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Identidade Pós-Moderna em Textos Dissertativos: Análise de Alunos do Ensino Médio, Notas de estudo de Construção

Um estudo sobre a construção da identidade pós-moderna em textos dissertativos, baseado em uma metodologia qualitativa e análise documental de cinco produções textuais de alunos do ensino médio. O texto discute a questão da identidade e sua crise na pós-modernidade, as consequências dessa crise para a educação e a formação de novas identidades híbridas.

O que você vai aprender

  • Quais são as consequências da crise de identidade na pós-modernidade para a educação?
  • Qual é a construção da identidade pós-moderna analisada no documento?
  • Como as produções textuais de alunos do Ensino Médio contribuem para a análise da identidade pós-moderna?
  • Como as identidades híbridas surgem na era da modernidade tardia?
  • Qual é a importância da análise da identidade pós-moderna em contexto da educação?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Osvaldo_86
Osvaldo_86 🇧🇷

4.5

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220 documentos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES
FABIANA FIALHO
CONSTRUÇÕES DO SUJEITO PÓS-MODERNO EM
PRÁTICAS DE TEXTOS DISSERTATIVOS
GUARABIRA, PB
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES

FABIANA FIALHO

CONSTRUÇÕES DO SUJEITO PÓS-MODERNO EM

PRÁTICAS DE TEXTOS DISSERTATIVOS

GUARABIRA, PB

FABIANA FIALHO

CONSTRUÇÕES DO SUJEITO PÓS-MODERNO EM

PRÁTICAS DE TEXTOS DISSERTATIVOS

Monografia apresentada ao Curso e Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da Universidade Estadual a Paraíba, como um dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Orientador (a): Prof. Dr. Juarez Nogueira Lins

GUARABIRA, PB

Monografia apresentada ao Curso e Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da Universidade Estadual a Paraíba, como um dos requisitos para obtenção do título de Especialista.

O conhecimento como multiplicidade é um fio que ata as obras maiores, tanto do que se vem chamando modernismo quanto do que se vem chamando de pós- modernismo, um fio que – para além de todos os rótulos – gostaria de ver desenrolando-se ao longo do próximo milênio.

Ítalo Calvino (1988)

AGRADECIMENTOS

Ao nosso criador, Deus, fonte de inspiração e razão para que não nos deixamos cair em tentações provenientes de angústias, dúvidas e de desafios impostos pelo cotidiano, seja ético-profissional, social, moral e afetivo.

Ao meu filho, José Arthur, que me faz acreditar que vale a pena viver e lutar por dias melhores. Aos meus pais, presentes em seus ensinamentos e exemplos de coragem para edificar uma família.

Aos demais familiares e amigos.

Ao meu orientador, pela dedicação e competência no desempenho de sua função, a fim de que possamos fazer o melhor não apenas por uma obrigação acadêmica, mas, sobretudo pelo nosso compromisso com a sociedade e crescimento profissional.

Aos professores e funcionários da UEPB, colegas... Enfim, a todos agradeço de coração.

RESUMO

Na pós-modernidade as identidades são instáveis, descentradas e cambiáveis (HALL, 2006). Isso seria o reflexo das mudanças ocorridas, principalmente a partir da segunda metade do século XX. Mudanças de ordem sócio/econômico/cultural que atingiu os sujeitos e as instituições. Afetando por exemplo, a escola e os sujeitos alunos. Em suas produções, esses alunos (as) traduzem os sentimentos de quem vive na contemporaneidade. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo analisar a construção do sujeito pós-moderno em práticas de textos dissertativos, a partir de uma metodologia qualitativa, baseada em fontes teóricas e na análise documental, isto é, na análise de 05 produções textuais. O suporte teórico foi construído pelos estudos de Hall (2006), Giroux (1996), Bauman (2003), Azevedo (1993) e outros mais. Os textos analisados apontam para uma profusão de identidades, muitas vezes em conflito, marca maior da contemporaneidade: enigmática, independente, dependente, egoísta, responsável, boa vida entre outras.

Palavras-chave : Pós-modernidade. Identidade. Alunos. Produções textuais

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO
  • 1 IDENTIDADE DA PÓS-MODERNIDADE E CRISE
  • 2 PÓS-MODERNIDADE, IDENTIDADE E ESCOLA: REFLEXÕES
  • DE ALUNO: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 3 MARCAS DOS SUJEITOS PÓS-MODERNOS NOS TEXTOS DISSERTATIVOS
  • 3.1 Considerações Iniciais
  • 3.2 A Metodologia da Pesquisa
  • 3.3 Apresentação e Discussão dos Dados
  • CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • REFERÊNCIAS
  • ANEXOS

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INTRODUÇÃO

Renascimento^ ―a chamada "pós dos-modernidade" aparece como uma espécie de ideais banidos e cassados por nossa modernidadeterminado a partir do momento em que não podemos mais falar racionalizadora. Esta modernidade teria da história como algo de unitário e quando morre o mito doProgresso. É a emergência desses ideais que seria responsávelatitudes irracionais e desencantados em relação à política e por toda uma onda de comportamentos e de pelo crescimento do ceticismo face aos valores fundamentaisda modernidade‖ (GIANNI VATTINO, 2001).

A informação/comunicação se tornou um das principais marcas da pós- modernidade, pois possibilitou a interação das fronteiras, protagonizando o evento denominado ―globalização‖, possibilitando avanço nas formas de produção, industrialização, abrindo novas fronteiras à expansão do conhecimento, através da tecnologia. Esses são os tempos ―pós-modernos‖, tempo de dissolução das fronteiras entre países, entre o sujeito e o objeto, entre as diferentes coisas, imperando aquilo que é irrepresentável, a diversidade e as colagens do que já havia anteriormente para formar uma realidade diferente. Nesse cenário o sujeito encontra-se fragmentado pelo surgimento de novas identidades, sujeitas agora ao plano da história, da política, da representação, da diferença e de novas crises, como a da identidade. Cenário que atinge todas as áreas e se constitui enquanto certeza, em um mundo de incertezas. Acreditamos assim, ser relevante situar esses sujeitos em suas práticas cotidianas. Desse modo, buscamos perceber como os sujeitos alunos (as) traduzem os sentimentos de quem vive na contemporaneidade. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo analisar a construção do sujeito pós-moderno em práticas de textos dissertativos. Foram coletadas 05 redações produzidas por alunos (as) de uma escola pública. As análises de deram a partir de uma metodologia de pesquisa bibliográfica e documental, de cunho qualitativo. O suporte teórico foi constituído pelos Estudos Culturais, principalmente as obras de Hall, Bauman (2003), (2006), Giroux (1996), Azevedo (1993) e outros mais. Os textos analisados apontam para uma profusão de identidades, muitas vezes em conflito, marca maior da contemporaneidade: enigmática, independente, dependente, egoísta, responsável, boa vida entre outras. A monografia foi dividida didaticamente em três capítulos: O primeiro discute a questão da identidade e a sua constituição na pós-modernidade e, sua

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1 IDENTIDADE, PÓS-MODERNIDADE E CRISE

É ampla e ao mesmo tempo complexa a questão discutida em diferentes segmentos do pensamento humano enfatizando a identidade da pós-modernidade. É pertinente porque essa identidade alude à outra temática já algum tempo sublinhada: a crise de identidade. Diga-se de passagem, que ―a preocupação com a identidade não é, obviamente, nova. Podemos dizer até que a modernidade nasce dela e com ela‖ (SANTOS, 1993, p. 32). Sobre a complexidade da questão, Hall (2006, p. 8), explica que ―o próprio conceito com o qual estamos lidando ‗identidade‘, é demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social contemporânea para ser definitivamente posto à prova‖. O que se deve ter em mente é que a noção de pós-modernidade, segundo Araújo, Nader e Jesus (2008, p.7):

Não é uma noção paradigmática, associada a umaépoca, de mesma natureza que a de modernidade. Isto por dois aspectos cruciais: no plano dos processos de acumulação, das relações sociais, permanecem vigentes as relaçõescapitalistas, ainda que em modalidades transformadas e em mutação; em termos dafundamentação filosófica permanece válido o princípio da subjetividade, todaviaradicalmente exacerbado.As transformações recentes (últimos trinta anos) por que vem passando o mundo,ainda que reiterando formalmente certas tendências presentes e constitutivas daacumulação capitalista tipicamente moderna, o fazem de tal modo e em tal dimensão queapontam para novo estádio do paradigma.

Em outras palavras, constitui-se a pós-modernidade de resquícios estruturais datados da modernidade, transformando as sociedades em fragmentos, ocasionando, como destaca Hall (2008), o deslocamento ou descentração do sujeito e resultando na crise de identidade para o indivíduo. Anterior a esse deslocamento ou descentração do sujeito, este estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado. Essa era a visão do iluminismo, onde o centro essencial do eu era a identidade de urna pessoamuito "individualista" e de concepção masculina (HALL, 2006). Diferentemente da concepção do iluminismo era o sujeito segundo o sentido

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sociológico no qual era formado na relação com "outras pessoas importantes para ele", que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos — a cultura — dos mundos que ele/ela habitava. A identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço entre o "interior" e o "exterior"— entre o mundo pessoal e o mundo público. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados. Entretanto, Hall (2006, p. 02) ―o próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático‖. Com isso esse processo produz o sujeito pós-moderno, idealizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma "celebração móvel": formada transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). E definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Assim, a concepção de identidades é constituída a partir das noções de igualdade e dediferença construídas socialmente, as quais são a moeda do jogo de construção dasidentidades. Para Woodward (2008 apud CASTILHO, 2014), esse movimento de constituição dosujeito é um movimento de diálogo entre os símbolos e as regras que fazem parte dacultura dos diferentes sujeitos e, de acordo com Hall (2006) é um processo é inacabado emultifacetado. Segundo Hall (2006), as identidades são construídas por meio da diferença e não fora dela. As identidades, então, só são construídas por meio da relação com o outro, da relação com aquilo que não é. Portanto, complementa Hall (2006, p. 111- 12), que podemos utilizar o termo identidade para:

Significar o ponto de sutura entre, por um lado, os discursos e as práticas quetentam nos ―interpelar‖, nos falar ou nos convocar para que assumamos nossoslugares como os sujeitos sociais de discursos particulares e, por outro lado, osprocessos que produzem subjetividades, que nos constroem como sujeitos aosquais se pode ―falar‖. As identidades são, pois pontos de apego temporário àsposições-de-sujeito que as práticas discursivas constroem para nós.

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E essa cultura da crise e do instável valoriza as situações efêmeras, pois as duradouras apresentam, desde sempre, a marca odiosa do que podia ser identificado com o tradicional. O avesso do efêmero é o tradicional, mas o tradicional possui um poder sólido, de ações e pensamentos. Sair das solidificações institucionais de antigas formações sociais haveria que significar, quase que necessariamente, uma ruptura com suas características. A questão seria: o sujeito poderia permanecer firme e estável? Poderia o sujeito estar centrado nas antigas instituições sociais? Evidentemente, a crise da pós-modernidade é a crise do sujeito. Mais do que isso: o descentramento do sujeito deve ser entendido não como algo que se buscou e se quis, mas como crise. A mais importante talvez seja a crise das identidades. No chamado mundo pós-moderno, não há mais um ponto referencial em torno do qual o sujeito gravita e se constitui firme, mas vários pontos referenciais que não trazem segurança, pelo menos não do ponto de vista anterior, cuja significação era justamente a de uma firmeza estática. Bem mais que o culto ao efêmero, a pós- modernidade deve ser entendida como tempo crítico do homem e de seus referenciais de centro. Enfim, a questão do sujeito, da identidade e de suas crises, são temas importantes para se discutir na escola. No próximo tópico veremos um pouco dessa relação entre identidade e educação.

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2 PÓS-MODERNIDADE, IDENTIDADE E ESCOLA: REFLEXÕES

A ―pós-modernidade‖, como se viu anteriormente pode ser entendido como uma crise que está desencadeando uma mudança paradigmática em todos os níveis de compreensão do ser humano. O mundo moderno, de certeza e ordem, tem sido substituído por uma cultura de incertezas e indeterminação. Enfocando-se esse momento de crise na área da educação, constata-se que a racionalidade técnica que ainda predomina em muitas das escolas, já não atende às reais necessidades para a adequada formação dos jovens da cultura pós- moderna, com os quais temos nos deparado no desempenho de nossa função docente (GOMÉZ, 1992). A respeito da juventude inserida na cultura pós-moderna, percebe-se a instabilidade e a transitoriedade difundidas de forma característica entre os jovens, inseparavelmente, ligada às condições pós-modernas. Estas condições têm provocado um mundo de pouca segurança psicológica, econômica e intelectual para os jovens, visto que o mundo moderno, de certeza e ordem, deu lugar a um planeta no qual o tempo e o espaço são condensados no chamado espaço rápido, onde os jovens, sem pertencerem a algum lugar concreto, vão vivendo progressivamente em esferas culturais e sociais mutáveis, marcadas por uma pluralidade de linguagens e culturas (GIROUX, 1996). Nesse contexto, surgiu o ―neo-individualismo‖ pós-moderno, no qual o sujeito vive sem projetos, sem ideais, a não ser cultuar sua auto-imagem e buscar satisfação aqui e agora. Massificado pelas engrenagens sociais que o fazem consumidor, ouvinte, telespectador, cliente, paciente, aluno, eleitor e transeunte, o sistema lhe tira, segundo Cruz, (1993, p.102) a ―a subjetividade que o individua como pessoa (...). Por isso, o jovem de hoje quer dizer a todos que existe como sujeito, como indivíduo na massa social‖. Nessa perspectiva, os valores já não nascem a partir de uma pedagogia modernista de fundamentalismo e verdades universais, nem de discursos tradicionais baseados em identidades fixas e com uma estrutura final. Para Giroux (1996, p. 76) muitos jovens, ―o sentido já está esgotado, a mídia tem se convertido em um substituto da experiência, e oque constitui o entendimento apresenta-se como um mundode diferenças descentradas e dispersas, de deslocamento e de

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Para sintetizar a visão do paradigma pós-moderno, julga-se que negativamente, o pós-moderno é um estilo de pensamento desencantado da razão moderna e dos conceitos a ela vinculados. Não crê na razão autônoma e fundante, que dá sentido ao homem e ao seu comportamento. Positivamente, a pós- modernidade é uma nova concepção da razão e da racionalidade, não como elemento central ou único, mas abrindo-se à riqueza e à heterogeneidade da vida, irredutível a toda forma de pretensão universalista. O pós-moderno, de acordo com Azevedo (1993, p. 28) ―pleiteia que o homem seja verdadeiramente livre e autônomo para determinar sua própria história e sua vida‖. Decorrente dessas ideias torna-se indispensável um processo de discernimento e uma lúcida formação daliberdade, visando oferecer à educação os referenciais maisimportantes para capacitar educadores e educandos a viver em um mundo como o nosso, secularizado e pluralista, científico e tecnológico, fragmentado e mutante, na experiência da crise de tudo isso (AZEVEDO, 1993). Para Cruz (1993) a educação de hoje não será atenção acrítica e dócil aos modismos de último grito, lançados e explorados pelo mercado. Tampouco será uma submissão rígida e passiva aos ditames de uma tradição, já incompatível com os parâmetros reais de nosso mundo concreto. Pelo contrário, tornarão possível aprimorar e levaradiante elementos fundamentais da tradição, tecida aolongo do tempo e da história, permitindo visões realistas e prospectivas que, ao mesmo tempo, iluminam o presente e constroem o futuro com fecunda criatividade. Partilhar mais as ideias, perceber melhor o contorno concreto do dia-a-dia, insistir numa metodologia de trabalho pedagógico que valorize a tomada de posição, levando os alunos a emitir opinião sobre os temas, discutir aspectos positivos ou negativos, as dimensões sociais, políticas, éticas, culturais, religiosas, econômicas e outras, sobre os fatos, situações, personagens, acontecimentos, entre outros, são caminhos que possibilitam a formação de cidadãos capazes de pensar e planejar um processo para transformar a sociedade (CRUZ, 1993). Constatação da premente necessidade de transformações filosóficas e pedagógicas que venham atender às expectativas da cultura pós-moderna pode ser representada, no Brasil, pela revolução educacional desencadeada oficialmente com a Lei N° 9.394, de 20 dedezembro de 1996(9), que estabeleceu as diretrizes e basesda educação nacional. Nessa nova L.D.B. (Lei das Diretrizes Básicas), a educação superior tem como finalidades principais, formar indivíduos aptos para a

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inserção em setores profissionais, para a participação nodesenvolvimento da sociedade brasileira e estimular o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo. Se hoje se fala em educar as pessoas como o mundo precisa, é importante que se compreenda que esseprocesso, necessariamente, não será uma educação parao conformismo, mas voltada à liberdade e à autonomia. Surge, pois, no cenário educacional, uma nova cultura, denominada ―cultura reflexiva‖, que representa a criaçãode uma nova postura em face às situações educativas, quando as práticas tradicionais dos professores apresentaram-se como não respondentes aos problemas presentes (PEREIRA, 1998). A origem da ―cultura reflexiva‖ no ensino tem como marco, a Teoria da Indagação, de Dewey (1859-1952), que foi um filósofo, psicólogo e educador norte- americano que influenciou, de forma determinante, o pensamentopedagógico contemporâneo. Suas obras foram fundamentais para que o movimento da Escola Nova tomasse impulso e se propagasse por quase todo omundo, sendo citado, por muitos, como o pai da educação progressista. O enfoque que dava à pedagogia era voltadoà experiência prática, sendo, por isso, às vezes, chamada de fazendo e aprendendo. A experiência concreta da vida, para Dewey, surge sempre ao nos depararmos com problemas, e a educação deve tomar para si essa condição, enfrentando-a com uma atitude ponderada, cuidadosa, persistente e ativa, para garantir o melhor desenvolvimento do educando. Dewey argumenta que o processo de reflexão inicia-se no enfrentamento de dificuldades de difícilsuperação, e a instabilidade gerada perante essas situações leva o indivíduo a analisar as experiências anteriores. Sendo uma análise reflexiva, envolverá aponderação cuidadosa, persistente e ativa das suas crenças e práticas à luz da lógica da razão que a apoia. Nessa reflexão, estarão envolvidas, com a mesma intensidade, a intuição, a emoção e a paixão, e a lógica da razão e da emoção são sentimentos que estão atrelados entre si e caracterizam-se pela visão ampla de perceber os problemas. As pessoas com ações reflexivas não ficam presas a uma só perspectiva, examinam, criteriosamente, as alternativas que a elas se apresentam como viáveis, e, também aquelas que lhes parecem mais distantes da solução, com o mesmo rigor, seriedade e persistência (PEREIRA, 1998).