Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

A psicologia da comunidade: uma nova perspectiva sociológica, Slides de Ciências da Educação

A partir dos trabalhos de tönnies, weber e simmel, este texto discute a importância da comunidade e da sociedade na psicologia social. Desde a década de 70, a psicologia social comunitária tem buscado desenvolver uma concepção de comunidade que sobrepasse as posições sociológicas clássicas. O texto explora os efeitos dos movimentos sociais e políticos na psicologia social e na concepção de comunidade, além da importância da comunicação e da interconexão na era da informação. O autor também discute a importância de compreender as relações de poder e as formas de resistência na sociedade.

Tipologia: Slides

2020

Compartilhado em 30/10/2021

Romiespa85
Romiespa85 🇧🇷

1 documento

1 / 5

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Podemos afirmar, a partir de Tönnies, Weber e Simmel, que a comunidade seria o lugar do afeto, das
relações primárias, da tradição, da partilha de interesse e de território comum, ao passo que a
sociedade
seria seu contrário, marcada pela racionalidade, pela modernidade, pelas relações secundárias com
pouco
contato face a face e com fins econômicos (Oberg
Desta forma, desde a década de 70, a psicologia social comunitária busca desenvolver uma concepção
de
comunidade que sobrepuje estas posições sociológicas clássicas dicotômicas e naturalizantes.
Assumimos,
assim, o compromisso de desnaturalizarmos práticas normatizadoras e que apresentam um cotidiano
acrítico e a-histórico.
Desta forma, desde a década de 70, a psicologia social comunitária busca desenvolver uma concepção
de
comunidade que sobrepuje estas posições sociológicas clássicas dicotômicas e naturalizantes.
Assumimos,
assim, o compromisso de desnaturalizarmos práticas normatizadoras e que apresentam um cotidiano
acrítico e a-histórico.
Os efeitos dos acontecimentos de maio de 68 na França, os movimentos da psiquiatria italiana
e francesa a favor de novas práticas de saúde mental, os movimentos latino-americanos que
contestavam a ditadura militar, a crítica que se faz à psicologia social norte-americana e a
psicologia dos pequenos grupos dentre outros, possibilitam uma psicologia voltada para
trabalhos comunitários e que atendam a nossa realidade brasileira (Oberg, 2015, p.116).
Não se encontram referências explícitas sobre comunidade nas obras de psicologia social até os anos 70,
quando foi introduzida no corpo teórico da psicologia comunitária, por meio das primeiras publicações
numa vertente crítica nesse campo. Na psicologia social, ramo da psicologia institucionalizado no início
do
século XX, o conceito de comunidade aparece no lugar de grupo e de interação social. Com nítida
influência da psicologia social norte-americana, os estudos sobre fenômenos coletivos, decorrentes dos
problemas sociais oriundos da Segunda Guerra Mundial, tinham como objetivo ajustar e adaptar
pf3
pf4
pf5

Pré-visualização parcial do texto

Baixe A psicologia da comunidade: uma nova perspectiva sociológica e outras Slides em PDF para Ciências da Educação, somente na Docsity!

Podemos afirmar, a partir de Tönnies, Weber e Simmel, que a comunidade seria o lugar do afeto, das relações primárias, da tradição, da partilha de interesse e de território comum, ao passo que a sociedade seria seu contrário, marcada pela racionalidade, pela modernidade, pelas relações secundárias com pouco contato face a face e com fins econômicos (Oberg Desta forma, desde a década de 70, a psicologia social comunitária busca desenvolver uma concepção de comunidade que sobrepuje estas posições sociológicas clássicas dicotômicas e naturalizantes. Assumimos, assim, o compromisso de desnaturalizarmos práticas normatizadoras e que apresentam um cotidiano acrítico e a-histórico. Desta forma, desde a década de 70, a psicologia social comunitária busca desenvolver uma concepção de comunidade que sobrepuje estas posições sociológicas clássicas dicotômicas e naturalizantes. Assumimos, assim, o compromisso de desnaturalizarmos práticas normatizadoras e que apresentam um cotidiano acrítico e a-histórico. Os efeitos dos acontecimentos de maio de 68 na França, os movimentos da psiquiatria italiana e francesa a favor de novas práticas de saúde mental, os movimentos latino-americanos que contestavam a ditadura militar, a crítica que se faz à psicologia social norte-americana e a psicologia dos pequenos grupos dentre outros, possibilitam uma psicologia voltada para trabalhos comunitários e que atendam a nossa realidade brasileira (Oberg, 2015, p.116). Não se encontram referências explícitas sobre comunidade nas obras de psicologia social até os anos 70, quando foi introduzida no corpo teórico da psicologia comunitária, por meio das primeiras publicações numa vertente crítica nesse campo. Na psicologia social, ramo da psicologia institucionalizado no início do século XX, o conceito de comunidade aparece no lugar de grupo e de interação social. Com nítida influência da psicologia social norte-americana, os estudos sobre fenômenos coletivos, decorrentes dos problemas sociais oriundos da Segunda Guerra Mundial, tinham como objetivo ajustar e adaptar

comportamentos individuais ao contexto social No final dos anos 70, ocorre no Brasil um expressivo fortalecimento dos movimentos sociais, destacandose neles três matrizes discursivas: a presença da teologia da libertação, a partir das comunidades eclesiais de base; o marxismo, presente nas associações de bairro através da Educação Popular de Paulo Freire; e a emergência do novo sindicalismo que expressa lutas travadas no cotidiano. Assim, quando a psicologia Percorrendo uma trajetória analisada por Freitas (1999), pode-se afirmar que a psicologia na comunidade (décadas de 60 e 70)foi assim identificada no momento em que a psicologia vivia uma crise em relação aos modelos importados, distantes da nossa realidade. A psicologia precisava ser desenvolvida na comunidade e não apenas nos consultórios e nas escolas. O objetivo era deselitizar a profissão e deixá-la mais próxima às condições de vida da população. A partir de 1985, utiliza-se a expressão "psicologia da comunidade" vinculada às questões da saúde, ao movimento de saúde. Observam-se atuações de psicólogos em instituições geralmente públicas, como postos de saúde, setores ligados às instituições penais, órgãos de família etc. Espera-se, nestes momentos, que o psicólogo tenha um papel de trabalhador social dentro dos movimentos de saúde. Estas atuações tiveram uma influência da Análise Institucional, do Movimento Instituinte e das intervenções psicossociológicas, com instrumentais das vertentes clínicas e educacionais. Freitas (1999, p.72) analisa que "durante o passar desses anos, o emprego das expressões foram se misturando e se confundindo, especialmente em termos na e da, como que sinonímia". problematização do conceito de comunidade na psicologia social comunitária, no instante que rompe o viés sociológico disciplinar, uno e homogêneo, pode propiciar uma ruptura na dicotomia centro- periferia, "se assumirmos uma psicologia que se faz política ao promover deslocamentos, inventar novos problemas, construir entre os sujeitos implicações que apontem para outros mundos possíveis, dada a produção de desejo imanente ao coletivo: desejo de transformação não apenas das condições físicas do ambiente, geralmente perversas e indignas em vários aspectos, mas também desejo de criar novas normas de (con)viver, formas mais abertas, artísticas" (Rocha & Kastrup, 2008, p.100) sociólogo Zymunt Bauman (2003) cita hipóteses que formam o "fundamento epistemológico" da

processo histórico de desvinculação entre localidade e sociabilidade na formação da comunidade: novos padrões seletivos, de relações sociais substituem as formas de interação humana territorialmente limitadas" (2003, p.98). Porém, isto não significa que a sociabilidade baseada em lugar não exista mais ou que as sociedades evoluam no sentido uniforme das relações sociais (Castells, 2003). "O mundo social da Internet é tão diverso e contraditório quanto a própria sociedade" (Castells, 2003, p.48). O autor enfatiza, assim, o deslocamento do conceito de comunidade para o de rede como a forma central de organizar a interação. Acrescenta, ainda, que, para compreendermos novas formas de interação social na era da Internet, devemos propor uma redefinição de comunidade que realce menos o seu componente cultural e destaque mais o seu papel de apoio a indivíduos e famílias. "Comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade Castells (2013) discute os movimentos sociais em rede, a sua formação, dinâmica, valores e perspectivas de transformações sociais. Para esse autor, na sociedade em rede o poder é multidimensional e se organiza em torno de redes programadas em cada domínio da atividade humana. As redes de poder influenciam a mente humana, mediante redes de multimídia de comunicação de massa, sendo formas decisivas de construção de poder. As relações de poder estão inseridas nas instituições da sociedade, particularmente naquelas vinculadas ao Estado. Estas são constitutivas da sociedade e os que detêm o poder constroem as instituições segundo seus próprios princípios e interesses. Porém, como as sociedades são contraditórias e conflitivas, onde há poder, encontramos também contrapoder, formas de resistências aos poderes instituídos Castells (2013) discute os movimentos sociais em rede, a sua formação, dinâmica, valores e perspectivas de transformações sociais. Para esse autor, na sociedade em rede o poder é multidimensional e se organiza em torno de redes programadas em cada domínio da atividade humana. As redes de poder influenciam a mente humana, mediante redes de multimídia de comunicação de massa, sendo formas decisivas de construção de poder. As relações de poder estão inseridas nas instituições da sociedade, particularmente naquelas vinculadas

ao Estado. Estas são constitutivas da sociedade e os que detêm o poder constroem as instituições segundo seus próprios princípios e interesses. Porém, como as sociedades são contraditórias e conflitivas, onde há poder, encontramos também contrapoder, formas de resistências aos poderes instituídos. O autor enfatiza, assim, o deslocamento do conceito de comunidade para o de rede como a forma central de organizar a interação. Acrescenta, ainda, que, para compreendermos novas formas de interação social na era da Internet, devemos propor uma redefinição de comunidade que realce menos o seu componente cultural e destaque mais o seu papel de apoio a indivíduos e famílias. "Comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade. Castells (2013) segue sinalizando que os espaços ocupados pelos movimentos sociais têm desempenhado papel importante na história da mudança social e na prática contemporânea, pois criam uma comunidade que se baseia na proximidade. A proximidade é um mecanismo psicológico essencial para vencer o medo e superá-lo: é o ponto crucial para os atores sociais estarem inseridos num movimento social. O medo é visto por Castells como uma emoção paralisante, decorrente da força dos poderes constituídos que se reproduzem, causando intimidação e violência, presentes de forma disfarçada ou institucionalmente aplicada. Além disto, os espaços ocupados são carregados do poder simbólico, pois são geralmente áreas de