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Este texto discute a importância da comunicação na evolução da educação e o papel do cinema na sociedade contemporânea. O autor analisa como a educação é uma continuação da procriação e a forma de se comunicar evoluiu desde os desenhos rupestres até a comunicação em rede. O texto também aborda a importância da crítica na crise da educação e o papel do cineclube na promoção da consciência crítica. Além disso, o texto discute a necessidade de descolonização do audiovisual e o papel do cineclube na promoção do cinema nacional.
Tipologia: Trabalhos
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2 – Crise na educação e Educomunicação A educação, percebe-se no entendimento atual de uma sociedade que vive uma dinâmica onde os espaços tradicionais são substituídos por uma perspectiva pós-moderna de territorialidade, já mostra sinais de que se não se desprende do pensamento ensino-escola, pelo menos segue um movimento transversalizante, em que o saber é colocado em contexto pela conexão em que um indivíduo possui com determinado local. Essa comunicação entre educação e, como diz Muniz Sodré (2012, pg. 15), os nossos “sistemas de conhecimento (ciências, artes, narrativas, filosofia) e nas instituições (trabalho, parentesco, costumes, códigos, leis)” permitem uma ampla percepção de que tudo se conecta em uma rede que constrói o pensamento subjetivo de um sujeito, mas que está empregado ao grupo em que convive. Isso permite, ainda segundo Sodré (2012, p. 15), uma “reinvenção dos sistemas de ensino, com vistas à diversidade simbólica entrevista na dissolução das grandes explicações monoculturalistas do mundo”, empregando assim o saber em um espaço que melhor convém a um grupo. Essa diversidade simbólica permite o enriquecimento cultural de alguém que, por natureza, se movimenta por diversos grupos (familiar, escolar, trabalho, lazer), mas que não se prende em apenas um, e sim, se coloca como agregador em cada um destes em seu devido tempo. O mesmo se aplica ao indivíduo, quando consome toda a carga de fatos recorrentes a cada grupo. Por isso, cada indivíduo tem uma relação de identificação maior com determinado grupo, o que permite potencializar seu caráter identitário perante o resto da sociedade. O indivíduo pertence ao grupo tanto quanto a si próprio, pois ser um ou outro depende, na verdade, dos limites que se estabelecem para a identidade. O subjetivo é, ao mesmo tempo, transobjetivo: a linguagem com que nos comunicamos é, no limite, o Outro (SODRÉ, p. 17). Entende-se necessariamente esse Outro como uma necessidade de interdependência que o ser humano tem de se entender como pertencente a espécie humana e como fator de sobrevivência desta. Ao analisar a educação, Nietzsche (2009, p. 262) coloca esta como “continuação da procriação e muitas vezes uma maneira de aperfeiçoar posterior a ela”. A educação, para o filósofo, é a necessidade humana de sobreviver e evolução da mesma ou de seus
componentes, para que estes tenham noção de que seu aperfeiçoamento pessoal é inerente ao conhecimento que possuiu durante a aplicação de suas experiências proveniente do que aprendeu anteriormente. Além da manutenção da humanidade, a educação se faz necessária para a construção do pensamento crítico individual. Sem um conhecimento do que o cerca, o indivíduo se torna vulnerável às forças que o massificam, sendo este vítima de manipulações por parte de outrem ou de grupos engajados em seus próprios interesses. A segunda metade do século XX pavimentou a estrada que estabeleceu o século XXI como a era da informação, colocando a TV, principal meio de consumação de informação do final do segundo milênio, e a internet, que se coloca como a forma de alguém ser ao mesmo tempo emissor e receptor de uma mensagem, como antagonistas contemporâneas. Concomitante à evolução dos meios de comunicação, ao analisar o trabalho de Paulo Freire, que estabelece a educação como forma de empoderamento do indivíduo, Gomez (2008, p. 1) diz que “A linguagem, a comunicação e os elementos comunicacionais formam um dos eixos fundamentais da sua proposta educativa para ajudar o homem e a mulher a libertar-se da manipulação e domesticação, desenvolvendo sua capacidade crítico-reflexiva”. O ser humano durante sua existência, sabe-se, desenvolveu inúmeras formas de se comunicar, passando dos desenhos rupestres em paredes de cavernas à comunicação em rede através da internet. A linguagem aplicada ao comunicar algo servia e serve para mostrar uma visão do espaço-tempo vigente. Suas formas de se expressar equivalem ao que se tem de mais tecnológico em sua época. Para a sociedade contemporânea, o cinema ainda é uma possibilidade de transmitir a percepção do mundo em seu estado atual e como esta se vê e se entende. Aqui se fala de uma pedagogia que, ao identificar o processo de aprendizagem através da contextualização da arte fílmica, constitui uma prática social. Nesse sentido, o cinema não só é um instrumento catalizador da sensibilidade, mas também articulador de uma linguagem cultural que, por sua natureza afetiva, adentra nas possíveis relações humanas em seus mais diferentes campos sociais. (NETO, 2005, p. 1). Em contexto atual de crise na educação, discussões para que este processo se torne mais palatar encontra muitas frentes e vertentes na América Latina. Para o continente, o amanhã, nas palavras de Muniz Sodré (2012, p. 12), se mostra como um fenômeno “que já se oferece como sintonia temporal, potência de realização e matriz de reinvenções”.
“sistema imanente que não para de expandir seus próprios limites, reencontrando-os sempre numa escala ampliada, porque o limite é o próprio Capital”. Como forma de priorizar o consumo em larga escala para benefício do capital, Sodré (2002, p. 9), em Antropológica do Espelho, diz que a “comunicação em rede ou simplesmente ‘hipermídia’ que, vetorizadas pelo universalismo jurídico e pelo mercado, vêm produzir transformações importantes no modo de presença do indivíduo no mundo contemporâneo”. O que ele chama de ethos midiatizado , concebe uma “transformação das referências simbólicas com que se forma “educacionalmente, politicamente) a consciência de jovens e adultos”, desembocando em uma hexis educativa , onde ocorre uma “transformação dos modos operativos da consciência, isto é, dos processos de construção da realidade, da memória e da identidade” (SODRÉ, p. 9). No mercado, o termo informação recobre uma variedade de formas (filmes, notícias, sons, imagens, dígitos, etc.), definidas em última análise como “fonte de dados” e economicamente caracterizáveis como produtos. Sobre este último tipo de informação incide principalmente a mutação, que favorece o intercâmbio ampliado e acelerado entre nações. Sobre os novos produtos não paira mais o temor – típico dos anos de 1960 e 1970 – de destruição da “alta cultura” por uma suposta homogeneização inapelável da “cultura de massa”, uma vez que as fronteiras entre ambas se apagam diante da onda planetarista da globalização ou da chamada “sociedade da informação”, indiferente a tudo que não seja a velocidade de seu processo distributivo de capitais e mensagens (SODRÉ, 2002, p. 12). Para contrabalancear esse avanço midiatizador, Deleuze (1992, p. 2012) diz que se faz necessário “buscar um estatuto para as ‘máquinas de guerra’, que não seriam de modo algum pela guerra, mas por uma certa maneira de ocupar, de preencher o espaço-tempo, ou de inventar novos espaços-tempos”. Lembrando o caráter revolucionário nas palavras do filósofo francês, um dos nomes mais importantes e significativos para o ensino brasileiro é o de Paulo Freire, pensador que contribuiu para que o saber se tornasse ferramenta de empoderamento e libertação do indivíduo. A concepção freireana sobre a educação tinha como objetivo, segundo Gomez (2008, p. 1), desenvolver a “capacidade crítico-reflexiva do homem, que procura liberar-se da manipulação, e prolonga-se por toda a vida do indivíduo. Freire considerou que o ‘dialogismo’, mais do que o ‘binarismo’, seria a base da estrutura intelectual da nossa época”. Nos anos 60, o ensino-aprendizagem surgia como possibilidade do indivíduo, seja ele criança, jovem ou adulto, de, através da alfabetização, conquistar sua independência intelectual através do processo crítico-reflexivo acerca das possibilidades oferecidas pelas
tecnologias da comunicação existentes naquele momento, criando um contraponto a característica normatizadora atribuída aos meios de comunicação como sendo estes, portas de entrada para o consumo. Com os elementos de seu tempo, procurou construir uma consciência crítica. Na década dos anos 60, por exemplo, para muitos o audiovisual emergente passou sem ser observado. Para Paulo Freire, entretanto, alfabetizar com os elementos de seu tempo foi uma preocupação constante. No Nordeste brasileiro, como confirma Moacir Gadotti, Paulo Freire buscava fundamentar o ensino-aprendizagem em ambientes interativos, através do uso de recursos audiovisuais. Mais tarde, reforçou o uso de novas tecnologias, principalmente o vídeo, a TV e a informática. (GOMEZ, 2008, p. 1-2). Aproveitando o pensamento de Freire, expandindo-o à realidade latina, Sodré (2012, p. 19), analisa a crítica da educação através de um viés político e ideológico, concluindo que a realidade desses povos só terá um revés por um processo de descolonização do processo educacional, “significa liberá-lo, ou emancipa-lo, do monismo ocidentalista que reduz todas as possibilidades de saber e da enunciação da verdade à dinâmica cultural de um centro, bem sintetizado na expressão ‘pan-europa’”. Ainda em sua análise, Sodré coloca em questão a consciência crítica como não sendo ferramenta apenas do intelectual, mas também daquele que busca esclarecimento sobre as questões que lhe dizem respeito. À essa tentativa de resposta às novas formas de educação, o cineclubismo desponta como uma maneira de se aflorar a consciência crítica do indivíduo, possibilitando a este desenvolver através de sua subjetividade, análise de temas profundamente enraizados em seu cotidiano. 3 – Cineclubismo e consciência crítica As experiências crítico-reflexivas que circundam nos últimos tempos a educação tem se mostrado inúmeras em suas possibilidades não de substituir, mas de complementar o ensino escolar. O que se percebe nesses movimentos é uma tentativa de expandir as fronteiras do saber para além do ensino clássico. Dentre estes, os movimentos cineclubistas tem como característica trabalhar com produções audiovisuais (filmes e documentários), para assim estimular a discussão sobre a obra assistida, levantando questionamentos sobre as conexões que estas possuem em relação a realidade vivida pelo indivíduo inserido no tempo e no espaço na sociedade contemporânea que vive em seu devido momento suas próprias relações de causa e efeito, o que permite a
hollywoodianas ou o que é realizado pelas produtoras de maior destaque no país como a Globo Filmes. Sob o olhar de Muniz Sodré, existe também uma possibilidade de descolonização do audiovisual, por haver uma necessidade do público brasileiro de ter não apenas conhecimento do material audiovisual feito no país, mas que estes tenham acesso no sentido de propiciar um desenvolvimento identitário do cinema nacional. Nesse mesmo caminho de possibilidades de acesso a um conteúdo audiovisual diferenciado, o indivíduo conquista a chance de colocar em prática a sua subjetividade enquanto ser pertencente ao grupo social em que é colocado. A sua subjetividade é uma forma deste negociar com o espaço-tempo em que está alocado, é a sua potencialidade de criar um ambiente em comum, ou segundo Dudus (2007, p. 3), criar “comunidade, e não apenas informar. E tornar comum é trazer junto com a informação os afetos, as percepções, o contexto subjetivo. Afinal, é a subjetividade que mobiliza o ‘socius’, que tira as pessoas do torpor tautista causado pela mídia e pela publicidade”. Se desvencilhar desse estado de torpor, de paralisia da capacidade humana de pensar e refletir – pois é a única raça capaz de usar a potência que é a reflexão –, é usar da crítica, diz Sodré (2012, p. 19), como “um modo de ler a realidade, mais precisamente, de aprender a ler a realidade, sem o qual se afigura inócua toda educação, uma vez que a leitura é capaz de mostrar o real para além de toda a realidade, ou seja, para a pletora de outras possibilidades”, buscando assim uma multiplicidade de conhecimentos que está a sua disposição. Conhecimento significa o processo pelo qual um sujeito, individual ou coletivo, entra em relação com um objeto ou informação, visando obter dele um saber novo. Distingue-se do mero reconhecimento, porque implica a busca, a partir da própria experiência, de um saber ainda não produzido (SODRÉ, 2012, p. 30). Chega-se ao ponto em que o cineclubismo, em sua proposta crítico-reflexiva da realidade, através de obras audiovisuais, permite que se crie, pelo uso da subjetividade, práticas de cidadania, no sentido de obter o conhecimento necessário para se ter ideia do contexto atual ao qual está inserido e dos processos históricos que o levaram àquele momento. Como a moeda sempre tem dois lados, o cinema pode ir além do mero entretenimento e ter função relevante na ampliação de nossa percepção de mundo. Mas, para isso, temos que ter acesso a filmes de diretores que entendem que cada pessoa é única e há beleza na diferença, ou seja, que estão ligados na diversidade cultural e na multiplicidade de desejos, interesses e visões de mundo. Assim como os bons livros, os filmes são capazes de nos fazer refletir e sonhar, de abalar nossas
concepções de mundo e contribuir para transformar nossa forma de viver coletivamente (AMÂNCIO, 2015, p. 9). Viver em coletividade é mais do que estar entre seus iguais, mas também promover cidadania, respeitando todos os aspectos singulares que formam o que é o outro, ter o profundo entendimento do que lhe permite ser parte constituinte de uma espécie que necessita da racionalidade e do afeto para sobreviver.