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Este texto discute o coletivismo de guerra durante a primeira guerra mundial, onde o governo estadunidense implementou extensas medidas de planejamento econômico para beneficiar os interesses comerciais, especialmente as grandes empresas. Como o coletivismo de guerra se transformou em uma forma de governo disfarçada, promovendo o interesse nacional e o bem-estar dos trabalhadores, enquanto mantinha a harmonia entre o comércio internacional e os negócios domésticos.
Tipologia: Traduções
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Coletivismo de Guerra
Título original WAR COLLECTIVISM Power, Business, and the Intellectual Class in World War I (19 72 ) Autor Murray. N. Rothbard Tradução Fernando Fiori Chiocca Revisão enviar para contato@rothbardbrasil.com Diagramação Fernando Fiori Chiocca Capa Mises Institute Fernando Fiori Chiocca ROTHBARD, Murray N. Coletivismo de Guerra: Poder, empresas e a classe intelectual na Primeira Guerra Mundial /Murray N. Rothbard — São Paulo: Instituto Rothbard, 2022.
Mais do que qualquer outro perí- odo, a Primeira Guerra Mundial foi o divi- sor de águas crítico para o sistema empre- sarial americano. Foi um “coletivismo de guerra”, uma economia totalmente plane- jada dirigida em grande parte pelos inte- resses das grandes empresas através da instrumentalidade do governo central, que serviu de modelo, precedente e inspi- ração para o capitalismo corporativista estatal pelo restante do século XX. Essa inspiração e precedente sur- giram não apenas nos Estados Unidos, mas também nas economias de guerra dos principais combatentes da Primeira Guerra Mundial. O coletivismo de guerra mostrou aos interesses das grandes em- presas do mundo ocidental que era possí- vel mudar radicalmente do capitalismo anterior, em grande parte de livre mer- cado, para uma nova ordem marcada por um governo forte e intervenção e
Coletivismo de Guerra na Primeira Guerra Mundial planejamento governamental extensivo e abrangente, com o objetivo de proporcio- nar uma rede de subsídios e privilégios monopolistas aos interesses empresariais, e especialmente as grandes empresas. Em particular, a economia poderia ser carteli- zada sob a égide do governo, com preços elevados e produção fixa e restringida, no padrão clássico de monopólio; e contratos militares e outros contratos governamen- tais poderiam ser canalizados para as mãos de produtores corporativistas favo- recidos. A força de trabalho, que vinha se tornando cada vez mais rebelde, poderia ser domada e controlada a serviço dessa nova ordem estatal monopolista-capita- lista, por meio da promoção de um conve- niente sindicalismo aliado, tornando os lí- deres sindicais dispostos à colaborar só- cios minoritários do sistema de planeja- mento. De muitas maneiras, a nova ordem foi uma reversão impressionante ao mer- cantilismo antiquado, com seu imperia- lismo e nacionalismo agressivos, seu mili- tarismo generalizado e sua gigantesca
Coletivismo de Guerra na Primeira Guerra Mundial encobriu a nova forma de governo sob o disfarce da promoção do interesse nacio- nal geral, do bem-estar dos trabalhadores através da nova representação trabalhista e do bem comum de todos os cidadãos. Daí a importância da nova ideologia do li- beralismo do século XX: fornecer uma tão necessária legitimidade e apoio popular que sancionou e glorificou a nova ordem. Em contraste com o antigo liberalismo laissez-faire do século anterior, o novo li- beralismo obteve aprovação popular para o novo sistema ao proclamar que diferia radicalmente do antigo mercantilismo ex- plorador por sua promoção do bem-estar de toda a sociedade. E em troca desse su- porte ideológico dos novos liberais “corpo- rativistas”, o novo sistema forneceu aos vantagem”. Furniss acrescenta que “é caracte- rístico desses escritores estarem tão pronta- mente dispostos a confiar na sabedoria do po- der civil para ‘melhorar, administrar e moldar’ a matéria-prima econômica da nação” (p. 41).
Coletivismo de Guerra liberais progressistas o prestígio, a renda e o poder que vinham com cargos de pla- nejamento concreto e detalhado do sis- tema, bem como de propaganda ideológica a seu favor. Por sua vez, os intelectuais liberais progressistas conquistaram não apenas prestígio e um mínimo de poder na nova ordem, mas também a satisfação de acre- ditar que esse novo sistema de interven- ção governamental era capaz de transcen- der as fragilidades e os conflitos sociais que eles enxergavam nas duas grandes al- ternativas: o capitalismo laissez-faire ou o socialismo marxista proletário. Os intelec- tuais viam na nova ordem algo que traria harmonia e cooperação a todas as classes em nome do bem-estar geral, sob a égide do grande governo. Na visão progressista, a nova ordem forneceu um meio-termo, um “centro vital” para a nação, em con- traste com os “extremos” divisivos da es- querda e da direita.
Coletivismo de Guerra do Leste apoiou a narrativa de entrada na guerra.^2 Além do papel das grandes empresas em empurrar os Estados Unidos no caminho da guerra, as empresas estavam igualmente en- tusiasmadas com o amplo planeja- mento e mobilização econômica que a guerra claramente acarreta- ria. Assim, um dos primeiros entu- siastas da mobilização de guerra foi a Câmara de Comércio dos Es- tados Unidos, que havia sido uma das principais defensoras da car- telização industrial sob a égide do governo federal desde sua (^2) Sobre o papel da Casa de Morgan e outros laços econômicos com os Aliados na condução da entrada americana na guerra, ver Charles Callan Tansill, America Goes to War (Boston: Little, Brown & Co., 1938), pp. 32-
Coletivismo de Guerra na Primeira Guerra Mundial formação em 1912. A publicação mensal da Câmara, The Nation's Business , previu em meados de 1916 que uma economia mobili- zada traria um compartilhamento de poder e responsabilidade entre governo e empresas. E o presi- dente do Comitê Executivo de De- fesa Nacional da Câmara dos Esta- dos Unidos escreveu aos du Ponts, no final de 1916, sobre sua expec- tativa de que “essa questão das munições parecia ser a maior oportunidade para fomentar o novo espírito” de cooperação entre governo e indústria.^3 A primeira organização a apoiar a mobilização econômica para a guerra foi o Comitê de Preparação Industrial (CIP), (^3) Citado em Paul A.C. Koistinen, “The ‘Industrial-Military Complex’ in Historical Per- spective: World War I”, Business History Re- view (Inverno, 1967): 381.
Coletivismo de Guerra na Primeira Guerra Mundial augusto New York Times e a grande maio- ria da indústria americana.^4 (^4) O principal historiador da mobiliza- ção da indústria na Primeira Guerra Mundial, ele próprio um dos principais participantes e diretor do Conselho de Defesa Nacional, es- creve com desprezo que as dispersas exceções ao coro de aprovação de negócios “revelaram uma falta considerável... daquela unidade de vontade de servir a Nação que foi essencial para a fusão das lenhas do individualismo no feixe inquebrável da unidade nacional”. Grosvenor B. Clarkson, Industrial America in the World War (Boston: Houghton Muffin, 1923), p. 13. O livro de Clarkson, aliás, foi sub- sidiado por Bernard Baruch, o chefe do coleti- vismo industrial de guerra; o manuscrito foi verificado cuidadosamente por um dos princi- pais assessores de Baruch. Clarkson, um ho- mem de relações públicas e executivo de publi- cidade, começou seu esforço coordenando a publicidade para a campanha de preparação industrial de Coffin em 1916. Ver Robert D. Cuff, “Bernard Baruch: Symbol and Myth in
Coletivismo de Guerra O CIP foi sucedido, no final de 1916, pelo totalmente governamental Conselho de Defesa Nacional (CDN), cuja Comissão Consultiva – composta em grande parte por industriais privados – se tornaria sua agência operacional real. (O Conselho propriamente dito consistia em vários membros do Gabinete.) O presi- dente Wilson anunciou o propósito do CDN, que era organizar “todo o meca- nismo industrial... da forma mais efi- caz”. Wilson considerou o Conselho parti- cularmente valioso porque “abre um novo e direto canal de comunicação e coopera- ção entre empresários e cientistas e todos os departamentos do governo... .”^5 Ele também enalteceu o pessoal da Comissão Consultiva do Conselho por marcarem “a entrada do engenheiro e profissional Industrial Mobilization”, Business History Re- view (Verão, 1969): 116. (^5) Clarkson, Industrial America in the World War , p. 21.
Coletivismo de Guerra Tesouro William Gibbs McAdoo, genro do presidente e ex-promotor da Hudson and Manhattan Railroad e associado dos inte- resses Ryan em Wall Street.^8 O chefe da Comissão Consultiva foi Walter S. Gifford, que fora um dos líderes do Comitê Coffin e chegara ao governo vindo de seu cargo de chefe estatístico da American (^8) Quem originou a ideia do CDN foi o Dr. Hollis Godfrey, presidente do Drexel Insti- tute, uma organização de treinamento indus- trial e educação gerencial. Também influente no estabelecimento do CDN foi o Conselho Ker- ner, a junta militar-civil, chefiado pelo Coronel Francis J. Kerner, e incluindo como seus mem- bros civis: Benedict Crowell, presidente da Crowell & Little Construction Co. de Cleveland e mais tarde Secretário Adjunto de Guerra; e R. Goodwyn Rhett, presidente do Banco Popu- lar de Charleston e presidente também da Câ- mara de Comércio dos Estados Unidos. Koisti- nen, "O 'Complexo Industrial-Militar' em Pers- pectiva Histórica: Primeira Guerra Mundial", pp. 382, 384.
Coletivismo de Guerra na Primeira Guerra Mundial Telephone and Telegraph Co., uma gigan- tesca empresa monopolista próxima de Morgan. Os outros membros “não partidá- rios” foram: Daniel Willard, presidente da Baltimore and Ohio Railroad; o financista de Wall Street Bernard M. Baruch; Ho- ward E. Coffin; Julius Rosenwald, presi- dente da Sears, Roebuck and Co.; Samuel Gompers, presidente da AF of L; e um ci- entista e um renomado cirurgião. Meses antes da entrada americana na guerra, a Comissão Consultiva do CDN projetou o que viria a ser todo o sistema de compra de suprimentos de guerra, o sistema de controle de alimentos e a cen- sura da imprensa. Foi a Comissão Con- sultiva que se reuniu com os radiantes re- presentantes dos diversos ramos da in- dústria, e disse aos empresários que for- massem comitês para a venda de seus produtos ao governo e para a fixação dos preços desses produtos. Daniel Willard foi, sem surpresa, encarregado de lidar com as ferrovias, Howard Coffin com mu- nições e manufaturas, Bernard Baruch com matérias-primas e minerais, Julius