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Este documento detalha a tese da escola austríaca de economia, elaborada por mises, sobre a impossibilidade do socialismo funcionar. O texto aborda a teoria econômica moderna, que incorporou a produção no problema econômico, e explica como a abolição da propriedade privada impede a formação de preços genuínos e o cálculo econômico. Além disso, o texto discute o papel dos lucros na economia, a função do empreendedor e a interação entre oferta e demanda para valorar os bens.
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Tipologia: Provas
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Professores: Ubiratan Iorio e Christian Vonbun Aluno: Helio Antonio Rossi de Castro Filho ID: 251894 QUESTÕES
1. Explique pormenorizadamente a tese da Escola Austríaca, elaborada por Mises, de que o socialismo não tem como funcionar. (Mínimo de uma página, máximo de duas) Nas primeiras décadas do século XX, o socialismo era paradigma dominante no meio acadêmico e, neste contexto, a ideia de planejamento central da economia foi posta em prática por diversas frentes – socialismo soviético, nazismo e fascismo. Esses movimentos tinham em comum a ideia de substituir a “anarquia do capitalismo” pelo controle racional do socialismo, conforme proposto pelo próprio Karl Marx (1818- 1883). Nesse ambiente, Ludwig Von Mises (1881-1973) publicou um ensaio defendendo uma tese simples, porém radical para aquele contexto de que o socialismo, como proposta de ordenamento econômico, seria impossível. Segundo Barbieri (2013b), a teoria do socialismo apenas encontra base científica na ultrapassada economia clássica dos séculos XVIII e XIX, na qual a produção não faz parte do problema econômico fundamental, isto é, questões sobre “o quê” e “como” produzir são derivadas de considerações técnicas (de engenharia) e aspectos como preços e propriedade privada afetariam apenas a distribuição da produção entre classes por essa ótica. A teoria econômica moderna, no entanto, incorporou a produção no problema econômico: a economia passou a tratar da relação entre meios e fins, de maneira que, na presença de escassez relativa de recursos diante da multiplicidade de fins imagináveis, tornou-se impossível dissociar a produção do problema mais amplo da escolha entre usos alternativos dos recursos (BARBIERI, 2013b). Nessa linha, em 1920, Mises publicou o ensaio O Cálculo Econômico Sob o Socialismo , no qual defendeu que em sociedades que operam com trocas indiretas (moeda), os agentes guiam suas ações através do sistema de preços, os quais são formados pelas trocas nos mercados, estas por sua vez viabilizadas pela propriedade privada dos bens e dos meios de produção. Com efeito, uma vez que o socialismo abole a propriedade privada, torna-se impossível que os preços genuínos sejam formados, e com a paralisia do sistema de preços o cálculo econômico, isto é, a comparação entre receitas e custos perde o seu sentido. Portanto, o socialismo jamais poderia ser considerado um arranjo superior ao livre mercado e a socialização dos meios de
produção, ao contrário da visão marxista de substituição da “anarquia capitalista”, ela sim, traria o caos (BARBIERI, 2013a). Cabe salientar que, mesmo levando em conta essa impossibilidade prática, Mises, pelo bem do debate, pressupôs que o comitê central socialista seria formado por homens iluminados, oniscientes e perfeitamente capazes de apreender e reunir todo o conhecimento disperso na sociedade. E, ainda assim, afirmou Mises, esses planejadores socialistas estariam “perdidos e tateando no escuro”. A tentativa de refutar à tese de Mises perdura quase um século, conforme afirmou Fábio Barbieri em artigo no site Mises.org.br (2013b): “até o presente momento, o desafio original de Mises continua sem resposta. Todas as tentativas de refutar seu argumento só tiveram sucesso na medida em que conseguiram distorcer o problema original. O socialismo permanece como algo que, embora intensamente desejado, não se têm a menor ideia do que seja.” Referências BARBIERI, Fábio. História do Debate do Cálculo Econômico Socialista. Instituto Ludwig Von Mises Brasil: São Paulo, 2013a. BARBIERI, Fábio. A história do debate do cálculo econômico socialista. Artigo publicado no sítio eletrônico Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2013b. Disponível em: < https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1588>
2. Faça um ensaio detalhado sobre o papel dos lucros na economia, de acordo com a Escola Austríaca. (Mínimo de uma página, máximo de duas). Basicamente, a existência de lucros informa à sociedade se uma determinada empresa está utilizando seus fatores de produção de forma efetiva e eficaz. Outro ponto relevante para a compreensão do papel do lucro na economia é o de entender a função do empreendedor de coordenar das ações dos agentes econômicos, criando riqueza ex nihilo , isto é, do nada. A função do empreendedor na economia é o de “descobrir”, independente da necessidade de meios financeiros, por meio de criatividade as necessidades e os excedentes dos agentes econômicos e proporcionar um ambiente de trocas vantajosas para todos os envolvidos, auferindo, com isso, o lucro. Segundo a teoria austríaca, essa atividade (função empresarial) além de produzir nova informação (conhecimento) e possibilitar a sua transmissão no mercado, permite aos agentes agirem em um processo de dependência recíproca (cooperação). Assim, o empreendedorismo advém do espírito criativo dos indivíduos, que os leva a assumir riscos para criar mais riqueza para aquela sociedade. O lucro, nesse
No que se refere à “ação”, a EA utiliza-se do conceito de ação humana de Mises, o qual dispõe que “qualquer ação é uma tentativa para substituir uma situação menos satisfatória por uma mais satisfatória” em um determinado tempo. Com isso surge o conceito e homo agens em oposição ao homo economicus utilizado nos modelos econômicos até hoje. Cabe salientar que este axioma transcende aspectos puramente econômicos. Quanto ao “tempo”, há uma contraposição da EA (dinâmico) ao tempo newtoniano, isto é, estático. Assim, para os austríacos o tempo é entendido como fluxo, o qual está constantemente em mutação ou evolução criativa baseado nas experiências (memórias) e expectativas dos agentes. Por fim, o ambiente de incerteza genuína se refere às limitações e à dispersão do conhecimento na sociedade, isto é, os agentes econômicos não possuem a totalidade das informações para tomarem suas decisões. Isto parece um pouco óbvio, no entanto, é um conceito negligenciado por parte da economia maistream , que acredita em decisões racionais e com informação completa pelos agentes. Por fim, uma das grandes contribuições da EA foi, à medida que trata esses elementos como endógenos aos modelos, permitir uma interpretação mais real dos fenômenos econômicos (trazer para a realidade) em oposição à visão mais abstrata ou teórica. Referências IORIO, Ubiratan Jorge. Ação, Tempo e Conhecimento: A Escola Austríaca de Economia. Instituto Ludwig von Mises Brasil, São Paulo, 2011.
4. Decifre (se for capaz), com base na teoria austríaca do valor, esse antigo comercial de TV: “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” A teoria austríaca do valor, diferentemente de outras escolas de economia, sustenta que a utilidade e a escassez dos bens e serviços devam ser valoradas de maneira subjetiva, e a subjetividade foi o acréscimo da EA a essa discussão. Nessa linha, partindo-se dos conceitos praxiológicos (teoria da ação humana), pode-se chegar a uma teoria do valor que se adapta à realidade, que é a lei ou doutrina da utilidade marginal (IORIO, 2011, p. 67).
Segundo essa lei, o valor do bem ou serviço depende da ordenação própria de cada indivíduo para atingir seus objetivos. Em vista disso, “ao reduzirmos a quantidade do bem em unidades sucessivas, o valor de cada unidade vai sucessivamente aumentando, o que explica o fato de um cantil com água valer mais no deserto do que perto de uma fonte pura: similarmente, ao aumentarmos sucessivamente as unidades do bem, o valor de cada unidade vai progressivamente decrescendo” (IORIO, 2011, p. 67 e 68). Com base na teoria apresentada, a reposta ao questionamento do antigo comercial de TV da Tostines é que é fresquinha porque vende mais. Como compramos o pacote com várias bolachas, à medida que as consumimos a utilidade marginal é decrescente em determinado período de tempo, isto é, reduz a nossa vontade de consumi-las ao aumentar o consumo, e isto impacta no valor das mesmas. Assim, não se pode dizer que vende mais porque é fresquinha, uma vez que não é fresquinha, talvez apenas as primeiras bolachas. Outra maneira de entendermos o problema é analisando o que ocorreria caso pudéssemos comprar as bolachas por unidade, isto é, uma a uma (na margem). Considerando que o consumidor estivesse com fome, ele iria pagar mais na primeira compra, um pouco menos na segunda e assim por diante até ficar saciado. Por outro lado, o vendedor, no caso do comercial, mantém sempre uma escassez de bens nas prateleiras, por isso estão sempre “fresquinhas”, ou seja, tem um ciclo em estoque curto. Ou seja, o que importa é a interação entre oferta e demanda para valorar os bens, esta foi outra inovação austríaca para o pensamento econômico. Referências IORIO, Ubiratan Jorge. Ação, Tempo e Conhecimento: A Escola Austríaca de Economia. Instituto Ludwig von Mises Brasil, São Paulo, 2011.