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O Cabanon é uma obra do arquiteto Le Corbusier localizada em Cap Martin na região ... Modulor. Londres, 1954, p.25. 3 CORBUSIER, Le. A arte decorativa.
Tipologia: Resumos
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Dissertação apresentada ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPAR-UFRGS) como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Arquitetura.
Área de concentração: Teoria, História e Crítica da Arquitetura.
Orientador: Dra. Arq. Andréa Soler Machado.
Porto Alegre, julho de 2018.
Abstract
The Cabanon is a work of the architect Le Corbusier located in Cap Martin in the region known as Côte d'Azur, in the south of France. Sketched for the first time at the end of 1951, its execution was completed in August
Agradecimentos
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por me permitir viver mais esta etapa no meu desenvolvimento profissional e acadêmico, pelas oportunidades e momentos vividos durante este processo, por me cercar de pessoas que me incentivaram e me motivaram nesta caminhada e por estar comigo em cada desafio. Agradeço a minha orientadora Andréa Machado pelos ensinamentos, pela amizade e pelo incentivo durante o desenvolvimento desta dissertação. Agradeço à minha família pelo apoio e incentivo, por proporcionar recursos e um ambiente que me possibilitaram chegar à conclusão deste trabalho, especialmente à minha mãe, ao meu irmão, Augusto, ao meu pai, ao meu tio, Rômulo, e à minha prima Geórgia. Aos meus amigos, em especial ao Marcos Woitowitz e à Marina Colombelli, que estiveram ao meu lado durante todo o tempo e me motivaram em momentos difíceis. Aos meus colegas de curso que compartilharam momentos agradáveis de trocas de conhecimento e de convivência.
Durante os seus anos de formação na École d´Art, a natureza constituía uma importante fonte de ornamento decorativo, e os teóricos da época haviam formulado uma série de princípios que atuavam como uma base para o projeto. Aos quinze anos, Jeanneret ingressou no curso de gravura desta escola. Lá seu mestre e mentor, L´Eplattenier, desenvolveu no jovem o mesmo sentimento que nutria: a natureza era a fonte principal de inspiração para o artista. As opiniões deviam muito aos escritos de Ruskin. A postura de Le Corbusier em relação à natureza e à arquitetura parece ter sido profundamente afetada pelos escritos do autor. L´Eplattenier foi quem persuadiu Jeanneret a se iniciar como arquiteto e ensinou-o a utilizar o desenho como principal ferramenta de observação. Foi a partir dessa instrução que Le Corbusier iniciou a sua série de cadernos de croquis que utilizou por toda a sua vida. Esses serviram como fonte de inspiração, de referência e de estudo ao longo de toda a sua trajetória.
Muitos croquis de Jeanneret capturaram a inconstância da natureza mostrando paisagens sob diferentes condições; árvores, plantas e flores também foram desenhadas e estilizadas para formar motivos decorativos. Estes exercícios foram importantes para a compreensão da estrutura dos fenômenos naturais.
Os escritos do crítico de arte, Ruskin, abordavam de forma profunda a relação da arquitetura e da natureza:
“A função de nossa arquitetura é...nos relatar a natureza; trazer-nos memórias de sua quietude; ser solene e plena de ternura como a natureza, e rica em sua representação; plena da imaginária delicada das flores que não podemos mais colher e das criaturas vivas agora tão distantes de nós em sua própria solidão.”^4
“Pois o que é legítimo ou belo em arquitetura é ilimitado das formas naturais. ”^5
L´Eplattenier acreditava que o mais importante e vital princípio estético estava enraizado em compreender a natureza, não a imitando superficialmente, mas entendendo de uma forma profunda a sua estrutura. Le Corbusier
(^4) BAKER, G. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998 p. (^5) BAKER, G. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998 p.
ao longo de sua juventude desenhou diversas árvores, pedras e paisagens. Esses elementos serviram como tema para diversos trabalhos que Edouard (Le Corbusier) fizera ainda adolescente, como o relógio de bolso ornamentado com formas retiradas das curvas das rochas. Além dos desenhos feitos a partir de um trabalho de observação, o jovem Jeanneret formou sua base intelectual através da leitura; não apenas os livros de John Ruskin, mas também de Eugène Grasset, Owen Jones, Charles Blanc, Henri Provensal, alguns teóricos e críticos de arte, foram lidos pelo jovem, desenvolvendo nele a curiosidade e despertando o interesse por assuntos que seriam abordados durante a sua carreira, especialmente o livro de Edouard Schuré no capítulo sobre Pitágoras e a divindade da numerologia, pode estar aí o início do interesse que resultou no seu sistema de medidas: Modulor.
As viagens que Jeanneret fez a partir de 1907 foram parte fundamental de sua formação, pois colocaram ele face a face com os objetos históricos. Nessas viagens, os cadernos de croquis foram seus maiores companheiros, anotava e desenhava tudo que via e achava interessante. Esses desenhos serviram de inspiração para estudos posteriores. Em seu livro “Por uma arquitetura” dedicou muitas páginas para comentar sobre as edificações antigas e suas formas básicas e excelentes, tudo de acordo com as proporções que eram agradáveis aos olhos, o arquiteto explica que os nossos olhos são feitos para ver as formas sob a luz e as formas primárias são as belas formas porque se leem claramente, na arquitetura egípcia, grega ou romana encontra-se está arquitetura de prismas, cubos e cilindros triedros ou esferas. Segundo o arquiteto, a arquitetura feita através dos traçados reguladores (recurso usado pelos arquitetos que precederam o seu tempo) atinge essa matemática sensível, que nos dá a benéfica percepção da ordem. E essa ordem é proporcionada pela harmonia encontrada nas proporções humanas, ponto central do Modulor.
Os pontos abordados quase vinte anos depois de deixar sua cidade natal em seus artigos para revista L´Espirit Nouveau compilados no livro, demonstram um homem que foi assimilando o conhecimento através de suas experiências. A sua arquitetura foi aprendida a partir dessas observações. O arquiteto autodidata foi formando-se ao longo de sua jornada de vida, estudos, leituras, e também pela sua base de formação. Apesar de
do homem e da desconstrução da concha, além, é claro, do material mais “natural” possível: a madeira – em seu estado bruto e tratado.
E, não por acaso, o sítio que escolheu para criar a sua cabana primitiva também revela ser um ponto de grande importância dentro da história da região e da arquitetura moderna. Ali encontra-se um ícone do modernismo, a Villa E 1027 da designer Eileen Gray e do arquiteto e editor Jean Badovici, nomes de relevância no cenário arquitetônico modernista. Além de um simples e rústico restaurante, o Étoile de Mer, do grande amigo de Le Corbusier, Thomas Rebutato; apesar da aparência tão modesta e vernacular da edificação, em um estudo mais aprofundado vê-se semelhança em sua concepção e a do próprio Cabanon: uma cabana, também, de madeira com espaço mínimo que seria o protótipo de uma posterior produção em série. Neste mesmo local estão as unités de Camping, outro projeto de Le Corbusier. O encontro destas edificações criou um espaço importante na história da arquitetura moderna não só da região da Côte d´Azur, mas faz parte do cenário internacional.
Objetivo
O objetivo principal deste trabalho é compreender o que o Cabanon significou dentro da obra completa deste importante arquiteto para o século XX através de uma análise historiográfica, inserindo o Cabanon dentro da obra de Le Corbusier e da realidade encontrada no local onde o mesmo foi construído, esta relação da cabana com as demais e com o seu entorno é um ponto importante para o desenvolvimento deste estudo; assim como a análise compositiva desta edificação do arquiteto fraco-suíço Le Corbusier.
Uma pequena habitação anexada como um parasita em um restaurante simples na região de Côte d´Azur, de madeira bruta, que exteriormente não impressiona em nada e que nem conseguiria competir com a beleza natural desse cenário mediterrâneo. A dificuldade de encontrar Le Corbusier neste projeto pode dever-se ao fato de conhecermo-lo como o arquiteto das casas puristas, dos planos urbanos, dos pilotis, das fachadas e plantas livres, dos terraços-jardim, dos cinco pontos da arquitetura; e termos pouca informação e conhecimento sobre o arquiteto brutalista da década de 1950. Este fato despertou a curiosidade para adentrar no mundo pouco conhecido de Le Corbusier, e menos glamouroso encontrado na sua mínima e rústica cabana que se tornou sua segunda moradia e palco de seu fim trágico.
A compreensão do seu entorno também é ponto importante desta análise, pois encontram-se no mesmo sítio importantes ícones da arquitetura moderna: a villa E 1027 de Eileen Gray e Jean Badovicci, as unités de camping de Le Corbusier e o próprio Cabanon, além do restaurante l´Étoile de Mer, que também era um protótipo de uma série de construções pré-fabricadas que seriam reproduzidas em série no local, este último não pertencia a nenhum ícone moderno, mas poderia ser relacionado ao Cabanon pelo seu caráter vernacular.
Conhecer os estudos de Le Corbusier para a região, além de todo o desenvolvimento de seu Cabanon em cada etapa de projeto, permite-nos encontrar as relações entre a obra realizada nesta região e o contexto que se inserem na obra arquitetônica de Le Corbusier – ou mesmo seu retorno às suas origens.
Na década de 1950, Le Corbusier produziu alguns de seus projetos mais emblemáticos e díspares entre si. Cada um deles representando as três componentes que formaram a base essencial de sua atividade arquitetônica: a casa, o templo e a cidade; expressos pelo Cabanon, a Notre-Dame de Ronchamp e o conjunto do Capitólio de Chandigarh. O distanciamento ocasionado pela guerra ajudou a definir este novo rumo de sua obra. O espírito livre está por trás do Cabanon. E este espírito é objeto de análise deste trabalho.
O estudo desta obra leva-nos a conhecer um Le Corbusier além das formalidades, adentrando na sua personalidade, na sua intimidade, nos seus sonhos e nas suas relações, sejam essas relações consigo mesmo, com sua esposa, seus amigos e com a natureza. E toda esta análise faz-se necessária para uma compreensão completa do motivo da criação de uma cabana, que a um primeiro olhar, pode ser considerada tão informal e sem importância dentro da obra de um arquiteto de grandes edifícios, villas e cidades.
Fundamentação teórica
A compreensão do Cabanon como uma obra de síntese dentro da criação de Le Corbusier foi possível através das análises feitas por diferentes autores e pelo conhecimento de suas teorias e estudos presentes em diferentes livros de autoria do próprio arquiteto, entre eles Por uma Arquitetura (2006), Precisões (2004), Modulor (1992), entre outros nos quais foram analisados alguns trechos.
Em Por uma Arquitetura (2006), Le Corbusier aborda diferentes assuntos relacionados à criação e desenvolvimento da arquitetura. A partir da leitura do mesmo, foi possível encontrar o fundamento que o arquiteto utilizou para desenvolver suas obras, e relacionar o Cabanon com as teorias encontradas em diferentes capítulos do livro, como no capítulo sobre os traçados reguladores, sobre o homem primitivo, sobre as casas em série e sobre os transatlânticos.
Em Precisões (2004), Le Corbusier expõe pensamentos sobre os mais variados temas relacionados à Arquitetura e ao Urbanismo; ao mencionar sobre a cabine de navio onde passou quinze dias durante uma viagem, nota-se relações com a sua cabana em Cap Martin. Outro ponto abordado no livro que foi estudado neste trabalho, está presente no capítulo destinado aos mobiliários.
Em Modulor (1992), encontra-se a pesquisa e o desenvolvimento do raciocínio do arquiteto sobre o seu sistema de medidas de mesmo nome – Modulor – sobre o qual o Cabanon foi concebido. O Cabanon serviu de experimento para este sistema.
Os pontos abordados de forma mais detalhada e extensa, relacionados ao desenvolvimento do projeto, foram encontrados na obra de Chiambretto, 1987: “Le Corbusier a Cap Martin”, na qual o autor esmiúça cada detalhe da cabana de Le Corbusier, além de analisar a trajetória dos projetos propostos para a região de Roquebrune-Cap-Martin que culminaram no Cabanon e nas Unités de Camping. Além deste livro, outro explorado na concepção deste trabalho foi de Baker, 1998: “Le Corbusier: uma análise da forma”, no qual há a descrição da
para amadurecer ideias que no futuro serão aplicadas em obras de grandes dimensões, em outros em necessidade imposta pelo programa do edifício ou por questões econômicas. ”^8
No Cabanon, Le Corbusier parecia querer demonstrar o seu desejo de viver de forma simples, sem luxos, em conexão com a natureza, não só com a natureza presente no entorno, mas conectando toda a existência da sua cabana à criação divina, através da utilização dos mesmos recursos de crescimento e desenvolvimento dos organismos naturais, como a sequência encontrada no desenvolvimento da concha de um molusco (Nautillus), e também na adaptação das dimensões às medidas retiradas da proporção do corpo humano. Da concha retirou o jogo em espiral que conduz o usuário de fora para dentro, que serviu como traçado regulador, e a figura helicoidal que dá as direções dos movimentos das diferentes áreas do espaço habitável (Chiambretto, 1987, p.28). Do corpo humano, desenvolveu o Modulor, que ditou as dimensões de toda a cabana. Matila Ghyka foi uma fonte de estudos importante na carreira de Le Corbusier no que se refere aos sistemas de medidas e proporções, o autor abordou a geometria da vida e da arte, principalmente da arquitetura em seu livro “The Geometry of Art and Life” (1946).
A forma do Cabanon foi analisada a partir dos pontos estabelecidos no livro “Le Corbusier: uma análise da forma”, de Geoffrey H. Baker. Segundo o autor, “A arquitetura adquire expressão por meio da forma”^9 e é importante “dissecar a forma a fim de mostrar como os vários elementos se relacionam uns com os outros e com as condições particulares do lugar”.
Além da importância como objeto arquitetônico, o Cabanon apresenta relevância quando se diz respeito a compreensão do comportamento de Le Corbusier além do mestre-arquiteto. Nele, Le Corbusier, habitava com um comportamento indisciplinado e anônimo (Moreira, 2003, p.5).
(^8) SILVA, Ricardo. Habitação mínima na primeira metade do século 20. Escola de Engenharia de São Carlos - USP ,São Carlos: 2006. p. 44 (^9) BAKER, G. Le Corbusier: uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998 p.XIII
As relações entre o Cabanon, seu entorno imediato que compreende a área externa junto a alfarrobeira e seu atelier de trabalho, o restaurante l´Étoile de Mer, as unités de camping e a Villa E 1027 foram analisadas, assim como a região da Côte d´Azur onde este sítio fica localizado, Roquebrune-Cap-Martin, a partir de diferentes obras literárias disponíveis na Fundação Cap Moderne: a coletânea de artigos intitulada “Eileen Gray, L´Étoile de Mer and Le Corbusier: Three Mediterranean Adventures”, o caderno arquitetônico número 06 “Roquebrune Cap Martin. Cap Moderne: La villa E 1027, L´Étoile de Mer, Le Cabanon et les Unités de Camping” e um pequeno informativo da associação Conservatoire du Littoral “Cap-Martin: Architeture beside the sea”.