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Características e manejo da Cultura do Milho, Trabalhos de Agronomia

Abordagem sobre os principais aspectos relacionados ao cultivo da Cultura do milho.

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 02/01/2020

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ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
A Cultura do Milho
Texto de apoio para as Unidades Curriculares de Sistemas e Tecnologias
Agropecuários, Tecnologia do Solo e das Culturas, Noções Básicas de
Agricultura e Fundamentos de Agricultura Geral.
(Para uso dos alunos)
José F. C. Barros
José G. Calado
Évora 2014
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ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA

A Cultura do Milho

Texto de apoio para as Unidades Curriculares de Sistemas e Tecnologias

Agropecuários, Tecnologia do Solo e das Culturas, Noções Básicas de

Agricultura e Fundamentos de Agricultura Geral.

(Para uso dos alunos) José F. C. Barros José G. Calado Évora 201 4

Índice

1. Introdução O milho ( Zea mays L.) é uma espécie que pertence à família Gramineae/Poaceae, com origem no teosinto, Zea mays, subespécie mexicana ( Zea mays ssp. mexicana (Schrader) Iltis, há mais de 8000 anos e que é cultivada em muitas partes do Mundo (Estados Unidos da América, República Popular da China, Índia, Brasil, França, Indonésia, África do Sul, etc.). A sua grande adaptabilidade, representada por variados genótipos, permite o seu cultivo desde o Equador até ao limite das terras temperadas e desde o nível do mar até altitudes superiores a 3600 metros, encontrando-se, assim, em climas tropicais, subtropicais e temperados. Esta planta tem como finalidade de utilização a alimentação humana e animal, devido às suas elevadas qualidades nutricionais, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos, com excepção da lisina e do triptofano. No contexto agrícola português, o milho é uma das culturas arvenses mais importante, sendo a que mais explorações agrícolas envolve e segundo a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo desde 2006 tem ocupado uma área entre 130 a 150 mil hectares em todo o país. A área destinada à cultura pode aumentar, em consequência do acréscimo da área de regadio e, para a qual, contribuirá o projeto de Alqueva (Alentejo), tendo esta região de Portugal um grande potencial por explorar e, dependendo dos preços e políticas do mercado europeu e mundial, pode contribuir para um acréscimo na produção nacional, capaz de reduzir o volume das importações deste cereal. Atualmente, apesar do milho ser o cereal mais produzido em Portugal, o que se produz cobre pouco mais de 32 % das necessidades do mercado interno (Anuário Agrícola). O milho é uma cultura associada quer à produção de silagem a qual é de excelente qualidade, quer à produção de grão, afirmando-se atualmente como uma cultura com enorme potencialidade produtiva da agricultura portuguesa de regadio, tendo um contibuto importante para a vitalidade das economias regionais e nacional. A introdução de novas variedades melhor adaptadas às nossas condições edafo- climáticas, bem como práticas culturais mais adequadas (adubações, tratamentos fitossanitários, etc.) têm conduzido a um aumento significativo da produtividade da

cultura no nosso país, estando os indicadores de produtividade entre os melhores a nível mundial.

2. Características morfológicas e fisiológicas do milho Na classificação botânica, o milho pertence à ordem Gramineae, família Poaceae, tribu Maydeae, género Zea e espécie Zea mays L. 2. 1. Semente A semente do milho que é classificada botanicamente como cariopse, apresenta três partes (Figura 1): o pericarpo, o endosperma e o embrião. O pericarpo é uma camada fina e resistente, constituíndo a parte mais externa da semente. O endosperma é a parte da semente que está envolvida pelo pericarpo e a que apresenta maior volume, sendo constituída por amido e outros carbohidratos. À parte mais externa do endosperma e que está em contato com o pericarpo, denomina-se de camada de aleurona, a qual é rica em proteínas e enzimas e cujo papel no processo de germinação, é determinante. O embrião, que se encontra ao lado do endosperma, possui primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ou seja, não é mais do que a própria planta em miniatura. Quando as condições de temperatura e humidade são favoráveis, a semente do milho germina em 5 ou 6 dias. Para a germinação das sementes, a temperatura do solo deve ser superior a 10ºC, sendo a ótima de 15ºC. Na fase de desenvolvimento vegetativo e floração as temperaturas ótimas variam de 24 a 30 ºC, sendo as superiores a 40 ºC, prejudiciais à cultura.

do colmo e quando atingem o solo ramificam-se intensamente, sendo este aspeto muito importante na sustentação física da planta. Fig. 3. Raízes adventícias do milho (dirceu95_5.jpg)

**2. 3. Parte aérea

      1. Caule** O milho pode atingir uma altura de cerca de 2 metros (Figura 4.), podendo o seu porte variar em função do próprio hibrído, das condições climáticas, do fornecimento adequado de água à planta, das características do solo e da fertilidade do mesmo, da disponibilidade de nutrientes, etc. Fig. 4. Milho com cerca de 2 metros de altura (Cultivo+m%25C3%25ADnimo+de+milho-verde+org%25C3%25A2nico+%)

O milho, quando apresenta cerca de 15 centímetros de altura já o caule está totalmente formado, possuindo todas as folhas, os primórdios da inflorescência feminina que irão constituir a espiga (maçaroca) e a qual se localiza na axila das folhas e, possui já também os primórdios da inflorescência masculina, situada na extremidade (ápice) do caule. A partir daqui, o crescimento da planta será função do acréscimo do número de células e do aumento do seu volume. O caule do milho é um colmo ereto, geralmente não ramificado e apresentando nós e entrenós que se denominam de meritalos, os quais são esponjosos e relativamente ricos em açúcar (Figura 5). O caule, além de ter a função de suportar as folhas e partes florais, é também um órgão de reserva, armazenando sacarose. Fig. 5. Caule do milho (q=tbn:ANd9GcSSQIwy6vuEhWzXc4VFAf0d_-3JH0wEZp5i6vm3NRpgiFALWBrVA)

2. 3. 2. Folhas As plantas do milho são consideradas de folha estreita, com o seu comprimento a ser muito superior à largura. As folhas estão dispostas alternadamente e inseridas nos nós (Figura 6). As folhas são constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados com uma nervura central vigorosa.

Fig. 7. Esquema de uma planta de milho, mostrando as inflorescências e o sistema radicular A panícula, que contém as flores masculinas (Figura 8), pode atingir 50 a 60 cm de comprimento e pode ter coloração variável, sendo frequentemente esverdeada ou vermelho escuro. Cada flor é constituída de 3 estames e a produção de pólen pode durar cerca de 8 dias. Cada panícula pode produzir cerca de 50 milhões de grãos de pólen. Quando o pendão é emitido, o crescimento da parte aérea do milho cessa e o crescimento radicular é bastante reduzido e, isto sucede cerca de 4 a 5 dias antes do aparecimento da espiga. Fig. 8. Inflorescência masculina do milho (Foto: Gerson Sobreira)

A inflorescência feminina, designada de espiga ou maçaroca (Figura 9) é constituída por um eixo, ao longo do qual se dispõe os alvéolos e onde se desenvolvem as espiguetas aos pares, sendo cada espigueta formada por duas flores, uma fértil e outra estéril. Cada flor tem um ovário com um único óvulo e a partir do ovário desenvolve-se o estilo-estigma. O conjunto do estilo-estigma irá constituir o cabelo ou também denominada barba de milho. Fig. 9. Inflorescência feminina do milho com a respetivo cabelo ou barba (Foto: Marcos Santos/USP Imagens) O estilo-estigma é de extrema importância para a concretização da fecundação e por isso, a planta deve estar bem nutrida, e sem défice hidríco para se evitar a sua dessecação e consequentemente afetar a fecundação. A floração ocorre normalmente entre os 50 e os 100 dias após a sementeira e é afetada principalmente pela temperatura. A polinização não é mais do que a transferência do grão de pólen da antera da flor masculina para o estigma da flor feminina e no milho, a autofecundação representa apenas cerca de 2%, e daí dizer-se que esta planta tem polinização cruzada. A deiscência e a dispersão dos grãos de pólen ocorrem normalmente 2 a 3 dias antes da emissão dos estilo-estigma, favorecendo desse modo, a polinização cruzada e tanto a libertação de pólen pelas flores masculinas como a receptividade desse pólen pelas barbas, acontece por vários dias, sendo o mais comum 5 a 8 dias, podendo por vezes estender-se até ao 14º dia, o que garante a polinização de todas as espigas. Fatores estranhos (défice hidríco, doenças, má nutrição, etc.) que ocorram, podem levar a uma

Fig. 11. Diferentes estádios fenológicos do milho (imagem p_do61f1.jpg)

3. Considerações sobre a cultura do milho A cultura do milho é das que ocupam maior área no mundo, sendo com o trigo e o arroz as três culturas com maior expressão. Segundo Bellido (1991) a sua área de cultivo localiza-se entre as latitudes de 30º S e 55º N. No entanto, o melhoramento genético tem permitido potenciar a adaptação de algumas variedades que, atualmente se encontram em latitudes superiores aos valores indicados por Bellido (1991), nomeadamente a Norte em regiões da Rússia e do Canada e a Sul em regiões da Argentina e da Bolívia. Em Portugal também é uma das grandes culturas, sendo a área atribuída à cultura no Anuário Estatístico de 2012 de, aproximadamente, 100 000 hectares. No entanto, a Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo, Anpromis, indica valores superiores, sendo a área média anual da cultura desde 2004 até 2013, incluindo a finalidade grão e a finalidade silagem, de 146 719 hectares.

3. 1. Tipos de híbridos Os híbridos são obtidos a partir de cruzamentos, sendo o híbrido simples resultante do cruzamento entre duas linhas puras. As linhas puras são obtidas por autofecundações sucessivas e a seleção das linhas puras é realizada com base na produtividade ou no comportamento. Com o cruzamento de duas linhas puras pretende obter-se um descendente com grande vigor (híbrido simples). Quanto ao híbrido trílineo, é obtido a partir do cruzamento entre uma linha pura e um híbrido simples, enquanto o híbrido duplo resulta do cruzamento entre dois híbridos simples. Devido ao vigor híbrido, em geral os híbridos simples são mais produtivos do que os outros tipos de híbridos (trilíneos e duplos), apresentando grande uniformidade de plantas e de espigas. Todavia, apresentam um custo mais elevado na obtenção da semente. Por sua vez, os híbridos duplos apresentam maior variabilidade genética que os outros híbridos, possuem menos uniformidade de plantas, espigas e produtividade. Porém, a variabilidade genética permite-lhes maior estabilidade e rusticidade, sendo o custo da semente menor. 3. 2. Condições de solo e clima Apesar do milho se cultivar em diversos solos, sobretudo em condições de regadio que caracterizam os ambientes mediterrânicos, há uma melhor resposta da cultura a solos bem estruturados que permitam a circulação da água e do ar, alta capacidade utilizável para a água e disponibilidade de nutrientes. O milho prefere solos de textura mediana, de franco a franco-limoso no horizonte superficial (A) e tolera pH entre 5 a 8, no entanto, solos de pH a tender para 5 podem apresentar teores de alumínio e ferro que são tóxicos para as plantas. Quanto às temperaturas, a maior velocidade de crescimento dos caules e das folhas ocorre quando as temperaturas se situam entre os 25 e os 35 ºC, sendo a maior produção potencial atingida com temperatura médias dos meses mais quentes entre 21 e 27 ºC em períodos com 120 a 180 dias sem geadas. Com temperaturas baixas é limitado

quebra de rendimento da cultura poderá ser superior a 20%, mas se essa deficiência hídrica se prolongar por quatro dias ou mais, essa quebra de rendimento poderá ser superior a 50%. Os estádios de desenvolvimento da planta em que a deficiência hídrica mais afeta a produção de grão são o início da floração e o desenvolvimento da inflorescência , porque é nesta fase que é determinado o número potencial de grãos, o período de fertilização , ou seja, quando o potencial de produção é fixado, sendo também nesta fase a presença de água muito importante para não haver desidratação dos grãos de pólen e por último, a fase de enchimento do grão , quando ocorre o aumento na deposição de matéria seca, estando a matéria seca relacionada com a fotossíntese e se esta for afetada pela deficiência hídrica, haverá uma menor produção de hidratos de carbono, com consequência num enchimento deficiente do grão. O milho é por um lado uma planta que tem grandes necessidades de água, mas por outro lado é muito eficiente na utilização dessa água, ou seja, para a mesma quantidade de água utilizada, produz uma quantidade de matéria seca muito superior a outras culturas. A necessidade total de água de rega na cultura do milho depende de diversos fatores, tais como da capacidade de retenção do solo para a água, da duração do ciclo do genótipo e da utilização dada à cultura (milho grão ou milho forragem), da data de sementeira, da evapotranspiração e da precipitação ocorrida durante o ciclo da cultura. Nas nossas condições climáticas, a necessidade de água de rega por unidade de área (ha) pode variar aproximadamente de 250 a 350 mm (L m-^2 ) em milho forrageiro e cerca de 500 a 600 mm (L m

  • 2 ) em milho destinado à produção de grão (Tabela 1), sendo as necessidades diárias de 2 - 3 mm até as plantas atingirem cerca de 30 a 40 cm de altura e de 7 - 10 mm durante a fase reprodutiva. O número de regas ao longo do ciclo da cultura é variável, sendo em média, entre 3 a 4 por semana.

Tabela 1. Valores médios por hectare, de necessidades de água de rega no milho em diversas regiões do Alentejo (Portugal). Local Cultura Duração do Ciclo (dias) Época de Sementeira Necessidades de água (mm) Odemira Milho grão 150 Abril 375 Maio 443 Beja Milho grão 150 Março 527 Abril 550 Maio 563 Ferreira do Alentejo Milho grão 150 Março 475 Abril 505 Maio 564 Évora Milho grão 150 Março 484 Abril 539 Maio 543 Elvas Milho grão 150 Março 569 Abril 584 Maio 558 Milho Forragem 90 Abril 342 Maio 401 Fonte : Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio

3. 4. Métodos e sistemas de rega O objetivo da rega é o de fornecer água às plantas na quantidade necessária e no momento próprio para que desse modo se obtenham níveis de produtividade adequados e inclusive, melhor qualidade do produto final. Designa-se por método de rega, a forma pela qual a água é aplicada às culturas, sendo quatro, os principais métodos de rega: superfície, aspersão, localizada e subrega, sendo conhecidos dois ou mais sistemas de rega por cada método. Neste trabalho iremos

Fig. 12. Sulcos (Foto: Agro016.jpg, Inec.pt) Neste sistema de rega, a água é fornecida às cabeceiras das parcelas através de regadeiras em terra ou através de tubos (Figura 13) e escoar-se-á nos sulcos pela ação da gravidade no sentido dos pontos de cotas mais baixas, até atingir a extremidade dos sulcos. Como durante o escoamento há uma parte da água que se vai infiltrando no solo, o caudal tem tendência a diminuir no sentido de jusante. Fig. 13. Alimentação dos sulcos através de tubos (IMG 6746 – 430 x 322. Jpg aldeiasdememoria.com) O abastecimento de água aos sulcos dá-se até que seja fornecida a dotação total de água. A partir desse momento, fecha-se a entrada de água nos sulcos (Figura 14) e o

volume de água acumulado em cada um deles escoa-se no sentido de jusante e vai desaparecendo da superfície do solo no sentido de montante para jusante. O método de rega por superfície, apresenta como vantagens relativamente a outros métodos, um menor custo fixo e operacional, não sofre qualquer efeito do vento, apresenta um baixo consumo de energia e necessita de equipamentos simples. Como desvantagens, é dependente das condições topográficas do terreno, necessitando de sistematização do mesmo, a complexidade na realização das regas é maior e se for mal planeado e mal gerido poderá conduzir a uma baixa eficiência na utilização da água, como por exemplo se os sulcos forem mal dimensionados. Nos solos com declive até 0,1%, os sulcos podem ser em nível ou com pouco declive. Quando o declive for até 15%, os sulcos podem ser concebidos em contorno ou em declive. Fig. 14. Acesso de água aos sulcos, cortado (rega milho. JPG drapc.min-agricultura.pt)

3. 4. 2. Método de rega por aspersão No método de rega por aspersão, a aplicação de água ao solo é realizada através de aspersores, havendo uma fragmentação do jato de água lançado sob pressão na atmosfera, caindo sobre a cultura na forma de chuva e atingindo o solo.