaveta de guardados , elejo compartilhar com o leitor os inúmeros acampamentos que realizei com minha família e amigos durante minha infância. Desde os quatro anos de idade, vivi intensamente a experiência de freqüentar no mês de julho uma mesma Colônia de Férias e, a os quatorze anos passei a ser monitora deste acampamento. Uma experiência inesquecível, permeada de afeto, canções, desafios e conquistas, onde muito aprendi sobre ser e conviver em grupo. Na adolescência ao entrar no “Colegial” - atual Ensino Médio – mudei de escola. Um novo grupo de amigos muito me marcou, pois um forte elemento de interesse comum nos ligava: a música! Viajamos muito para Ubatuba, onde ao som de antigos discos de vinil, ampliei incrivelmente meu repertório musical. Depois veio a faculdade. Fiz Psicologia na PUC-SP e sempre me interessei pelas instituições, pelas aulas e leituras relacionadas ao funcionamento dos sujeitos e dos grupos. Nos anos iniciais da graduação trabalhei numa loja de brinquedos educativos e no quarto ano, iniciei meu percurso pela Educação. Nos últimos anos da faculdade (quarto e quinto), realizei dois estágios curriculares supervisionados, que tiveram importância ímpar em minhas escolhas profissionais futuras: por um ano estive envolvida, junto a mais três colegas, num projeto realizado na Unidade Sampaio Viana da FEBÉM/SP, atualmente desativada, que atendia crianças vitimizadas, entre os zero e os seis anos de idade. Supervisionados pela Profa. Dra. Isabel da Silva Kahn Marin, eu coordenei o grupo de reflexão com a equipe técnica, ou seja, com os psicólogos da instituição e com