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A “Canção do Exílio” é certamente um dos poemas mais conhecidos ... aponta também a ocorrência, na poesia de Gonçalves Dias, de rimas de.
Tipologia: Resumos
Compartilhado em 07/11/2022
4.4
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http://dx.doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i34p 10 - 21 Eduardo Vieira Martins I objetivo desta aula é apresentar o programa e a bibliografia do curso. Para que os tópicos do programa sejam percebidos com mais clareza pelos alunos, vamos discuti-los a partir da leitura de um poema. CANÇÃO DO EXÍLIO Kennst du das Land, wo die Zitronen blühen, Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühen? Kennst du es wohl? — Dahin, dahin! Möcht' ich... zien^1 Goethe
distendidos no tempo”. Nesse tipo de texto, o mais comum é não encontrarmos o desenvolvimento de personagens complexos ou de cenários cuidadosamente descritos. Os elementos do mundo exterior, quando aparecem no poema lírico, não são elementos de cenário, mas sim traços reveladores do estado de ânimo do eu-lírico: “o universo se torna expressão de um estado interior” (ROSENFELD, 2004, p. 22-3). Assim, na “Canção do Exílio”, a palmeira e o sabiá, em vez de aparecerem como elementos descritivos da terra natal, constituem-se como símbolos da nostalgia que anima o eu-lírico, o que pode ser comprovado pela obsessão com que são evocados. Forma Composto por cinco estrofes (sendo três quadras e dois sextetos), o poema é de uma simplicidade exemplar, que já se manifesta na escolha do vocabulário, no qual não ocorrem termos raros, que exijam uma consulta ao dicionário. De fato, esta simplicidade é um traço que sempre chamou a atenção da crítica sobre o poema. Antonio Candido observa que “a ‘Canção do Exílio’ [...] representa bem o seu [G. D.] ideal literário; beleza na simplicidade , fuga ao adjetivo, procura da expressão de tal maneira justa que outra seria difícil”.^3 A simplicidade, entretanto, ao contrário do que se poderia imaginar, não implica pobreza de recursos técnicos, mas sim uma habilidade muito grande no seu manuseio, como se pode verificar pela análise formal do poema.
recorrência de determinados sons, gera uma expectativa pelo seu retorno, expectativa que pode ser confirmada ou frustrada. Em “A Poética de Gonçalves Dias”, analisando os esquemas de rimas utilizados pelo poeta, Manuel Bandeira afirma que “a sua habitual discrição levava-o a contentar-se com acordes menos vistosos, a aceitar as rimas naturalmente ligadas ao assunto” (p. 66). Em lugar da rima consoante (em que “há concordância de todos os fonemas [ sons! ] a partir da vogal tônica” - CANDIDO, p. 40), prefere a rima toante (em que “há concordância das vogais tônicas, ou das vogais tônicas e outra, ou outras vogais átonas que a seguem” - ( IDEM, p. 40 ) — ex.: cálida/lágrima), mais discreta [usual na poesia castelhana, mas menos usada em português; João Cabral se utilizou muito dela]. M. Bandeira aponta também a ocorrência, na poesia de Gonçalves Dias, de rimas de sons iniciais, “outra espécie ainda mais sutil de rima”, pela qual “se explica muitas vezes, em parte, o segredo da musicalidade que nos enleia em certos poemas” ( IDEM , p. 67). Na “C.E.”, surgem os dois tipos de rima, garantindo a base musical do poema, como se pode perceber já na primeira estrofe:
Na última estrofe, quando o eu-lírico expressa o receio de que o exílio se torne permanente e afirma o desejo de retornar à terra natal, estrofe, portanto, em que a tensão atinge o nível mais elevado, o ritmo também sofrerá alterações:
homem dos outros animais é o “amor da pátria” (CHATEAUBRIAND, s/d, p. 144). Para evitar que os habitantes das localidades mais inóspitas do globo se precipitassem para as regiões temperadas, provocando uma catástrofe, a providência divina lhes teria infundido o “instinto da pátria”, que “colou os pés de cada homem ao seu torrão natal, com um ímã invencível: os gelos da Islândia, e os areais abrasados da África estão povoados” (p. 144). Quanto mais adversas as condições de um país, maior a força desse instinto, que decai naquelas latitudes onde a facilidade da vida e as riquezas destroem os vínculos naturais que prendem o homem à terra natal. Esses elos podem residir em pequenas coisas, como no sorriso dos pais ou no latido de um cão, mas, uma vez que Deus “fundou sobre a natureza a afeição do solo natalício”, é sobretudo a paisagem que infunde com mais intensidade a afeição pela pátria: Afastados do nosso país é que nós mais sentimos o instinto que mais nos prende. À míngua da realidade, buscamos quimeras [...]. Umas vezes, dispor-se-á uma cabana à imitação do teto paternal; outras vezes, é um bosque, um vale, uma riba, ao qual se dará algum dos doces nomes da Pátria [...]. Longe das margens que nos viram nascer, a natureza parece que se apouca e amesquinha, como sombra daquela que perdemos ( IDEM, Ibidem, p. 146-7).^6 Chateaubriand apresenta como paradigma dessa atitude a figura de Andrômaca, personagem da Ilíada , de Homero, que, no exílio, dá a um riacho o nome do rio de sua terra natal, Simois. Na literatura brasileira, o poema que fixa o sentimento de que, comparada à paisagem natal, a natureza de outros países parece decair é, evidentemente, a “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. Ao constituir-se como elogio à terra natal, o poema pode ser tomado como exemplar da atitude nacionalista que orientou a produção romântica brasileira, notadamente entre os autores da primeira geração, à qual pertenceu G. D. Romantismo e nacionalismo. O romantismo brasileiro, cuja eclosão se deu nos anos posteriores à Independência política do país, imbuiu-se das aspirações nacionalistas que marcavam a vida política e cultural do período. Esboçado nas revistas literárias, o movimento renovador foi impulsionado por um grupo de (^6) Grifo meu.
foram desenvolvidos separados ou conjuntamente, eles perpassam todo o nosso romantismo. Segundo Antonio Candido, o indianismo se originou da “busca do específico brasileiro” somada à utilização do aparato indígena, com suas penas coloridas e costumes peculiares, como elemento alegórico de celebração “plástica e poética” da jovem nação (CANDIDO, 1981, p. 18). A temática indianista foi utilizada também como elemento de união com os escritores do século XVIII. Criava-se, assim, uma tradição, uma genealogia que vinha conferir nobreza à produção romântica e, mais importante, estabelecer um fio formador da nossa literatura. Se com relação à temática indígena os escritores românticos puderam reconhecer na tradição neoclássica uma espécie de antecedente ao qual podiam se reportar, o mesmo não ocorria no que dizia respeito às descrições da natureza. Da perspectiva romântica, a insistência dos poetas do século XVIII em ver ovelhas, divindades mitológicas e pastores apaixonados em plena floresta americana consistia grave erro de mirada. Rejeitando as convenções poéticas que embasavam o locus amoenus da Arcádia, eles desejavam fixar em seus textos aquilo que consideravam ser a verdadeira feição da natureza brasileira, focalizando os seus elementos mais agrestes, como a floresta tropical, com suas árvores centenárias e os grandes rios que a cortavam. Objetivos