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Este documento discute a importância do diagnóstico e tratamento de cárie secundária em restaurações dentárias. A cárie secundária é uma lesão que se desenvolve em duas etapas: externa e internal. O documento aponta que a análise histopatológica revela que a lesão de cárie secundária é causada por acúmulo microbiano na interface dente-restauração. O texto também discute os estudos que investigam o controle da microinfiltração e a relação entre a lesão de cárie secundária e a presença de defeitos nas restaurações. Além disso, o documento aponta que a maior parte do tempo gasto por cirurgiões dentistas em suas clínicas diárias é utilizada na atividade de troca de restaurações, motivada principalmente pela prevenção ou tratamento de cárie secundária.
Tipologia: Notas de estudo
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Berenice Barbachan e Silva* Marisa Mala**
Resumo A maior parte do tempo gasto pelo cirurgião dentista em sua clínica diária é utili7,ado na atividade de troca de restaurações. Amotivação para estas trocas está baseada na prevenção ou no tratamento das lesões de cárie secundária. Os critérios diagnósticos que apóiam o ato de trocar restaurações são apontados por diversos autores como bastante subjetivos. A dificuldade de diagnóstico deste tipo de lesão é reforçada pela insegurança na possibilidade de detecção de uma lesão dentinária abaixo de uma união dentelrestauração. A análise da histopatologia da lesão de cárie secundária rcvcla que esta lesão desenvolve-se em dois planos: uma lesão externa que se dá na superfície na junção entre dentelrestauração e uma lesão interna que se dá na parede da cavidade internamente no espaço
microinfiltração de bactérias, sem a presença de uma lesão externa. Baseados na crença da necessidade de um selamento ideal entre dentelrestauração, um grande volume de pesquisas científicas estuda o controle da microinfiltração ao redor das restaura- ções. Entretanto, os estudos não têm demonstrado relação clara entre a cárie secundária e a microinfiltração. Um estudo descreve a lesão de cárie secundária como um fenômeno isolado, especificamente relacionado a presença de acúmulo microbiano cariogênico na interface dente-restauração. Na medida em que um grande esforço de trabalho da profissão odontológica concentra-se em refazer restaurações baseado na presença de cárie secundária, é imperativo o esclarecimento das características da história natural desta lesão e sua relação com a presença de espaço dentelrestauração.
Palavras chaves Cárie secundária. Microinfiltração. Restaurações.
A maior parte do tempo gasto pelo cirur- gião dentista em sua clínica diária é utilizado na atividade de troca de restaurações. Amoti- vação para estas trocas está baseada, na mai- or parte das vezes, na prevenção ou no trata- mento das lesões de cárie secundária. Os cri- t6rios diagnbsticos yue apóiam o ato de tro- car restaurações são apontados por diversos autores comobastante subjetivos (OLEINSKY
culdade de diagnóstico deste tipo de lesão é reforçada pela insegurança na possibilidade de detccção de uma ksão dentinária abaixo da d o dentelrestauração. A análise da histopatologia da lesão de cárie secundária revela que esta lesão dc- senvolve-se em dois danos: uma lesão ex- terna que se dá na superdície na junção entre dente/restauracão e uma lesão inter-
namente no espaço dente/restauração (KIDD et al, 1992). Trabalhos científicos realizados in vitso revelaram a uossibili- dade da ocorrência da lesão interna, devi- do a microinfiltração de bactérias, sem a presença de tima liesiio externa (IIALS; NERNrhES, 1971; DERAND et al, 1990). Baseados na crença da necessidade de um selamento ideal entre alente/restauração, um grande volume de pcsyuisas cientificas estuda 0 controle da microhfdtraçio ao redor das restaurações (CONCEIÇAO et
al, 1997; NEME et al, 2000; BEZNOS, 2001; DEMARCO et al, 2001; HILTON, 2002a; HILTON, 2002b; VERONEZI et al, 2002; OKUDA et al, 2001; ITOTA et al, 2001, MANHART et al, 2001). A relação entre a lesão de cárie secundária e a microinfiltração, a presença de defeitos nas restaurações e os acúmulos microbianos tem sido questionada (OZER, 1999). Apesar do declínio da prevalência de cárie dentária durante as dtimas duas déca- das, a despeito da evolução na yualidade dos materiais restauradores e da orientação
prevenção, a troca das restaurações conti- nua promovendo o maior gastonos cuidados dentais (FONTANA; GOIVZALEZ- CAsEZAS, 2000). Na medida em que um grande esforço de trabalho da profissão odontológica con- centra-se em refazer restaurações baseado na presença de cárie secundária, é irnpesa- tivo o esclarecimento das características da história natural desta lesão e sua relação com a presença de espaço dentelrestauração.
Problemas no Diagnóstico Desde os seus primórdios a cárie tem sido ànistoricamentetratada com o iaso das restawa- çks. As&stiincia deratdpertJlidapelai(doença cárieera substituidapor materialrestaurador, com o objetivo de recuperas anatomia e h n - ção perdidas. Com a não resolução da ativi-
dade, a doença progreclia ocasionando uma nova lesão na interface dentelrestauração. Como o tratamento era sintomático, uma nova intervenção operatória era realizada englo- bando a área atingida, e uma restaurayão maior era realizada. Nas últimas décadas a profissão odon- tológica vem presenciando uma queda na prevalência de doença cárie no mundo. Em contradição, ainda se constata que, apro- ximadamente, 70% do tempo clínico dos ci-
rações (QVIST, 1990). Sendo cada restau- ração refeita maior que a anterior, este ciclo restaurador repetitivo pode levar com o tem- po a perda da peça dentária (ELDERTON, 1997). Cinyüenta por cento dos amálgamas
rações de resina composta, em 7 anos (IUDD et ai, 1992). Estudos demonstram a nature- za subietiva da troca de restauracões, visto que os pacientes que mudam de profissional têm mais restauracões trocadas do aue as que permanecem com o mesmo (DAVIES, 1984). Os motivos que levam os profissionais a trocarem restauracões são em sua maioria, relacionados à cárie secundária: ou a tentati- va de iden*cação da bsão proprimente &ta ou a defeitos na restauração que poderiam
Das trocas de restaurações de amálgama, aproximadamente 60% são
M a de pesquisa Cariologia do Progama de Pós-Graduação da FOKWRGS
R. Fac. Odonto., Porto Alegre, v. 4s3n.1, p. 29-33, jjul. 2004
motivadas pdo diagnóstico de cárie secun- dária e nas restaurações de resina compos- ta isto ocorre em 45%. Possivelmente as resinas compostas apresentem menos indi- cação de trocas por cárie secundária por poderem apresentar outras variáveis rela-
motiva este grande percentual de troca de restaurações é o suposto diagnóstico das le- sões de cárie secundária. Muitos traballios discutem a alta urevalência de novas cáries associadas à restauração, mas poucos de- monstram a sua presença (OZER, 1997). Esta contradição se reflete na diferença entre a prevalência de cárie secundária observada em estiidos epidemiológicos e a
onadas pelo suposto diagnóstico de cárie secundária. Em levantamentos epidemiológicos de cárie a prevalrncia de
quanto que 50-60% das restaurações são troradas pelo djagnóstico subjetivo deste tipo de lesão (MJOR, TOFFENETTI, 2000).
de bem definida. nem clinicamente. nem histopatologicamente e são necessárias maiores informacões s o b r e a sua microbiologia. Não existe uma diferenci- açgo clara entre cárie secundária, defei-
ta de definição precisa tem resultado em incertezas não apenas entre os profissio- nais clínicos, mas também entre a coniu-
ração foi descrita como podendo ocorrer em
externa" formada na superfície dental como resultatlo de um ataque primário e uma "le- são de parede" que ocorre em presença de infiltração de bactérias, fluidos, moléculas ou íons hidrogênio entre a restauração e a parede da cavidade. Esta infiltração clinica- mente não detectável ao redor das restaura- ções é referida frequentemente como microinfitração.
O local d e início d o processo de desmineralização é de considerável relevân- cia no tratamento da lesão de cárie secundá- ria. &uns autores afirmam que a lesão de cárie secundária inicia na supe&:ie externa
ração como resultatlo de iim ataque primá- rio e sua progressão resulta na formação de
outro lado, observam a ocorrência de uma lesão de parede localizada profundamente nas margens da restauração com a presença de dentina desminerahada abaixo do esmal- te adjacente hígido. Trabalhos in vitro de- monstraram esta possil>ilidade(DERAND a al, 1990; HALS, SIMONSEN, 1972),trd)a- lhos inviyo, entretanto, não confumam este achado (OZFR, 1997).
Em função <tosestudos in vitro, o pro- blema principal que motiva a preocupa- ção em relação & cárie secundária tem sido o rspayo entre a restaurasão e o den-
cundária mostrando aue esta pode ocorrer em duas nartes: uma lesão externa formada na super-cie do
ataque primário e uma le- são de parede d a cavidade ,formuda como resultado d a infiltração entre a restau- ração e a parede d a caui-
zindo um grande volume de pesquisa com o objetivo de minimizar este problema. A união dente-restauração é sempre con- siderada um aspecto crítico na Dentística Restauradora (HILTON, 2002). Por ter implicações no desenvolvimerito de lesão de cárie não detectável clinicamente, na sensibilidade pós-operatória elou pato- logia p u l p a r o feníjmeno d a microinfiltrayão tem sido milito estuda- do. ~isualmenteem trabalhos de labora- tório, envolvendo uma grande varieda- de de técnicas. Os achados deste arsenal de pesquisa vêm comprovando qiie todas as restauraqões falham nesse quesito, alguns tipos falham mais que outros, mas todos f a l h a m (KIDD e t a l , 1992; RELWAANI-KAMINSKI et al, 2002). O desenvolvimento das lesões de parede em dentina depende tanto da quantidade de placa acumulada na su- perfície externa quanto do tamanho do micro espaço entre a restauração e a
p a r e d e d a cavidade (FONTANA, GONZALES-CABEZAS, 2000). Alguns estudos demonstram que apenas espaços maiores, de 30 a 50 pm entre a interface dentelrestauração podem estabelecer
dária (JORGENSEN, WAKUMOTO,
et al, 1991). Porém, apenas o diagnósti- co isolado de um espaço entre a restau- rasgo e a parcdc da cavidade não p d r ser rritrrio de motivasão de troca de res- tauração (FONTANA, GONLAEES- CAREZAS, 2000).
Re secun&ria
na indicativa de troca de restaurações G: motivada, na suamaioria, pelo "risco" e pres- suposta impossibilidade de controle do de- senvolvimento da cárie secundária. Em um estudo, 40 dentes extraídos com restaura- ções de amálgama foram apresentados a m grupo de 60 examinadores que deveriam indicar a necessidade ou não de trocar as restaurações. Aproximadamente 49% dos dentes apresentaram necessidade de troca por diversos motivos, entre os quais, cárie se<:undária.Em um segundo momento, as restaurações receberam reacabamento e polimentoe foram novamente submetidosaos mesmos examinadores que pensavam se tra- tar de outros dentes. Novamente deveriam indicar ou não a troca. Houve uma diminui-
passando par? o percentual de 10,35% de restaurações. E interessante observar que o critério de troca por cárie secundária apre- sentou um total de 468 indicações conside- rando todos os grupos de examinadores e no segundo exame observou-se este critério re- ceber apenas 62 indicações de troca pelo mesmo motivo, isto é, diminuindo esta moti- vação troca de restaurações em aproxima- damente sete vezes (OLEINSKYet al, 1996). A performance clínica de uma nova limalha
melhor, em estudos in vitro, foi analisada. Os autores comuararam este novo material com um contendo uma limalha tradicional yiie não possda este efeito adicional. Rece- beram as restaurações pacientes com ida-
com 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , e 10 anos. A deteriora- são marginal do novo amálgama foi si&~cantemente menor do que o convenci- onal. Entretanto, esta cliferen~anão se refle- tiu nas trocas das restaurações que ocorre- ram da mesma maneira nos dois griipos. As trocas foram motivadas por diferentes ra- zões: cárie, fraturas e defeitosmarginais. Isto leva a crer que apesar de estarem diante de
R. Fae. Odonto., Porto Alegre, v. 45, n.1, p. 29-33, jnl. 2004
6 imI>(m-tanteque se analise do tipo de
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