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Neste texto, maria jacobs bastos apresenta brevemente a teoria da inveja de melanie klein, uma figura chave na psicanálise, e sua relação com o filme clássico amadeus. A autora explora como a inveja, segundo klein, influencia o desenvolvimento emocional do bebê e como isso se reflete no personagem salieri do filme.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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O presente trabalho tem por objetivo tratar brevemente a inveja como tema principal entre tantos conceitos aprendidos no seminário de formação do sobre a obra de Melanie Klein o Círculo Psicanalítico do RS.
M. KLEIN Melanie Klein nasceu em Viena, em 30 de março de 1882 e faleceu em Londres, com 78 anos de idade, em 22 de setembro de 1960. Era a mais moça de quatro filhos. Aprendeu a ler e escrever com 5 anos de idade para agradar a irmã, que estava gravemente enferma e que morreu aos 9 anos de idade.
Mais tarde estudou literatura e música, estimulada pelo irmão que também faleceu jovem. Encorajada por esse irmão, Melanie passou na admissão para cursar medicina, mas não levou adiante tal desejo porque noivou, casou e teve 3 filhos. Ainda estudou arte e história.
Antes da 1ª Guerra Mundial transferiu-se para Budapeste, onde iniciou sua formação psicanalítica. Foi analisada por Ferenczi e Abraham, mas, com a morte prematura do último analista, foi para Londres a convite de Ernest Jones em 1926, onde se estabeleceu até a sua morte. Pertenceu a chamada escola inglesa na Sociedade Britânica de Psicanálise, como membro proeminente.
INVEJA Melanie Klein inovou a teoria freudiana ao acrescentar à psicanálise o psiquismo primitivo do bebê. Levou o complexo de Édipo ao início da vida humana, tornando o bebê um ser capaz de estabelecer relações arcaicas com sua mãe através do conceito simbólico e metafórico: o seio.
A teoria de Klein sustenta que o bebê herdaria da sua vida pré-natal uma certa concepção de que receberia um seio, inerente à condição da vida após o nascimento. Além disso afirma ser constitucional tal expectativa.
(^1) Texto apresentado em Jornada de Estudos (on-line) realizada pelo Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul em 29 de agosto de 2020.
No curso do desenvolvimento emocional, a relação com o seio materno torna- se a base para a dedicação às pessoas, valores e causas; assim uma certa parte do amor que foi originalmente experimentado pelo objeto é absorvida pelo bebê.
Explica que, para suportar os impulsos que vem com o nascimento, ou seja, pulsão de vida e de morte, o bebê cindirá ele próprio e o objeto em bom e mau, alternando essa condição para suportar a angústia do desamparo inerente ao viver.
Klein nomeia esse ódio primitivo da relação perturbada do bebê com a mãe- seio de inveja. Ensina-nos que o bebê sente inveja do seio bom porque, ao gratificá- lo, fantasia que algo ficará ainda inacessível para ele, tendo que suportar a dependência absoluta do seio para se sentir gratificado e seguro. Inveja o seio mau porque o privou da gratificação total, desenvolvendo ódio por essa condição de privação.
Nas palavras de Klein, “a inveja contribui para as dificuldades do bebê em construir seu objeto bom. Sendo um sentimento irado de que outra pessoa possua e desfrute de algo desejável, sendo o impulso invejoso tirar dela ou espoliá-la. [...] Além disso a inveja implica na relação do indivíduo com uma só pessoa” (KLEIN, 1991, p. 212). Ocorreria na díade mãe e bebê.
A voracidade, característica dessa posição, é uma ânsia impetuosa e insaciável, excede aquilo que o indivíduo necessita e o que o objeto está capacitado ou disposto a dar, ou seja, destrói a criatividade da mãe.
A autora diferencia a inveja da voracidade, embora haja uma tênue linha que separa as duas. A voracidade visa à introjeção e a inveja, à projeção.
A inveja é sofrida porque outro possui o que ele deseja para si. O invejoso passa mal com a possibilidade da fruição. Sente-se à vontade somente com o infortúnio dos outros. Assim, todos os esforços para satisfazer um invejoso são vãos.
Para Klein (1991), “a inveja é sempre uma paixão vil, carreando em seu caminho as piores paixões” (p. 213).
O invejoso desqualifica o que mais deseja para si como forma de manter a idealização de si ou do outro.
novamente, pois fantasiava que Mozart o aniquilara. Passou a vida remoendo a culpa por ter matado a quem dependia. O objeto estava impregnado de paixão vil. Queria tomar para si todo aquele leite maravilhoso de admiração e talento que invejara. Mas não conseguiu, estava tomado pelo objeto mau dentro de si, internalizado, e a saída foi a tentativa de suicídio. Matando a si, mataria o objeto.
Essa relação invejosa levou a destruição de todos os envolvidos. Porém, restou ao mundo a obra imortal de um gênio e o lugar respeitoso de músico clássico à Salieri.
Mas, imaginemos que Salieri buscasse analisar seu sofrimento pela inveja kleiniana e descobrisse que, integrando o bom e o mal, o amor e o ódio, pudesse ser o apoiador e parceiro do Amadeus. Superaria sua inveja e juntos comporiam uma obra inesquecível para a humanidade. Hoje, em lugar de exemplificar a inveja da teoria kleiniana através do filme, superadas as rivalidades, estaríamos desfrutando a sinfonia composta pelo amor entre os compositores. Ganharíamos nós mais um alento para enfrentarmos o confinamento da quarentena.
Como ensinou Klein (1991), “o bebê só pode experimentar gratificação completa se a capacidade para o amor se achar suficientemente desenvolvida e é a satisfação que forma a base da gratidão” (p. 210).
Referências
KLEIN, M. Inveja e gratidão (1957). In: KLEIN, M. Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963). Rio de Janeiro: Imago, 1991, p. 205-267.
AMADEUS. Direção: Milos Forman. Produção: Saul Zaentz. Elenco: Fahrid Murray Abraham, Tom Hulce, Ellizabeth Berridge e outros. Roteiro: Peter Shaffer. Berkeley: The Saul Zaentz Company, 1984.