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ONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
Tipologia: Resumos
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ISSN 1516-
CONCEPTS OF STRATEGY AND STRATEGIC MANAGEMENT: WHAT IS THE LEVEL OF KNOWLEDGE ACQUIRED BY MANAGEMENT STUDENTS?
Emerson Wagner MAINARDES Mestre – Universidade Regional de Blumenau (FURB) Doutorando – Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã – Portugal emerson.wm@sapo.pt
João FERREIRA Doutor – Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã – Portugal jjmf@ubi.pt,
Mário RAPOSO Doutor – Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã – Portugal mraposo@ubi.pt
Recebido em 09/2010 – Segundo recebimento em 10/2011 – Aprovado em 05/
Resumo
Tendo por finalidade conhecer o entendimento dos alunos universitários da área de Gestão quanto aos conceitos de estratégia e gestão estratégica, este estudo realizou uma pesquisa fenomenográfica para extrair a percepção dos futuros gestores. Foi utilizada uma amostra de alunos de Gestão pertencentes a cinco universidades públicas portuguesas. Após a análise dos dados coletados, quanto à definição de estratégia, apresentou-se um conceito que explica a definição dos alunos. Esta definição foi comparada com a literatura existente. Não se encontrou um conceito predominante, pois as definições obtidas junto aos alunos formam um conjunto de diversos conceitos existentes. Quanto à definição de gestão estratégica, percebeu-se uma aproximação a um dos principais conceitos existentes. Por fim, identificou-se que os alunos apresentam dificuldades em traduzir as suas definições teóricas em exemplos reais aplicados nas organizações.
Palavras-chave: Estratégia – Gestão estratégica – Gestão – Fenomenografia.
AbstRAct
Aiming to investigate undergraduate students’ understanding of the management area concerning the concepts of strategy and strategic management, this study conducted a phenomenographic research in order to extract the future managers’ perception. A sample of undergraduate Management students from five Portuguese public universities was used. After the analysis of the collected data, as regards the definition of strategy, a concept that explains the students’ definition was presented. This definition was compared with the literature. No predominant concept was found, as the definitions provided by the students form a combination of diverse existing concepts. Concerning the definition of strategic management, it was perceived that it is similar to one of the main existing concepts. Finally, the findings raise interesting issues with respect to the difficulties felt by new managers in translating their theoretical definitions into real examples applied in the organizations.
Keywords: Strategy – Strategic management – Management – Phenomenography.
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO IntRodução
Fazendo uma retrospectiva do pensamento estratégico, percebe-se que este fenômeno passou por diferentes fases e contextos semânticos. De origem milenar, o vocábulo “estratégia” teve vários significados, mas sem perder sua raiz semântica. No seu princípio, “estratégia” tinha um significado militar e representava a ação de comandar ou conduzir exércitos em tempo de guerra, ou seja, um esforço de guerra (GHEMAWAT, 2005). Significava uma forma de vencer o oponente, um instrumento de vitória na guerra, e que posteriormente foi levado a outros contextos e campos do relacionamento humano: político, econômico, empresarial, entre outros, porém mantendo em todos os seus usos a raiz semântica, a de definir caminhos (STEAD; STEAD, 2008).
Depois de várias fases e significados, o termo “estratégia” evoluiu para uma disciplina do conhecimento em gestão, a gestão estratégica, com conteúdos, conceitos e razões práticas, vindo a conquistar espaço nos âmbitos acadêmico e empresarial (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007). A gestão usa este antigo termo militar para fazer uma associação entre a atividade do general e a do gestor da organização (STEAD; STEAD, 2008). Representando hoje um importante instrumento de gestão empresarial num mercado competitivo e turbulento, a estratégia tem como principal objetivo preparar a organização para enfrentar o ambiente hostil da atualidade, utilizando, para isso, as competências, qualificações e recursos internos da empresa, de maneira sistematizada e objetiva (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007). Em contrapartida, o conceito de estratégia parece ser um conceito ainda muito vago, sujeito a diversas interpretações (BHALLA et al, 2009).
É possível que não seja fundamental uma definição exata de estratégia, porém, dentro do contexto da gestão do conhecimento organizacional, especificamente dos conhecimentos que os novos profissionais trazem para dentro das empresas, é importante compreender qual
entendimento sobre estratégia que os novos gestores trazem para dentro da organização (NADLER; TUSHMAN, 1992). Desta forma, questiona-se se os conceitos de estratégia e gestão estratégica são compreendidos pelos gestores de empresas, principalmente os mais novos, os recém-formados em gestão. Portanto, este estudo pretende responder a seguinte questão: o que significa estratégia e gestão estratégica para os atuais alunos de gestão? Ao responder esta questão, pode-se ter uma visão clara dos dois conceitos que os atuais alunos levarão para o mercado de trabalho. Considerando que a estratégia é algo fundamental para as organizações da atualidade, a percepção do gestor recém-formado pode influenciar o estabelecimento e a gestão das estratégias organizacionais, impactando positiva ou negativamente os resultados da empresa. Portanto, para responder a questão colocada, que reflete as percepções dos atuais alunos de gestão sobre estratégia e gestão estratégica, o objetivo principal deste estudo pretende conhecer o entendimento dos alunos de gestão quanto ao significado dos conceitos de estratégia e gestão estratégica. Como objetivos específicos pretenderam-se: (a) construir um conceito que explique a definição de estratégia conforme a percepção dos estudantes em gestão; (b) identificar qual conceito de gestão estratégica existente na literatura que mais se aproxima da percepção dos atuais alunos de gestão. Para entender as percepções de indivíduos sobre um determinado conceito, utilizam-se pesquisas de caráter fenomenográfico. Este método de pesquisa tem com característica principal a descrição de um fenômeno como ele é experimentado, enfatizando o significado coletivo dos fenômenos pesquisados, não devendo ser confundido com estudos fenomenológicos. A fenomenologia interessa- se muito mais pela experiência individual dos envolvidos do que com os fenômenos estudados (BARNARD; McCOSKER; GERBER, 1999; AKERLIND, 2002).
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO superar os desafios do mercado, atingindo seus objetivos de curto, médio e longo prazos (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007).
Segundo Mintzberg (1987), foi somente na década de 80 que as estratégias nas empresas apresentaram grande desenvolvimento. Fenômenos como reestruturação empresarial, conjunto de decisões e ações com dimensão organizacional, financeira e de portfólio (WRIGHT; KROLL; PARNELL,
Considerando a sua importância, falar de estratégia abre uma discussão entre concepções teóricas, que vão desde as abordagens mais convencionais, que consideram estratégia como uma atividade lógica, racional e sequencial (CHANDLER, 1962), até as mais dinâmicas, que entendem que esse processo está associado a fatores culturais, de aprendizagem, política e relações de poder (MINTZBERG; AHSLTRAND; LAMPEL, 1998).
Desta forma, encontram-se dois grandes problemas que afetam a compreensão do que seja o conceito de estratégia: confusão entre estratégia e ferramentas de eficácia, e confusão entre estratégia e planejamento estratégico (PORTER, 1996). A raiz do problema parece estar na falta de uma perfeita compreensão de o que é estratégia. 2 defInIções de estRAtégIA
Como pode ser observado, historicamente a estratégia está ligada à antecipação de cenários e planos de ação a serem desencadeados neles (SCHNAARS, 1991). Porém, jamais existiu uma definição única, definitiva de estratégia. O termo
já teve vários significados, diferentes em sua amplitude e complexidade (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007), podendo significar políticas, objetivos, táticas, metas, programas, entre outros, numa tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la (MINTZBERG; QUINN, 1991). Porém, o conceito de estratégia vem sendo usado de maneira indiscriminada na área da gestão, significando desde um curso de ação formulado de modo preciso, todo o posicionamento no seu meio envolvente, até toda a personalidade, a alma e a razão existencial de uma empresa. É um conceito de grande uso acadêmico e empresarial, dotado de uma grande diversificação e amplitude, que em alguns aspectos é complementar e em outros é divergente (PORTH, 2002). Segundo Fahey (1989), “estratégia” é uma das poucas palavras que é objeto de muitos abusos no seu uso nas empresas, sendo mal definida na literatura de gestão e estando exposta a diferentes significados, sendo por isso um termo que suscita muitas discussões, principalmente entre teóricos. Para Mintzberg, Ahsltrand e Lampel (1998), a estratégia é inimiga das abordagens deterministas e mecanicistas, pois estas minimizam a liberdade e a escolha. Não é apenas uma forma de como lidar com um oponente num ambiente de competição ou de mercado, tal como é tratada por grande parte da literatura e em seu uso popular (MINTZBERG; QUINN, 1991), pois não pode ser somente resumida a ideias, proposições, diretrizes, indicativos de caminhos e soluções (PORTH, 2002). A estratégia tem uma amplitude e abrangência, englobando o conceito de eficácia operacional citada por Porter (1996) e não pode ser confundida com suas táticas. Estratégia também não é só diversificação, só inovação ou planejamento financeiro. Ou seja, estratégia não é algo estático, acabado, o que torna complexo o entendimento de seu conceito (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007).
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
Este fato tem explicação. Estratégia em organizações, como campo de estudos, é muito mais recente que a sua atual prática (RUMELT, SCHENDEL; TEECE, 1994), sendo que o seu
conhecimento ainda está em construção. Isto pode ser constatado ao serem encontradas na literatura diversas definições para estratégia ao longo do tempo. O quadro 1 ilustra o fato.
Quadro 1 – Definições de estratégia no contexto organizacional
Autor(es) Definição de Estratégia
Barnard (1938)
Estratégia é o que importa para a eficácia da organização, seja do ponto de vista externo, em que salienta a pertinência dos objetivos face o meio envolvente, ou do ponto de vista interno, no qual salienta o equilíbrio da comunicação dos membros da organização e a vontade de contribuir para a ação e para a realização de objetivos comuns. Von Neumann e Morgenstern (1947)
Estratégia é uma série de ações realizadas por uma empresa conforme uma situação em particular. Drucker (1954) Estratégia é a análise de situação atual e de mudanças se necessárias. Incorpora-se a esta análiseos recursos disponíveis e os que precisam ser adquiridos.
Chandler (1962) Estratégia é a fixação de objetivos básicos de longo prazo de uma empresa e a adoção de açõesadequadas e recursos para atingir esses objetivos.
Ansoff (1965) Estratégia é um conjunto de decisões determinadas pelo mercado do produto a comercializar,crescimento objetivado, vantagens competitivas da organização e sinergia organizacional.
Mintzberg (1967)
Estratégia é a soma das decisões tomadas por uma organização em todos os aspectos, tanto comerciais como estruturais, sendo que a estratégia evolui de acordo com o processo de aprendizado do gestor da firma. Cannon (1968) Estratégias são as decisões voltadas à realização de ações direcionadas, que são requeridas paraque a empresa seja competitiva e alcance os seus objetivos. Learned, Christensen, Andrews e Guth (1969)
Estratégia é o conjunto de objetivos, propostas, macrodiretrizes e planos para alcançar estes objetivos, que declara em qual caminho a empresa deve seguir, ou qual é o tipo de negócio da empresa, ou ainda o que a empresa quer ser.
Newman e Logan (1971)
Estratégias são planos que veem o futuro e antecipam mudanças. Oferecem ações que levam a vantagens competitivas para aproveitar uma ou mais oportunidades, e são integradas na missão da organização. Schendel e Hatten (1972)
Estratégia é definida como os objetivos básicos da organização, as diretrizes para orientar as ações e atingir estes objetivos, e a alocação de recursos para a organização se relacionar com seu ambiente. Uyterhoeven, Ackerman e Rosenblun (1973)
Estratégia é prover direção e coesão na empresa, e é composta por diversos passos: identificar os vários perfis estratégicos, realizar uma previsão estratégica, auditar os recursos disponíveis, avaliar as alternativas de possíveis estratégias, testar a consistência das estratégias potenciais, realizar a escolha da estratégia a seguir. Ackoff (1974) Estratégia é ligada aos objetivos de longo prazo e os caminhos para conquistá-los, e que afetamtoda a organização. Paine e Naumes (1975) Estratégias são macroações ou padrões de ações para o atingimento dos objetivos da empresa. McCarthy, Minichello e Curran (1975)
Estratégia é uma análise do ambiente onde está a organização, e seleção de alternativas que irão orientar os recursos e objetivos da organização, conforme o risco e possibilidades de lucros, e viabilidade que cada alternativa oferece. Glueck (1976) Estratégia é um plano de unificação, compreensão e integração da empresa, desenhado paraassegurar que os objetivos da organização serão alcançados.
Michel (1976) Estratégia é a decisão sobre quais recursos devem ser adquiridos e usados para que se possam tirarproveito das oportunidades e minimizar fatores que ameaçam a consecução dos resultados desejados. continua
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
Rumelt, Schendel e Teece (1994)
Estratégia é a definição da direção das organizações. Isso inclui assuntos de preocupação primária para o gestor, ou qualquer pessoa que busque razões para o sucesso e fracasso entre as organizações. Thompson Jr. e Strickland III (1995)
Estratégia é um conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. É o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho. Miller e Dess (1996)
Estratégia é um conjunto de planos feitos ou decisões tomadas num esforço para ajudar as organizações a atingirem seus objetivos. Porter (1996) Estratégia significa desempenhar atividades diferentes das exercidas pelos rivais oudesempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. Wright, Kroll e Parnell (1997)
Estratégia é o conjunto de planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1998)
Estratégia é força mediadora entre a organização e o seu meio envolvente, centrando-se nas decisões e ações que surgem naturalmente. A formação da estratégia não se limita aos processos intencionais, mas pode ocorrer como um padrão de ações formalizadas ou não.
Barney (2001)
Estratégia é a teoria da firma de como competir com sucesso. Considera também o desempenho como um fator influenciado pela estratégia, já que se pode considerar que competir com sucesso significa ter um desempenho satisfatório.
Quadro 1 – Definições de estratégia no contexto organizacional (continuação)
Considerando as definições citadas no quadro 1, além de outras centenas existentes, conclui-se que a definição do que é estratégia não é algo fechado ou simples. Não se pode dizer que uma ou outra definição está correta. Cada uma das definições existentes está correta, mas apresenta limitações no seu conjunto de suposições e dimensões relacionadas (BHALLA et al, 2009). Em resumo, definir estratégia depende do ponto de vista de quem a vê, pode mudar com o tempo e pode ter muitos significados, desde os mais abrangentes aos mais detalhados. Esta multiplicidade de definições torna a estratégia um conceito complexo e carregado de subjetividade.
3 HIstóRIA e defInIções de gestão estRAtégIcA
Segundo Bhalla et al. (2009), a gestão estratégica nasceu como uma disciplina híbrida, influenciada pela Sociologia e pela Economia. Pode-se considerar que é uma evolução das teorias das organizações. Começou a receber mais atenção, tanto acadêmica quanto empresarial, somente
na década de 1950, porém seu desenvolvimento começa a partir dos anos 60 e 70. Tem como objetivo integrar estratégia, organização e ambiente de forma sinérgica. Para Porth (2002), a gestão estratégica emergiu como parte do planejamento estratégico, que agora é tido como um dos seus principais instrumentos. Ele foi incorporado pela gestão estratégica, que uniu, num mesmo processo, planejamento e gestão. Já Stead e Stead (2008) afirmaram que a gestão estratégica derivou do conceito de política empresarial. Este conceito explicava a organização como um sistema no qual são utilizados recursos econômicos eficazmente e são coordenadas as atividades funcionais da empresa no intuito de obter lucro. Após de ter sido constituída, a gestão estratégica teve rápido desenvolvimento, tanto teórico como de modelos práticos. Surgiu uma grande quantidade de modelos de análise de mercado a partir dos anos 60, como a Matriz BCG, o Modelo SWOT, a Curva de Experiência e a Análise de Portfólio, além de importantes conceitos, como o de análise econômica de estrutura, conduta e desempenho, competência distintiva,
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO competências essenciais, e os chamados sistemas de planejamento estratégico (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 1998).
Atualmente, a gestão estratégica é uma das áreas do campo da gestão de maior destaque e relevância. Sua importância reside no fato de se constituir em um conjunto de ações gerenciais que permitem aos gestores de uma empresa mantê-la integrada ao seu meio envolvente e no curso correto de desenvolvimento, possibilitando atingir seus objetivos e sua missão (DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007). Apesar de sua importância, Boyd, Finklstein e Gove (2005) demonstraram que a gestão estratégica apresenta muitos atributos de um campo de estudo ainda imaturo, com pouco consenso e baixos níveis de produtividade. Esta constatação explica o porquê de várias definições a respeito do mesmo conceito.
Segundo Bracker (1980), gestão estratégica é a aplicação direta na organização dos conceitos de estratégia empresarial que são desenvolvidos na academia. Isto é, vincula as análises dos ambientes interno e externo de uma empresa para maximizar a utilização de seus recursos visando atingir seus objetivos. Esta afirmação pode ser considerada como uma macrodefinição do conceito de gestão estratégica. A maior importância da gestão estratégica é que ela dá às organizações um modelo de desenvolvimento de habilidades para antecipar as mudanças. Ela também ajuda a desenvolver a habilidade de tratar incertezas futuras pela definição de procedimentos para realizar os objetivos da organização.
Para Ansoff e McDonnell (1990), a gestão estratégica é uma abordagem sistemática à gestão de mudanças, compreendendo: posicionamento da organização por meio da estratégia e do planejamento; resposta estratégica em tempo real por meio da gestão de problemas; e gestão sistemática da resistência durante a implementação da estratégia.
Já Porth (2002) considera que a gestão estratégica
pode ser definida como um processo cruzado de formulação, implementação e avaliação das decisões que habilitam as organizações a definir e alcançar sua missão, e ultimamente para a criação de valor. O processo foca em uma série de questões fundamentais sobre a organização: o que é seu negócio? O que quer tornar-se? Quem são seus consumidores? O que cria valor para eles? Ao responder estas perguntas, o processo de gestão estratégica ajuda a estabelecer a direção futura da empresa. O foco é criar valor para a organização e seus clientes. Para Bowman, Singh e Thomas (2002), a gestão estratégica centra-se nas questões relativas à criação e sustentabilidade de vantagens competitivas, ou ainda a busca por este tipo de vantagem. Já Grant (2002) defendeu que a gestão estratégica envolve um complexo relacionamento entre o foco da organização, os resultados que obtém, e o amplo espectro de variáveis ambientais externas e internas da empresa. Para uma boa gestão estratégica, recomenda o autor, devem-se identificar as relações entre sistema de gestão, estratégia escolhida, estruturas atuais, recursos e capacidades disponíveis. Segundo Dess, Lumpkin e Eisner (2007), a gestão estratégica numa organização deve tornar-se um processo e um caminho único que norteia as ações em toda a organização. Consiste em análises, decisões e ações empreendidas nas organizações para criar e sustentar vantagens competitivas. Esta definição apresenta dois elementos que estão no núcleo da gestão estratégica: primeiro, três processos realizados de forma contínua (análises, decisões e ações); segundo, a essência deste conceito é estudar por que algumas organizações têm desempenho melhor que outras (as vantagens competitivas). Aqueles autores definem quatro atributos- chave para a gestão estratégica: é dirigida para os objetivos globais da organização; inclui múltiplos stakeholders no processo de tomada de decisão; requer incorporar perspectivas de curto e longo prazos; envolve o reconhecimento
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO seriam estruturalmente relacionadas, por meio do discernimento compartilhado de alguns dos mesmos aspectos do fenômeno. Assim, segundo os preceitos fenomenográficos, as diferentes maneiras de vivenciar um fenômeno não são constituídas de forma independente, mas em relação aos demais (PARTINGTON; YOUNG; PELLEGRINELLI, 2003). Essas diferentes maneiras são ordenadas em termos de inclusividade de consciência, em que formas mais inclusivas também representam formas mais complexas de experimentar o fenômeno, indicado por uma amplitude cada vez maior de conhecimento dos diferentes aspectos do fenômeno. Em outras palavras, um número crescente de aspectos do fenômeno é percebido como potencialmente diferentes (AKERLIND, 2008), articulando relações lógicas internas entre as diferentes formas de vivenciar o tal fenômeno (TRIGWELL, 2006).
Tradicionalmente, o objeto de estudo da investigação fenomenográfica tem sido descrita como a variação no sentido humano, a compreensão, as concepções (MARTON,
O foco da pesquisa fenomenográfica na experiência coletiva (e não individual) é comumente mal compreendido e merece esclarecimentos. Marton (1981) adverte sobre a definição das diversas formas de
compreensão da realidade. Segundo o autor, estas perspectivas não são concebidas pela fenomenografia como percepções individuais, mas como categorias que retratam uma concepção coletiva de um fenômeno. Ou seja, a investigação fenomenográfica visa explorar a gama de significados dentro de um grupo como um grupo, e não a gama de significados para cada indivíduo dentro do grupo (SANDBERG, 1997), sendo que a variedade de formas como as pessoas experimentam estes fenômenos são referidas como entendimentos e podem ser apresentados como categorias para descrição do fenômeno (SVENSSON, 1997). Essas categorias formam a base para o desenvolvimento de uma hierarquia de entendimentos, formando-se um modelo que descreve o fenômeno em sua totalidade. Este modelo contém um conjunto de categorias hierarquicamente estruturadas sobre o fenômeno em estudo (HALLETT, 2010). Consequentemente, o pesquisador visa a constituir uma estrutura lógica, relativa a diferentes significados. As categorias constituídas pelo pesquisador para representar as diferentes formas de vivenciar um fenômeno são, portanto, vistas como representando um conjunto estruturado, o modelo. Isso fornece uma maneira de olhar para a experiência humana coletiva dos fenômenos holísticos, apesar do fato de que o mesmo fenômeno pode ser percebido de forma diferente por pessoas diferentes e em diferentes circunstâncias. Idealmente, os resultados representam toda a gama de possíveis formas de vivenciar o fenômeno em questão, neste ponto específico no tempo, para a população representada pelo grupo de modo coletivo (AKERLIND, 2005). Em termos práticos, a fenomenografia tem se mostrado eficaz quando utilizada para auxiliar decisões sobre programas de ensino, sendo aplicada de duas formas distintas (AKERLIND, 2008): (a) para identificar uma variação no entendimento de um determinado conceito (envolve a identificação das principais
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
características dos conceitos que os alunos conseguem ou não discernir na sua compreensão do mesmo); e (b) para projetar um programa de ensino que maximize as oportunidades dos alunos em obter a compreensão plena de um conceito a partir de uma avaliação prévia de conhecimento dele. Desta forma, percebe-se que a fenomenografia é um método de pesquisa que focaliza os conceitos que explicam os fenômenos vivenciados pelos indivíduos, sendo útil em praticamente todas as áreas educacionais (ANDRETTA, 2007).
4.2 método de pesquisa
Seguindo os preceitos da fenomenografia (análise coletiva de experiências individuais), propostos por Ference Marton (MARTON, 1981; SVENSSON, 1997; AKERLIND, 2002), descritos na introdução deste estudo e no tópico anterior, e as decisões metodológicas explicitadas no trabalho de Shanahan e Gerber (2004), esta investigação utilizou a metodologia fenomenográfica. Esta é caracterizada por ser qualitativa, de caráter exploratório e com corte transversal (HAIR JR. et al, 2003), sendo a coleta de dados realizada por meio de entrevistas pessoais com questionários estruturados (BARNARD; McCOSKER; GERBER, 1999). Todas as decisões metodológicas descritas na sequência (universo e amostra de pesquisa, coleta e análise dos dados) foram adaptadas do estudo de Shanahan e Gerber (2004), porém os estudos na área da educação (PARTINGTON; YOUNG; PELLEGRINELLI, 2003, BRADBEER; HEALEY; KNEALE, 2004; TRIGWELL, 2006; ANDRETTA, 2007; BERGLUND et al., 2009; HALLETT, 2010) e do comportamento do consumidor (WRIGHT; MURRAY; GEALE, 2007) também auxiliaram as decisões metodológicas para a realização desta investigação.
Para atingir os objetivos deste estudo, foram pesquisados os alunos pertencentes aos cursos de gestão das universidades públicas de
Portugal, curso este que oferece no seu elenco curricular as disciplinas de estratégia e/ou gestão estratégica. A escolha das universidades públicas portuguesas deveu-se ao fato de estas representarem cerca de 60% do total de alunos do Ensino Superior em Portugal (PORTELA et al, 2008). Todas as 13 universidades foram convidadas a participar. Destas, 5 universidades manifestaram interesse: Beira Interior, Coimbra, Évora, Minho e Porto. Os questionários impressos foram enviados para estas universidades, sendo posteriormente aplicados em sala de aula e devolvidos preenchidos aos investigadores. Quanto à escolha deste público-alvo, deveu-se ao fato de estarem concluindo a sua licenciatura e em poucos meses serem os mais novos gestores no mercado português. Isto significa que serão os profissionais em gestão com os conhecimentos mais atualizados a respeito dos temas que envolvem a gestão das organizações, entre eles a estratégia e a gestão estratégica. A amostra escolhida foram os alunos presentes nas salas de aula nos dias da aplicação das pesquisas e que obrigatoriamente tivessem sido aprovados na disciplina em questão. Este tipo de amostra configura-se como não probabilística, intencional, por julgamento (HAIR JR. et al, 2003). Cabe destacar que os resultados aqui apresentados representam somente parte dos estudantes de gestão em Portugal. Para representar todos os alunos de gestão portugueses, torna-se necessária a aplicação da mesma pesquisa nas restantes universidades. Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário com seis perguntas abertas, que objetivou identificar as percepções dos entrevistados a respeito das próprias definições de estratégia e gestão estratégica. Este questionário foi resultado da adaptação do instrumento de coleta de dados utilizado por Shanahan e Gerber (2004). O questionário final foi composto da seguinte maneira:
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
diferenças significativas nas respostas de ambos os gêneros.
Considerando as respostas ao questionário, um comentário mostra-se relevante antes da apresentação dos dados analisados. Assim, nas duas primeiras questões, que correspondiam ao conceito de estratégia, grande parte dos respondentes detalharam bem suas respostas, preenchendo completamente os espaços destinados a cada questão. Isto possibilitou uma análise mais aprofundada sobre o entendimento do conceito de estratégia na visão dos alunos em gestão. Já nas questões que tratavam dos tipos de estratégia (questões 3 e 4) e do conceito e tipos de gestão estratégica (questões 5 e 6), os mesmos respondentes foram demasiado genéricos e objetivos nas suas respostas, o que não permitiu uma análise tão aprofundada quanto a análise do conceito de estratégia.
As duas primeiras questões do questionário tratavam do entendimento pessoal de cada respondente a respeito do tema estratégia. Quanto à análise dos dados das questões 1 e 2, o raciocínio foi o seguinte: primeiro reuniram- se todas as respostas em um texto único; em seguida, considerando que o código escolhido foi “estratégia”, buscaram-se as definições que os alunos atribuíram à estratégia, sendo que vários alunos deram mais de uma definição de estratégia, o que enriqueceu as respostas; após identificar todas as definições, fez-se o agrupamento delas, pois muitas definições apresentavam o mesmo significado, porém com palavras diferentes; tendo-se, assim, obtido as definições atribuídas pelos alunos (12 ao total), comparou-se cada definição com os conceitos encontrados na literatura (quadro 1), chegando-se desta forma aos resultados descritos na sequência, em que cada definição atribuída pelos alunos foi relacionada aos conceitos apresentados no quadro 1; ao final das análises individualizadas das 12 definições encontradas, fez-se a fusão destas definições em uma definição única, estabelecida de modo coletivo (como orienta a fenomenografia), que
resultou em um conceito amplo compreendido pelo conjunto de alunos investigados. Primeiramente constatou-se que nenhum entrevistado citou a estratégia fora do campo da gestão. Não foram feitas referências a respeito de estratégias militares, políticas, entre outras. Isto demonstra que o tema analisado está, atualmente, inserido no campo da gestão, pelo menos para os futuros gestores das organizações que atuam no mercado. Segundo os respondentes, a estratégia assume diversas conotações:
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO Em outras palavras, é orientação da empresa para o mercado no sentido de competir e sobreviver, baseada em um planejamento prévio. Foi a segunda resposta mais comum, também devido a diversos autores referenciarem o ambiente externo da organização como fundamental para o desenvolvimento estratégico de uma empresa (DRUCKER, 1954; ANSOFF, 1965; SCHENDEL; HATTEN, 1972; McCARTHY; MINICHELLO; CURRAN, 1975; ANSOFF, 1979; MINTZBERG, 1979; SCHENDEL; HOFER, 1979; BRACKER, 1980; HAMBRICK, 1980; PORTER, 1981; HENDERSON, 1989; ANSOFF; McDONELL, 1990; HENDERSON, 1991; PORTER, 1996; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 1998). É fato que uma empresa está ligada ao seu ambiente externo e toda a ação estratégica de uma organização deve considerar os aspectos ligados ao meio envolvente onde está inserida. Desta forma, é importante constatar que boa parte dos novos gestores estão conscientes de que uma empresa deve ser orientada para o mercado onde atua.
De acordo com a resposta dos entrevistados, a relação da estratégia com a alta gestão também não é tão citada pelos autores. A relação alta gestão e estratégia é referida por Mintzberg (1967), Mintzberg e McHugh (1985), Miller e Dess (1996) e Wright, Kroll e Parnell (1997). Cabe destacar que um ponto comum nos estudos de estratégia é que este assunto é tradicionalmente tratado pelos gestores que comandam a organização, apesar de pouco explícita esta relação na maioria dos conceitos existentes.
Os respondentes afirmaram que a estratégia está ligada a objetivos da empresa para médio e longo prazos, semelhante ao que se vê na literatura, em
que as definições de estratégia citam de modo pouco frequente a relação delas com os objetivos de médio e longo prazos (CHANDLER, 1962; ACKOFF, 1974; ANSOFF; McDONELL, 1990). Neste sentido, percebe-se que a escola clássica e seus seguidores (WHITTINGTON,
Emerson Wagner MAINARDES João FERREIRA Mário RAPOSO com seu ambiente externo, orientando-a para o mercado. Isto resulta em conquista e manutenção de clientes, levando a organização ao sucesso.” [...]
Na sequência do questionário, solicitou- se a indicação de exemplos de estratégias. Comparando-se os resultados obtidos com a literatura, constatou-se que as estratégias competitivas genéricas de Porter (1980), enfoque, diferenciação e custo, e as estratégias de diversificação, internacionalização e integração vertical se destacaram, sendo citadas pela grande maioria dos respondentes. Porém, quando se pediu para traduzir estas estratégias em exemplos reais (pelo menos três), boa parte dos respondentes deixou esta questão em branco. Outros citaram:
[...] “Melhorar a qualidade dos produtos/ serviços, planejar a localização da empresa, inovar em produtos, usar adequadamente os recursos disponíveis, conhecer e se adequar ao mercado onde a empresa está inserida, informar as estratégias para os colaboradores, desenvolver a motivação e o envolvimento dos colaboradores, fazer marketing, melhorar as tecnologias da empresa, reforçar a marca dos produtos, focar o atendimento a clientes, desenvolver planos de ação, construir uma boa imagem no mercado, ampliar o raio de atuação da empresa, prospectar novos mercados, investir em formação dos colaboradores, investir em tecnologias da informação, formar alianças estratégicas e cooperação, focar em e-commerce, contratar gestores competentes, realizar pesquisas de mercado.” [...]
Percebeu-se nas respostas dos entrevistados certa dificuldade em traduzir as abordagens teóricas aprendidas no curso para a realidade das empresas. Provavelmente este fato deve-se a pouca ou nenhuma experiência profissional dos alunos que responderam a pesquisa, sendo um indicador importante para a instituição e os docentes dos cursos, bem como para outras IES e docentes que oferecem cursos de gestão. O aluno está completando seu curso com uma boa definição de um conceito importante (estratégia),
porém tem dificuldade de operacionalizá-lo nas organizações. A última parte do questionário tratava da gestão estratégica, sua definição e exemplos. Seguindo o mesmo raciocínio da análise do conceito de estratégia (união das respostas, separação das definições, e comparação com a literatura existente, apresentada no tópico 4), obtiveram- se os resultados pretendidos. Quanto à definição do termo, a maior parte das citações ficou dividida entre duas ocorrências: (1) a organização de políticas e planos de ação para traduzir a estratégia da empresa; (2) a aplicação e concretização do planejamento estratégico. Tanto a primeira quanto a segunda definições são semelhantes e aproximam-se da abrangente definição de Wright, Kroll e Parnell (1997), além de corresponder a realidade organizacional. Ou seja, a gestão estratégica é o meio de condução da estratégia definida pela alta gestão para a realidade do dia-a-dia da empresa. Outras definições citadas pelos respondentes convergem para as definições citadas: [...] “Estabelece objetivos comuns a todos os participantes da organização; controle da estratégia; orientação estratégica da empresa; obtenção de vantagens competitivas; gestão dos ambientes interno e externo das organizações; gestão dos recursos, objetivos e práticas da empresa.” [...]
Um ponto a destacar é que vários entrevistados confundiram estratégia com gestão estratégica. Foram 37 respostas nas quais os entrevistados demonstraram dificuldades em diferenciar os conceitos de estratégia e gestão estratégica. Desta forma, é possível inferir que parte dos futuros gestores do mercado, mesmo já tendo estudado estratégia e gestão estratégica, não sabem diferenciar um conceito do outro, e este deve ser um motivo de reflexão entre os docentes que ensinam tais conceitos. No que toca a exemplos de atividades de
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
gestão estratégica, percebeu-se mais uma vez a dificuldade de se traduzir a definição em situações reais. Os exemplos citados foram:
[...] “Formalização da estratégia da empresa; gestão da expansão e internacionalização da empresa; atendimento das necessidades do mercado local; escolha de um mercado a atuar; adaptação da organização ao ambiente onde está inserida; análise interna (recursos e capacidades); identificação de vantagens competitivas; gestão de preços e mix de produtos; gestão da qualidade, da inovação e dos recursos humanos da empresa; realização e gestão de parcerias e cooperação entre organizações.” [...]
Foram poucos os exemplos citados pelos alunos, pois muitos deles definiram a gestão estratégica, mas não ofereceram exemplos. Mais uma vez percebe-se que os alunos têm dificuldade de operacionalizar suas definições teóricas para a realidade organizacional.
6 conclusões e RecomendAções
Tendo em vista que as temáticas estratégia e gestão estratégica são relevantes para as organizações da atualidade (BHALLA et al, 2009), reveste-se de importância para a gestão do conhecimento organizacional identificar o que os futuros gestores entendem a respeito destes assuntos. Com o intuito de revelar o entendimento dos estudantes dos cursos de gestão quanto ao significado para eles dos conceitos de estratégia e gestão estratégica, principal objetivo deste estudo, concluiu-se que existe o entendimento do que seja cada um dos temas, apesar de se constatar que estes futuros gestores possuem alguma dificuldade de traduzir estes conceitos para a realidade das organizações, o que pode implicar em dificuldades no planejamento e gestão de estratégias nas empresas nas quais venham a trabalhar.
Percebeu-se também que não há um conceito de estratégia que seja predominante nas respostas dos estudantes, como também confirma a literatura referente à estratégia no meio organizacional
(DESS; LUMPKIN; EISNER, 2007). Ao contrário, o que se constatou foi que o entendimento de estratégia é um misto dos conceitos oferecidos pelos vários autores que tratam do tema (quadro 1). Quanto à gestão estratégica, a definição encontrada foi bastante próxima ao conceito de Wright, Kroll e Parnell (1997), sendo este um dos objetivos específicos deste trabalho. Observou-se que a maioria dos entrevistados entende a estratégia como o estabelecimento de políticas, diretrizes, práticas e planos de ação na empresa a partir de um objetivo comum e o relacionamento da organização com seu ambiente externo, semelhante ao apresentado por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (1998) em seu livro sobre as diversas formas de compreensão da estratégia. Observando-se o conceito geral de estratégia (soma das visões dos alunos), percebe- se que o caminho seguido para definir estratégia partiu da coleta e análise de informações da empresa e da identificação prévia das vantagens competitivas da empresa, passando pelas decisões da alta gestão (macro-objetivos, rumo a seguir, missão e visão, estruturas, mobilização de todos os colaboradores), que geram as ações internas na empresa para viabilizar a estratégia escolhida. Estas ações internas refletem- se no ambiente externo onde está inserida a organização. A maioria dos respondentes chegou até esta parte. Outros tiveram uma visão mais abrangente e viram na estratégia a possibilidade de conquistar e manter clientes, resultando em sucesso da organização. Este conceito amplo explica a definição de estratégia na visão de boa parte dos mais novos gestores do mercado, e foi outro dos objetivos específicos desta pesquisa. Também se observou certa confusão do que seja gestão estratégica. Identificou-se, em diversos casos, uma mistura entre as definições dos termos estratégia e gestão estratégica. Apesar desta constatação, concluiu-se que a definição de gestão estratégica apresentada pelos alunos que conseguiram diferenciar os dois termos se aproxima do que é apresentado na literatura (STEAD; STEAD, 2008). Apesar de serem
CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E GESTÃO ESTRATÉGICA: QUAL É O NÍVEL DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELOS ESTUDANTES DE GESTÃO?
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