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Guias e Dicas
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Estudo do Potencial Elétrico Cardíaco Transmitido aos Membros, Slides de Direito

Este documento discute as diferenças de potencial elétrico cardíaco transmitido aos membros esquerdo e direito, e à perna esquerda, com base em estudos de wilson, macleod, barker e outros. O texto explica a importância de registrar essas diferenças e como elas podem ser obtidas usando um eletrocardiografo.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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bg1
ü&
VISTA
L MEDICINA
Jan.
-
Fev.
-
Mar.
- Abril
1948 5,r
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DEO PAULO
SECÇÃO DE ELETROCARDIOGRAFIA DO DEPARTAMENTO DE
FÍSICA BIOLÓGICA E APLICADA
(Serviço do
Prof.
Rafael de Barros)
CONCEITO E VALOR DAS DERIVAÇÕES
UNIPOLARES DOS MEMBROS
MATEUS M. ROMEIRO NETO
Assistente da Secção de Eletrocardic grafia
Assistente Extranumerário da l.a Clínica Médica (Serviço
do Prof. Otávio Rodovalho)
1) CONCEITO DE DERIVAÇÕES UNIPOLARES DOS
MEMBROS
Nas derivações clássicas, o eletrocardiograma que se obtém
3
a
soma
de
dois outros
que
representam
o
potencial elétrico
cardíaco
que se
transmite
aos
membros correspondentes.
Assim,
na
primeira
de-
i rivação
(Dl)
registramos
a
^
diferença entre
o
potencial
elétrico cardíaco transmitido
ao braço esquerdo (VL),
e
aquele transmitido
ao
braço
direito
(VR); na
segunda
derivação (D2),
a
diferença
entre
o
potencial elétrico
cardíaco transmitido
à
perna
esquerda
(VF) e
aquele
transmitido
ao
braço direito
(VR);
na
terceira derivação
(D3) entre
o da
perna
es-
querda
(VF) e o do
braço esquerdo
(VL) *
Fig.
1
Temos
portanto:
Fig.
1
(*) V de "voltage"; R de "right"; L de "left" e F de "foot"
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13

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ü& VISTA L»L MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. - Abril 1948 5,r

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
SECÇÃO DE ELETROCARDIOGRAFIA DO DEPARTAMENTO DE
FÍSICA BIOLÓGICA E APLICADA

(Serviço do Prof. Rafael de Barros)

CONCEITO E VALOR DAS DERIVAÇÕES

UNIPOLARES DOS MEMBROS

M A T E U S M. R O M E I R O N E T O

Assistente da Secção de Eletrocardic grafia Assistente Extranumerário da l.a^ Clínica Médica (Serviço do Prof. Otávio Rodovalho)

1) CONCEITO DE DERIVAÇÕES UNIPOLARES DOS

MEMBROS

Nas derivações clássicas, o eletrocardiograma que se obtém 3 a soma de dois outros que representam o potencial elétrico cardíaco que se transmite aos membros correspondentes. Assim, na primeira de- i rivação (Dl) registramos a ^ diferença entre o potencial elétrico cardíaco transmitido ao braço esquerdo ( V L ) , e aquele transmitido ao braço direito ( V R ) ; na segunda derivação (D2), a diferença entre o potencial elétrico cardíaco transmitido à perna esquerda (VF) e aquele transmitido ao braço direito ( V R ) ; na terceira derivação (D3) entre o da perna es- querda (VF) e o do braço esquerdo (VL) * — Fig. 1 — Temos portanto:

Fig. 1

(*) V de "voltage"; R de "right"; L de "left" e F de "foot"

56 REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. Abril 1948

D 1 = VL — VR

D 2 = VF — VR

D 3 = VF — VL

Elas são, pois, derivações bipolares, isto é, derivações em que se registra a diferença de potencial entre duas extremidades. Nas derivações unipolares registra-se, isoladamente, o po- tencial elétrico de uma região ou de u m ponto. O potencial elé- trico cardíaco transmitido a cada u m dos membros, isoladamen- te, foi estabelecido teoricamente, em 1931 por W I L S O N , M A - C L E O D e B A R K E R (15). Mas, só em 1934, W I L S O N , J O H N S T O N , M A C L E O D e B A R K E R (13) conseguiram, na pratica, obter derivações unipolares dos membros, isto é, o po- tencial elétrico do coração que se transmite a cada u m dos membros, isoladamente. Elas- foram denominadas de VR, V L e VF, representando respectivamente, o potencial elétrico car- díaco transmitido ao braço direito, ao braço esqurdo e à perna esquerda. a) As derivações unipolares dos membros segundo a concepção de WILSON e colaboradores: W I L S O N , J O H N S T O N , M A - C L E O D e B A R K E R (13) registraram o potencial elétrico car- díaco transmitido a cada um dos membros, isolada- mente, empregando u m dispositivo especial que foi chamado terminal cen- tral. O terminal central consta de 3 fios, em cada u m dos quais é intercala- da u m a resistência de 5,000 ohms. Esses 3 fios são ligados, conjuntamen- te em u m ponto T W que funciona como eletrodo indiferente, isto é, que praticamente não apresen- ta variação de potencial durante â atividade car- díaca — Fig. 2 —. C o m u m outro eletrodo chama- do explorador obtem-se as variações do potencial elétrico car- díaco que se passam, exclusivamente na região explorada. Para a obtenção do traçado ligamos os fios do terminal central aos electrodos colocados nos membros. Os fios elétricos do eletrocardiografo são conectados da seguinte maneira, o do braço direito vai ao terminal central e o do braço esquerdo ao eletrodo explorador. Este é colocado no membro cujo potencial se quer obter, a uns 2 cms. acima do electrodo que está ligado

f\g~

58 REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. Abril 1948

Segundo a lei de OHM, que diz: "A intensidade da corrente que percorre u m condutor linear é proporcional à diferença de potencial estabelecida entre as suas extremidades" temos:

VR — VTW = RH

VL — V T W = RI

VF — V T W — RI

donde:

(VR-VTW) + (VL-VTW) + (VF-VTW) -RI1+RI2+RI

(VR-VTW) + (VL-VTW) + (VF-VTW) = R (11+12+13) (1)

De acordo com a lei de KIRCHOFF segundo a qual "A

soma algebrica das correntes que se dirigem para um nó de

uma rede de condutores é nula", temos:

II + 12 + 13 — 0

Substituindo na equação (1) II -f- 12 + 13 por seu valor. temos:

(VR-VTW) + (VL-VTW) + (VF—VTW) =

V R — V T W + V L - V T W + V F — V T W = 0

VR -f VL + VF — 3VTW = O

VR + VL + VF = 3VTW (2)

V R + V L + V F

V T W = (3)

WILSON, MACLEOD e BARKER (15) estudando as va-

riações do potencial elétrico cardíaco nos vértices do triângulo de E I N T H O V E N , estabeleceram as seguintes fórmulas:

VR =

VL =

VF =

ei + e

ei — e

e2 + e

ei + e2 ei — e3 e2 + e

donde: V R + V L + V F = ( ) + ( ) + ( )

—ei—e2+el—e3+e2+e3 O

VR + VL + VF = = — = O (4)

REVISTA D E MEDICINA — Jan. Fev. - Mar. Abril 1948^59

Substituindo na equação (3) V R + V L + V F pelo seu valor dado pela equação (4), temos:

V T W = = 0

Na pratica, entretanto, os fatos não se passam rigorosamen- te assim. De fato, trabalhos experimentais demonstraram, que o potencial no terminal central não é zero. STORTI (11) e M O L Z (10) em experiências em modelos, verificaram que o potencial no terminal cen- tral é uma função senoi- dal do angulo cc * sendo realmente zero, quando o seu valor for 0o, 60°, 120° e 180° — Fig. 5. — N o ho- mem, porem, as variações do potencial no terminal central parecem resultar de forças elétricas com uma direção antero-poste- rior (14). Elas, entretan- to, são muito reduzidas, de modo que não o inva- lidam. Trabalhos experi- mentais têm demonstrado que as variações máximas oscilam entre 1 , 5 (14) e

  1. 6 (6) décimo de mili- volt. Nos casos em que o potencial no terminal centralnão é zero, registramos, não o potencial elétrico cardíaco real que se transmite aos membros, mas sim a diferenna entre esse po- tencial e o do terminal central (VTW) Se chamarmos de VR. V L e V F o potencial elétrico cardíaco que realmente se trans- mite aos membros, e de Vr, VI e Vf os potenciais respectivos. que na pratica são registrados, teremos:

Vr = VR — VTW

VI = VL — V T W

Vf = VF — V T W

Fig. 5 — (Reproduzida de M O L Z ) (IO)

() "ei" "e2" e "e3" representam o potencial elétrico cardíaco re- gistrado, respectivamente, em Dl, D 2 e D3. () O angulo oc é o angulo compreendido entre a horizontal e o vector .que representa o eixo elétrico cardíaco no plano frontal.

REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. Abril 1948 61

VTG —

VTG —

VTG =

VL + VF

2 VR + VF

2 VL + VR

dos membros e o potencial no terminal central. O potencial nesse terminal não é zero, mas sim a média dos potenciais dos dois membros a ele ligados. Chamemos esse potencial no ter- minal central de VTG. Os seus valores serão:

quando registramos aVr (5)

quando registramos aVl (6)

quando registramos aVf (7) 2

Já vimos, equação (4) que a soma do potencial elétrico cardíaco transmitido aos membros é igual a zero, isto é:

VR + VL + VF = 0

donde:

VL + VF = — VR

VR + VF = — VL

VL + VR = — VF

Substituindo estes valores nas equações (5). (6) e (7) temos: VR V T G = quando registramos aVr 2 V L V T G — quando registramos aVl 2 V F V T G = quando registramos aVf 2

-Portanto, ao registrarmos o potencial elétrico cardíaco transmitido a u m membro, na realidade, estamos registrando a diferença de potencial entre esse membro e u m ponto cujo potencial é de sinal contrario e a metade desse mesmo membro Temos:

aVr = V R — V T G = V R

a VI = VL — VTG = VL

aVf = VF — VTG = VF

( V

_( _

(-

VR ) = 2 VL \

VF

) -

3VR

3VL

3VF

= 1,5VR (8)

= 1,5VL (9)

=r 1 , 5 V F (10)

2 REVISTA D E MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. Abril 1948

Já vimos, que o potencial no terminal central de W I L S O N (VTW) apresenta variações, sendo uma função senoidal do an- gulo °c Nos casos em que ele não for zero, a soma do potencial elétrico cardíaco transmitido aos membros, também, não pode ser igual a zero. Como já deduzimos, equação (2) temos:

donde:

VR + VL + VF = 3VTW

VL + VF = 3VTW — VR

VR + VF = 3VTW — VL

VL + VR = 3VTW — VF

Substituindo esses valores nas equações (5), (6) e (7), temos:

3VTW — VR

VTG = , quando registramos aVr

3VTW — VL

VTG = , quando registramos aVl

3VTW — VF

VTG = quando registramos aVf

Substituindo nas equações (8), (9) e (10) VTG por seu vr^or

dado pelas equações acima, temos:

3VTW — VR 3VR 3VTW

aVr=VR— ( ) = =L5VF—1,5VTW

3VTW — VL 3VL 3VTW

a VI = V L — ( ) = =1,5VL—1,5 V T W

3 V T W — V F 3VF 3 V T W

aVf = V F — ( ) =1.5VR—1.5VTW 2 2 2

As formulas acima evidenciam que os fenômenos elétricos ,e passam como nas derivações de W I L S O N , com a diferença que o potencial elétrico cardíaco transmitido aos membros; e o potência: no terminal central são aumentados 1 .5 vezes. Não

64 REVISTA D E MEDICINA — Jan. (^) S.Ulll xv±o

explorador está colocado no interior das cavidades ventricula-

res, o complexo Q R S é do tipo Q S — Fig. 7 —

n i gi Nas derivações unipolares / _j_ dos membros registramos o /*K&»^ o^w v A.^ potencial^ elétrico^ cardíaco que se transmite, mais ou m e -

HpoR nos^ isoladamente,^ a^ cada membro. Nessas derivações. n as deflexões negativas ou po- w*a^\fom «/v^l^^a « ^ f^f* sitivas correspondem sempre. 0 sw respectivamente, a poten- *IPO 9 R HPo 9 Rs HpoOS c^ j a i s^ e l e t r i c o s^ negativos ou positivos. N o braço direito Fig. 7 (VR) registra-se, predomi- nantemente, o potencial elé- trico das cavidades ventri- culares direita e esquerda. Isto se explica pelo fato dos orifícios auriculo-ventriculares e dos vasos da base estarem voltados para o braço direito. Desse modo, a transmissão do potencial das cavidades ventriculares se faz facilmente para o m e m b r o superior direito. N a grande maioria dos casos, o potencial elétrico cardíaco captado no braço esquerdo (VL) ou na perna esquerda (VF) é predominantemente, de u m único ventriculo, direito ou esquerdo, segundo a posição elétrica do coração. Assim, quando o coração ocupa u m a posição elétrica horizontal registramos e m V L o potencial elétrico do ventriculo esquerdo, e e m V F o do ventriculo direito. A o contrario, estando o coração n u m a posição vertical, e m V L registramos o potencial do ventriculo direito, e e m V F aquele do ventriculo esquerdo. Quando o coração é normal, há u m a relativa concordância en- tre a inclinação de seu longo eixo anatômico e a sua posição elétrica.

Baseando-se na transmissão do potencial dos ventriculos aos membros, W I L S O N e colaboradores (12) descreveram 6 posições elétricas do coração. São as seguintes:

1 — Posição Horizontal: E m V L os complexos Q R S são seme- lhantes! aos de V 5 e e m V F semelhantes aos de V I — Fig. 8A.

2 — Posição Vertical: E m V L os complexos Q R S são seme- lhantes aos de V I e e m V F semelhantes aos de V 5 — Fig. 8B.

KEVÜSTA L E MEDICINA — Jan. Fev. - Mar. Abril 1948 (v>

Posição Semi-Horizontal: E m V L os complexos Q R S são semelhantes aos de V5 e em V F os complexos Q R S são de baixa voltagem — Fig. 8C. Posição Semi-Vertical: E m V L os complexos Q R S são de baixa voltagem e em V F são * semelhantes aos de V5 — Fig. 8D. Posição Intermediária: E m V L e em V F os complexos Q R S são semelhantes aos de V5 — Fig. 8E. Posição Indeterminada: Não existe relação enrte os com- plexos Q R S encontrados em V L e em VF, e aqueles das pre- cordiais — Fig. .8F.

Fig. 8 — Posições elétricas do coração: A — Horizontal; B — Vertical; C — Semi-Horisíontal; D — Senti-Vertical: E — Intermediária; V [indeterminada.

REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. Mar. Abril 1948 67

bem não tem significado patológico, não obstante estar presente em aVf E m aVf registra-se u m a onda Q, mas de pequena volta- gem, tendo 1,3 décimos de milivolt * e não atingindo nem 20 % da

amplitude de R na mesma deri- vação. É u m a deflexão de ori- gem septal, sem significado pa- tológico algum. Já no eletro- cardiograma da Fig. 11, temos uma onda Q profunda e alar- gada, inteira- mente patológi- ca. Ela está pre- sente alargada e ampla em aVf onde mede 3, décimos de mili- volt e atinge muito mais de 50 % da ampli- tude de R na mesma deriva- ção. Portanto, não é u m a onda septal, mas sim o potencial ne- gativo da cati- vidade que se transmitiu à pa- rede posterior da superfície ventricular e foi captado na perna esquerda. Nessa região da parede ventricular existe u m a zona "morta" Ei a não é excitada e se comporta, eietricamente, como u m simples condutor do potencial elétrico negativo da cavidade ventricular. Do mesmo modo, a existência, por exemplo, de hipertrofia ventricular esquerda com ou sem desvio do eixo elétrico, é fa- cilmente explicável pelas unipolares dos membros. Suponha-

Fig. U

(*) Como já vimos,, tratando-se de derivações aumentadas,' quando usa-se o padrão habitual, 1 décimo de. milivolt determina u m a oscilação de 1.5 m m de amplitude.

REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. Mar. - Abril 1948

mos u m a hipertrofia ventricular esquerda com o coração na po-

sição elétrica horizontal — Fig. 12 — Nessa posição, como já vi-

mos, o potencial do ven- triculo esquerdo se trans- mite para o braço esquer- do (VL) e aquele do ven- triculo direito para a per- na esquerda (VF). Sen- do D l resultante de V L — V R (ou aVl — aVr). a de- fiexão principal do seu complexo ventricular será positiva e ampla, enquan- to que e m D 3 (D3 = aVf — aVl) ela será ampla, m a s negativa. O eixo elé- trico ficará desviado para a esquerda. Realmente nas unipolares dos m e m - bros, os valores da defle- xão principal do complexo Fig. (^12) ventricular são:

— 4,6 décimos de milivolt e m aVr

  • 6,6 décimos de milivolt e m aVl — 2.6 décimos de milivolt e m aVf

donde, D l ^ a V l — a V r = 6,6— (—4,6) = D 3 = a V f — a V l = — 2,6—6 6 =-

11,2 décimos de milivolt

  • 9,2 décimos de milivolt

Estes valores teóricos não correspondem exatamente àque- les que são registrados na pratica. D e fato, a voltagem da de- flexão principal é de 14,5 e — 13,6 décimos de milivolt, respecti- vamente, e m D l e D3. Isto se explica, como veremos posterior- mente, pelo fato dos nossos cálculos não serem baseados e m deri- vações simultâneas.

Admitamos, agora, u m a hipertrofia ventricular esquerda com o coração na posição elétrica intermediária — Fig. 13 — Nessa posição o potencial do ventriculo esquerdo se transmite tanto para o braço esquerdo (VL) como para a perna esquerda (VF) Portanto, e m D 3 a deflexão principal do complexo ven-

70 REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. - Abril 1948

As mesmas considerações que fizemos para as hipertrofias ventriculares podem ser feitas, também, para os bloqueios dt> ramo. Esses fatos são muito importantes. Eles nos permitiram explicar a grande dicordancia que existiu entre as conclusões de L E W I S (8) e aquelas de W I L S O N e colaboradores (2,9,16 e 17). Realmente, L Í W I S trabalhando em cães, concluiu que no bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His. o eixo elétrico desvia- va-se para a direita. Ao contrario, ele era desviado para a es- querda no bloqueio de ramo direito. Entretanto, W I L S O N c colaboradores, em homens, chegaram à conclusão inteiramente oposta. Isto é, o desvio do eixo elétrico para a esquerda era encontrado nos bloqueios do ramo esquerdo. Nos bloqueios do ramo direito é que o eixo elétrico desviava-se para a direita. As unipolares dos membros explicam a discordância entre essas duas conclusões. De fato L E W I S trabalhou em cães, animais estes cujo coração ocupa uma posição elétrica vertical. Ao passo que W I L S O N e colaboradores fizeram suas observações em ho- mens,, nos quais o coração era horizontal ou semi-horizontal. Sabe-se, atualmente, que os desvios do eixo elétrico nos casos de bloqueios de ramo estão na dependência da posição elétrica do coração e não do ramo bloqueado. As derivações unipolares das extremidades estão intima- mente relacionadas com as derivações clássicas. Como já vimos, as leis fundamentais das unipolares dos membros estão basea- das na validade do triângulo de E I N T H O V E N. Aliás, quando analisamos o seu conceito puzemos em evidencia a sua estreita relação com as clássicas. Vimos, mesmo, que essa relação foi expressa, por W I L S O N e colaboradores (15) pelas seguintes formulas:

ei + e

V L — V R VR = •

ei — e V F — V R • V L = 3 e2 + ei V F — V L V F

Vé-se, pois, como muito bem salientam WILSON e colabora- dores (12), e entre nós A L M E I D A T O L E D O (1), que conheci- das as deflexoes do eletrocardiograma registrado nas derivações unipolares dos membros, podemos calcular as mesmas nas deri- vações clássicas ou vice-versa. De fato, as unipolares dos mem- bros são as mediadas dó triângulo de E I N T H O V E N , assim, as deflexoes em V F são semelhantes às de D3, quando estas forem semelhantes às de D2; as deflexoes em V L são semelhantes às de Dl. quando estas forem semelhantes às de D3, vistas em

Dl ~

D2 =

D3 =

REVISTA DE MEDICINA — Jan. - Fev. - Mar. - Abril 19487 1

espelho — Fig. 15 — Assim, no eletrocardiograma da Fig. 16 as derivações precordiais evidenciam tratar-se de u m caso de hipertrofia ventricular es- querda com o eixo elétrico p — desviado para a direita. As * unipolares dos membros não foram tiradas, mas, no caso em apreço V L deve ser se- melhante à Dl e V F seme- lhante à D3, portanto, o co- ração ocupa uma posição elétrica Vertical. Entretanto, para uma dedução rigorosa da morfologia das derivações unipolares dos membros a partir das clássicas ou vice- versa torna-se indispensávelrr

+ F+ llveprodiiKÂda e modificada üc que sejam tiradas derivações D Ê C O Ü R D (4) Note-se «me V L se asse-

  • i m u l t Q n D o c A " «nelha a D l e a D 3 vista e m espelho, as- MlIlUlldneaS. /iSSim, Se qUl-sim c o m o V F se aproxima de D.'í e de D'2. zermos prever a morfologia de ei — e 3 V L (VL = (^) ) atravez das clássicas, devemos tirar

< I -

simultaneamente Dl e D2, pois só desse modo. podemos saber, com exatidão, por exemplo. se uma onda Q regis- trada em Dl deve sei somada com a porção inicial ou final de uma onda R registrada em D2.

Devemos notar, po- rem, que para o regis- tro de derivações si- multâneas torna-se ne- cessário aparelho espe- cial, com duas cordas, o que ainda não está, de u m modo geral ao al- cance dos clínicos. Não obstante, com deriva- ções simultâneas, preci- saríamos fazer uma ana- ''»." ' (íl «;.'lrí »d »-í 'H^1 «> W I L S O X e cotab.> lise demorada e traba- i HiMortralia ventricular esquerda. Corn- „ çao e m posição elétrica vertical. lhosa para termos uma

REVISTA D E MEDICINA — Jan. Fev. - Mar Abril 1948 Ti;

electrocardiogram in leads from the precordium and the extremities, Trans. Assoc. Am. Phys., LVI, 258-271, 1941.

  1. WILSON, F. N.; JOHNSTON, F. D.; M A C L E O D , A. G. e BARKER, P. S. — Electrocardiograms that represent the potential veriations of single electrode, Am. Heart J., IX, 4, 447-458. Abril de 1934.
  2. WILSON F. N.; JOHNSTN, F. D.; R O S E N B A U M , F. F. e BAR- KER, P. S. — On Einthoven's triangle, the theory of unipolar elec- trocardiographic leads, and the interpretation of the precordial electrocardiogram, Am. Heart J. XXXII, 3. 277-310, Setembro de 1946.
  3. WILSON, F. N.; MACLEOD, A. G. e BARKER, P. S. — The poten- tial variations produced by heart beat at the ápices of Einthoven's triangle. Am. Heart J. VII, 2, 207-211, Dezembro de 1931.
  4. WILSON, F. N.; MACLEOD, A. G. e BARKER, P. S. — The order of ventricular excitation in human bundle-branch block, Am.Heart J.. VII, 3, 305-330, Fevereiro de 1932.
  5. WILSON. F. N. — Citado por R O S E N B A U M , F. F. — NOTES F R O M DR. WILSON'S LECTURES O N ELECTROCARDIOGRA- PHY. (Notes taken during the courses given Bu Dr, Frank N. Wil- son to the under-graduate and post-graduate students at the Uni- versity of Michigan).

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