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Conservação de solos, Notas de aula de Física do Solo

O uso intensivo dos solos da região noroeste do estado, do Rio Grande do Sul, principalmente para o plantio de culturas anuais e sem os manejos conservacionistas adequados, degradou o solo fisicamente, quimicamente e, biologicamente ao longo dos anos, impactando diretamente na produtividade destas culturas e no ambiente local. Diante disso, torna-se necessário o diagnóstico da estrutura do solo, a fim de avaliar o seu grau de degradação e o emprego de práticas conservacionistas, como é o exemplo

Tipologia: Notas de aula

2020

Compartilhado em 19/03/2020

junior-stein
junior-stein 🇧🇷

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Adriano Michel Werner1
Ana Laura Gauger2
Cátia Kelly Benedix Mai3
Guilherme Backes Heck4
Gustavo Broenstrup5
Júnior Horn Stein6
Luciana Manuele Rodrigues Puhl7
Tiago Leonardo Bullmann8
Ms. Paulo André Klarmann9
AULA PRÁTICA DE ADUBAÇÃO VERDE COM CROTALÁRIA (Crotalaria
ochroleuca L.) E DE MÉTODO DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO DE SOLO (DRES)
INTRODUÇÃO
O uso intensivo dos solos da região noroeste do estado, do Rio Grande do
Sul, principalmente para o plantio de culturas anuais e sem os manejos
conservacionistas adequados, degradou o solo fisicamente, quimicamente e,
biologicamente ao longo dos anos, impactando diretamente na produtividade destas
culturas e no ambiente local. Diante disso, torna-se necessário o diagnóstico da
estrutura do solo, a fim de avaliar o seu grau de degradação e o emprego de
práticas conservacionistas, como é o exemplo da adubação verde, que tem o
objetivo de recuperá-lo.
O diagnóstico rápido de estrutura do solo (DRES), tem este objetivo de
identificar o quanto o solo está degenerado. Esta metodologia, segundo Ralisch et
al. (2017), qualifica a camada superficial de até 25 cm de solo, levando em
consideração os agregados do solo, atividade biológica e forma das raízes,
empregando notas de um a seis, ou seja, muito degradado e em boa condição
estrutural, respectivamente. Com a análise feita e com os resultados inquiridos,
12345678 Acadêmicos do 3º Semestre da Graduação em Agronomia da Sociedade Educacional Três de
Maio, RS.
9 Professor de Aptidão, Uso, Manejo e Conservação do Solo e da Água do 3º Semestre da
Graduação em Agronomia da Sociedade Educacional Três de Maio, RS.
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Baixe Conservação de solos e outras Notas de aula em PDF para Física do Solo, somente na Docsity!

Adriano Michel Werner

1

Ana Laura Gauger

2

Cátia Kelly Benedix Mai

3

Guilherme Backes Heck

4

Gustavo Broenstrup

5

Júnior Horn Stein

6

Luciana Manuele Rodrigues Puhl

7

Tiago Leonardo Bullmann

8

Ms. Paulo André Klarmann

9

AULA PRÁTICA DE ADUBAÇÃO VERDE COM CROTALÁRIA ( Crotalaria

ochroleuca L.) E DE MÉTODO DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO DE SOLO (DRES)

INTRODUÇÃO

O uso intensivo dos solos da região noroeste do estado, do Rio Grande do

Sul, principalmente para o plantio de culturas anuais e sem os manejos

conservacionistas adequados, degradou o solo fisicamente, quimicamente e,

biologicamente ao longo dos anos, impactando diretamente na produtividade destas

culturas e no ambiente local. Diante disso, torna-se necessário o diagnóstico da

estrutura do solo, a fim de avaliar o seu grau de degradação e o emprego de

práticas conservacionistas, como é o exemplo da adubação verde, que tem o

objetivo de recuperá-lo.

O diagnóstico rápido de estrutura do solo (DRES), tem este objetivo de

identificar o quanto o solo está degenerado. Esta metodologia, segundo Ralisch et

al. (2017), qualifica a camada superficial de até 25 cm de solo, levando em

consideração os agregados do solo, atividade biológica e forma das raízes,

empregando notas de um a seis, ou seja, muito degradado e em boa condição

estrutural, respectivamente. Com a análise feita e com os resultados inquiridos,

12345678 Acadêmicos do 3º Semestre da Graduação em Agronomia da Sociedade Educacional Três de

Maio, RS.

9 Professor de Aptidão, Uso, Manejo e Conservação do Solo e da Água do 3º Semestre da

Graduação em Agronomia da Sociedade Educacional Três de Maio, RS.

pode-se traçar um plano de ação, a fim de recuperar o solo e aumentar a

produtividade da lavoura.

Para proteger o solo de uma melhor forma, a massa verde exerce uma

importante função, pois a presença dela favorece a infiltração da água, devido aos

efeitos benéficos desta na estrutura do solo, principalmente na diminuição dos

danos por erosão. Também proporciona a redução no volume de fertilizantes

químicos, principalmente os nitrogenados, tendo em vista o alto aporte de carbono e

nitrogênio proveniente da massa de cobertura, contribuindo dessa maneira para a

ciclagem de nutrientes.

Calegari et al. (1993) conceituam a adubação verde como a utilização de

materiais vegetais em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas,

incorporadas ou não ao solo. Dentre as plantas normalmente utilizadas nesta

prática, as leguminosas destacam-se, dentre elas a crotalária, em razão da sua

capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico, da reciclagem de nutrientes e de

fácil decomposição (Kluthcouski, 1992; Alvarenga et al., 1995).

Em vista disso, realizou-se aula prática no dia 15 de março de 2019, na

escola fazenda da Sociedade Educacional de Três de Maio - SETREM, localizada

no município de Independência. Este relatório tem o objetivo de avaliar a massa

verde e a massa seca da planta de cobertura crotalária ( Crotalaria ochroleuca L .) e

avaliar a estrutura do solo através do diagnóstico rápido de estrutura de solo

(DRES), da gleba salão frente.

REFERENCIAL TEÓRICO

Matéria orgânica

A matéria orgânica (MO) presente no solo é composta por duas porções

distintas entre si. A primeira, é basicamente constituída de restos de plantas e de

animais que estão em diferentes estados de decomposição. A segunda parte,

refere-se ao húmus presente no solo, o qual é o restante da parte anterior porém já

degradada por microorganismos. O húmus é a parte realmente ativa do solo, ou

seja, a que disponibiliza o suprimento de nutrientes para as plantas. A MO é um

elemento do solo fundamental, pois tem capacidade de promover e alterar diversas

características, químicas, físicas e biológicas.

A alteração de características físicas, ocorre pela ação da decomposição da

MO e resulta na melhoria de diversos fatores, como a porosidade, absorção e

A realização da adubação por meio da massa verde recupera e protege o solo

para um período mais longo, pois gradativamente ocorre a melhoria de diversas

características e também diminuindo a erosão. Outro fator importante da adubação

verde, é que muitas espécies possuem floração abundante, o que torna-se

interessante para a apicultura, como é o caso da crotalária.

Conforme Beltrão et al. (2003), a adubação verde proporciona, além da

melhoria de diversas características do solo, quebra o ciclo de uma cultura, o que

torna o solo mais rico, com menos infestação de plantas daninhas, pragas e

doenças, entre outros. Dessa forma, é fundamental intercalar adubos verdes com

culturas comerciais, tornando o solo ano a ano mais fértil e produtivo, melhorando a

estrutura do mesmo.

Utilização da crotalária como adubação verde

A crotalária é uma espécie de ótima alternativa de produção de massa verde

durante o verão. Ela é do grupo das leguminosas de verão de melhor contribuição

para a melhoria das características do solo, pela reciclagem em função da grande

quantidade de massa verde produzida e, também, pelo tipo de sistema radicular,

que apresenta.

A Crotalaria ochroleuca , caracteriza-se por ser anual, possui flores amarelas

vistosas e folhas grandes e simples. É uma planta arbustiva, de altura entre 1,5 m a

2 m, ereta, ramificada, inflorescência terminal em rácemo. Esta tem o seu

crescimento mais lento quando comparado com a espécie crotalaria juncea , o que

resulta numa menor produção de MV e MS Sua raiz é pivotante, profunda, o que

permite romper camadas compactadas em profundidade. Apresenta ótimo

desenvolvimento em diferentes tipos de solos, podendo ser argiloso ou arenoso, até

mesmo pobres em fósforo.

Outras características que ela possui são a grande efetividade em impedir a

multiplicação de populações de nematoides e ser capaz de fixar mais de 200 kg de

nitrogênio por hectare, o que é equivalente a 440 kg de uréia em um cultivo. De

acordo com o estudo de Frare et al. (2018), nas condições edafoclimáticas de

Botucatu - SP, o aporte de Nitrogênio realizado pela crotalária é 2,6 vezes maior

comparado ao Sorgo, Milheto, Triticale e Girassol, onde a média do tratamento

atingiu 218,11 kg.ha

  • .

A época de semeadura desta espécie ocorre de setembro a dezembro, no

caso de produção de sementes, é indicado a semeadura no mês de setembro, a

qual pode ser realizada a lanço ou na linha. Devem ser empregados na linha 12

kg.ha

  • e a lanço 15 kg.ha - . No caso da semeadura em linhas, é recomendado o

espaçamento de 25 a 50 cm.

Um estudo conduzido por Pivetta et al. (2011) em Botucatu, São Paulo,

demonstrou que a crotalária apresentou menor valor de massa seca do sistema

radicular em comparação à outras culturas praticadas durante a primavera, como o

milheto e o sorgo. Deste ponto, pode-se definir que sua contribuição para a melhoria

nas características físicas do solo também é menor em relação às demais culturas

antecedentes da soja. Contudo, deve-se levar em conta o conjunto de benefícios

oferecidos pela utilização da Crotalária como cobertura para tomada de decisão.

Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo - DRES

O solo é a base do estabelecimento de qualquer cultura, sendo a sua

qualidade estrutural, um fator imprescindível para o desenvolvimento das plantas.

Ralish et al. (2017) define a estrutura do solo como um arranjo de agregados, os

quais são sensíveis às técnicas de manejo do solo, bem como as culturas

praticadas.

Tendo como objetivo elaborar uma metodologia rápida e fácil de avaliar a

qualidade estrutural do solo, elaborou-se o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo

  • DRES, o qual, conforme Ralisch et al. (2017), “[...]é um método para qualificar a

estrutura da camada superficial do solo, baseado em características detectadas

visualmente em amostras dos primeiros 25 cm”.

O procedimento consiste em delimitar uma área homogênea, definindo um

número de amostras relativo a área, para então realizar a amostragem. Para a

coleta da amostra, é necessário abrir uma trincheira de 40 cm de comprimento, 30

cm de largura e 30 cm de profundidade, em transversal as operações agrícolas, e

então, retirar um bloco indeformado de espessura de 10 cm, largura mínima de 20

cm e profundidade de 25 cm.

A amostra deve ser posicionada em uma bandeja plástica de não mais de

25cm de largura, e manipulada manualmente de forma em que ocorra a

fragmentação em agregados de menor tamanho. Então, subdivide-se em camadas

para assim, definir-se alguns aspectos relevantes à caracterização da qualidade do

bandeja de plástico, na qual foram medidas as espessuras das camadas e

posteriormente foi devidamente separado por camadas texturais, através de

separadores por placas de metal.

Feita a separação das camadas, o solo foi manipulado manualmente a fim de

se obter um melhor diagnóstico a respeito do tamanho dos agregados para definir as

notas de acordo com sua estrutura e característica.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As plantas de cobertura verde crotalária ( crotalaria ochroleuca L .), estavam no

estágio reprodutivo e apresentavam conformação arbustiva, hábito de crescimento

ereto e porte médio de 1,60 cm de altura, suas raízes se caracterizam como

pivotantes e apresentavam comprimento médio de 20 cm, estando concentradas no

centro da planta e algumas apresentavam sinais visíveis de injúrias, apresentando

deformações, devido a compactação do solo no local das análises.

A cultura apresentou 24.000 kg.ha

  • de MV, apresentando 37,6 % de massa

seca, tendo assim 9024 kg.ha

  • de massa seca. De acordo com Alvarenga et al.

(2001), o acúmulo de 6 Mg.ha

  • é uma quantidade de matéria seca que proporciona

boa taxa de cobertura do solo, o que torna a crotalária uma leguminosa interessante

no aporte de MS para o solo.

Os resultados obtidos a partir do DRES foram observados a fim de avaliar a

estrutura física do solo, foram efetuadas 2 amostras com dimensões de 40 x 30 x 30

cm de comprimento, largura e profundidade, respectivamente. O quadro abaixo

apresenta os dados observados no campo das respectivas amostras.

Quadro 1- Notas atribuídas por amostra no DRES

Amostra

Espessura da

camada (cm)

Nota por

camada

(Qec)

E (cm) x Qec

Média

ponderada

IQEA

A1 8 1 8

A1 17 2 34

A2 9 2 18

A2 11 3 33

A2 5 2 10

IQES


2,**

*Índice de qualidade estrutural do solo da amostra (IQEA); *Índice de qualidade

estrutural do solo da gleba (IQES).

Os resultados obtidos através da realização do DRES, demonstram um IQES

de 2,06 o que de acordo com Ralish et al. (2017) retrata um solo com uma nota

relativamente baixa, significando menor qualidade estrutural, indicado pela maior

compactação, menor estabilidade dos agregados e maior tamanho, como também

achatados, pouca atividade biológica, poucos poros e raízes com dificuldade de

crescimento. Ainda o mesmo autor descreve que para recuperar a área, são

necessários investimentos em rotação de cultura e cobertura vegetal e que o

processo de regeneração estrutural da área leva no mínimo 4 anos.

Esse resultado deve ser discutido em relação ao sistema de rotação de

culturas que vem sendo utilizado na área em estudo. A seguir, será apresentado um

quadro com o histórico de rotação de culturas da área em avaliação do DRES.

Quadro 2- Histórico de rotação de culturas da gleba Salão Frente

Gleba- Salão Frente

Ano Cultura

2013/14 Milho

2014 Aveia Branca

2014/15 Soja

2015 Trigo

2015/16 Milho

2016 Linho

2016/17 Soja

2017 Canola

2017/18 Milho

2018 Aveia Preta

2018/19 Soja

Observando o quadro de rotação, constata-se a alternância de culturas, que

vem sendo realizado a um bom tempo, com diferentes famílias, e sistemas

BARNI, N.A. et al. 2003. Plantas recicladoras de nutrientes e de proteção do

solo, para uso em sistemas equilibrados de produção agrícola. Porto Alegre:

FEPAGRO.

BARRETO, Antonio Carlos; FERNANDES, Marcelo Ferreira. 2001.

Recomendações técnicas para o uso da adubação verde em solos de

tabuleiros costeiros. Aracaju - SE. [on line]

CALEGARI, A. et al. 1993. Aspectos gerais de adubação verde. In: COSTA, M. B.

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FRARE, L.A.; LEITE, H.M.F.; SILVA, G.S.; CALONEGO, J.C.; ROSOLEM, C.A.;

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Goiânia, GO. ANAIS. p. 849.

KLUTHCOUSKI, J. Leucena. 1992. Alternativa para a pequena e média

agricultura. 2.ed. Brasília: EMBRAPA-DID, (Circular Técnica, 6).

PIVETTA, Laércio Augusto; CASTOLDI, Gustavo; SANTOS, Gabriel Peixoto dos;

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HERNANI, Luis Carlos; MELO, Adoildo da Silva; SANTI, Anderson; MARTINS, Alba

Leonor da Silva Martins; DE BONA, Fabiano Daniel. 2017. Diagnóstico Rápido da

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