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boletim 100 - manual de adubação, Manuais, Projetos, Pesquisas de Nutrição

manual de adubação, tabelas e interpretação de analise de solo

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 22/05/2023

jhon-felipe-senoski
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Recomendações de Adubação e Calagem
para o Estado de São Paulo
Bernardo van Raij
Heitor Cantarella
José Antônio Quaggio
Ângela Maria Cangiani Furlani
1. INTRODUÇÃO
Nesta Segunda Edição do Boletim Técnico Nº 100, a base de análise de
solo para calagem e macronutrientes continua sendo a mesma da Primeira
Edição. As determinações básicas são a matéria orgânica, o pH em cloreto de
cálcio, o fósforo extraído do solo com resina trocadora de íons, os teores trocáveis
de cálcio, magnésio e potássio e a acidez total a pH 7. Os valores calculados são
a soma de bases, a capacidade de troca de cátions e a saturação por bases. A
recomendação de calagem passou a ser feita visando a elevação da saturação
por bases dos solos a valores variáveis por culturas.
O uso da análise de solo é ampliado nesta publicação, incluindo-se as
determinações de enxofre, boro, cobre, ferro, manganês e zinco, para amostras
da camada arável do solo, e argila e alumínio trocável para amostras do subsolo.
Além disso, passa a ser usada a análise foliar para muitas culturas, incluindo
todos os macronutrientes e os micronutrientes boro, cobre, ferro, manganês e
zinco. Todos os resultados de análises de solo e de plantas apresentam-se no
Sistema lnternacional de Unidades. No caso de corretivos e fertilizantes isso
ainda não é possível e as recomendações são dadas nos moldes antigos. Apenas
nos capítulos mais gerais avança-se um pouco em indicar conteúdos e cálculos
para corretivos e fertilizantes com base no Sistema Internacional de Unidades.
A produtividade esperada é introduzida como um importante critério nas
recomendações de adubação. Para o nitrogênio ainda não se usa a análise de
solo, mas a previsão de respostas esperadas ao nutriente é feita para diversas
culturas anuais, com base no histórico de uso anterior da gleba; para algumas
culturas perenes, a resposta a nitrogênio é inferida pelo teor foliar. Para muitas
culturas, a diagnose foliar é incluída como instrumento complementar de
avaliação do estado nutricional.
Ampliaram-se as culturas contempladas, com a inclusão de diversas de
responsabilidade do Instituto Agronômico que ficaram fora da primeira edição.
Além disso, desta vez são apresentadas as recomendações de adubação para
pastagens e forrageiras e para essências florestais. Também a hidroponia
recebeu atenção nesta publicação.
Os 12 primeiros capítulos tratam de aspectos gerais, relacionados às
análises de solos e plantas; os outros capítulos cuidam de recomendações
específicas para culturas, agrupadas em diversas categorias.
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Recomendações de Adubação e Calagem

para o Estado de São Paulo

Bernardo van Raij Heitor Cantarella José Antônio Quaggio Ângela Maria Cangiani Furlani

1. INTRODUÇÃO

Nesta Segunda Edição do Boletim Técnico Nº 100, a base de análise de solo para calagem e macronutrientes continua sendo a mesma da Primeira Edição. As determinações básicas são a matéria orgânica, o pH em cloreto de cálcio, o fósforo extraído do solo com resina trocadora de íons, os teores trocáveis de cálcio, magnésio e potássio e a acidez total a pH 7. Os valores calculados são a soma de bases, a capacidade de troca de cátions e a saturação por bases. A recomendação de calagem passou a ser feita visando a elevação da saturação por bases dos solos a valores variáveis por culturas. O uso da análise de solo é ampliado nesta publicação, incluindo-se as determinações de enxofre, boro, cobre, ferro, manganês e zinco, para amostras da camada arável do solo, e argila e alumínio trocável para amostras do subsolo. Além disso, passa a ser usada a análise foliar para muitas culturas, incluindo todos os macronutrientes e os micronutrientes boro, cobre, ferro, manganês e zinco. Todos os resultados de análises de solo e de plantas apresentam-se no Sistema lnternacional de Unidades. No caso de corretivos e fertilizantes isso ainda não é possível e as recomendações são dadas nos moldes antigos. Apenas nos capítulos mais gerais avança-se um pouco em indicar conteúdos e cálculos para corretivos e fertilizantes com base no Sistema Internacional de Unidades. A produtividade esperada é introduzida como um importante critério nas recomendações de adubação. Para o nitrogênio ainda não se usa a análise de solo, mas a previsão de respostas esperadas ao nutriente é feita para diversas culturas anuais, com base no histórico de uso anterior da gleba; para algumas culturas perenes, a resposta a nitrogênio é inferida pelo teor foliar. Para muitas culturas, a diagnose foliar é incluída como instrumento complementar de avaliação do estado nutricional. Ampliaram-se as culturas contempladas, com a inclusão de diversas de responsabilidade do Instituto Agronômico que ficaram fora da primeira edição. Além disso, desta vez são apresentadas as recomendações de adubação para pastagens e forrageiras e para essências florestais. Também a hidroponia recebeu atenção nesta publicação. Os 12 primeiros capítulos tratam de aspectos gerais, relacionados às análises de solos e plantas; os outros capítulos cuidam de recomendações específicas para culturas, agrupadas em diversas categorias.

2. AMOSTRAGEM DE SOLO

A amostragem de solo é a primeira etapa em um bom programa de adubação e calagem. Nunca é demais lembrar que, por melhor que seja a análise química, ela não pode corrigir falhas na retirada da amostra ou na sua representatividade. Detalhes sobre amostragem de solo, tais como definição de glebas, retirada de amostras compostas, ferramentas utilizadas, local e profundidade de amostragem e outros, são apresentados em impressos distribuídos pelos laboratórios. Contudo, alguns aspectos específicos são lembrados aqui, visando a maior uniformidade no procedimento.

2.1 Escolha das glebas para amostragem

Dividir a propriedade em glebas homogêneas, nunca superiores a 20 hectares, amostrando cada área isoladamente. Separar as glebas com a mesma posição topográfica (solos de morro, meia encosta, baixada, etc.), cor do solo, textura (argilosos, arenosos), cultura ou vegetação anterior (pastagem, café, milho, etc.) e adubação e calagem anteriores. Em culturas perenes, levar em conta, também, a variedade e a idade das plantas. Áreas com uma mesma cultura, mas com produtividade diferente, devem ser amostradas separadamente. Identificar essas glebas de maneira definitiva, fazendo um mapa para o acompanhamento da fertilidade do solo com o passar dos anos. Se a propriedade for muito grande, não senão possível amostrá-la completamente, é preferível amostrar apenas algumas glebas, não muito extensas, representando situações diferentes.

2.2 Ferramentas e coleta de amostras

A coleta de amostras pode ser feita com enxadão, pá reta ou, preferivelmente, com trado. O trado - tipo holandês, tubo ou de caneco - torna a operação mais fácil e rápida. Além disso, permite a retirada das amostras na profundidade correta e das mesmas quantidades de terra de todos os pontos amostrados. Todas as ferramentas, bem como recipientes, utilizados na amostragem e embalagem da terra, devem estar limpos e, principalmente, não conter resíduos de calcário ou fertilizantes. Para amostras nas quais se pretende analisar micronutrientes, usar trado de aço e evitar baldes de metal galvanizado. De cada gleba devem ser retiradas diversas subamostras para se obter uma média da área amostrada. Para isso, percorrer a área escolhida em ziguezague e coletar 20 subamostras por gleba homogênea. Em culturas perenes, tais como café, citros, seringueira etc., a amostragem deve ser feita em toda a faixa de solo adubada, que reflete melhor os tratamentos aplicados nos anos anteriores.

2.4 Local e profundidade de amostragem

Nos casos de culturas anuais e de culturas perenes a serem instaladas, retirar as amostras simples que formarão a amostra composta em todo o terreno e na profundidade de 20 cm, a chamada camada arável. Para fins de cálculos em fertilidade do solo, essa camada tem um volume de 2.000.000 dm 3 de terra, para uma área de um hectare. Para culturas perenes, que recebem aplicações localizadas de adubo, como café e frutíferas, retirar as amostras dos locais onde o adubo é aplicado. Embora nesses casos os adubos não sejam incorporados ao solo, a amostragem é igualmente feita na profundidade de 20 cm, para manter a coerência da interpretação de resultados. A mesma observação vale para cultivo sob plantio direto, recomendando-se, também, a amostragem na profundidade de 0 a 20 cm, até que, eventualmente, a pesquisa indique alternativa melhor. Amostras compostas podem, também, ser retiradas na profundidade de 20 a 40 cm, principalmente para avaliar a acidez do subsolo, bem como os conteúdos de cálcio, enxofre e potássio. A coleta deve ser feita, de preferência, com trado. Primeiro coletar a amostra de 0-20 cm e em seguida retirar a terra da superfície que caiu dentro do buraco, para depois aprofundar o trado até 40 cm. Antes de transferir a terra para o balde, raspar a terra lateral do trado e retirar também 2 a 3 cm da parte superior. Isso tudo é importante para evitar a contaminação com terra da superfície. Os trados tipo tubo são convenientes para a amostragem profunda, podendo-se utilizar um tubo de menor diâmetro para a de 20-40 cm.

2.5 Envio da amostra de solo ao laboratório

A amostra de solo deve ser acompanhada da Folha de Informações, preenchida com dados referentes a cada uma das glebas amostradas. Cada amostra deve ser identificada, da mesma maneira, na caixinha ou em outra embalagem que a contiver, na Folha de informações e no mapa da propriedade. As amostras podem ser enviadas pelo correio ou entregues a qualquer um dos laboratórios que utilizam os métodos de análise de solo desenvolvidos no IAC. Esses laboratórios têm seus resultados identificados por uma etiqueta do ano do programa de controle de qualidade do sistema IAC de análise de solo. Caso haja interesse em recomendação de calagem e adubação, o usuário deve especificar a cultura e o código correspondente, completando, além disso, o solicitado na Folha de Informações para Análise de Solo.

3. REPRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISES DE

SOLOS, FOLHAS, FERTILIZANTES E CORRETIVOS

A adoção do Sistema Internacional de Unidades (SI), nesta edição, implica em alteração nas representações e nos valores de parte dos resultados.

3.1 Unidades de representação de resultados

As bases de representação serão o quilograma (kg) ou o decímetro cúbico (dm 3 ) para sólidos e o litro (L) para líquidos. Os conteúdos serão expressos em quantidade de matéria, podendo ser usados mol de carga (mol (^) c ) ou milimol de carga (mmolc ), ou em massa, com as alternativas de grama (g) ou miligrama (mg). O milimol de carga corresponde ao miliequivalente, que não será mais empregado. A porcentagem não deverá mais ser utilizada para representar teor ou concentração e, assim, dará lugar a uma representação combinando as unidades acima.

3.2 Solos

Os resultados de cátions trocáveis, cálcio (Ca 2+), magnésio (Mg 2+), potássio (K +), alumínio (AI 3+), de acidez total a pH 7 (H +^ + Al3+), de soma de bases (SB) e de capacidade de troca de cátions (CTC) serão apresentados em mmol (^) c /dm^3. Os valores são 10 vezes maiores do que a representação anterior, em meq/100 cm^3. Os resultados de fósforo (P), de enxofre (S-SO 42 -) e dos micronutrientes boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn) e zinco (Zn), serão apresentados em mg/dm 3. Na prática, os resultados têm sido apresentados, por muitos laboratórios, em partes por milhão (ppm), mesmo para o caso de medidas volumétricas de solo, o que costuma ser o caso da análise de solo para fins de fertilidade. Assim sendo, essa representação, em ppm, tem sido usada de forma ambígua e, por isso, o seu uso deve ser descontinuado. De qualquer forma os números não mudarão. Os resultados de matéria orgânica (MO) serão apresentados em g/dm 3 , sendo os valores 10 vezes maiores que a representação anterior, em porcentagem (%), que corresponde a g/100 cm 3 , já que a medida de solo no laboratório é volumétrica. A saturação por bases (V) e a saturação por alumínio (m), serão expressos em porcentagem (%). Note-se que estes são índices calculados e não representações de concentrações ou teores. Nesses casos, é admitido o uso da porcentagem.

3.3 Folhas

A porcentagem (%) deixa de ser usada para macronutrientes e substituída por g/kg, com números 10 vezes maiores. Também a representação em partes por milhão (ppm) não mais será usada, dando lugar a mg/kg. Neste caso, os números não mudarão.

Quadro 3.1. Fatores para conversão de unidades antigas em unidades do Sistema lnternacional de Unidades

Unidade Antiga (A) Unidade Nova (N) (N = A x F)

Fator de Conversão (F)

% g/kg, g/dm 3 , g/L 10 ppm mg/kg, mg/dm 3 , mg/L 1 meq/100 cm 3 mmolc /dm 3 10 meq/100g mmol (^) c /kg 10 meq/L mmolc /L 1 P 2 O 5 P 0, K 2 O K 0, CaO Ca 0, MgO Mg 0, mohm/cm dS/m 1

4. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS DE ANÁLISE DE SOLO

Além da interpretação da análise de solo para P, K, Mg e calagem, nesta edição estão sendo introduzidas interpretações para respostas a nitrogênio, teores de cálcio, enxofre, micronutrientes e, também, para resultados da análise química de amostras do subsolo. A tabela de interpretação de P foi subdividida para quatro grupos de culturas, de acordo com o grau de exigência a fósforo.

4.1 Nitrogênio

Ainda não se tem, para São Paulo, um critério confiável de recomendação da adubação nitrogenada com base na análise de solo. Está-se adotando, para diversas culturas anuais, um critério de classes de resposta esperada que, associado às recomendações por produtividade esperada, deverá resultar em adubações mais coerentes com as necessidades em cada caso. Para algumas culturas perenes, as classes de resposta esperada a nitrogênio são estabelecidas com resultados de teores de N em folhas. As classes de resposta esperada são assim conceituadas: Alta resposta esperada - Solos corrigidos, com muitos anos de plantio contínuo de gramíneas ou outras culturas não leguminosas; primeiros anos de plantio direto; solos arenosos, sujeitos a altas perdas por lixiviação. Culturas perenes com teores baixos de N nas folhas. Média resposta esperada - Solos muito ácidos, que serão corrigidos; ou plantio anterior esporádico de leguminosas; ou solo em pousio por um ano; ou uso de quantidades moderadas de adubos orgânicos. Culturas perenes com teores médios de N nas folhas.

Baixa resposta esperada - Solos em pousio por dois ou mais anos; cultivo após pastagem (exceto solos arenosos); ou solos com cultivo anterior intenso de leguminosas; ou adubação verde com leguminosas ou rotação permanente com leguminosas; uso constante de quantidades elevadas de adubos orgânicos. Culturas perenes com teores altos de N nas folhas.

4.2 Fósforo e potássio

Os resultados de fósforo e de potássio são divididos em cinco classes de teores. Os limites de classes foram estabelecidos com ensaios de calibração, realizados principalmente para culturas anuais em condições de campo e levando em conta as respostas aos elementos aplicados na adubação, expressos em termos de produção relativa. Assim, a correspondência dos limites de classes de teores com os respectivos limites de produção relativa, são os apresentados no quadro 4.1.

Quadro 4.1. Limites de interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos

Teor Produção relativa

K +

trocável

P resina

Florestais Perenes Anuais Hortaliças % mmolc / dm 3

mg/dm mg/dm mg/dm mg/dm

Muito baixo 0 - 70 0,0 - 0,7 0 - 2 0 - 5 0 - 6 0 - 10 Baixo 71 - 90 0,8 - 1,5 3 - 5 6 - 12 7 - 15 11 - 25 Médio 91 - 100 1,6 - 3,0 6 - 8 13 - 30 16 - 40 26 - 60 Alto > 100 3,1 - 6,0 9 - 16 31 - 60 41 - 80 61 - 120 Muito Alto > 100 > 6,0 > 16 > 60 > 80 > 120

No caso do fósforo, os limites de interpretação são dados para quatro grupos de culturas, com exigências crescentes de maior disponibilidade de fósforo: florestais, perenes, anuais e hortaliças. Trata-se de uma classificação feita para fins práticos de organizar a adubação fosfatada por grupos de culturas. Note-se que o limite superior da classe de teores altos é duas vezes maior que o limite superior da classe de teores médios. No caso do potássio, bem como de outros cátions trocáveis, os diversos extratores usados em laboratórios de análise de solo dão resultados comparáveis, significando que, em geral, não é importante mencionar o método usado na extração. Além disso, para potássio, o teor do nutriente no solo é um índice melhor para avaliar a disponibilidade do que a relação com outros cátions ou a porcentagem da CTC. A relação com a CTC pode, eventualmente, ser usada como um critério auxiliar, mas não em substituição ao critério básico dado no quadro 4. 1.

A interpretação de magnésio é bastante consistente com os dados experimentais disponíveis e as tabelas de interpretação de diferentes instituições. Há bastante polêmica, tanto para o magnésio, como para o potássio sobre a interpretação em termos da porcentagem da CTC, ao invés dos teores, conforme apresentado no quadro 4.3. Também aqui a experimentação agronômica aponta para o uso dos teores absolutos como o melhor critério. Na prática, se houver magnésio suficiente, não deverá ocorrer deficiência. Porém, se os teores de magnésio forem baixos, a adubação potássica poderá agravar a deficiência. Para o cálcio, os valores apresentados, são os mínimos desejáveis para culturas, senão o limite superior o necessário àquelas mais exigentes no nutriente, independentemente da questão da calagem. Nesse caso, embora haja respaldo em resultados experimentais, já que deficiências de cálcio são raras em condições de campo, os limites apresentados são bem mais baixos do que os adotados por várias organizações no Brasil. Uma das grandes dificuldades é isolar a questão da deficiência de cálcio do problema da acidez excessiva, já que solos deficientes em cálcio são, em geral muito ácidos. Nesses casos, a calagem corrige a acidez e supre cálcio em teores mais do que suficientes.

Quadro 4.3. Limites de interpretação de teores de Ca 2+, Mg2+^ e SO 4 2-^ em solos

Teor Ca2+^ trocável Mg2+^ trocável S-SO 4 2-

___________ (^) mmol c /dm

___________ (^) mg/dm Baixo 0 - 3 0 - 4 0 - 4 Médio 4 - 7 5 - 8 5 - 10 Alto > 7 > 8 > 10

Um assunto que tem ocasionado polêmica é a necessidade de estabelecer, no solo, uma determinada relação Ca/Mg. Há abundante informação na literatura, a qual mostra que as produções de culturas não são afetadas por essa relação entre valores que variam de um mínimo ao redor de 0,5 até valores acima de 30, desde que nenhum dos dois elementos esteja presente em teores deficientes. O enxofre é extraído do solo com solução de CaH 2 PO 4 0,01 mol/L, que extrai principalmente a forma de sulfato, considerada disponível. A interpretação apresentada no quadro 4.3 refere-se à camada arável. Convém ressaltar que é comum haver acúmulo de sulfato abaixo da camada arável e, assim, uma diagnose mais apurada sobre a disponibilidade de enxofre deve levar em conta, também, os teores da camada de 20-40 cm de profundidade.

4.5 Micronutrientes

A interpretação adotada é apresentada no quadro 4.4.

O importante na interpretação da análise química de micronutrientes em solos é o uso de extratores adequados para avaliar a sua disponibilidade. Os extratores que se revelaram mais eficientes, nos estudos realizados no Instituto Agronômico, foram a água quente para boro e a solução do complexante DTPA para zinco, ferro, cobre e manganês. A interpretação da análise de solo para micronutrientes pode ser aprimorada pela consideração de diferentes espécies vegetais. Nas tabelas de adubação, a interpretação da análise de solo é incluída para aquelas culturas em que têm sido constatadas deficiências frequentes.

Quadro 4.4. Limites de interpretação dos teores de micronutrientes em solos

Teor B Cu Fe Mn Zn água quente _____________________________^ DTPA _____________________________________ mg/dm Baixo 0 - 0,20 0 - 0,2 0 - 4 0 - 1,2 0 - 0, Médio 0,21 - 0,60 0,3 - 0,8 5 - 12 1,3 - 5,0 0,6 - 1, Alto > 0,6 > 0,8 > 12 > 5,0 > 1,

4.6 Matéria orgânica e argila

O teor de matéria orgânica do solo não revelou ser, no Estado de São Paulo, um índice adequado para predizer a disponibilidade de nitrogênio em solos e, consequentemente, não tem sido usado para essa finalidade. O teor de matéria orgânica é útil para dar idéia da textura do solo, com valores até de 15 g/dm 3 para solos arenosos, entre 16 e 30 g/dm 3 para solos de textura média e de 31 a 60 g/dm 3 para solos argilosos. Valores muito acima de 60 g/dm 3 indicam acúmulo de matéria orgânica no solo por condições localizadas, em geral por má drenagem ou acidez elevada. É importante obter determinações dos teores de argila do solo, não somente da camada arável, mas também em profundidade. Os resultados são expresses em g/kg.

4.7 Interpretação de resultados de análise de amostras do subsolo

A análise de amostras retiradas na profundidade de 20-40 cm serve para diagnosticar possíveis condições desfavoráveis ao desenvolvimento radicular, principalmente de culturas menos tolerantes à acidez. Essas condições são dadas por: Ca2+^ < 4 mmolc /dm^3 Al3+^ > 5 mmolc /dm 3 , associado com saturação por alumínio (m) > 40%.

O problema maior passa a ser o nitrogênio, que não se acumula no solo em formas minerais, senão sujeito a lixiviação, além de não existir método de análise de solo para o nutriente em nossas condições. Por outro lado, como a aplicação do nitrogênio é feita de forma parcelada, com as maiores doses aplicadas quando o desenvolvimento da cultura já está em estado adiantado, é possível alterar a sua dosagem mesmo após o plantio, nas adubações de cobertura, caso se preveja produtividade esperada menor do que a inicialmente prevista. Para algumas culturas perenes, como café e citros, por exemplo, é possível utilizar um critério mais técnico, que é a análise foliar, mas também vinculado à produtividade esperada. O histórico das glebas é, consequentemente, um fator muito importante para a melhor definição de um programa de adubação. Espera-se que, com o tempo, a previsão de produtividade possa basear-se, de forma crescente, em elementos técnicos cada vez melhores, que incluem modelos agroclimáticos, levantamentos detalhados de solos etc.

6. CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

A necessidade de correção da acidez, ou de calagem, será indicada nas tabelas específicas de cada cultura apenas como uma meta de saturação por bases a se atingir. O cálculo da calagem é explicado neste capítulo dentro de duas alternativas, ou seja, com base em representação dos corretivos em porcentagem de óxidos de cálcio e magnésio ou considerando os teores desses elementos em gramas por quilograma, dentro do Sistema Internacional de Unidades. O uso do gesso para a melhoria do ambiente radicular de solos ácidos é também discutido.

6.1 Corretivos da acidez

Os corretivos da acidez do solo mais utilizados no Brasil são as rochas calcárias moídas, chamados simplesmente de "calcários", classificados, de acordo com a concentração de MgO, em calcíticos (menos de 5%), magnesianos (5 a 12%) e dolomíticos (acima de 12%). Também existem os calcários calcinados. Quanto à granulometria, a legislação exige que pelo menos, 95% do material corretivo passe em peneira de 2 mm (ABNT n.º 10), 70% em peneira de 0,84 mm (ABNT n.º 20) e 50% em peneira de 0,30 mm (ABNT n.º 50). Do ponto de vista químico, de acordo com a natureza do material, os mínimos exigidos pela legislação são os apresentados no quadro 6.1.

Quadro 6.1. Valores mínimos, do poder de neutralização (PN) e da soma dos teores de cálcio e de magnésio, exigidos pelo Ministério da Agricultura, e valores correspondentes com o uso do Sistema Internacional de Unidades

Material Poder de neutralização Soma de cálcio e magnésio


Equiv. CaCO 3 Mol CaO + MgO Ca + Mg % molc /kg % g/kg Calcário moído 67 13 38 250 Calcário calcinado agrícola 80 16 43 280 Cal virgem agrícola 125 25 68 450 Cal hidratada agrícola 94 19 50 330 Escória 60 12 30 200 Outros 67 13 38 250

O poder de neutralização (PN), expresso atualmente em porcentagem de "equivalente carbonato de cálcio", representa o teor contido de neutralizantes. Seu valor pode ser determinado no laboratório ou calculado, nos casos em que a totalidade do cálcio e do magnésio esteja na forma de óxidos, hidróxidos ou carbonatos, o que lhes garante o poder neutralizante dos compostos. O cálculo é feito por:

PN = CaO(%) x 1,79 + MgO(%) x 2,48.

Como as partículas mais grosseiras dos corretivos da acidez não dissolvem no solo, no período de alguns meses, usa-se uma outra expressão, que deprecia as partículas menos reativas. Trata-se do poder relativo de neutralização total (PRNT), calculado por:

PRNT = (PN x RE)/100.

O PRNT representa, assim, o valor do PN multiplicado por RE, que indica a reatividade de partículas de calcário de diferentes tamanhos, em relação ao carbonato de cálcio finamente moído, em um período de três meses. A eficiência relativa é calculada por:

RE = 0,2x + 0,6y + z.

sendo x a porcentagem do material retido na peneira ABNT n.º 20, y o material retido na peneira ABNT n.º 50 e z o material que passa pela peneira ABNT n.º 50. O material retido na peneira ABNT n.º 10 é considerado como tendo reatividade nula. O gesso é um material que vem sendo usado para aumentar os teores de cálcio e reduzir a saturação de alumínio em subsolos ácidos. Trata-se,

6.3 Incorporação do corretivo

Os corretivos têm efeito principal sobre a acidez, a curto prazo, restrito a uma distância pequena do local de aplicação. Assim, o benefício máximo, principalmente para a primeira cultura, obtém-se com a aplicação antecipada, distribuição uniforme e a mais profunda incorporação. Uma regra importante é que a calagem deve ser realizada com a maior antecedência possível ao plantio. Contudo, é preferível aplicar o calcário próximo à semeadura que deixar de fazê-lo. O corretivo deve ser espalhado da forma mais uniforme possível sobre o terreno e incorporado. Os arados, tanto de disco como de aiveca, proporcionam incorporações mais profundas que as grades aradoras. Melhor uniformidade de incorporação consegue-se com a aplicação do calcário de uma só vez, realizando uma pré-mistura com grade semi-pesada e, a seguir, de preferência com o solo úmido, aração profunda para completar a incorporação. Uma segunda opção, talvez mais apropriada para pequenas e médias propriedades, consiste na aplicação de metade da dose antes da aração e metade antes da gradeação. Para culturas perenes formadas, a incorporação profunda nem sempre é possível e há algumas particularidades a serem observadas. Assim, para citros, a época de aplicação mais favorável é no início da estação seca (maio a junho) e a incorporação deve ser feita com grade. Para o café, o período mais apropriado é logo após a colheita. Os problemas mais sérios que vêm ocorrendo com a calagem são a aplicação muito próxima ao plantio ou a incorporação muito rasa. No primeiro caso, a consequência é uma redução do efeito da calagem sobre a produção, pelo pouco tempo para a reação do corretivo com o solo. No segundo, ocorre uma "supercalagem" em uma camada superficial, o que pode agravar deficiências de micronutrientes, e um efeito da calagem em apenas uma camada rasa do solo, o que limita o desenvolvimento radicular e, consequentemente, o melhor aproveitamento da água do solo, com reflexos negativos na produtividade.

6.4 Redução da acidez do subsolo

A acidez do subsolo dificulta ou impede, em muitos casos, a penetração de raízes. Os fatores envolvidos são teores baixos de cálcio ou teores elevados de alumínio. Frequentemente, esses dois problemas ocorrem concomitantemente em solos muito ácidos. Calagens elevadas e adubações frequentes contribuem para reduzir significativamente esses problemas de acidez, promovendo o desenvolvimento profundo das raízes no subsolo, em decorrência da lixiviação de sais através do perfil do solo. O gesso, um sal solúvel em água, é outro insumo que tem apresentado efeito favorável no desenvolvimento do sistema radicular no subsolo, devido ao aumento dos teores de cálcio, redução da saturação de alumínio e, em alguns casos, redução efetiva da acidez.

As condições em que o gesso pode ter efeito positivo na produção de culturas dependem da acidez ou deficiência de cálcio do subsolo, além do grau de tolerância de cultivares à toxidez de alumínio e à deficiência de cálcio. De maneira geral, em solos com teores de Ca2+^ inferiores a 4 mmol (^) c /dm 3 e/ou com saturação de alumínio acima de 40%, pode-se esperar efeito, desde que os teores de alumínio não sejam muito elevados. As quantidades a aplicar dependem da textura, e podem ser estimadas por: NG = 6 x argila; onde, NG é a necessidade de gesso em kg/ha, e o teor de argila é dado em g/kg. O efeito residual do gesso, como o do calcário, perdura por vários anos, em solos que nunca receberam aplicações desse insumo.

6.5 Cálculo da necessidade de calagem usando o Sistema Internacional de Unidades

Para adequar os cálculos dos valores de PN, RE e PRNT ao Sistema Internacional de Unidades, é necessário expressar os teores de cálcio e magnésio e as diferentes frações granulométricas em gramas por quilograma (g/kg). Os cálculos são feitos pelas seguintes expressões:

PN = Ca/20,0 + Mg/12, PNE = PN x RE RE = (0,2x + 0,6y + z)/1.

Nesse caso, o PN é expresso em mol (^) c /kg e os teores de Ca e Mg devem estar em g/kg. O poder de neutralização efetivo, ou PNE, que corresponde ao PRNT, é também expresso em mol (^) c /kg do corretivo. A eficiência relativa das partículas é calculada com as frações granulométricas indicadas também em g/kg do corretivo. O cálculo da calagem é feito por:

NC = [2 CTC (V 2 – V 1 )] / 100 PNE

Um exemplo comparativo do cálculo da calagem, usando os dois sistemas de unidades, é dado no quadro 6.2. Note-se que na análise de solo já foi decidida a mudança de unidades; assim, não é apresentado o cálculo usando miliequivalentes, que não é mais recomendado. Já no caso de corretivos, não é, ainda, possível, utilizar o Sistema Internacional de Unidades, pois a legislação e o comércio ainda empregam as representações antigas. De qualquer forma, o exemplo mostra que os cálculos pelo Sistema Internacional de Unidades são mais simples.

O quadro 7.1 apresenta os teores de fósforo, na representação usual, em porcentagem (%) de P 2 O 5 e em gramas de P por quilograma de produto (g/kg). São também indicados os teores de N e S contidos nos adubos. A interpretação dos teores de fósforo em adubos fosfatados varia com a sua solubilidade em água. Os chamados fosfatos solúveis - superfosfatos e fosfatos de amônio - têm a maior parte do fósforo solúvel em água, o que significa pronta disponibilidade. Nesses casos há, também, uma fração relativamente pequena de fosfato insolúvel em água, mas solúvel em citrato de amônio, também considerado disponível, embora não imediatamente. Os demais fosfatos mostrados no quadro 7.1 são insolúveis em água. Além do "fosfato natural", que representa material de origem nacional, de baixa eficiência, o hiperfosfato é um fosfato natural importado, de alta eficiência, chamado também de fosfato natural de alta reatividade. Na adubação fosfatada com esses adubos, os cálculos devem ser feitos considerando apenas os teores totais de fósforo; os teores solúveis em ácido cítrico servem tão somente para caracterizar produtos de diferentes origens. O termofosfato é caracterizado da mesma maneira, mas os teores de fósforo solúvel em ácido cítrico são mais elevados.

Quadro 7.1. Principais fertilizantes fosfatados simples e suas garantias mínimas, de acordo com o Ministério da Agricultura

Fertilizante Representação Teores de fósforo Outros nutrientes Fosfatos solúveis em água Citrato de amônio + água Água Superfosfato simples P 2 O 5 , % 18 16 10% de S P, g/kg 80 70 100 g/kg de S Superfosfato triplo P 2 O 5 , % 41 37 P, g/kg 180 160 Fosfato diamônico P 2 O 5 , % 45 38 16% de N (DAP) P, g/kg 200 170 160 g/kg de N Fosfato monoamônico P 2 O 5 , % 48 44 9% de N (MAP) P, g/kg 210 190 90 g/kg de N

Fosfatos insolúveis em água Total Ácido cítrico Fosfato natural P 2 O 5 , % 24 4 P, g/kg 100 20 Hiperfosfato em pó P 2 O 5 , % 30 12 P, g/kg 130 50 Termofosfato P 2 O 5 , % 17 14 7% de Mg P, g/kg 70 60 70 g/kg de Mg

Nas adubações, aplica-se maior parte do fósforo através de fórmulas NPK, preparadas com diversas matérias-primas, predominando os fosfatos solúveis em água. No caso das fórmulas, os cálculos de adubação devem levar em conta os teores solúveis em citrato de amônio + água. Existem muitos adubos fosfatados, mas o princípio de caracterização e de uso é similar.

7.2 Adubação fosfatada

Nas recomendações de adubação, as quantidades de fósforo a aplicar dependem dos teores de fósforo no solo, determinados pelo método de extração com resina de troca iônica e para diversas culturas a produtividade esperada é também levada em conta. O fósforo é o nutriente que mais limita a produtividade na maioria dos solos nunca ou pouco adubados. Com adubações frequentes, os teores tendem a subir, em razão do efeito residual, mas a quantidade exigida para atingir teores altos na análise de solo é bastante elevada, maior para solos mais argilosos. Em São Paulo, existem poucas , áreas novas a serem cultivadas e, assim, não se pratica normalmente a chamada adubação corretiva com fósforo, embora ela possa ser vantajosa em culturas de alto retorno, em solos muito deficientes. Prefere-se a adubação localizada, em sulcos ou covas, ou sobre o solo, no caso de culturas perenes, embora essa maneira de aplicar seja menos eficiente. As recomendações das tabelas de adubação pressupõem fósforo solúvel em citrato neutro de amônio + água. Em solos deficientes, que irão receber quantidades moderadas de fósforo, e também em culturas de crescimento rápido, é importante usar adubos com elevada proporção de fósforo solúvel em água. Termofosfatos e fosfatos naturais são mais eficientes se usados em forma de pó fino e incorporados em solos ácidos, principalmente os últimos. Mesmo nessas condições, os fosfatos naturais de baixa solubilidade em ácido cítrico, frequentemente produzem efeitos modestos e incertos sobre o desenvolvimento das culturas. Melhores resultados são obtidos com o termofosfato e os fosfatos naturais de alta reatividade. O fósforo é praticamente imóvel no solo. Assim, sempre que possível, esse nutriente deve ser colocado dentro do solo, em sulcos ou covas, no caso de fosfatos solúveis em água. Para as culturas perenes, deve-se aproveitar a fase de instalação para aplicar o fósforo em profundidade no solo, nas covas ou sulcos. Não se deve aplicar fósforo em cobertura para plantas de ciclo curto, a não ser que o adubo seja coberto por terra, para possibilitar a absorção do nutriente pelas raízes.

Bernardo van Raij Seção de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas - IAC

8. ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO, POTÁSSIO E ENXOFRE

8.1 Nitrogênio

A recomendação de nitrogênio, nas tabelas de adubação desta publicação, é um dos poucos casos em que a análise do solo não é, praticamente, levada em