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Sincronicidade: Coincidências Significativas e Acausais, Notas de estudo de Tradução

Este documento discute a ideia de sincronicidade, ou seja, a ocorrência de coincidências significativas entre eventos psíquicos e físicos sem ligação causal. O autor relata experimentos que demonstram a possibilidade de eliminar o espaço e o tempo, levando a fenômenos acausais ou milagrosos. O texto também aborda a probabilidade de coincidências significativas e a importância dos três principais pontos cardinais do horóscopo.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Neymar
Neymar 🇧🇷

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A SINCRONICIDADE1
JUNG, Carl Gustav. Sincronicidade. Tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha,
OSB. Petrópolis: Vozes, 2000, 10ª edição, volume VIII/3 das Obras Completas.
NOTA: Os números em colchetes referem-se à numeração original dos parágrafos e
serve como referência para citação bibliográfica.
[959] Talvez fosse indicado começar minha exposição, definindo o conceito
do qual ela trata. Mas eu gostaria mais de seguir o caminho inverso e dar-vos
primeiramente uma breve descrição dos fatos que devem ser entendidos sob a noção
de sincronicidade. Como nos mostra sua etimologia, esse termo tem alguma coisa a
ver com o tempo ou, para sermos mais exatos, com uma espécie de simultaneidade.
Em vez de simultaneidade, poderíamos usar também o conceito de coincidência
significativa de dois ou mais acontecimentos, em que se trata de algo mais do
que uma probabilidade de acasos. Casual é a ocorrência estatística — isto é,
provável — de acontecimentos como a "duplicação de casos", p. ex., conhecida nos
hospitais. Grupos desta espécie podem ser constituídos de qualquer número de
membros sem sair do âmbito da probabilidade e do racionalmente possível. Assim,
pode ocorrer que alguém casualmente tenha a sua atenção despertada pelo número
do bilhete do metro ou do trem. Chegando à casa, ele recebe um telefonema e a
pessoa do outro lado da linha diz um número igual ao do bilhete. À noite ele
compra um bilhete de entrada para o teatro, contendo esse mesmo número. Os três
acontecimentos formam um grupo casual que, embora não seja freqüente, contudo
não excede os limites da probabilidade. Eu gostaria de vos falar do seguinte
grupo casual, tomado de minha experiência pessoal e constituído de não menos de
seis termos:
[960] Na manhã do dia Iº de abril de 1949 eu transcrevera uma inscrição
referente a uma figura que era metade homem, metade peixe. Ao almoço houve
peixe. Alguém nos lembrou o costume do "Peixe de Abril" (primeiro de abril). De
tarde, uma antiga paciente minha, que eu já não via por vários meses, me mostrou
algumas figuras impressionantes de peixe. De noite, alguém me mostrou uma peça
de bordado, representando um monstro marinho. Na manhã seguinte, bem cedo, eu vi
uma outra antiga paciente, que veio me visitar pela primeira vez depois de dez
anos. Na noite anterior ela sonhara com um grande peixe. Alguns meses depois, ao
empregar esta série em um trabalho maior, e tendo encerrado justamente a sua
redação, eu me dirigi a um local à beira do lago, em frente à minha casa, onde
já estivera diversas vezes, naquela mesma manhã. Desta vez encontrei um peixe
morto, mais ou menos de um pé de comprimento [cerca de 30 cm], sobre a amurada
do Lago. Como ninguém pôde estar lá, não tenho idéia de como o peixe foi parar
ali.
[961] Quando as coincidências se acumulam desta forma, é impossível que
não fiquemos impressionados com isto, pois, quanto maior é o número dos termos
de uma série desta espécie, e quanto mais extraordinário é o seu caráter, tanto
menos provável ela se torna. Por certas razões que mencionei em outra parte e
que não quero discutir aqui, admito que se trata de um grupo casual. Mas também
devo reconhecer que é mais improvável do que, p. ex., uma mera duplicação.
[962] No caso do bilhete do metro, acima mencionado, eu disse que o
observador percebeu "casualmente" o número e o gravou na memória, o que,
ordinariamente, ele jamais fazia. Isto nos forneceu os elementos para concluir
que se trata de uma série de acasos, mas ignoro o que o levou a fixar a sua
atenção nos números. Parece-me que um fator de incerteza entra no julgamento de
uma série desta natureza e reclama certa atenção. Observei coisa semelhante em
outros casos, sem, contudo, ser capaz de tirar as conclusões que mereçam fé.
Entretanto, às vezes é difícil evitar a impressão de que há uma espécie de
precognição de acontecimentos futuros. Este sentimento se torna irresistível nos
casos em que, como acontece mais ou menos freqüentemente, temos a impressão de
encontrar-nos com um velho conhecido, mas para nosso desapontamento logo
verificamos que se trata de um estranho. Então vamos até a esquina próxima e
topamos com o próprio em pessoa. Casos desta natureza acontecem de todas as
formas possíveis e com bastante freqüência, mas geralmente bem depressa nos
esquecemos deles, passados os primeiros momentos de espanto.
[963] Ora, quanto mais se acumulam os detalhes previstos de um
acontecimento, tanto mais clara é a impressão de que há uma precognição e por
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A SINCRONICIDADE

JUNG, Carl Gustav. Sincronicidade. Tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha, OSB. Petrópolis: Vozes, 2000, 10ª edição, volume VIII/3 das Obras Completas. NOTA: Os números em colchetes referem-se à numeração original dos parágrafos e serve como referência para citação bibliográfica. [959] Talvez fosse indicado começar minha exposição, definindo o conceito do qual ela trata. Mas eu gostaria mais de seguir o caminho inverso e dar-vos primeiramente uma breve descrição dos fatos que devem ser entendidos sob a noção de sincronicidade. Como nos mostra sua etimologia, esse termo tem alguma coisa a ver com o tempo ou, para sermos mais exatos, com uma espécie de simultaneidade. Em vez de simultaneidade, poderíamos usar também o conceito de coincidência significativa de dois ou mais acontecimentos, em que se trata de algo mais do que uma probabilidade de acasos. Casual é a ocorrência estatística — isto é, provável — de acontecimentos como a "duplicação de casos", p. ex., conhecida nos hospitais. Grupos desta espécie podem ser constituídos de qualquer número de membros sem sair do âmbito da probabilidade e do racionalmente possível. Assim, pode ocorrer que alguém casualmente tenha a sua atenção despertada pelo número do bilhete do metro ou do trem. Chegando à casa, ele recebe um telefonema e a pessoa do outro lado da linha diz um número igual ao do bilhete. À noite ele compra um bilhete de entrada para o teatro, contendo esse mesmo número. Os três acontecimentos formam um grupo casual que, embora não seja freqüente, contudo não excede os limites da probabilidade. Eu gostaria de vos falar do seguinte grupo casual, tomado de minha experiência pessoal e constituído de não menos de seis termos: [960] Na manhã do dia Iº de abril de 1949 eu transcrevera uma inscrição referente a uma figura que era metade homem, metade peixe. Ao almoço houve peixe. Alguém nos lembrou o costume do "Peixe de Abril" (primeiro de abril). De tarde, uma antiga paciente minha, que eu já não via por vários meses, me mostrou algumas figuras impressionantes de peixe. De noite, alguém me mostrou uma peça de bordado, representando um monstro marinho. Na manhã seguinte, bem cedo, eu vi uma outra antiga paciente, que veio me visitar pela primeira vez depois de dez anos. Na noite anterior ela sonhara com um grande peixe. Alguns meses depois, ao empregar esta série em um trabalho maior, e tendo encerrado justamente a sua redação, eu me dirigi a um local à beira do lago, em frente à minha casa, onde já estivera diversas vezes, naquela mesma manhã. Desta vez encontrei um peixe morto, mais ou menos de um pé de comprimento [cerca de 30 cm], sobre a amurada do Lago. Como ninguém pôde estar lá, não tenho idéia de como o peixe foi parar ali. [961] Quando as coincidências se acumulam desta forma, é impossível que não fiquemos impressionados com isto, pois, quanto maior é o número dos termos de uma série desta espécie, e quanto mais extraordinário é o seu caráter, tanto menos provável ela se torna. Por certas razões que mencionei em outra parte e que não quero discutir aqui, admito que se trata de um grupo casual. Mas também devo reconhecer que é mais improvável do que, p. ex., uma mera duplicação. [962] No caso do bilhete do metro, acima mencionado, eu disse que o observador percebeu "casualmente" o número e o gravou na memória, o que, ordinariamente, ele jamais fazia. Isto nos forneceu os elementos para concluir que se trata de uma série de acasos, mas ignoro o que o levou a fixar a sua atenção nos números. Parece-me que um fator de incerteza entra no julgamento de uma série desta natureza e reclama certa atenção. Observei coisa semelhante em outros casos, sem, contudo, ser capaz de tirar as conclusões que mereçam fé. Entretanto, às vezes é difícil evitar a impressão de que há uma espécie de precognição de acontecimentos futuros. Este sentimento se torna irresistível nos casos em que, como acontece mais ou menos freqüentemente, temos a impressão de encontrar-nos com um velho conhecido, mas para nosso desapontamento logo verificamos que se trata de um estranho. Então vamos até a esquina próxima e topamos com o próprio em pessoa. Casos desta natureza acontecem de todas as formas possíveis e com bastante freqüência, mas geralmente bem depressa nos esquecemos deles, passados os primeiros momentos de espanto. [963] Ora, quanto mais se acumulam os detalhes previstos de um acontecimento, tanto mais clara é a impressão de que há uma precognição e por

isto tanto mais improvável se torna o acaso. Lembro-me da história de um amigo estudante ao qual o pai prometera uma viagem à Espanha, se passasse satisfatoriamente nos exames finais. Este meu amigo sonhou então que estava andando em uma cidade espanhola. A rua conduzia a uma praça onde havia uma catedral gótica. Assim que chegou lá, dobrou a esquina, à direita, entrando noutra rua. Aí ele encontrou uma carruagem elegante, puxada por dois cavalos baios. Nesse momento ele despertou. Contou-nos ele o sonho enquanto estávamos sentados em torno de uma mesa de bar. Pouco depois, tendo sido bem sucedido nos exames, viajou à Espanha e aí, em uma das ruas, reconheceu a cidade de seu sonho. Encontrou a praça e viu a igreja, que correspondia exatamente à imagem que vira no sonho. Primeiramente, ele queria ir diretamente à igreja, mas se lembrou de que, no sonho, ele dobrava a esquina, à direita, entrando noutra rua. Estava curioso por verificar se seu sonho seria confirmado outra vez. Mal tinha dobrado a esquina, quando viu, na realidade, a carruagem com os dois cavalos baios. [964] O sentimento do déjà-vu [sensação do já visto] se baseia, como tive oportunidade de verificar em numerosos casos, em uma precognição do sonho, mas vimos que esta precognição ocorre também no estado de vigília. Nestes casos, o puro acaso se torna extremamente improvável, porque a coincidência é conhecida de antemão. Deste modo, ela perde seu caráter casual não só psicológica e subjetivamente, mas também objetivamente, porque a acumulação dos detalhes coincidentes aumenta desmedidamente a improbabilidade (Dariex e Flammarion calcularam as probabilidades de 1:4 milhões a 1:800 milhões para mortes corretamente previstas). Por isto, em tais casos seria inadequado falar de "acasos". Do contrário, trata-se de coincidências significativas. Comumente os casos deste gênero são explicados pela precognição, isto é, pelo conhecimento prévio. Também se fala de clarividência, de telepatia, etc, sem, contudo, saber- se explicar em que consistem estas faculdades ou que meio de transmissão elas empregam para tornar acontecimentos distantes no espaço e no tempo acessíveis à nossa percepção. Todas estas idéias são meros nomina [nomes]; não são conceitos científicos que possam ser considerados como afirmações de princípio. Até hoje ninguém conseguiu construir uma ponte causal entre os elementos constitutivos de uma coincidência significativa. [965] Coube a J. B. Rhine o grande mérito de haver estabelecido bases confiáveis para o trabalho no vasto campo destes fenômenos, com seus experimentos sobre a ESP (extra-sensory-perception). Ele usou um baralho de 25 cartas, divididas em 5 grupos de 5, cada um dos quais com um desenho próprio (estrela, retângulo, círculo, cruz, duas linhas onduladas). A experiência era efetuada da seguinte maneira: em cada série de experimentos retiravam-se aleatoriamente as cartas do baralho, 800 vezes seguidas, mas de modo que o sujeito (ou pessoa testada) não pudesse ver as cartas que iam sendo retiradas. Sua tarefa era adivinhar o desenho de cada uma das cartas retiradas. A probabilidade de acerto é de 1:5. O resultado médio obtido com um número muito grande de cartas foi de 6,5 acertos. A probabilidade de um desvio casual de 1, é só de 1:250.000. Alguns indivíduos alcançaram o dobro ou mais de acertos. Uma vez, todas as 25 cartas foram adivinhadas corretamente em nova série, o que dá uma probabilidade de 1:289.023.223.876.953.125. A distância espacial entre o experimentador e a pessoa testada foi aumentada de uns poucos metros até 4. léguas, sem afetar o resultado. [966] Uma segunda forma de experimentação consistia no seguinte: mandava- se o sujeito adivinhar previamente a carta que iria ser retirada no futuro próximo ou distante. A distância no tempo foi aumentada de alguns minutos até duas semanas. O resultado desta experiência apresentou uma probabilidade de 1:400.000. [967] Numa terceira forma de experimentação o sujeito deveria procurar influenciar a movimentação de dados lançados por um mecanismo, escolhendo um determinado número. Os resultados deste experimento, dito psicocinético (PK, de psychokinesisj, foram tanto mais positivos, quanto maior era o número de dados que se usavam de cada vez. [968] O experimento espacial mostra com bastante certeza que a psique pode eliminar o fator espaço até certo ponto. A experimentação com o tempo nos mostra que o fator tempo (pelo menos na dimensão do futuro) pode ser relativizado psiquicamente. A experimentação com os dados nos indica que os corpos em movimento podem ser influenciados também psiquicamente, como se pode prever a

o gelo de sua resistência intelectual. O tratamento pôde então ser conduzido com êxito. [973] Esta história destina-se apenas a servir de paradigma para os casos inumeráveis de coincidência significativa observados não somente por mim, mas por muitos outros e registrados parcialmente em grandes coleções. Elas incluem tudo o que figura sob os nomes de clarividência, telepatia, etc, desde a visão, significativamente atestada, do grande incêndio de Estocolmo, tida por Swedenborg, até os relatos mais recentes do marechal-do-ar Sir Victor Goddard a respeito do sonho de um oficial desconhecido, que previra o desastre subseqüente do avião de Goddard. [974] Todos os fenômenos a que me referi podem ser agrupados em três categorias:

  1. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o escaravelho), onde não há nenhuma evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do tempo, acima constatada, tal conexão é simplesmente inconcebível.
  2. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente (mais ou menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou seja, especialmente distante, e só se pode verificar posteriormente (como p. ex. o incêndio de Estocolmo).
  3. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto, distante no tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado também posteriormente. [975] Nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, digo que semelhantes acontecimentos são sincronísticos, o que não deve ser confundido com "sincrônicos". [976] Esta visão de conjunto deste vasto campo de observação seria incompleta, se não considerássemos aqui também os chamados métodos mânticos. O manticismo tem a pretensão, senão de produzir realmente acontecimentos sincronísticos, pelo menos de fazê-los servir a seus objetivos. Um exemplo bem ilustrativo neste sentido é o método oracular do I Ging que o Dr. Helmut Wilhelm descreveu detalhadamente neste encontro. O I Ging pressupõe que há uma correspondência sincronística entre o estado psíquico do interrogador e o hexagrama que responde. O hexagrama é formado, seja pela divisão puramente aleatória de 49 varinhas de milefólio, seja pelo lançamento igualmente aleatório de três moedas. O resultado deste método é incontestavelmente muito interessante, mas, até onde posso ver, não proporciona um instrumento adequado para uma determinação objetiva dos fatos, isto é, para avaliação estatística, porque o estado psíquico em questão é demasiadamente indeterminado e indefinível. O mesmo se pode dizer do experimento geomântico, que se baseia sobre princípios similares. [977] Estamos numa situação um pouco mais favorável quando nos voltamos para o método astrológico, que pressupõe uma "coincidência significativa" de aspectos e posições planetárias com o caráter e o estado psíquico ocasional do interrogador. Ã luz das pesquisas astrofísicas recentes, a correspondência astrológica provavelmente não é um caso de sincronicidade mas, em sua maior parte, uma relação causal. Como o prof. KnolI demonstrou neste encontro, a irradiação dos prótons solares é de tal modo influenciada pelas conjunções, oposições e aspectos quartis dos aspectos que se pode prever o aparecimento de tempestades magnéticas com grande margem de probabilidade. Podem-se estabelecer relações entre a curva das perturbações magnéticas da terra e a taxa de mortalidade — relações que fortalecem a influência desfavorável de (, ( e ( [aspectos quartis] e as influências favoráveis de dois aspectos trígonos e sextis. Assim é provável que se trate aqui de uma relação causal, isto é, de uma lei natural que exclua ou limite a sincronicidade. Ao mesmo tempo, porém, a qualificação zodiacal das casas, que desempenha um papel no horóscopo, cria uma complicação, dado que o Zodíaco astrológico coincide com o do calendário, mas não com as constelações do Zodíaco real ou astronômico. Estas constelações deslocaram-se consideravelmente de sua posição inicial em cerca de um mês platônico quase completo, em conseqüência da precessão dos equinócios desde a

época do 0º ( [ponto zero de Áries] (em começos de nossa era). Por isto, quem nascer hoje, em Aries, de acordo com o calendário astronômico, na realidade nasceu em Pisces. Seu nascimento teve lugar simplesmente em uma época que hoje (há cerca de 2.000 anos) se chama "Áries". A Astrologia pressupõe que este tempo possui uma qualidade determinante. É possível que esta qualidade esteja ligada, como as perturbações magnéticas da Terra, às grandes flutuações sazonais às quais se acham sujeitas as irradiações dos prótons solares. Isto não exclui a possibilidade de as posições zodiacais representarem um fator causal. [978] Embora a interpretação psicológica dos horóscopos seja uma matéria ainda muito incerta, contudo, atualmente há a perspectiva de uma possível explicação causal, em conformidade, portanto, com a lei natural. Por conseguinte, não há mais justificativa para descrever a Astrologia como um método mântico. Ela está em vias de se tornar uma ciência. Como, porém, ainda existem grandes áreas de incerteza, de há muito resolvi realizar um teste, para ver de que modo uma tradição astrológica se comportaria diante de uma investigação estatística. Para isto, foi preciso escolher um fato bem definido e indiscutível. Minha escolha recaiu no casamento. Desde a antiguidade a crença tradicional a respeito do casamento é que este é favorecido por uma conjunção entre o Sol e a Lua no horóscopo dos casais, isto é, ( com uma órbita de 8º em um dos parceiros, e em ( com ( no outro parceiro. Uma segunda tradição, igualmente antiga, considera ( ( (também como uma característica do casamento. De importância são as conjunções dos ascendentes com os grandes luminares. [979] Juntamente com minha colaboradora, a Dra. L. Frey-Rohn, primeiramente procedi à coleta de 180 casamentos, ou 360 horóscopos individuais2, e comparamos os 50 aspectos astrológicos mais importantes neles contidos e que poderiam caracterizar um casamento, isto é, as ( (conjunções) e ( (oposições) entre ( (Sol), ( (Lua), ( (Marte), ( (Vênus), asc. e desc. O resultado obtido foi um máximo de 10% em ( ( (. Como me informou o Prof. Markus Fierz, que gentilmente se deu ao trabalho de calcular a probabilidade de meu resultado, meu número tem a probabilidade de cerca de 1:10.000. A opinião de vários físicos matemáticos consultados a respeito do significado deste número, é dividida: alguns acham-na considerável, outros acham-na questionável. Nosso número parece duvidoso, na medida em que a quantidade de 360 horóscopos é realmente muito pequena, do ponto de vista da Estatística. [980] Enquanto analisávamos estatisticamente os aspectos dos 180 casamentos, esta nossa coleção se ampliava com novos horóscopos, e quando havíamos reunido mais 220 casamentos, esse novo "pacote" foi submetido a uma investigação em separado. Como da primeira vez, agora também o material era avaliado justamente da maneira como chegava. Não era selecionado segundo um determinado ponto de vista, e foi colhido nas mais diversas fontes. A avaliação do segundo "pacote" produziu um máximo de 10,9% para ( ( (. A probabilidade deste número é também aproximadamente de 1:10.000. [981] Por fim, foram acrescentados mais 83 casamentos, a seguir estudados também separadamente. O resultado foi de um máximo de 9,6% para ( ( ascendente. A probabilidade deste número é aproximadamente de 1:3.000. [982] Um fato que logo nos chama atenção é que as conjunções são todas conjunções lunares, o que está de acordo com as expectativas astrológicas. Mas estranho é que aquilo que logo se destaca aqui são as três posições fundamentais do horóscopo, a saber: ( (Sol), ( (Lua) e o ascendente. A probabilidade de uma coincidência de ( ( ( com ( ( ( é de 1:100 milhões. A coincidência das três conjunções lunares com ( (Sol), ( (Lua) e o ascendente tem uma probabilidade de 1:3x10; em outros termos: a improbabilidade de um mero acaso para esta coincidência é tão grande, que nos vemos forçados a considerar a existência de um fator responsável por ela. Como os três "pacotes" eram muito pequenos, as probabilidades respectivas de 1:10.000 e 1:3.000 dificilmente terão alguma importância teórica. Sua coincidência, porém, é tão improvável, que se torna impossível não admitir a presença de uma necessidade que produziu este resultado. [963] Não se pode responsabilizar a possibilidade de uma conexão cientificamente válida entre os dados astrológicos e a irradiação dos prótons por este fato, pois as probabilidades individuais de 1:10.000 e 1:3.000 são demasiado grandes, para que se possa considerar nosso resultado, com um certo grau de certeza, como meramente casual. Além disto, os máximos tendem a se nivelar, quando aumenta o número de casamentos com a adição de novos pacotes.

tratar do vasto problema da sincronicidade, senão de maneira um tanto corrida. Para aqueles dentre vós que desejam se informar mais detalhadamente sobre esta questão, comunico-vos que, muito em breve, aparecerá uma obra minha mais extensa, sob o título de Sincronicidade como Princípio de Conexões Acausais. Será publicada juntamente com a obra do Prof. W. Pauli, num volume denominado Naturerklärung und Psyche. 1 [Publicado pela primeira vez no Eranos-Jahrbuch XX (1951). Tratava-se originariamente de uma conferência que o autor pronunciou perante o Círculo Eranos de 1951, em Ascona na Suíça]. 2 O material aqui recolhido provém de diversas fontes. Trata-se de horóscopos de pessoas casadas. Não se fez nenhuma seleção. Utilizamos indiscriminadamente todos os horóscopos de que pudemos lançar mão. 1