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Cirrose Hepática (Completo), Notas de estudo de Gastroenterologia

Curso: Medicina Assunto: Cirrose Hepática Epidemiologia da Cirrose Hepática Causas da Cirrose Hepática Manifestações Clínicas da Cirrose Hepática Diagnóstico da Cirrose Hepática Exames Complementares na Cirrose Hepática Prognóstico da da Cirrose Hepática Questões de Residência sobre Cirrose Hepática

Tipologia: Notas de estudo

2025

À venda por 08/06/2025

dario-moura-1
dario-moura-1 🇧🇷

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Introdução
A cirrose hepática é a via final comum das hepatopatias crônicas e persistentes em indi-
víduo geneticamente predispostos. Pode ser o estágio final de qualquer doença hepática
crônica. Ela é consequência da destruição do parênquima hepático com presença de nó-
dulos de regeneração. O insulto inflamatório recorrente gera fibrose dos hepatócitos e ati-
vação de células hepáticas que tem como função fibroblástica. Esses nódulos “regenerati-
vos” perdem a organização lobular normal e são circundados por tecido fibroso. O processo
envolve o fígado e, de uma forma geral, é considerado irreversível.
Cirrose = da massa de hepatócitos + Fibrose
Dessa forma, há elevada redução do volume hepático e contração do seu parênquima bem
como a compressão dos sinusoides hepáticos. Todo esse processo provoca, como conse-
quência, o aumento da resistência vascular hepática e, por conseguinte, formação de hiper-
tensão do sistema porta hepático.
A hipertensão portal provoca acumulo de volume a montante na circulação esplâncnica. Essa
é a circulação do TGI. Tal retenção de líquidos nas alças intestinas gera edema e redução
da volemia arterial efetiva o que ativa mecanismos fisiológicos de retenção hídrica.
O principal mecanismo é a ativação do SRAA (Sistema Renina-Angiotensina-Aldoste-
rona). Concluímos, portanto, que o paciente com cirrose hepática e hipertensão portal
acaba ficando hipervolêmico, porém com má distribuição do volume, com elevada contri-
buição da hipoalbuminemia decorrente da insuficiência hepática nesse processo.
Embora a cirrose seja histopatologicamente um diagnóstico de “tudo ou nada”, ironicamente
ela pode ser classificada como compensada ou descompensada. A cirrose descompensada
é definida pela presença de ascite, sangramento/hemorragia varicosa, encefalopatia he-
pática ou icterícia, que são complicações resultantes das principais consequências da cir-
rose:
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Introdução

A cirrose hepática é a via final comum das hepatopatias crônicas e persistentes em indi- víduo geneticamente predispostos. Pode ser o estágio final de qualquer doença hepática crônica. Ela é consequência da destruição do parênquima hepático com presença de nó- dulos de regeneração. O insulto inflamatório recorrente gera fibrose dos hepatócitos e ati- vação de células hepáticas que tem como função fibroblástica. Esses nódulos “regenerati- vos” perdem a organização lobular normal e são circundados por tecido fibroso. O processo envolve o fígado e, de uma forma geral, é considerado irreversível. Cirrose = da massa de hepatócitos + Fibrose Dessa forma, há elevada redução do volume hepático e contração do seu parênquima bem como a compressão dos sinusoides hepáticos. Todo esse processo provoca, como conse- quência, o aumento da resistência vascular hepática e, por conseguinte, formação de hiper- tensão do sistema porta hepático. A hipertensão portal provoca acumulo de volume a montante na circulação esplâncnica. Essa é a circulação do TGI. Tal retenção de líquidos nas alças intestinas gera edema e redução da volemia arterial efetiva o que ativa mecanismos fisiológicos de retenção hídrica. O principal mecanismo é a ativação do SRAA ( Sistema Renina-Angiotensina-Aldoste- rona). Concluímos, portanto, que o paciente com cirrose hepática e hipertensão portal acaba ficando hipervolêmico , porém com má distribuição do volume, com elevada contri- buição da hipoalbuminemia decorrente da insuficiência hepática nesse processo. Embora a cirrose seja histopatologicamente um diagnóstico de “tudo ou nada”, ironicamente ela pode ser classificada como compensada ou descompensada. A cirrose descompensada é definida pela presença de ascite , sangramento/ hemorragia varicosa , encefalopatia he- pática ou icterícia , que são complicações resultantes das principais consequências da cir- rose:

  • hipertensão portal
  • insuficiência hepática

A) = fígado normal | B = Sinusoides hepáticos organizados | C = fígado cirrótico | D = parênquima está desorganizado e nódulos regenerativos circundados por tecido fibroso

Hoje em dia, a cirrose é classificada principalmente conforme a causa (etiologia) , graças aos avanços em exames de sangue e análises laboratoriais. A antiga classificação baseada no tamanho dos nódulos (micronodular e macronodular) caiu em desuso porque não ajuda a entender o motivo da doença, só descreve a aparência do fígado. ❖ Metabólicas: Resultam de problemas no metabolismo, podendo aparecer na infância (como galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson) ou na vida adulta (como hemo- cromatose, deficiência de alfa- 1 - antitripsina e esteato-hepatite não alcoólica). Essas doenças fazem o fígado acumular substâncias tóxicas ou gorduras que levam à lesão. D. H. Gordurosa Não Alcoólica ➔ Triglicerídeos = Inflamação Crônica de Baixo Grau + Estresse Oxidativo + Adipocinas (citocinas) ❖ Virais: Causadas pelos vírus da hepatite B (com ou sem coinfecção pelo vírus D) e hepatite C. Essas infecções, quando se tornam crônicas, inflamam o fígado continua- mente, levando à cirrose. DAMP (padrão de lesão) + Proteínas Virais → Inflamação (alguns autores até dizem que é semelhante a resposta autoimune, porque usa mecanismos de autoimunidade, mas não é de fato) PAMP é quando o padrão é relacionado ao patógeno e suas proteínas deles. DAMP é algo mais relacionado [...] Dentre todas as hepatites (virais, induzida por fármacos e autoimunes), a hepatite C recebe destaque pela grande probabilidade de causar uma doença hepática crônica, e evoluir para cirrose e câncer. ❖ Alcoólica: O álcool é uma causa muito comum, principalmente em adultos. Geral- mente, a cirrose ocorre após 5 a 10 anos de consumo diário elevado (mais de 80g de etanol para homens e 60g para mulheres, o que equivale a cerca de 6-8 doses de bebida alcoólica por dia). Aumenta permeabilidade do intestino ❖ Induzida por Fármacos: Alguns medicamentos, quando usados por muito tempo, podem lesar o fígado e causar cirrose, como o metotrexato, isoniazida e alfametildopa. ❖ Autoimune: Ocorre quando o próprio sistema imunológico ataca as células do fígado, levando a uma inflamação crônica e destruição progressiva do órgão. Normalmente,

afeta mais mulheres jovens ou em idade pós-menopausa , podendo estar associada a outras doenças autoimunes. Doença imunológica caracterizada pela presença de Anticorpo Músculo Liso Posi- tivo e FAN+. ❖ Biliares: Acontece por doenças que afetam os canais biliares dentro ou fora do fígado. A cirrose biliar primária (hoje chamada colangite biliar primária) é uma doença espe- cífica, mas há também formas secundárias, que são o resultado final de outras doenças prolongadas das vias biliares (como obstruções e inflamações repetidas, exemplo: co- langite esclerosante primária). ❖ Obstrução do fluxo venoso hepático: Situações em que o sangue não consegue sair normalmente do fígado, causando congestão e lesão hepática, como ocorre na sín- drome de Budd-Chiari, doença veno-oclusiva e pericardite constritiva. ❖ Criptogênicas: Mesmo com toda a tecnologia, em 5% a 10% dos casos não se des- cobre a causa da cirrose. Muitas vezes, esses casos eram DHGNA (doença hepática gordurosa não alcoólica) não diagnosticada.

Fisiopatogenia

Os principais achados morfológicos da cirrose hepática incluem:  fibrose difusa  nódulos regenerativos  arquitetura lobular alterada  estabelecimento de derivações vasculares intra-hepáticas  capilarização dos sinusoides e fibrose perissinusoidal  trombose vascular  lesões obliterativas no trato portal e veias hepáticas Juntas, essas alterações são responsáveis pelo desenvolvimento de hipertensão portal e suas complicações.

História Natural da Cirrose

  1. Paciente desenvolve algum mecanismo de lesão hepática

Essa fibrólise depende da ativação das enzimas metaloproteases , como as colagenases. A atividade dessas enzimas é regulada por um sistema em que a ação das substâncias ativa- doras das prometaloproteases (como o inibidor da C1-esterase e o PAI- 1 – inibidor da ati- vação do plasminogênio) é contrabalanceada pela ação de substâncias que poderiam inibir sua liberação ou bloquear diretamente sua atividade, como o TIMPs (inibidor tecidual das metaloproteases) e a alfa-2 macroglobulina. Metaloproteases e TIMPs seriam produzidas pelas células estreladas sob a regulação de citocinas inflamatórias e também pelos macrófagos hepáticos = células de Kupffer , por intermédio da liberação de metaloproteases e citocinas anti-inflamatórias, principalmente a IL-10. Dessa maneira, no caso de uma lesão hepática crônica, a progressão para a fibrose hepá- tica ou para a reparação do tecido dependerá do tipo de estímulo desencadeado pela lesão e da genética do indivíduo. Outros mecanismos fibrogênicos, além daquele mediado pelas citocinas, também podem ocorrer. Vários estudos têm concordado sobre o papel do sistema de estresse oxidativo (EOx) he- pático e da reduzida produção do óxido nítrico (ON), potente agente vasodilatador, na cir- culação porto-esplênica. Ambos teriam participação direta no processo fibrogênico, bem como na disfunção endotelial hepática que acompanha a progressão da doença até o esta- belecimento da cirrose e da hipertensão portal (HP). A ativação do sistema de EOx resulta, em última instância, na produção de espécies reativas de oxigênio, que culminam com a destruição e necrose celular por meio da peroxidação lipídica. Os produtos da lipoperoxidação (especialmente malonaldeído, 4-hidroxinonenal e SOD) apresentam elevado potencial fibrogênico, por meio da estimulação direta das células es- treladas. A lipoperoxidação só ocorrerá na dependência de uma “falha” no sistema antioxi- dante hepático, representado principalmente pelo sistema da glutationa, além de licopenos, betacarotenos e vitaminas E e C, que atuariam como aceptores dos radicais livres, impedindo a lipoperoxidação. A redução na biodisponibilidade do ON está diretamente relacionada com a atividade aumentada desse sistema pró-oxidativo, uma vez que o ON que se liga ao superóxido dis- mutase (SOD) é capaz de modular a produção do peroxinitrito (ONOO-), um potente agente oxidante com fundamental papel na lesão oxidativa hepática. Por outro lado, as alterações da MEC determinadas pela fibrose auxiliam a perpetuar o processo fibrótico. Os componentes da MEC, os colágenos, proteoglicanos e as glicoproteí- nas encontram-se em concentração elevada no tecido hepático, seja nos septos fibrosos, seja na fibrose intersticial, e podem interferir no processo fibrogênico, atuando como medi- adores desse processo. Outras áreas maiores do desenvolvimento no processo fibrogênico hepático incluem o papel da microbiota intestinal e da hipóxia tecidual, com o estabelecimento de um microambiente

anaeróbico pró-inflamatório , além da influência das modificações epigenéticas na pro- gressão da fibrose.

Manifestações Clínicas da Cirrose Hepática

O quadro clínico da cirrose hepática pode ser dividido em sintomas associados a insufici- ência hepática e sintomas da hipertensão portal. Início insidioso , com fadiga, anorexia, náuseas, desconforto e distensão abdominal , as- cite, fraqueza e mal-estar Insuficiência Hepática  Hiperestrogenismo: ginecomastia, disfunção erétil (⬇️ libido), redução/rarefação de pelos corporais, eritema palmar, telangiectasias (essas 2 últimas por conta dele ser vasodilatador)  Coagulopatia: alargamento de INR principalmente (ele produzia fatores de coa- gulação)  Hipoalbuminemia (ele fabricava albumina)  Icterícia: hiperbilirrubinemia principalmente às custas de bilirrubina DIRETA (fí- gado metabolizava bilirrubina)  Sarcopenia  Síndrome Hepatorrenal  Encefalopatia Hepática 💀 Hipertensão Portal  Ascite (📉 P. Oncótica 📉 Albumina)  Esplenomegalia (trombocitopenia)  Varizes Esofágicas

Os 2 principais sistemas de classificação são o Child-Pugh e o MELD. Child-Pugh : score que vai de 1 a 5 pontos que leva em conta 5 critérios: o B ilirrubina o E ncefalopatia hepática o A scite o T P (usamos o INR) o A lbumina “ABATE” | “BEATA” Repare que não existe Child 0 Perceba que para a encefalopatia em si, temos um escore à parte , o de West Haven 🌄.

MELD : score muito utilizado para avaliar fila de transplante hepático. o B ilirrubina o I NR o C reatinina sérica De acordo com as formas clínicas de apresentação, os pacientes cirróticos podem ser clas- sificados em compensados ou descompensados (presença de ascite, encefalopatia e/ou ic- terícia) ou, ainda, por meio de critérios clínicos e laboratoriais. A classificação denominada MELD tem sido considerada superior à de Child-Pugh O MELD isolado ou associado à concentração sérica de sódio plasmático é considerado o melhor preditor de sobrevida nesses pacientes e tem sido adotado mundialmente como critério de alocação de órgãos para transplante hepático

ainda, do achado de sinais de hepatopatia em exame ultrassonográfico ou tomográfico, so- licitados para investigação de outras lesões abdominais ou na propedêutica de dor abdomi- nal. Diagnóstico de Hipertensão Porta Além dos estigmas de hipertensão porta...  Presença de varizes na EDA (por acaso)  USG (calibre) com Doppler (fluxo)  Elastografia (quão duro está o fígado)  Gradiente Pressórico entre Porta e Veia Cava Superior (padrão-ouro, mas quase não fazemos na prática)

Tratamento da Cirrose Hepática

Medidas Gerais o Dieta hipossódica, especialmente para pacientes com ascite o Dieta pobre em proteínas animais somente para pacientes com encefalopatia hepática o Não ingerir bebidas alcoólicas o Não usar sedativos (risco de encefalopatia hepática) o Não usar anti-inflamatórios não esteroides (risco de síndrome hepatorrenal) o Dosar alfafetoproteína e realizar ultrassonografia a cada 6 meses para pesquisa de carcinoma hepatocelular o Endoscopia para pesquisa de varizes Tratamento Específico Medicamentoso o Profilaxia da Peritonite Bacteriana Espontânea : norfloxacino por via oral (VO), 400 mg/dia o Doença de Wilson : penicilamina, VO, 1.000 a 1.500 mg/dia, associada à piridoxina, VO, 25 mg/dia o Hepatite Crônica Autoimune : corticoides, associados ou não a azatioprina o Hepatite B Crônica : lamivudina, entecavir, tenofovir, tenofovir alafenamide (TAF)

Não dá para usar Betabloqueador? ➔ Terapia Endoscópica (esqueça escleroterapia aqui) Não adianta nada ligar para o pessoal da EDA se o paciente estiver descompensado. Cuidado também porque 30% dos casos de estigma de hipertensão porta + sangramento não são por varizes! Terlipressina é o melhor vasoconstrictor esplâncnico para esse caso. Se não tiver ela no seu plantão, procure somatostatina ou octreotide. Quando fazemos vasoconstricção esplâncnica, retiramos o sangue do território mesenté- rico e vai menos sangue para o território porta Sangue no tubo TGI = Translocação Bacteriana (isso pode levar a uma infecção no líquido ascítico, que é a Peritonite Bacteriana Espontânea ) Paciente que está sangrando você não o deixa com betabloqueador nem com diurético. Com a ligadura elástica, basicamente você vai transformar o cordão varicoso em um mamilo. Essa banda elástica faz esse “mamilo” necrosar e pronto. A grande maldade dessa parte do assunto é que nem sempre o sangue vem das varizes esofágicas, às vezes vem das varizes gástricas. Nesse caso, você injeta cola (“variação do superbonder” ), o cianoacrilato

No caso de Ectasias Antrais Gástricas (“estômago em melancia”), fazer coagulação com Laser ou Plasma Argônio

OU

o Lado Esquerdo o Espinha Ilíaca Antero-Superior → Traçar linha até cicatriz umbilical → Dividir essa li- nha em 3 pedaços o Evitar os vasos que consegue ver (óbvio) Como eu uso esse líquido ascítico para me ajudar? PTN = Proteína do Líquido Ascítico. Valor dela é importante para saber o motivo da hiper- tensão porta, se é por cirrose, IC, Budd-Chiari. Muitas vezes você vai ouvir falar em “GASA de Alto Gradiente”

PMN = Leucócitos Polimorfonucleares (é um segmento de leucócitos) PBS = Peritonite Bacteriana Secundária (geralmente é 2° a um abdome cirúrgico (apendi- cite, colangite, diverticulite) Dependendo da TC eu vou ou não intervir cirurgicamente. 2° → “Mais de 1 bicho” → Cultura Polimicrobiana Puncionou o líquido ascítico e veio leitoso? Deve estar cheio de Triglicerídeos = Ascite Qui- losa Sobre o Tratamento da Ascite