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Avaliação Nutricional de Adolescentes de Escolas Públicas em Erechim, RS, Notas de aula de Nutrição

Um estudo sobre a avaliação nutricional de adolescentes de escolas públicas em erechim, rs. O trabalho inclui avaliações antropométricas, dietéticas, da imagem corporal e dos hábitos alimentares, além da correlação com riscos de doenças e agravos não transmissíveis. Os resultados mostraram que a maioria dos adolescentes estava em estado de eutrofia, mas apenas 18% estava em sobrepeso ou obesidade. Além disso, a maioria dos adolescentes relatou consumir poucas porções de verduras diariamente, e os níveis de consumo de ferro e cálcio estavam abaixo dos recomendados. O documento também destaca a importância de um maior consumo de frutas e verduras, além de um nível adequado de atividade física.

O que você vai aprender

  • Quais foram os resultados da avaliação da imagem corporal dos adolescentes?
  • Quais foram os objetivos específicos do estudo sobre a avaliação nutricional de adolescentes em Erechim, RS?
  • Quais foram os resultados da avaliação dietética dos adolescentes?
  • Quais foram as principais conclusões do estudo sobre a nutrição de adolescentes em Erechim, RS?
  • Quais foram os resultados da avaliação antropométrica dos adolescentes?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ERECHIM, RS
PERSPECTIVA, Erechim. v.36, n.133, p.17-29, março/2012 17
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE
ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS
DE ERECHIM, RS
Nutritional evaluation of Adolescents from Public Schools in Erechim, RS
AVOZANI, P.
SPINELLI, R. B.
CENI, G. C.
Recebimento: 08/03/2012 – Aceite: 11/05/2012
RESUMO: Foram avaliados 11 adolescentes de uma escola municipal com
idades entre 14 a 18 anos, sendo 6 do sexo feminino e 5 do sexo masculino.
O objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação nutricional de adolescentes
de escolas públicas da cidade de Erechim, RS. Para avaliação do estado nu-
tricional, foi realizada avaliação antropométrica, utilizando valores de peso,
altura, circunferência do braço, circunferência da cintura, pregas cutâneas
tricipital e subescapular; avaliação dietética, utilizando recordatório 24 horas;
imagem corporal com auxílio de um questionário com escala de silueta cor-
poral atual e desejada e avaliação de hábitos alimentares através de entrevista
com anamnese. Em relação aos dados antropométricos, 82% dos adolescentes
encontram-se no estado de eutrofia e 18% em sobrepeso e obesidade. Nenhum
dos adolescentes apresentou percentil maior que 90 da circunferência da
cintura, não estando relacionado com níveis alterados de triglicerídeos (TG),
lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de densidade alta (HDL)
e insulina. Três adolescentes apresentaram classificação em desnutrição, de
acordo com a adequação da circunferência muscular do braço. O restante foi
classificado como eutrófico. No diagnóstico do percentual de gordura 50%
das adolescentes do sexo feminino apresentaram risco cardiovascular. Em
relação aos hábitos alimentares, observou-se que há um baixo consumo de
frutas e verduras dentre os adolescentes. O questionário de imagem corporal
demonstrou que 82% dos adolescentes estão insatisfeitos com seu próprio
corpo. A avaliação dietética demonstrou um consumo insuficiente de alguns
micronutrientes como Vitamina A, ferro e cálcio, nutrientes estes que são es-
senciais para o bom crescimento e desenvolvimento na fase da adolescência.
O presente trabalho demonstrou que as preocupações com os adolescentes se
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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ERECHIM, RS

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE

ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS

DE ERECHIM, RS

Nutritional evaluation of Adolescents from Public Schools in Erechim, RS

AVOZANI, P.

SPINELLI, R. B.

CENI, G. C.

Recebimento: 08/03/2012 – Aceite: 11/05/

RESUMO: Foram avaliados 11 adolescentes de uma escola municipal com idades entre 14 a 18 anos, sendo 6 do sexo feminino e 5 do sexo masculino. O objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação nutricional de adolescentes de escolas públicas da cidade de Erechim, RS. Para avaliação do estado nu- tricional, foi realizada avaliação antropométrica, utilizando valores de peso, altura, circunferência do braço, circunferência da cintura, pregas cutâneas tricipital e subescapular; avaliação dietética, utilizando recordatório 24 horas; imagem corporal com auxílio de um questionário com escala de silueta cor- poral atual e desejada e avaliação de hábitos alimentares através de entrevista com anamnese. Em relação aos dados antropométricos, 82% dos adolescentes encontram-se no estado de eutrofia e 18% em sobrepeso e obesidade. Nenhum dos adolescentes apresentou percentil maior que 90 da circunferência da cintura, não estando relacionado com níveis alterados de triglicerídeos (TG), lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de densidade alta (HDL) e insulina. Três adolescentes apresentaram classificação em desnutrição, de acordo com a adequação da circunferência muscular do braço. O restante foi classificado como eutrófico. No diagnóstico do percentual de gordura 50% das adolescentes do sexo feminino apresentaram risco cardiovascular. Em relação aos hábitos alimentares, observou-se que há um baixo consumo de frutas e verduras dentre os adolescentes. O questionário de imagem corporal demonstrou que 82% dos adolescentes estão insatisfeitos com seu próprio corpo. A avaliação dietética demonstrou um consumo insuficiente de alguns micronutrientes como Vitamina A, ferro e cálcio, nutrientes estes que são es- senciais para o bom crescimento e desenvolvimento na fase da adolescência. O presente trabalho demonstrou que as preocupações com os adolescentes se

Patrícia Avozani - Roseana Baggio Spinelli - Giovana Cristina Ceni

justifica devido ao estágio importante de crescimento e desenvolvimento, e um estado nutricional inadequado poderá comprometer a fase adulta. Palavras-chave: Adolescentes. Antropometria. Hábitos Alimentares. Imagem Corporal.

ABSTRACT: We evaluated 11 adolescents from a public school, aged 14 to 18 years, being 6 females and 5 males. The aim of this study was to assess nutritional status of adolescents from public schools in the city of Erechim, RS. For the assessment of the nutritional status anthropometric measurements was carried out, using values of weight, height, arm circumference, waist cir- cumference, and subscapular skinfold thickness; dietary assessment using 24 hour recall, body image with the aid of a questionnaire with a scale of current and desired body silhouette, and evaluation of eating habits by interviewing history. Related to anthropometrics data, 82% of adolescents are in the state of eutrophication, and 18% in overweight and obesity. None of the adoles- cents showed greater than 90 percentile of waist circumference, which is not related to altered levels of triglycerides (TG), low density lipoprotein (LDL), high density lipoprotein (HDL) and insulin. Three teenagers were classified as malnutrition, according to the adequacy of the arm muscle circumference; the remaining teenagers were classified as eutrophic. In the diagnosis of fat percentage, 50% of female adolescents presented cardiovascular risk. Regard- ing dietary habit, it was found that there is a low consumption of fruits and vegetables among adolescents. The body image survey showed that 82% of teenagers are unhappy with their own bodies. The dietary assessment showed an insufficient intake of some micronutrients such as Vitamin A, iron and calcium, such nutrients are essential for a proper growth and development in adolescence. The present study showed that the concern with the adolescents is justified due to their important stage of growth and development, and an inadequate nutritional status may compromise adulthood. Keywords: Adolescents. Anthropometry. Dietary Habits. Body Image.

Introdução

A adolescência é uma fase caracterizada por profundas transformações somáticas, psicológicas e sociais. Cronologicamente a adolescência corresponde ao período de 10 a 19 anos, segundo critérios aceitos pela Or- ganização Mundial da Saúde (OMS) (WHO, 1995).

As mudanças biológicas que acontecem durante a adolescência, decorrentes das

ações hormonais, constituem a puberdade. A puberdade caracteriza-se pelas mudanças morfológicas e fisiológicas que ocorrem no adolescente, marcando a fase de transição do estado infantil para o estado adulto. Es- sas transformações são caracterizadas por modificações de peso, estatura, composição corporal, transformações fisiológicas nos órgãos internos com desenvolvimento do sistema circulatório central e respiratório e crescimento ósseo. As alterações ocorrem em ritmos e proporções diferentes entre indiví- duos de um mesmo sexo ou não; no entanto,

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des entre 14 a 18 anos. A coleta de dados foi realizada em novembro e dezembro de 2011. As entrevistas individuais e os procedimentos antropométricos, conduzidas por pesquisado- res treinados, ocorreram nas dependências da própria escola. A avaliação nutricional envolveu a ava- liação antropométrica e dietética. Para a avaliação antropométrica, foram aferidos peso, estatura, Circunferência do Braço (CB), Circunferência da Cintura (CC) e pregas cutâ- neas (triciptal e subescapular). A partir destes dados, foram calculados o Índice de Massa Corporal (IMC), a Circunferência Muscular do Braço (CMB) e o % de gordura corporal. Foram utilizadas as metodologias propostas em Cuppari (2005). Para a avaliação dietética, foi utilizado o recordatório alimentar de 24 horas. Os nutrientes ingeridos foram calculados com o auxílio do dietWin®. Os nutrientes calculados foram comparados com as recomendações nutricionais para adolescentes de 14 a 18 anos, conforme RDA (RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCES, 1989). Também foi aplicada uma anamnese nutricional com o objetivo de avaliar os hábitos alimentares e de vida.

Para finalizar a avaliação nutricional, os adolescentes realizaram uma avaliação de imagem corporal, adaptada por Childress et al. (1993) e validada para adolescentes por Adami et al. (2008).

Resultados

A população avaliada foi de 11 adolescen- tes com idades entre 14 a 18 anos, com média de idade de 14 anos. Dos avaliados, 6 eram adolescentes do sexo feminino sendo 55%, e 5 do sexo masculino compreendendo 45%.

Na Tabela 1, encontram-se os diagnósti- cos dos IMC (Índice de Massa Corporal) dos adolescentes avaliados.

Tabela 1 - Classificação do estado nutricional, segundo IMC (Índice de Massa Corporal) dos adoles- centes. Classificação N=11 % Baixo IMC para a idade - - IMC adequado ou eutrófico 09 82 Sobrepeso 01 09 Obesidade 01 09 Fonte: Dados da pesquisa, 2011.

De acordo com o demonstrado na Tabela 1, a maioria dos adolescentes está em estado de eutrofia (82%) e apenas dois adolescentes estão em estado de sobrepeso e obesidade (18%). Em relação ao diagnóstico da Circunfe- rência da Cintura (CC), nenhum dos adoles- centes avaliados apresentou o valor acima do percentil 90, que indica associação a níveis alterados de TG, LDL, HDL e insulina, independente de sexo, idade, peso e altura, segundo Freedman et al. (1999, apud VITO- LO, pag. 542, 2008). Como demonstra a Tabela 2, a maioria dos adolescentes apresentou diagnóstico de eutrofia (72%), segundo a adequação da Circunferência Muscular do Braço (CMB). A Circunferência Muscular do Braço avalia a reserva de tecido muscular e é um bom indicativo de desnutrição, sendo assim, um indicativo de perda de massa muscular.

Tabela 2 - Classificação do estado nutricional, segundo diagnóstico da Circunferência Muscular do Braço (CMB) dos adolescentes. Classificação N=11 % Desnutrição grave - - Desnutrição moderada 01 09 Desnutrição leve 02 18 Eutrofia 08 73 Fonte: Dados da pesquisa, 2011.

Para o diagnóstico do percentual de gor- dura (Tabela 3) utilizaram-se os valores das pregas cutâneas tricipital e subescapular,

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juntamente com a fórmula de Slaughter et al., (1988, apud VITOLO, pag. 275, 2008).

Das adolescentes do sexo feminino ava- liadas, três (50%) apresentaram excesso de gordura associado aos fatores de risco cardiovascular. Dos adolescentes do sexo masculino, nenhum apresentou excesso de gordura, demonstrando que não estavam em risco cardiovascular. Sendo assim, 27% dos adolescentes do sexo feminino e masculino apresentaram excesso de gordura.

Para avaliação dos hábitos alimentares, foi aplicada uma anamnese. Foram avaliados 10 adolescentes, pois 1 não compareceu nos dias de entrevista.

Em relação às condições de saúde, dois adolescentes (20%) disseram não ter alterado peso sem intenção nos últimos seis meses, dois (20%) relataram ter diminuído peso sem intenção e seis aumentaram o peso (60%) sem intenção. Todos adolescentes entrevistados disseram não possuir nenhuma doença.

Quanto às condições e hábitos de vida, todos relataram praticar atividade física na escola entre uma a três vezes por semana. Em relação à prática de atividade física fora da escola, oito (80%) disseram praticar alguma modalidade.

Tabela 3 - Classificação do percentual de gordura, de acordo com os pontos de corte para excesso de gordura associado aos fatores de risco cardiovascular, segundo o sexo.

Classificação Percentual de gordura

Sexo feminino Sexo masculino N = 6 % N = 5 % Não possui risco de DCV 03 50 05 100 Risco de DCV 03 50 - - Fonte: Dados da pesquisa, 2011.

O percentual de gordura foi associado aos fatores de risco cardiovascular.

E,m relação aos hábitos alimentares, todos os adolescentes relataram realizar pelo menos três refeições diárias, sendo elas: desjejum, almoço e jantar. Quanto à realização de dietas, dois adolescentes relataram que já realizaram dietas, um com o auxílio de nutricionista e o outro sozinho. Dois adolescentes disseram adicionar sal à comida pronta. Um adoles- cente disse utilizar produtos light. Quanto à quantidade de líquidos (água) ingeridos durante o dia, quatro adolescentes relataram consumir menos de 1 litro diariamente, cinco relataram consumir de 1 a 2 litros diariamente e um relatou consumir mais de 2 litros de água diariamente. Um adolescente relatou não consumir laticínios, leite, queijo e iogurtes. De acordo com a Tabela 4, nota-se um consumo conside- rado bom de laticínios, pois, pelo menos uma vez por dia, é consumido uma porção destes alimentos, porém poderia ser maior, pois, assim, haveria uma maior oferta de cálcio. Apenas três adolescentes dizem consumir 3 ou mais porções de frutas por dia. A grande maioria dos adolescentes relatou consumir apenas uma porção de verduras diariamente.

Tabela 4 - Frequência de grupos de alimentos ingeridos diariamente pelos adolescentes.

Alimentos

Frequência 1 vez/dia 2 vezes/dia 3 ou mais vezes/dia N % N % N % Laticínios 03 33 06 67 00 0 Frutas 04 40 03 30 03 30 Verduras 08 80 02 20 00 0 Fonte: Dados da pesquisa, 2011.

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médio de 21,53% entre os adolescentes do sexo masculino e 34,54% do sexo feminino. A faixa recomendada para ambos os sexos é de 25 a 35%.

Referente ao consumo de retinol (vitami- na A) (Tabela 7), os adolescentes de ambos os sexos demonstraram uma ingestão média bem abaixo do recomendado.

Tabela 7- Valores médios de micronutrientes comparados com a RDA (Recommended Dietary Allowances, 1989), dos adoles- centes avaliados, conforme sexo, por dia.

Nutrientes

*Homens N=3 mulheres N= RDA

****R 24h ± Desvio padrão**

*RDA

****R 24h ± Desvio padrão** Vitamina - A (mcg) 900 302,07 ± 263,18 700 293,02 ± 209, Vitamina - C (mg) 75 84,18 ± 123,51 65 88,30 ± 152, Ferro (mg) 11 12,19 ± 1,50 15 5,78 ± 3, Cálcio (mg) 1300 627,60 ± 17,08 1300 380,41 ± 252, Fonte: *RDA, 1989, adaptada. **Dados da pesquisa

Em relação ao consumo de retinol (Vita- mina A), o valor mínimo de ingestão não foi atingido em ambos os sexos, representando 34% e 42%, respectivamente para o sexo masculino e feminino. Quanto à ingestão de ácido ascórbico (Vitamina C), os ado- lescentes de ambos os sexos consumiram acima do valor mínimo recomendado pela RDA(1989), não ultrapassando do valor da ingestão máxima tolerada (UL) que é de 2000 mg, demonstrado um consumo de 112% para o sexo masculino e 136% para o feminino. Quanto ao consumo de ferro, os adolescen- tes do sexo masculino demonstraram uma ingestão de 111%, já as adolescentes do sexo feminino apresentaram uma média abaixo do recomendado pela RDA, representando ape- nas 39% do valor recomendado. Em relação à ingestão de cálcio, a média de ambos os sexos permaneceu abaixo do recomendado, representando 48% da ingestão para os ado- lescentes do sexo masculino e 29% para o sexo feminino.

O questionário de imagem corporal demonstrou que, apesar da maioria dos ado- lescentes avaliados estarem em eutrofia, 82% dos adolescentes apresentou insatisfação com a imagem corporal atual. Apenas 18% dos que apresentaram eutrofia, demonstra-

ram satisfação com o seu próprio corpo. Os resultados levam a uma preocupação, pois mesmo estando em estado nutricional ade- quado, grande parte dos adolescentes não está satisfeito com sua imagem corporal.

Discussão

A maioria dos adolescentes estudados apresentou nível nutricional dentro dos pa- drões de normalidade (82%), sendo detectado sobrepeso e obesidade em 18% deles. Re- sultado parecido com o relatado no estudo de Garcia, Gambardella e Frutuoso, (2003) em que 78,4% dos adolescentes avaliados estavam em estado nutricional adequado e 19,6% em risco de sobrepeso e em sobre- peso. Outro estudo realizado por Oliveira e Veiga (2005) demonstra semelhanças com a pesquisa, sendo que 82,2% dos adolescentes eram eutróficos, 2% apresentavam baixo peso, 9,2% sobrepeso e 9,2% eram obesos. Estas proporções de sobrepeso mostram-se relativamente inferiores às relatadas em es- tudos realizados no Canadá por O’Loughlin et al., 1998; Hanley et al., 2000), nos Estados Unidos (MCmurray et al., 2000) e no Brasil (Nuzzo, 1998; Albano, 2000), os quais

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identificaram valores em torno de 30,0%. É possível que a prática de exercícios físicos e a alimentação mais adequada tenham sido o diferencial observado. Em relação ao diagnóstico da circunfe- rência da cintura, nenhum dos adolescentes apresentou risco de doença cardiovascular, demonstrando assim, um ótimo resultado. A determinação da circunferência da cintura pode promover boa correlação entre distribui- ção de gordura e riscos à saúde (CUPPARI, 2005). O maior desenvolvimento de altera- ções lipídicas ocorre nos adolescentes em que há depósito de gordura na região abdominal (VITOLO, 2008).

De acordo com o percentual de gordura corporal, 27% dos avaliados apresentaram excesso de gordura associado aos fatores de risco cardiovascular. Este valor é semelhante ao encontrado no estudo realizado por Arruda e Lopes (2007), em que dos adolescentes avaliados, 25,6% apresentaram excesso de gordura corporal.

Apesar deste não ser um resultado tão preocupante, estudos comprovam que al- guns dos fatores para o excesso de gordura corporal estão relacionados ao estilo de vida com baixos níveis de atividade física e hábitos alimentares inadequados tem con- tribuído para o excesso de gordura corporal em adolescentes de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estudos têm con- cluído que o excesso de gordura corporal é correspondente ao aumento da inatividade física (ANDERSEN, 1999). Portanto, o baixo nível de atividade física dos adolescentes do sexo feminino pode ser uma das causas do excesso de gordura, porém este não deve ser avaliado isoladamente, mas sim, com outros parâmetros como hábitos alimentares.

A realização de pelo menos três refeições diárias pelos adolescentes está relatada tam- bém no estudo realizado por Rivera e Souza (2006), no qual foi observado que a maioria

dos escolares tinha como hábito a realização de pelo menos três refeições principais. Quanto ao consumo de laticínios, boa parte dos adolescentes relatou consumir diariamente, em contrapartida, os resultados demonstram um baixo consumo de frutas e verduras diariamente, sendo que na adoles- cência o organismo necessita de nutrientes que auxiliam no crescimento e alguns são encontrados somente nas frutas e verduras, por isso é necessário um maior consumo destes alimentos. O consumo diário de frutas e vegetais está contemplado no programa da Organização Mundial da Saúde para a pre- venção de doenças crônicas na vida adulta (WHO, 2000). Resultados semelhantes ao achado no estudo realizado por Rivera e Souza (2006), a que 60% dos adolescentes consumiam produtos lácteos diariamente. O estudo tam- bém demonstra um baixo consumo diário de hortaliças. Em relação ao consumo de feijão, 44,5% dos adolescentes relataram consumir 5 ou mais vezes por semana e 44,5% disseram consumir 1 a 2 porções de feijão por sema- na. O estudo realizado por Rivera e Souza (2006), demonstra semelhança quanto ao consumo de feijão, sendo que a maioria dos escolares (92,9%) relatou consumir feijão diariamente. É de extrema importância um consumo adequado de feijão, pois este é uma das grandes fontes de ferro, que tem papel fundamental no organismo. A análise dietética, realizada através do recordatório 24 horas, demonstrou um con- sumo adequado de carboidratos e proteínas pelos adolescentes de ambos os sexos. De acordo com Vitolo (2008), a necessidade protéica é determinada pela quantidade ne- cessária para manter o crescimento de novos tecidos que, durante a adolescência, podem representar uma porção substancial da neces- sidade total. Para o consumo de lipídeos, os

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Segundo Albano e Souza (2001), esse déficit pode ser explicado em grande parte pelo baixo consumo de alimentos, fontes de cálcio – leite e derivados e vegetais verde- escuros (couve manteiga, espinafre e bró- colis) –, sendo frequente a substituição do leite no desjejum por sucos de frutas e por refrigerantes nos lanches da manhã e da tarde.

É importante a ingestão adequada de cálcio em função do desenvolvimento mus- cular, esquelético e endócrino acelerado, uma vez que as necessidades de cálcio são maiores durante a adolescência (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2008). A ingestão de cál- cio é uma das preocupações de profissionais e estudiosos da saúde do adolescente. Esta se faz importante porque, durante essa fase, ocorre o aumento da retenção de cálcio para formação óssea (VITOLO, 2008).

O questionário de imagem corporal demonstrou uma grande incoerência entre o estado nutricional dos adolescentes e a satisfação corporal, pois a maioria dos adolescentes apresentou estado nutricional adequado e 82% dos adolescentes demons- traram insatisfação com a imagem corporal atual. A insatisfação em relação ao corpo pelos adolescentes também foi observada nos estudos realizados por Branco; Hilário; Cintra (2006) em estudantes da cidade de São Paulo, Madrigal-Fritish et al. (1999) na po- pulação espanhola, bem como nos de Sisson et al. (1997), nos Estados Unidos e nos de Vilela et al. (2001; 2004), em estudantes de Belo Horizonte e do interior de Minas Gerais.

Todo adolescente tem em sua mente um corpo idealizado e quanto mais este corpo se distanciar do real, maior será a possibilidade de conflito, comprometendo sua autoestima (CHIPKEVITCH, 1987). No sexo feminino, com o aumento da idade, há tendência em

querer perder peso; inversamente, no sexo masculino, essa vontade diminui, prevale- cendo o desejo de ganhar peso num porte atlético (VILELA et al., 2001).

Conclusão

Os adolescentes avaliados demonstra- ram bom estado nutricional segundo IMC. Nenhum dos adolescentes apresentou, no parâmetro circunferência da cintura, acima do percentil 90. Dessa forma, não estando relacionado com níveis alterados de TG, LDL, HDL e insulina. Em relação à adequa- ção da CMB, apenas três adolescentes foram classificados como desnutridos, o restante foi classificado em eutrofia. Segundo o percentu- al de gordura, 50% das adolescentes do sexo feminino apresentaram risco cardiovascular. A anamnese alimentar demonstrou que os adolescentes consomem poucas porções de frutas e verduras, sugerindo consumo reduzido de fibras vitaminas e sais minerais. O questionário de imagem corporal de- monstrou que 82% dos adolescentes estavam insatisfeitos com sua imagem corporal, mes- mo os adolescentes que estavam com estado nutricional adequado. A análise dietética demonstrou carências em alguns micronutrientes como o cálcio, vitamina A e ferro, que podem causar defi- ciências nutricionais no futuro e prejudicar o crescimento e desenvolvimento dos ado- lescentes. O presente trabalho demonstrou que as preocupações com os adolescentes se justifica devido ao estágio importante de crescimento e desenvolvimento, e um estado nutricional inadequado poderá comprometer a fase adulta.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ERECHIM, RS

AUTORES

Patrícia Avozani - Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus de Erechim – Departamento: Ciências da Saúde. E-mail: patty_avozani@hotmail.com

Roseana Baggio Spinelli - Mestre em Gerontologia Biomédica (PUCRS), Nutricionista, Do- cente do Curso de Nutrição, Fisioterapia e Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus de Erechim – Departamento: Ciências da Saúde.

Giovana Cristina Ceni - Doutora em Bioquímica (UFRJ), Nutricionista, docente do curso de Nutrição da UFSM – Campus de Palmeira das Missões.

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