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Para que se possa analisar dados, quaisquer que sejam, é necessário colocá-los em um contexto. Não existe, portanto, uma análise de custos que sirva para todos os sistemas produtivos — deve-se empregar uma metodologia de análise que seja coerente com a lógica produtiva da organização a ser avaliada — a produção rural, neste caso. Assim, deve-se ter como base um rol de procedimentos e exemplos estatísticos fundamentado em experiências de levantamentos de custos de produção bem estabelecidos. É importante também saber interpretar indicadores e resultados estatísticos e avaliar a sua qualidade, para que as análises e conclusões subsequentes, como as margens e a participação dos produtores rurais, tenham credibilidade. Antes de produzir indicadores, o estatístico deve considerar a escolha da unidade (ou fator de normalização) na qual as diferentes medidas de custos e lucratividade devem ser expressas, bem como as dimensões dos custos de produção a serem incluídos. Neste capítulo, você vai
Tipologia: Exercícios
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Não perca as partes importantes!
Custos, margens,
participação do produtor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Exibir os elementos que compõem custos e margens do produtor rural. Analisar a participação do produtor na comercialização e formação do mercado agropecuário. Avaliar os impactos das tendências para o produtor rural.
Introdução
Para que se possa analisar dados, quaisquer que sejam, é necessário colocá-los em um contexto. Não existe, portanto, uma análise de custos que sirva para todos os sistemas produtivos — deve-se empregar uma metodologia de análise que seja coerente com a lógica produtiva da organização a ser avaliada — a produção rural, neste caso. Assim, deve-se ter como base um rol de procedimentos e exemplos estatísticos fundamentado em experiências de levantamentos de custos de produção bem estabelecidos. É importante também saber interpretar indicadores e resultados estatísticos e avaliar a sua qualidade, para que as análises e conclusões subsequentes, como as margens e a participação dos produtores rurais, tenham credibilidade. Antes de produzir indica- dores, o estatístico deve considerar a escolha da unidade (ou fator de normalização) na qual as diferentes medidas de custos e lucratividade devem ser expressas, bem como as dimensões dos custos de produção a serem incluídos. Neste capítulo, você vai estudar os elementos que compõem os custos e as margens de produção, que permitem explicitar os resultados econômico-financeiros e os impactos para o produtor rural. Você também vai verificar a participação do produtor na comercialização e formação do mercado agropecuário e vai avaliar os impactos das tendências para o produtor rural.
Figura 1. Diferentes dimensões e segmentações do custo de produção. Fonte: FAO (2016, p. 14).
Os três principais métodos de cálculo para custo de produção agrícola no Brasil foram desenvolvidos pelas seguintes instituições: Instituto de Economia Agrícola (IEA)
https://goo.gl/e2Fvmz
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
https://goo.gl/4DGKqw
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)
https://goo.gl/aVBAMM
Dados extraídos de levantamentos agrícolas representativos podem ser usados para construir médias regionais ou nacionais, enquanto a construção de indicadores usando coleções de dados não representativos provavelmente resultará em informações e conclusões enganosas. Para aumentar a relevância da estimativa de custos de produção para vários usuários, devem ser apresen- tadas diferentes medidas de custos de produção e lucratividade da fazenda.
Para escolher o modelo de custo de produção agrícola a ser adotado, é preciso pensar no recorte que ele terá. O custo de produção agrícola geralmente é apresentado em reais por unidade de área e em reais por unidade produtiva (sacos, cabeças, caixas), que também pode ser convertido em dólares, para poder comparar uma série histórica.
Para realizar o cálculo do custo de produção, será necessário levantar informações que podem ser da propriedade rural total (posteriormente dividido pelo número de hectares cultivados e/ou pelo número total de sacos produzidos na empresa rural) ou setorizadas por talhão — unidade mínima de cultivo de uma propriedade — ou gleba. O cálculo do custo de produção por talhão, além de ser mais preciso, fornece informações valiosas para as decisões técnicas no manejo de cada talhão.
Os três métodos de cálculo do custo de produção agrícola são compostos pelo custo operacional efetivo (COE), pelo custo operacional total (COT) e pelo custo total (CT), que serão descritos a seguir.
1. Custo operacional efetivo (COE) — é composto por todos os custos variáveis que são desembolsados no processo de produção agrícola. O COE é a parte do custo de produção agrícola mais facilmente com- preendida pela maioria dos produtores e profissionais; geralmente é a única considerada ao se computar os custos de produção.
Custos variáveis são aquelas despesas que só ocorrem se houver produção agropecuária e, por isso, alteram-se de acordo com a produção ou com a quantidade de trabalho.
Em inúmeras propriedades rurais são desenvolvidas duas ou mais atividades agropecuárias, às vezes ocorrendo simultaneamente; nesses casos, é preciso separar as despesas com cada atividade desenvolvida, conforme mostra a Figura 2.
Custos fixos são identificados como “custos de estrutura” ou “custos indiretos” e incluem aqueles que não sofrem alteração de valor gasto em caso de aumento ou queda na produção.
O custo de depreciação de um centro de manejo de bovinos, por exemplo, será o mesmo se o pecuarista engordar 100 ou 200 cabeças. Por isso, ele não muda de acordo com a produção.
3. Custo total (CT) — é proveniente da soma do COT e dos custos fi- nanceiros, representados principalmente pelo custo de oportunidade do capital e o custo de oportunidade da terra.
Custo de oportunidade é uma renda que deixa de ocorrer por uma determinada escolha de investimento. Nesse caso, o capital investido na atividade agrícola (recursos próprios) e as terras utilizadas (terras próprias) poderiam estar rendendo dividendos se estivessem em uma aplicação financeira ou se as terras estivessem arrendadas.
A margem de lucro é a diferença entre o faturamento obtido com as vendas de um produto e os custos de execução do trabalho. O agronegócio brasileiro é um setor competitivo e heterogêneo, onde a margem de lucro é importante para o sucesso de longo prazo da atividade. Nesse contexto, é importante ter sob domínio aspectos internos do sistema produtivo, que em sua maioria resultam em custos. Além disso, existem outros custos que impactam diretamente o
resultado econômico da atividade agropecuária, mas que geralmente não são levados em conta.
Ações do produtor frente ao mercado agropecuário
Na propriedade rural, os dados do custo de produção contribuem para me- lhorar a avaliação econômica da operação do empreendimento rural. Eles permitem que o produtor investigue e questione sua própria operação e faça um benchmarking , obtendo as melhores práticas de fazendas da mesma região com características semelhantes. Isso, por sua vez, pode levar a decisões mais bem informadas no nível da fazenda, podendo também melhorar a eficiência e o desempenho do mercado. Alguns exemplos específicos de como um programa de controle de produção robusto pode ser usado no nível de fazenda são os seguintes: Decisões de empreendimento : a análise dos custos de produção pode ilustrar qual empreendimento agrícola ( commodity ) está contribuindo positi- vamente para todo o cenário financeiro da fazenda, levando à realocação de custos entre os setores do sistema produtivo mais apropriados. Decisões de compra e marketing : as metas de preços para entradas e saídas podem estabelecer diferentes níveis de equilíbrio de custos. Conhecer os pontos de equilíbrio permite que agropecuaristas aproveitem as oportu- nidades de crescimento, compra ou venda, quando surgirem. As fórmulas a seguir podem ajudar a determinar pontos de equilíbrio:
Preço de equilíbrio para cobrir custos variáveis (ou margem bruta): custos variáveis totais − rendimento esperado = USD / unidade produ- zida. Esse é o preço mínimo necessário para cobrir os custos variáveis. Preço de equilíbrio para cobrir os custos totais (ou margem líquida): custos totais − rendimento esperado = R$/unidade produzida. Esse é o preço mínimo necessário para cobrir todos os custos. Rendimento de equilíbrio: custos totais / preço esperado = unidade produzida. Esse é o rendimento mínimo necessário para cobrir todos os custos.
Decisões de investimento : fazer os investimentos certos em ativos de capital, como terra, máquinas e infraestrutura, é fundamental para o sucesso a longo prazo. As informações dos custos de produção mostram quanto a
trabalho otimizada, reduzindo as horas ociosas de trabalho e, consequente- mente, o custo associado a elas. A aquisição de insumos pelos produtores, em grande parte, ocorre dire- tamente por meio dos agentes da cadeia de fornecimento de insumos, que adianta os produtos mediante o pagamento a prazo. Porém, essas operações implicam em juros; mesmo que não estejam explícitas, essas alíquotas têm impacto direto no desempenho do negócio. Avaliações para o pagamento à vista ou a prazo dependem do entendimento das necessidades de caixa e produtos. A adequação aos diferentes modelos de negócio com os fornecedores de insumos tende a diminuir os juros e elevar as margens de rentabilidade dos sistemas agropecuários.
Os fatores de produção incorporados nos sistemas agropecuários representam a tec- nologia utilizada no processo produtivo, sendo que esse pacote tecnológico determina quais insumos, qual a quantidade e de que forma serão utilizados nesse processo. Assim, na produção agropecuária, os preços e os volumes de insumos impactarão nos custos totais e, tendo em vista as variadas formas de uso desses fatores, é possível ajustá-los de forma a minimizar os custos de produção. Assim, a potencialização dos resultados de um empreendimento rural é resultante da sua atividade produtiva, por meio da máxima produção possível em função da utilização de certa combinação de fatores.
Análise de custos de produção
Uma das tendências macroeconômicas de análise dos custos de produção é obter medidas de retorno para diferentes culturas e diferentes tipos de tecnologias de produção, cujo procedimento é essencial para a formulação de políticas públicas voltadas para o fomento da eficiência na produção agrícola. A Figura 3 ilustra os retornos líquidos da produção de amendoim nas Filipinas e como esses retornos aumentaram de forma constante desde 2000. Os levantamentos públicos no setor agrícola, como incentivos fiscais, subsídios e preços mínimos, podem ser ajustados e avaliados de forma eficaz, visando a fomentar e remunerar adequadamente os produtores rurais.
Figura 3. Lucro líquido e índice de paridade da produção de amendoim nas Filipinas. Fonte: FAO (2016, p. 8) com base do CountryStat Puilippines (2014).
Considerando os aspectos dentro da porteira, ao realizar pela primeira vez o cálculo de produção, você deve tomar como base a propriedade como um todo. Quando sentir que já dominou o cálculo levando em consideração os dados da propriedade rural inteira, está na hora de começar a calcular o custo de produção agrícola para cada setor ou para cada talhão do imóvel rural. Dessa forma, com a evolução dos levantamentos de dados, você naturalmente sentirá necessidade de ajustar o cálculo do custo de produção agrícola para a realidade da propriedade rural em que você atua.
Utilize uma planilha da Conab, do IPEA ou do IMEA como exemplo e como base para a elaboração da planilha de custo de produção agrícola da sua empresa rural. Posteriormente, ajuste-a conforme as suas necessidades. Nas planilhas de uso público e amplo são fornecidos alguns princípios orientadores sobre os dados e indicadores estatísticos do custo de produção e como podem ser coletados e comparados.
O Manual Estatístico de Custo da Produção Agrícola da FAO (2016) não sugere uma abordagem a ser seguida, mas dá tendências gerais que podem ser
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). Handbook on agricultural cost of production statistics: guidelines for data collection, compilation and dissemination. Improving Agricultural & Rural Statistics Global Strategics. Rome, 2016.
SALOMÃO, R. Revendas de insumos devem crescer 8% a 10% no Brasil este ano, estima Andav. Globo Rural, São Paulo, 14 ago. 2017. Empresas e Negócios. Disponível em: <https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Empresas-e-Negocios/noticia/2017/08/ revendas-de-insumos-devem-crescer-8-10-no-brasil-este-ano-estima-andav.html>. Acesso em: 1 out. 2018.
SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE PRODUTOS PARA DEFESA VEGETAL (SINDIVEG). Estatísticas do setor. 2017. Disponível em: http://sindiveg.org.br/estatisticas-do-setor/. Acesso em: 1 out. 2018.