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Guias e Dicas
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Como andar no sobrenatural, Trabalhos de Teologia

Síntese teológica sobre a missão integral ao longo dos anos

Tipologia: Trabalhos

2019

Compartilhado em 08/08/2019

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FABRÍCIO ROGER DE SOUZA LOPES
MISSÃO INTEGRAL
UMA PERSPECTIVA TEOLÓGICA DA PRÁTICA DO
EVANGELHO NA VIDA DAS IGREJAS
Trabalho de Conclusão de Curso, apresenta-
do em cumprimento parcial às exigências do
Curso de Bacharel em Teologia da Universi-
dade Metodista de São Paulo, para obtenção
do grau de Bacharel, sob a orientação do
Prof. Dr. Cláudio Ribeiro.
São Bernardo do Campo — Novembro de 2007
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FABRÍCIO ROGER DE SOUZA LOPES

MISSÃO INTEGRAL

UMA PERSPECTIVA TEOLÓGICA DA PRÁTICA DO

EVANGELHO NA VIDA DAS IGREJAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresenta- do em cumprimento parcial às exigências do Curso de Bacharel em Teologia da Universi- dade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Bacharel, sob a orientação do Prof. Dr. Cláudio Ribeiro.

São Bernardo do Campo — Novembro de 2007

FOLHA DE APROVAÇÃO

A Banca Examinadora considera o trabalho:


E atribui o conceito: __________________________

___________________________

Cláudio de Oliveira Ribeiro Orientador

___________________________

José Carlos de Souza Leitor

___________________________

Prof. Dr. Luiz Carlos Ramos (Professor da Disciplina TCC)

AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

AO DEUS TODO PODEROSOAO DEUS TODO PODEROSOAO DEUS TODO PODEROSOAO DEUS TODO PODEROSO, pelo chamado, cuidado, confirmação da minha vocação, cumprimento de teus propósitos em minha vida e pela benção de me conceder o privilégio de ser Pai...

A minha AMADA e LINDA ESPOSA KELLY LETÍCIA, que esteve comigo em todos os momentos, me ajudando e dando forças para vencer todas as dificuldades que vivemos durante este período de estudos. Além, de manifestar seu amor gerando nosso primeiro bebê...TE AMO MUITO!!!

A meu filho Fabrício Junior, que mesmo longe, me traz muita felicidade...

A meus Pais, Waldemir e Ruth, pelo carinho, educação e amor dedicados a mim durante toda minha vida. Amo muito vocês...

Aos meus irmãos Vinícius e Tayane, que fazem parte de minha vida e do meu chamado... Amo vocês!!!

Aos meus avós (em memória) Alcina, José e Nelsina que me deram muito carinho e amor durante suas vidas.

A toda minha família paterna e materna que contribuíram para minha educação e criação.

A minha sogra Mariza, meus cunhados Arnaldo, Lucas, Viviam e meus sobrinhos Grabriella e Arthur que fazem parte de minha família.

A avó Nair que tive o privilégio de receber através do meu casamento. Obrigado pelas orações.

Aos meus amigos Janilson Palhano e Janilson Junior que foram importantíssimos em minha vida profis- sional e de estudos em São Paulo.

Aos membros da comunidade metodista da sala dos formandos 2007 “Se creres, verás a Glória de Deus” Marcelo Arruda, Paulo Amendola e Emerson José, que são meus amigos nessa caminhada. Lembrem-se só Jesus Salva!!!

A todos os irmãos da Igreja Metodista em Vila Nova por ter reconhecido o meu chamado.

A todos os irmãos da Igreja Metodista em Santo André que confirmaram meu chamado.

Ao pastor Luis Carlos Lima pelos ensinamentos no período de estagio eclesiástico.

Ao meu professor e tutor Tércio Siqueira que me ajudou nestes anos de estudos.

Aos professores Cláudio Ribeiro e Magali Cunha que me orientaram nos estudos.

Ao professor José Carlos pela leitura do TCC.

Ao amigo e pastor Daniel Silveira por suas orientações e ajuda.

Aos meus amigos em Barra Mansa que estiveram orando durante este período A todos meus amigos de classe no período noturno que me agüentaram desde o segundo ano.

A todos meus amigos da faculdade da classe matutina que estiveram comigo no primeiro ano.

A todos os professores da faculdade de teologia, obrigado por tudo.

  • Introdução________________________________________________________________
  • Capítulo 1 O despertar da missão Integral ______________________________________
      1. Eventos e aspectos que originaram o Movimento Evangelical __________________
      • 1.1 Antecedentes Históricos _____________________________________________
      • 1.2 O Pacto de Lausanne _______________________________________________
      • 1.3 Os Congressos Latino-Americanos de Evangelização (CLADE’s) ____________
      1. Missão Integral na Igreja _______________________________________________
  • Capítulo 2 Missão Integral (Uma perspectiva Salvífica) __________________________
      1. Conhecendo a Condição Humana_________________________________________
      • 1.1 O ser humano e sua dignidade ________________________________________
      • 1.2 O ser humano e sua depravação _______________________________________
      1. Conhecendo o Mundo__________________________________________________
      1. A Salvação Integral ___________________________________________________
  • Capítulo 3 Missão Integral (Uma perspectiva cristológica) ________________________
      1. Conhecendo Jesus_____________________________________________________
      • 1.1 Jesus Cristo é Senhor _______________________________________________
      • 1.2 Jesus é Salvador ___________________________________________________
      • 1.3 Jesus é nosso______________________________________________________
      1. Cristologia e Missão ___________________________________________________
  • capítulo 4 Missão Integral (Uma perspectiva Eclesiológica) _______________________
      1. A Sociedade secular ___________________________________________________
      1. Os desafios eclesiológicos ______________________________________________
      1. A eclesiologia evangelizadora da missão integral ____________________________
      • 3.1 – A Teologia da Igreja ______________________________________________
      • 3.2 – As Estruturas da Igreja ____________________________________________
      • 3.3 – A mensagem da Igreja _____________________________________________
      • 3.4 – A Vida da Igreja _________________________________________________
        1. Modelo de Ministério Integral _________________________________________
      1. Crescimento Integral ________________________________________________
  • Conclusão _______________________________________________________________
  • Referências ______________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Em busca de uma teologia compromissada com a evangelização e a ação social, que integrasse uma forte espiritualidade religiosa com um forte trabalho social, tendo uma visão holística do ser humano, testemunhando Jesus como Senhor e Salvador, com um evangelho encarnado na vida das pessoas e na sociedade, anunciando o evangelho com todo o seu ca- risma e amor, comecei a pesquisar uma teologia nestes parâmetros, que apresentasse uma perspectiva prática de evangelização. Por isso, nesta monografia apresentarei a Teologia da Missão Integral ou Teologia Evangelical , a partir de algumas de suas perspectivas básicas, buscando uma perspectiva prática para a vida da igreja. Nesta busca, a monografia procura trabalhar o primeiro capítulo com o despertar da missão integral, tentando evidenciar os eventos que originaram o movimento evangelical com seus antecedentes históricos, a partir dos congressos mundiais e as instituições que se formaram, com destaque para o Pacto de Lausanne e os CLADE’s. O capítulo também bus- ca através do tema missão integral na igreja, elucidar de forma sucinta o pensar teológico do movimento evangelical na igreja. O segundo capítulo procura apresentar a missão integral em uma perspectiva salvífica, tentando trabalhar uma visão antropológica do mundo e da condição humana. Para isso, busca destacar os temas, o ser humano e sua dignidade e o ser humano e sua depravação e como a missão integral entende o mundo. Em seguida o capítulo tenta apresentar uma pos- sibilidade de alcançar o ser humano e a sociedade, com o tema a salvação integral, desta- cando o anúncio do evangelho e o testemunho de amor em Jesus Cristo como forma de sal- var o mundo e a humanidade em sua integralidade.

CAPÍTULO 1

O DESPERTAR DA MISSÃO INTEGRAL

O objetivo deste capítulo é fornecer uma visão panorâmica dos acontecimentos que marcaram o despertar da missão integral no decorrer da história e na formação teológica den- tro das igrejas com o seu pensamento e prática evangelizadora de forma integral. Em primeiro lugar, apresentaremos uma síntese dos eventos e aspectos que originam o movimento evangelical, destacando os antecedentes históricos, o pacto de Lausanne e os Congressos Latino-americanos de Evangelização (CLADE’s). Em segundo lugar, apresenta- remos a missão integral da igreja, destacando de forma sucinta o pensar teológico manifesto na igreja.

1. Eventos e aspectos que originaram o Movimento Evangelical

1.1 Antecedentes Históricos^1

O século XX foi marcado pelo debate da igreja em torno da relação entre, evangelização e civilização, ou seja, evangelismo e responsabilidade social, contexto onde diferentes autores

(^1) A pesquisa dos fatos históricos, datas e interpretação foram retiradas do site da Faculdade Latino-Americana de Teologia Integral - www.faculdadelatinoamericana.com.br e o site da Fraternidade Teológica Latino-americana – www.ftl.org.br, em 2004.

procuraram expressar a missão da igreja em termos de desenvolvimento, presença cristã na sociedade, diálogo inter-religioso, justiça e paz, diaconia e outros conceitos. Estas reflexões desencadearam diversas conferências, entre elas, destacamos a célebre Conferência Missionária Mundial, realizada em Edimburgo em 1910, que estimulou a refle- xão sistemática e abrangente sobre o trabalho missionário protestante na América Latina, provocando assim em março de 1913, em Nova York, uma Conferência sobre missões na América Latina, que criou a Comissão de Cooperação na América Latina (CCLA). Por sua vez, a CCLA patrocinou o Congresso de Ação Cristã na América Latina, reunido no Panamá em fevereiro de 1916, o maior encontro das forças protestantes desse continente realizado até aquela data. O Congresso mostrou a necessidade de maior cooperação em áreas como educa- ção religiosa, missões, literatura e formação teológica. Mais especificamente, suas metas principais foram a evangelização das classes cultas, a unificação da educação teológica atra- vés de seminários unidos, o desejo de dar uma dimensão social ao trabalho missionário na América Latina e o esforço em promover a unidade protestante. Como resultado do encontro do Panamá, nos anos seguintes realizaram-se dois congres- sos missionários ecumênicos regionais. O primeiro, denominado Congresso de Ação Cristã na América do Sul, reuniu-se em Montevidéu, Uruguai, em 1925. Em 1929, reuniu-se em Hava- na o Congresso Evangélico Hispano-Americano, presidido pelo metodista mexicano Gonzalo Baez-Camargo. Uma segunda série de encontros do protestantismo latino-americano com caráter ecu- mênico foi representada por três Conferências Evangélicas Latino-americanas: CELA I (Bue- nos Aires, 1949), CELA II (Lima, 1961) e CELA III (Buenos Aires, 1969). Essas conferên- cias estavam ligadas às denominações históricas, que rapidamente tornavam-se minoritárias no contexto geral do protestantismo da América Latina. O protestantismo ecumênico das CELAs recebia a influência do protestantismo históri- co do hemisfério norte, já o CELA III buscava aproximar-se do catolicismo posterior ao Con- cílio Vaticano II (1962-1965) e procurava responder à difícil situação social do continente com uma teologia radical, que eventualmente identificou-se com a célebre “teologia da liber- tação” que adquiriu notoriedade no âmbito católico romano com a segunda assembléia da Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM), reunida em Medellín, Colômbia, em

Em 1962, os protestantes haviam criado a organização Igreja e Sociedade na América Latina (ISAL), após uma consulta realizada em Huampaní, Peru, no ano anterior. Ela tornou-

O CLADE I foi marcado pela diferença de pensamento entre os evangelicais e conser- vadores. Os teólogos latino-americanos não se viam representados pela teologia norte ameri- cana dos institutos e seminários bíblicos conservadores e tampouco pela teologia ecumênica. Portanto neste contexto, interpretado para alguns como uma separação radical, para outros como uma radicalização amena suavizando as pendengas entre fundamentalistas e ecumêni- cos, e ainda para outros como reação contra o ecumenismo, surge a divisão entre evangelicais e conservadores, e depois a divisão destes com o grupo ecumênico. A partir de então, preocu- pados em encarar a missão e a pastoral na América Latina, manifesta-se no CLADE I três vertentes: a ecumênica, a evangelical e a fundamentalista. Foi neste contexto do CLADE I realizado em 1969 que se articulou a criação da Frater- nidade Teológica Latino-Americana (FTL), organizada no ano seguinte em Cochabamba, Bolívia, tendo Pedro Savage como seu primeiro secretário e Samuel Escobar como seu pri- meiro presidente. Desde o primeiro momento, a FTL procurou ser uma plataforma de encon- tro e diálogo teológico da qual participassem pastores, missionários e pensadores evangélicos, dentro do marco evangélico de uma lealdade comum à autoridade bíblica e à fé evangélica como base da reflexão e de um compromisso ativo com o cumprimento da missão cristã. Por sua vez, a Fraternidade Teológica Latino-Americana convocou os CLADEs posteri- ores (que apresentaremos à frente) e procurou estar tão consciente da problemática social lati- no-americana quanto o grupo de ISAL, mas, ao mesmo tempo, preocupou-se em abordar a questão de uma perspectiva que entendia ser mais bíblica e equilibrada. Ela é também mais representativa do protestantismo popular da América Latina que a sua congênere ecumênica. Entre os seus participantes mais destacados e influentes está o líder Samuel Escobar. No decorrer deste despertar para as missões no mundo, destacamos o Congresso Mun- dial de Evangelização (Berlim, 1966), que foi a primeira grande reunião mundial de evangéli- cos no século XX, que também estimulou congressos regionais de evangelização em vários continentes. Estes por sua vez contribuíram para o Congresso Internacional de Evangelização Mundial (Lausanne, 1974), que evocou manifestações de opinião de toda a comunidade evan- gélica, à medida que os participantes se debatiam com as questões da teologia de missão no mundo contemporâneo. 3

(^3) A pesquisa dos fatos históricos e datas foram retiradas do site da Faculdade Latino-Americana de Teologia Integral - www.faculdadelatinoamericana.com.br e o site da Fraternidade Teológica Latino-americana – www.ftl.org.br, em 2004.

1.2 O Pacto de Lausanne^4

O Congresso Internacional de Evangelização Mundial (Lausanne, 1974), demonstrou o desenvolvimento de uma teologia missionária amadurecida, positiva e consistente, por parte dos evangélicos. O próprio tema “Para que o Mundo ouça a Sua (Deus) voz”, destaca a inten- ção da igreja de reafirmar a vocação e visualizar desafios e recursos para a evangelização em todo mundo. O Congresso de Lausanne foi considerado, na época, uma das reuniões mais globais realizada pelos cristãos. Reuniu 2473 participantes e cerca de 1000 observadores de 150 países e 135 denominações protestantes. Foi um congresso que trouxe um despertar para os milhares de cristãos no mundo, onde os evangélicos se puseram em dia com a época e com a história. Uma das grandes influências nas deliberações do congresso veio através das contribui- ções de oradores do terceiro mundo. O impacto de líderes como Samuel Escobar e C. René Padilla, através do grupo de Discipulado Radical, foi de especial importância. Oradores lati- no-americanos como René Padilla, Orlando Costas e Samuel Escobar proferiram as declara- ções mais fortes no sentido de que a preocupação com as necessidades sociais da humanidade e o envolvimento com as mesmas é uma parte necessária do testemunho e da responsabilidade dos cristãos em favor do mundo. René Padilha com o tema “A Evangelização e o Mundo” , afirmou:

Nossa maior necessidade é um evangelho mais bíblico e uma igreja mais fiel. Poderemos nos despedir deste congresso com um belo conjunto de papéis e declarações que serão arquivadas e esquecidas, e com lembrança de um grande e impressionante encontro de âmbito mundial. Ou poderemos sair daqui com a convicção de que temos fórmulas mágicas para a conversão das pessoas. Eu pessoalmente espero em Deus que possamos sair daqui com uma atitude de arrependimento no que diz respeito à nossa escravidão ao mundo e ao nosso arrogante triunfalismo, com o senso de nossa incapacidade de sermos libertos dos grilhões a que estamos atados e, apesar disso, com grande confiança em Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre". Amém.^5 Samuel Escobar afirmou:

(^4) Cf - www.faculdadelatinoamericana.com.br e www.ftl.org.br (2004). (^5) PADILLA, René. A Evangelização e o Mundo: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. São Paulo e Belo Hori- zonte: ABU Editora e Visão Mundial, 1982. p. 171.

1.3 Os Congressos Latino-Americanos de Evangelização (CLADE’s) 7

Movidos pelo Congresso Mundial de Evangelização, em Berlim (1966), onde fora deci- dida à realização de congressos continentais sobre evangelização, foi convocado na América Latina em 1969, o 1º Congresso Latino-Americano de Evangelização (CLADE I) em Bogotá (Colombia), sendo o ponto de partida para o movimento evangelical na América Latina, defi- nindo uma nova agenda pastoral para os evangélicos do continente que demonstravam o des- contentamento e a oposição ao movimento ecumênico. O CLADE I foi o marco histórico do rompimento com o protestantismo latino-americano ecumênico, da polarização existente entre os fundamentalistas e evangelicais, e de influência para a geração de uma fraternidade de teó- logos latino-americanos. O CLADE I reuniu cerca 900 participantes com o tema “Ação em Cristo para um continente em crise”, que aprovaram a “Declaração Evangélica de Bogotá”. O debate iniciado no Pacto de Lausanne (1974) não terminou e prosseguiu durante os anos com o desejo de fazer do congresso um processo e não só um evento. Os participantes continuaram o debate promovendo outros congressos como o CLADE II (1979), em Lima, Peru, realizado pela Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) com o lema “Que a América Latina ouça a Sua (DEUS) voz”. Este congresso tratou de relacionar o pacto com a realidade concreta de pobreza e opressão, corrupção moral e abuso de poder nesta região do mundo, assim sendo, os evangélicos latino-americanos escolheram o Pacto de Lausanne como uma expressão do seu consenso doutrinário básico e do seu claro compromisso com um mo- delo de missão integral e bíblico. O congresso teve delegações de 21 países da América Latina e Caribe, com um total de 220 participantes, sendo 22 mulheres, que elaboraram em suas reflexões uma radiografia da situação da América Latina e do papel das igrejas, com destaque para as principais palestras que tinham como tema “o desafio da evangelização na década de 1980”, “a palavra e o espíri- to na comunidade evangelizadora”, “Cristo e o anticristo na proclamação”, “pecado e salva- ção na América Latina” e “esperança e desesperança na crise continental”. Estas palestras foram trabalhadas com dois preletores para equilibrar as forças entre os evangelicais radicais, moderados, fundamentalistas e ecumênicos. O CLADE II não elaborou nenhum super docu-

(^7) A pesquisa dos fatos históricos e datas foram retirados da obra: LONGUINI NETO, Luiz. O Novo Rosto da Missão: os movimentos ecumênico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viçosa: Ultimato, 2002; e dos sites - www.faculdadelatinoamericana.com.br e www.ftl.org.br, em 2004.

mento, como pacto, compromisso ou declaração, mas uma simples carta rica em seu conteú- do. O CLADE III (1992), com o tema “Todo o evangelho para todos os povos”, demonstrou a grande diversidade do mundo evangelical latino-americano nos 1080 participantes que esti- veram no congresso em Quito, Equador, que teve a presença representativa de 26 paises da América Latina, além da África, Europa e Estados Unidos, sendo 30% de mulheres, 35% de pastores, 35% de leigos, 5% de representantes da hierarquia eclesiástica, 5% de acadêmicos, 5% de observadores e jornalistas, além de uma delegação de indígenas cristãos de alguns pai- ses do continente. O congresso teve cerca de 100 oradores entre os expositores de seminários, conferencis- tas, pregadores, grupos de teatro, mímica e dança litúrgica e vários grupos musicais. O tema foi dividido em três partes, sendo o primeiro “Todo o evangelho” que tratou da natureza e essência do evangelho com palestras como, o evangelho e a palavra de Deus, o evangelho e a criação, o evangelho e a comunidade do Espírito, o evangelho do perdão e da reconciliação, o evangelho e o Reino de Deus, e o evangelho de Justiça e poder. A segunda parte, “para Todos os Povos”, trabalhou as estruturas socioeconômicas, polí- ticas e culturais da América Latina, e também de todos os povos alcançados pelo evangelho, com temas que traziam uma formulação missiológica como, a universalidade da missão, toda a igreja é missionária, missão integral, a nova consciência missionária na América Latina, o estilo encarnacional de missão e a urgência da missão. A terceira parte, com o tema “A partir da América Latina”, debateu sobre temas extre- mamente ricos como, evangelho e política, o evangelho de justiça e o evangelho da nova cria- ção. Estes temas refletiram o novo o rosto do movimento evangelical da América Latina que reafirmou a missão integral da igreja em seu aspecto holístico, o compromisso com a unidade dos cristãos e a justiça social relacionada com a pregação do evangelho. No ano de 2000, estabelecendo o compromisso com o espírito de Lausanne, a FTL con- vocou o CLADE IV, em Quito, Equador, com o tema “O testemunho Evangélico para o Ter- ceiro Milênio: Palavra, Espírito e Missão”, tendo a participação de 1300 pessoas, que refleti- ram sobre temas como, pluralismo religioso, estruturas de poder, crescimento da igreja e espi- ritualidade, além de consultas sobre os temas: juventude e sociedade, ministério com crianças, missão transcultural, trabalho bíblico, literatura, ministério com família, missão integral, edu- cação teológica, unidade da igreja, política e direitos humanos, comunicações, presença cristã

Quadro – Congressos e Instituições Evangelicais^8

Mundiais Latino-Americanos Nacionais

Congressos

-1966,Wheaton, Congresso sobre Missão Mundial

  • 1966, Berlim, Congresso Mundial de Evangelização
  • 1974, Lausanne, Congres- so Internacional de Evange- lização Mundial: Pacto de Lausanne
  • 1980, Pattaya, Consulta sobre Evangelização Mun- dial
  • 1983, Wheaton, Conferên- cia Internacional sobre Na- tureza e Missão da Igreja
  • 1983, Amsterdã, Confe- rência Internacional de E- vangelistas Itinerantes
    • 1989, Manilla, Congresso Internacional de Evangeli- zação Munidial
    • 1962, Clase – Consulta Lati- no-Americana sobre Evangeli- zação
    • 1969, Bogotá, Clade I -1970, Cochabamba, Constitu- ição da FTL
    • 1979, Lima, Clade II
    • 1992, Quito, Clade III
    • 2000, Quito, Clade IV
      • 1983, Congresso Brasileiro de Evan- gelização
      • 1988, Congresso Nordestino de Evan- gelização

Instituições

  • Comunhão Evangelical Mundial – CEM ( World Evangelical Fellowship – WEF ) (Aliança Evangélica Mundial – AEM)
  • Associação Interdenomi- nacional para Missões no Exterior – AIME ( Interde- nominacional Foreign Mis- sions Association – IFMA ) Associação Evangelical pa- ra Missões no Exterior – AEME ( Evangelical Foregn Missions Association – EFMA )
  • Associação Evangelística Billy Graham Visão Muindial ( World Vi- sion )
  • Comunhão Cristã Interur- niversitária ( Campus Cru- sade International - Bill Bright )
  • Comunidade Internacional de Estudantes Evangelicais (CIEE) ( International Fel- lowship of Evangelical Stu- dents – IFES )
    • Associação Nacional de E- vangelicais – ANE ( National Association of Evangelicals – NAE )
    • Comitê Evangelical para a America Latina – CEAL ( E- vangelical Comittee for Latin American – ECLA )
    • Missão Latino Americana – MLA ( Latin American Mission - Lam )
    • Seminário Bíblico Latino- Ame-ricano (SBL) Fraternidade Teológica Latino- Americana (FTL)
    • Celep (Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos Pastorais)
    • Eirene
      • Fraternidade Teo- lógica Latino- Americana
      • Aliança Bíblica Universitária (ABU) Centro Evangélico Brasileiro de Estu- dos Pastorais (CE- BEP)
      • Sociedade de Estu- dantes de Teologia Evangélica (SETE)
      • Corpo de Psicólo- gos e Psiquiatras Cristãos (CPPC)
      • Visão Nacional de Evangelização (VINDE)
      • Visão Mundial
      • Associação Evan- gélica Brasileira (AEVB)

(^8) LONGUINI NETO, Luiz. O Novo Rosto da Missão: os movimentos ecumênico e evangelical no protestantis- mo latino-americano. Viçosa: Ultimato, 2002. p. 29.

2. Missão Integral na Igreja

Em meio a um período conturbado da história recente da América Latina, quando nosso continente foi sacudido por profundas convulsões políticas, ideológicas e sociais, muitos cris- tãos aderiram à agenda revolucionária da Teologia da Libertação. A Fraternidade Teológica Latino-Americana tem feito um esforço sério no sentido de apresentar uma alternativa a essa teologia que fosse bíblica, evangélica e igualmente radical em suas implicações. Eles demons- traram que as igrejas podem permanecer fiéis às suas convicções históricas e, ao mesmo tem- po, adotar uma postura ousada e coerente em relação aos problemas sociais. Como cristãos brasileiros, preocupados tanto com a missão da igreja, quanto com as difíceis realidades só- cio-econômicas de nosso país, devemos levar a sério os desafios desses líderes, que falam com convicção, coerência e clareza sobre a necessidade de um entendimento abrangente da tarefa da igreja no mundo, como agente e instrumento de Deus. A atitude e as ações de Deus em relação ao mundo, especialmente como reveladas no seu Filho, Jesus Cristo, são os nossos grandes paradigmas de missão. A Bíblia fala de um Deus que toma a iniciativa, que busca a humanidade com amor e compaixão, que quer dar vida e dignidade à sua criação. Isso foi i- lustrado de maneira extraordinária por Jesus, quando, em seu ministério terreno, manifestou o interesse de Deus por todos os tipos de pessoas e pela pessoa integral. Nesta visão, fundamen- tado no pacto de Lausanne, entre a teologia da libertação e o neofundamentalismo, uma nova geração de pastores e líderes opta pela teologia da missão integral da Igreja. A missão integral enfatiza de modo claro que a evangelização e a ação social não se se- param, tornando necessário pregar Jesus Cristo como Senhor e Salvador de forma verbal e prática, verbal no que diz respeito à palavra de Deus e ao plano salvífico de Jesus, para a res- tauração, transformação, libertação e cura do homem e da mulher, ou seja, de toda humanida- de através do poder do Espírito Santo na vida espiritual e no relacionamento com Deus; e prática no que diz respeito ao testemunho de amor e vida de Jesus, na ação física solidária para com as necessidades dos pobres e marginalizados trazendo restauração, transformação, libertação e cura no viver do próximo dentro da sociedade, através do Espírito Santo no con- tato pessoal e social. Desta forma, a missão integral reflete o cuidado e os propósitos de Deus pela pessoa como um todo, alcançando as quatro áreas em que Jesus cresceu - sabedoria (a- plicação de verdades bíblicas na vida), estatura (atendimento de necessidades físicas), graça diante de Deus (ministério espiritual) e graça diante dos homens (atendimento social), reco- nhecendo Deus como importante, amoroso e capaz de transformar vidas, igrejas, comunida- des e nações, fundamentando-se nos mandamentos bíblicos de Jesus de amar a Deus e ao pró-