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A definição de autismo como um espectro de distúrbios do desenvolvimento, seus sintomas, como a ausência de resposta social e comunicação normal, e a importância da compreensão desses desafios para a educação e formação adequada de profissionais da saúde, educação e psicologia. O texto também discute o papel da família e escola na aprendizagem de crianças autistas.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
O curso tem como objetivo capacitar profissionais das áreas da Psicologia, Assistentes Sociais, Saúde e Educação e a compreender a definição de autismo como um espectro de distúrbios do desenvolvimento.
No Brasil não existe a preocupação ao atendimento de crianças autistas, há uma total desatenção para com a formação adequada de profissionais das áreas de medicina, psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, entre outras. No currículo destes cursos, as informações sobre autismo são pobres e obsoletas, o que por sua vez impede que o trabalho de investigação diagnóstica e intervenção ocorram em tempo hábil. A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar, esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento alguns profissionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um autista.
No final deste capítulo o formando deverá ser capaz de:
Compreender a definição de autismo como um espectro de distúrbios do desenvolvimento;
Identificar sinais de autismo na infância;
Utilizar instrumentos de auxílio para o diagnóstico
Avaliar os comportamentos infantis indicativos de autismo;
Conhecer recursos terapêuticos e educacionais específicos para a intervenção do autista.
O transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
Para melhor compreender o autismo, é preciso entender os determinantes genéticos e ambientais, seu desenvolvimento, as ideias recebidas que continuam a circundá-lo, como reconhecer suas múltiplas facetas e as melhores estratégias de avaliação e de intervenção que podem ser implantadas.
Os sistemas de classificação internacionalmente usados, DSM-IV5 e CID-106, também incluem categorias diagnósticas para indivíduos que apresentam algumas mas não todas as deficiências necessárias para atender ao critério de autismo: síndrome de Asperger, autismo atípico e distúrbio difuso de desenvolvimento (“não especificado”, no CID-10; “não especificado de outra forma”, no DSM-IV.) Este grupo se compõe daqueles que têm distúrbios mais graves em uma área do que em outras, distúrbios moderados em diversas áreas ou aparecimento tardio (depois dos três anos de idade) do quadro.
Doença psiquiátrica rara e grave da infância - síndrome de Kanner – autismo infantil – caracterizado por um desenvolvimento intelectual desequilibrado.
Caracteriza-se como uma anomalia grave que conduz a severos problemas ao nível da comunicação, do desenvolvimento e de relacionamento.
Resulta de uma perturbação no desenvolvimento do sistema nervoso.
Autismo infantil: Transtorno Global do Desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado,
manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, como por exemplo: fobias, perturbações de sono ou alimentação, crises de birras ou agressividade (autoagressividade).
O prejuízo básico na reciprocidade social, relações com pares e envolvimento emocional é acompanhado, em diferentes indivíduos, por graus variáveis de prejuízos na linguagem e na comunicação, retardo mental e padrões de comportamento limitados, não funcionais, repetitivos ou estereotipados. São comuns anormalidades sensoriais, entre as quais hipo ou hipersensibilidade, e interesses atípicos em algumas sensações. A ausência de brincadeira de faz de conta indica uma dificuldade na geração das idéias relacionadas ao desenvolvimento da compreensão e do pensar sobre outras pessoas e situações. Todas essas características podem estar presentes com gravidade variável.
Falta do desenvolvimento de uma relação interpessoal e de contato visual. Tanto o relacionamento com pessoas quanto com objetos inanimados estão alterados. Ausência de sorriso social, desinteresse em participar de jogos e brincadeiras, preferência por permanecer só, etc.
Caracterizado por enorme atraso, com fixação e paradas ou total mutismo. A ecolalia é comum, sendo associada ao uso
inadequado ou reversão do pronome pessoal.
Quando a fala comunicativa se desenvolve, ela é atonal, arrítmica, sem inflexão e incapaz de comunicar apropriadamente as emoções.
Na verdade, a comunicação como um todo está comprometida: linguagem oral comunicativa, linguagem receptiva, linguagem gestual e expressão facial.
O ritmo mais comum é uma descontinuidade na seqüência normal do desenvolvimento.
São os maneirismos, complexos e ritualísticos: exame dos dedos, borboleta- “ flapping ”, caminhar na ponta dos pés, jogar-se para frente e para trás, ninar-se, balançar (acompanhado de rolar ou balançar a cabeça no ar ou no chão ou bater a cabeça contra a parede), rolar ou girar objetos.
Há falhas na modulação de estímulos com distorções na hierarquia normal, nas preferências dos receptores e uma incapacidade na habilidade de usar estímulos sensoriais para discriminar o que é importante ou não, ou seja, ocorre um
erro de seletividade. Há alternância em procurar ou fugir de estímulos. Assim, certos estímulos o apavoram, como o barulho do liquidificador, ou rasgar papel, enquanto outros sons, que seriam desagradáveis para crianças normais, como o arranhar da unha em um quadro negro ou em uma lixa, são procurados com insistência.
Dificuldades na integração social Dificuldades de comunicação Falta de flexibilidade
Dificuldade em fazer amigos Atraso ou falta de linguagem verbal Não tem uma atividade criativa ou verdadeiramente simbólica;
Dificuldade no uso de comportamentos não verbais (contacto visual, gestos)
Para aqueles onde a fala é presente, existe grande dificuldade em iniciar e manter uma conversa
É frequente o isolamento.
Dificuldade em partilhar emoções e em demonstrar reciprocidade social e emocional.
Uso estereotipado e repetitivo da linguagem; Falta ou dificuldade em brincadeiras de "faz de conta".
Os mais dotados demonstram dificuldades semelhantes, apesar de ser de um modo menos exigente, pois desenvolvem os seus hobbies ou interesses.
O início dos sintomas antes dos trinta meses de idade, podem ser caracterizados por: falta persistente de resposta social a outras pessoas, comprometimento acentuado do desenvolvimento da linguagem e da fala (se ocorrer) com características peculiares como ecolalia, linguagem metafórica e reversão dos pronomes, respostas bizarras a diversos aspectos do meio ambiente, resistência a mudanças, ausência de delírios e alucinações, associações desconexas do pensamento e incoerências.
Em alguns casos, como diagnóstico em geral, as características do bebê autista são: desinteresse pelo aleitamento materno, possui hábitos alimentares seletivos, podendo ter restrições quanto à consistência e à qualidade, agitação, choro excessivo (choro neurológico) e sono entrecortado, ou seja, conduta extremamente irritadiça, a criança é extremamente calma, ou seja, aquele bebê bonzinho que toda mãe gostaria de ter (conduta extremamente calma).
O bebê autista, normalmente, não olha para a mãe, seu olhar é distante, perdido, não se aninha no colo, não se fixa nos objetos e no ambiente à sua volta, não reage aos sons da casa (campainha, rádio, teve, telefone), mostra-se muito flácido ou muito rígido.
Alguns bebês autistas jamais sorriem, seus balbucios não buscam estabelecer comunicação, têm dificuldade ao contato com pessoas, principalmente aquelas estranhas ao seu convívio, reage com choro excessivo, quando muda de ambiente, apresenta ausência ou atraso de resposta antecipatória de ser apanhado, como o levantar dos braços.
Geralmente, buscam conforto em comportamento estereotipado. Mexer os dedos em frente aos seus olhos é um dos movimentos mais freqüentes. Podem comportar-se como se fossem surdos, não respondendo ao chamado de seus pais.
Podem ter aversão ao contato físico. A criança evita relacionar-se com pessoas e situações desde o início da vida. Podem não ter reação de surpresa (brincadeira do “achou”). Em crianças um pouco maiores, aparecem outras características como: podem ter hipersensibilidade a determinados sons; ás vezes apresentam ecolalia (repetição imediata ou tardia de frases e sons ouvidos); pode ter aversão ao contato físico, têm tendência para o isolamento; podem apresentar um movimento típico dos antebraços e mãos “flapping”; podem andar na ponta dos pés descalços; ás vezes, gostam de girar objetos, é comum serem inquietos ou terem comportamentos estranhos; podem ter interesse limitado e alguns têm habilidades especiais.
A função do diagnóstico não é dar um nome ou um rótulo à criança. Ele é um ponto de partida para a intervenção imediata e para a determinação de uma estratégia e de uma direção de tratamento.
Quanto mais nova a criança, maior sua plasticidade neuronal. Em outras palavras, a criança pequena está muito mais aberta, sensível, responde mais prontamente a qualquer estimulação por parte de outras pessoas e do ambiente. À medida em que passa o tempo, a criança estabelece formas de ser e agir cada vez mais rígidas e resistentes a intervenções.
Alguns fatore s são considerados de risco para o desenvolvimento do autismo. Confira:
Sexo : meninos são de quatro a cinco vezes mais propensos a desenvolver autismo do que meninas. Histórico familiar: famílias que já tenham tido algum integrante com autismo correm riscos maiores de ter outro posteriormente. Da mesma forma, é comum que alguns pais que tenham gerado algum filho autista apresentem problemas de comunicação e de interação social eles mesmos. Outros transtornos: crianças com alguns problemas de saúde específicos tendem a ter mais riscos de desenvolver autismo do que outras crianças. Epilepsia e esclerose tuberosa estão entre esses transtornos. Idade dos pais: quanto mais avançada a idade dos pais, mais chances de a criança desenvolver autismo até os três anos.
Por lei, as escolas são obrigadas a dar atendimento individualizado a crianças autistas. Os médicos sabem que, se derem um diagnóstico de autismo, a criança estará mais bem amparada.
Ainda que haja exageros, a campanha pró-diagnóstica é positiva. Primeiro, ela permite que o tratamento englobe também casos mais leves, de pessoas que seriam antes consideradas apenas “esquisitas”. Pequenos dramas pessoais, de gente com dificuldades nas áreas de comunicação, interação social e foco de interesse, passaram a receber atenção e cuidado. Mas o principal é ajudar a detectar mais cedo os casos de autismo. Isso faz uma grande diferença no tratamento e nas probabilidades de o paciente conquistar autonomia. (Revista Época 11 de junho de 2007).
É importante que a escola saiba diferenciar e encaminhar para um profissional capaz de realizar o diagnostico. Diante do diagnostico e o resultado do PEP-R, o professor poderá criar um plano de ensino para aquela criança, com conteúdos próximos a idade global do autista. Não devemos pensar no autismo como algo distante e condenado ao isolamento em escolas especializadas. Existem muitas coisas que podem ser feitas pelo autista, a principal é acreditar que ele tem potencial para aprender, é preciso saber que ele enxerga o mundo de forma diferente, mas vive no nosso próprio mundo, e cabe a nós não deixá-lo ficar fora da escola e privado do convívio social.
Entidades organizadas lutam para que esta postura ceda lugar a propostas que visem à garantia dos direitos das pessoas portadoras de necessidade especiais, que se tornam, então, sujeitos do processo de sua integração social. O atendimento à pessoa autista, no entanto, fica a cargo das associações de pais e de algumas iniciativas privadas.
O custo para se dar um atendimento digno e adequado a uma criança autista é tão alto, que inviabiliza o acesso da maioria da população afetada, não garantindo, portanto, os direitos previstos na Constituição Federal, art. 23 II. É também a cargo das associações que ficam o esclarecimento, apoio e treinamento das famílias. Mais do que isso, as associações têm estendido sua atuação no treinamento e formação de profissionais, posto que a situação do Brasil neste sentido é crítica. Há uma total desatenção para com a formação adequada de profissionais das áreas de Medicina, Psicologia, Pedagogia, Fonoaudiologia, entre outras.
Agora, com a lei da inclusão, a escola deve estar preparada para receber o aluno autista. Quando recebemos uma criança difícil de lidar que apresenta um comportamento estranho, e que não interage com outras crianças, essa criança pode ser um autista de alto funcionamento, com grau baixo de comprometimento. Nesses casos, são os mais difíceis de diagnosticar, porque a criança parece somente um pouco estranha. O importante é a escola saber diferenciar este aluno e encaminhá-lo para um profissional capaz de realizar o diagnóstico.
Nosso País caminha com grandes dificuldades em direção ao atendimento de nossos hum milhão de autistas. Seguimos uma postura assistencialista, típica de países do Terceiro Mundo.
Quando uma criança nasce, os pais depositam nela planos, expectativas e sonhos. Como os pais de crianças autistas lidam com essas questões?
A maioria das crianças autistas parece perfeitamente normal e são dadas como normais ao nascerem. Os pais vivem bem por, talvez, um ou dois anos, durante os quais, lentamente, torna-se óbvio que seu filho “é diferente”.
A mãe é quem logo percebe que alguma coisa está errada, mas disfarça e passa por cima. É muito doloroso admitir.
Esse tempo todo, os pais estão parcialmente conscientes de que há algum problema. Algumas vezes, sentem uma fisgada aguda de ansiedade, principalmente quando comparam seu bebê com uma criança normal e, outras vezes, se tranquilizam porque ele engatinha e anda na idade certa, parecendo esperto e inteligente.
Esse longo processo de dúvida, indecisão e insegurança só faz aumentar a dor, quando a verdade é conhecida. Vem o processo de busca por um diagnóstico: o que é que o filho tem? A família inteira começa a cobrar a diferença e exige dos pais um posicionamento.
Na busca pelo diagnóstico, a caminhada é longa e árdua. Cada profissional fala uma coisa e não é raro encontrar
aqueles que digam que a culpa é da mãe, aumentando, ainda mais, a indecisão, a dúvida e a insegurança. Quando finalmente o diagnóstico vem, a negação é a primeira reação dos pais: “Não, não pode ser, isto não é verdade! Não meu filho!”
Ter um filho com autismo é uma possibilidade jamais sonhada por alguém que pretende ter um filho. O profissional que diagnosticou é considerado o responsável por este diagnóstico e, com isso, culpado. Daí ser alvo da raiva, agressão e sentimento de culpa desses pais.
A raiva é a segunda reação frente ao diagnóstico e associada a ela vem a agressão e o sentimento de culpa. A raiva se manifesta de diversas maneiras: desde parar o tratamento com este profissional à revelia, até agredi-lo fisicamente ou com palavras de baixo nível. Além disso, fala-se mal deste profissional e louva-se extremamente um profissional anterior, colocando-o nas alturas.
Os pais procuram um “milagre”, um caminho que ninguém pensou. Quando os pais querem o diagnóstico exato e o profissional nega o problema, é comum mudarem de médico. Nesta fase, entram em uma ciranda, como petecas, de mão em mão, atrás de quem lhes diga o que é que o seu filho tem e o que fazer por ele.
É um período difícil e sofrido para os pais e para a criança. Todos os pais de filhos com problemas, passam por sentimentos como: negação, culpa, frustração, medo, impotência, ressentimento, raiva, rejeição, além de fantasias diversas.
Às vezes, o profissional nega o diagnóstico e os pais não, mas se sentem atraídos pela boa nova e se deixam seduzir: “Afinal, ele é o médico e se ele acha que não...”. Os pais procuram um “milagre”, um caminho que ninguém pensou. Quando os pais querem o diagnóstico exato e o profissional nega o problema, é comum mudarem de médico. Nesta fase, entram em uma ciranda, como petecas, de mão em mão, atrás de quem lhes diga o que é que o seu filho tem e o que fazer por ele. É um período difícil e sofrido para os pais e para a criança. Todos os pais de filhos com problemas, passam por sentimentos como: negação, culpa, frustração, medo, impotência, ressentimento, raiva, rejeição, além de fantasias diversas.
Avós, tios e primos se afastam, rejeitando a convivência com um clima tão tenso e sem definição, com o qual não sabem lidar e nem como ajudar. Isto por sua vez, lhes produz sofrimento, insegurança e sensação de impotência. Muitos familiares, na tentativa de ajudar, às vezes acabam produzindo mais pressão. A sociedade, enfim, marginaliza e o preconceito cai como chumbo sobre uma família que já está bastante fragilizada.
Muitas são as vezes que pais passam por situações difíceis, uma vez que a criança autista parece normal. As pessoas, freqüentemente, não entendem por que a criança autista grita ou se comporta mal em público e, nesta hora, os pais recebem desaprovação e críticas em vez de simpatia e ajuda. Uma criança com comportamento bastante inapropriado e imprevisível é uma tensão muito maior do que uma criança deficiente, mas que se comporta bem. Noites sem dormir podem se tornar um fardo quase intolerável nos primeiros anos. As crianças precisam de cuidados e isso requer considerável paciência e habilidade por parte dos pais para garantir que os irmãos e irmãs normais recebam a sua parcela de atenção e não fiquem contra ou rejeitem o irmão deficiente.
Mães de crianças autistas, freqüentemente, sentem que não podem visitar outras mães, porque seu filho é difícil. Muitas são as famílias que optam pelo isolamento em suas próprias casas, com o objetivo de se pouparem de sofrimento. “ A pressão é insuportável”!
Um filho autista exige muita energia da família. E como tudo que é difícil, penoso e desgastante para o ser
humano, sofre a tendência de ser eliminado, desenvolve-se nos pais a sensação de rejeição.
Há pais que vivem na negação, não passam dessa fase nunca. Acompanhamos um caso de negação ao receber um aluno bastante complicado, que se matriculou na primeira série da escola onde trabalho. Um fato curioso: aquela criança já tinha passado por cinco escolas. Logo de imediato, foram constatadas algumas características
Segundo GAUDERER (1987), as crianças com autismo, em geral, apresentam dificuldade em aprender a utilizar corretamente as palavras, mas quando participam de um programa intenso de aulas parecem ocorrer mudanças positivas nas habilidades de linguagem, motoras, interação social e a aprendizagem.
A escola tem um papel reconhecido no nível da educação, na elaboração de estratégias para que estes alunos consigam desenvolver capacidades para se integrar e interagir com as outras crianças ditas “normais”. Já a família tem também um papel importante, pois é a responsável por dar atenção, os cuidados, amor e irá zelar pela criança durante 24 horas, por toda vida.
É necessário dispensar algumas horas para que as crianças possam se sentir queridas e mostrar o que aprenderam. Os pais podem encorajá-las a comunicar-se espontaneamente, criando situações e estímulos que provoquem a necessidade de comunicação. Não se deve antecipar tudo o que a criança precisa, deve-se criar momentos para que ela sinta a necessidade de pedir aquilo que precisa.
O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento e gradativo, portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno. O aluno deve ser avaliado para colocá-lo num grupo adequado, considerando a idade global, fornecida pelo PEP-R, desenvolvimento e nível de comportamento. É de responsabilidade do professor a atenção especial e a sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam esses alunos autistas.
A criança pode reagir violentamente quando submetida ao excesso de pressão e, diante disso, é preciso levar em conta se o programa está sendo positivo, ou se precisa haver outras mudanças.
Como citado anteriormente, a importância do ensino estruturado é ressaltada por Eric Schopler (Apud BORALLI), no método TEACCH. Normalmente, as crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que as crianças autistas e com distúrbios do desenvolvimento, necessitam de uma estrutura externa para aperfeiçoar uma situação de aprendizagem.
No Brasil é muito utilizado o método de ensino TEACCH, que foi desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na Universidade da Carolina do Norte. Em primeiro lugar, o TEACCH não é uma abordagem única, é um projeto que tenta responder às necessidades do autista usando as melhores abordagens e métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde o diagnóstico e aconselhamento precoce aos pais e profissionais até centros comunitários para adultos com todas as etapas intermediárias.
Os propósitos do método, segundo GARY MESIBOV (Apud BORALLI), Diretor da divisão TEACCH são: habilitar pessoas portadoras de autismo a se comportar de forma tão funcional e independente quanto possível; promover atendimento adequado para os portadores de autismo e suas famílias e para aqueles que vivem com eles; gerar conhecimentos clínicos teóricos e práticos sobre autismo e disseminar informações relevantes através do treinamento e publicações.
A educação é fulcral no crescimento da pessoa. A educação da criança autista é um direito, faz parte da sua condição como ser humano.
Para a criança autista, tal como para a criança ouvinte, o pleno desenvolvimento das suas capacidades linguísticas, emocionais e sociais é uma condição imprescindível para o seu desenvolvimento como pessoa.
DESCUBRA
Se a criança estiver executando uma atividade nova de maneira inadequada, é importante a intervenção rápida do professor, mesmo que para isso seja segurar a mão da criança ou até mesmo dizer-lhe a resposta. (PEETERS, 1998).
A formação de profissionais em atendimento de indivíduos diagnosticados com transtornos do espectro autista e quadros assemelhados através de conhecimento científico e práticas clínicas ligadas à área e que contribuem com a melhoria de qualidade de vida destes indivíduos e seus familiares.
No currículo destes cursos, as informações sobre autismo são pobres e obsoletas, o que por sua vez, impedem que o trabalho de investigação diagnóstica e intervenção ocorram em tempo hábil. No que se refere à bibliografia, também é escassa. A maioria dos textos é importada e traduzida, assim como as experiências nesta área.
A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profissionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um autista, principalmente os de alto funcionamento, com grau baixo de comprometimento.
Os profissionais da educação não são preparados para lidar com crianças autistas e a escassez de bibliografias apropriadas dificulta o acesso à informação na área.
A escola tem importante papel na investigação diagnóstica, pois é o primeiro lugar de interação social da criança separadas de seus familiares, é onde a criança vai ter maior dificuldade em se adaptar às regras sociais, tarefa muito difícil para o autista.
O diagnóstico é apenas o primeiro desafio que o Brasil precisa enfrentar. Em seguida, vem o mais complicado, o
tratamento. Ele tem de ser individualizado e envolve uma série de profissionais. Realizar um trabalho voltado para as dificuldades que envolvem o tema já justificaria a abordagem do mesmo.
Há uma série de regras e lembretes que facilitará o relacionamento entre o professor e a criança autista. Isto porque o maior desafio para o profissional é lembrar-se da teoria na hora em que os problemas estão ocorrendo. Fazer esta transposição do conhecimento teórico para a prática é muito difícil.
O conteúdo do programa de uma criança autista deve estar de acordo com seu potencial, de acordo com sua idade e de acordo com o seu interesse.
É importante a continuidade do ensino para uma criança autista, para que se torne menos dependente, mesmo que isto envolva várias tentativas, e ela não consiga aprender. É preciso atender prontamente toda vez que a criança autista solicitar e tentar o diálogo, a interação, Quando ocorrer de chamar uma criança autista e ela não atender, é necessário ir até ela, pegar sua mão e levá-la para fazer o que foi solicitado. Toda vez que a criança conseguir realizar uma tarefa, ou falar uma palavra, ou enfim, mostrar progresso, é prudente reforçar com elogios. Quando se deseja que a criança olhe para o professor, segura-se delicadamente o rosto dela, direcionando-o para o rosto do professor. Pode-se falar com a criança, mesmo que seu olhar esteja distante, tendo como meta um desenvolvimento de uma relação baseada em controle, segurança, confiança e amor.
O autismo é uma condição orgânica que afeta o desenvolvimento desde muito cedo. Crianças autistas têm dificuldades sócio-emocionais para a utilização de comportamentos não verbais, tais como o contato de olhar, o uso comunicativo de gestos, expressões faciais e posturas corporais. Demonstrar atenção conjunta e empatia parece ser um desafio, uma vez que tendem a preferir atividades solitárias.
Inicia aproximadamente de 0 a 2 anos: a atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A principal característica desse período é a ausência da função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para o outro.
Mais ou menos de 2 a 6 anos: a criança desenvolve a capacidade simbólica; “já não depende unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado”. Para a educação é importante ressaltar o caráter lúdico do pensamento simbólico.
Dos sete aos onze anos: a criança já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se todos interligados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda trabalhar com
objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensamento permite um sem número de aprendizagens.
Começa no início da adolescência. Nesta fase, a “criança”, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar sobre hipóteses à medida em que ela á capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal.
A criatividade torna-se mais madura em relação aos demais estágios. Este estágio corresponde ao nível do pensamento
hipotético – dedutivo ou lógico – Matemático.
Segundo Piaget, (Apud BANKS) a maioria dos alunos pode ser capaz de usar o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham mais experiências ou interesse.
Portanto, como o foco deste CURSO é o autista, faz-se necessário nos situarmos na problemática do tema.
Anamnese – histórico (entrevista) que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado por um profissional com base nas lembranças do paciente e/ ou familiar.
Congênito – relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ ou raciocínio.
Doença – alteração biológica do estado de saúde de um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não; enfermidade, mal, moléstia.
Fenótipo – conjunto das características aparentes de um indivíduo que decorre da interação de seu genótipo com as condições ambientais. Manifestação visível ou detectável de um genótipo.Genótipo – composição genética de um indivíduo, mais freqüentemente usado a respeito de um gene ou grupo de genes.
Multidisciplinar – que contém, envolve, distribui-se por várias disciplinas e pesquisas. Termo usado para definir um grupo de profissionais que trabalham em conjunto.Neuropsicomotor – refere-se ao desenvolvimento do sistema nervoso, sob aspecto psicológico, desenvolvimento e coordenação motora.Neurotransmissores – diz- se de ou cada uma das moléculas secretadas pelas porções terminais de neurônios e responsável pela transmissão do impulso nervoso; mediador químico, neuromediador.
Retardo Mental ou Deficiência Mental – funcionamento intelectual geral abaixo da média, que se origina durante o período de desenvolvimento e está associado a comprometimento do comportamento adaptativo. Retardo Psicomotor – lentificação generalizada visível dos movimentos e da fala. Rotina – hábito de fazer algo sempre do mesmo modo, mecanicamente; rotineira, repetição monótona das mesmas coisas, prática constante, velho costume; rotineira. Caminho utilizado normalmente; itinerário habitual; rotineira.
Síndrome – conjunto de sinais e sintomas com base em sua freqüente co-ocorrência, que pode sugerir uma patogênese básica, curso, padrão familial ou tratamento comuns. Antigamente, recebia o nome do cientista que a descreveu. Conjunto de alterações congênitas que se repetem em um padrão constante e compartilham uma etiologia específica.
SNC – Sistema Nervoso Central.TEACCH - Treatment and Education of Autistic and related Communication handicapped CHildren (tratamento educacional para crianças autistas e com dificuldade de comunicação).
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.TID – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento.TGD – Transtornos Globais do Desenvolvimento.
Transtorno – usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. Transtorno de Asperger – caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Não se acompanha de retardo ou deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. A ausência de atrasos de linguagem significativos não implica em que estes indivíduos não tenham problemas de comunicação.
ASSUNPÇÃO, F.B. Jr. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento Infantil , Lemos Editora e Gráficos Ltda. São Paulo,
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