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SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner/Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994 b. Cap ...
Tipologia: Notas de aula
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Maria L˙cia do Carmo Cruz Robazzi* EmÌlia Campos de Carvalho** Maria Manuela Rino Mendes* EugÍnia Velludo Veiga*
ROBAZZI, M.L.do C.C.; CARVALHO, E.C.de; MENDES, M.M.R.; VEIGA, E.V. DiagnÛsticos de enfermagem: atribuiÁ„o feita por graduandos de enfermagem a pacientes internados com alteraÁıes neurolÛgicas. Rev.latino- am.enfermagem , Ribeir„o Preto, v. 6, n. 2, p. 37-46, abril 1998.
Identificou-se categorias diagnÛsticas e padrıes de respostas humanas em pacientes neurolÛgicos, assistidos por alunos de graduaÁ„o, que lhes atribuÌram diagnÛsticos de enfermagem segundo a Taxonomia 1 da NANDA. A maioria dos diagnÛsticos referem-se aos padrıes Trocar, Mover e Comunicar e a minoria aos padrıes Escolher, Perceber e Sentir. A n„o atribuiÁ„o de outros diagnÛsticos possivelmente ocorreu pela menor Ínfase dada aos mesmos e inexperiÍncia dos alunos. A intencionalidade dos docentes em desenvolver nos estudantes habilidades de an·lise e sÌntese, tem-se mostrado uma experiÍncia positiva.
UNITERMOS: diagnÛsticos de enfermagem em pacientes neurolÛgicos, ensino de diagnÛsticos de enfermagem, processo de enfermagem
H· aproximadamente 20 anos, os docentes respons·veis pelo ensino da disciplina Enfermagem MÈdica, da Escola de Enfermagem de Ribeir„o Preto da Universidade de S„o Paulo (EERP-USP), vÍm procurando ministrar os conte˙dos teÛrico-pr·ticos desta disciplina, utilizando Processo de Enfermagem. A partir de 1992, encontram-se empenhados em ensinar uma metodologia, composta das fases de: coleta de dados, elaboraÁ„o de DiagnÛsticos de Enfermagem-DE, (segundo a Taxonomia I preconizada pela North American Nursing Diagnosis Association - NANDA, divulgada no paÌs por FARIAS et al., 1990), planejamento da assistÍncia, implementaÁ„o e avaliaÁ„o da mesma. Esta escolha aconteceu em decorrÍncia de estarem convictos de que, neste limiar de sÈculo, era necess·rio a Enfermagem procurar caminhar para construir conhecimentos fundamentais, articulados e independentes dos saberes apropriados de outras profissıes que, em conjunto, constroem o saber da ·rea da sa˙de. Para dimensionar um corpo prÛprio de conhecimentos da Enfermagem que possibilite o saber
cuidar, o grupo de docentes supıe que esta condiÁ„o seja mais facilmente alcanÁada, atravÈs do ensino, aos futuros enfermeiros, da habilidade para diagnosticar, o que vem sendo, atualmente, detalhado no Processo de Enfermagem. Evidentemente sÛ se consegue atribuir diagnÛsticos a um paciente, ou seja, julgar profissional e clinicamente os problemas ou alteraÁıes apresentadas por ele, se alÈm da inteiraÁ„o alcanÁada, a partir do relacionamento estabelecido entre ambos - profissional e enfermo, existir global conhecimento sobre o mesmo, o que pressupıe, inclusive, o entendimento de sua fisiopatologia. A obtenÁ„o deste e de outros conhecimentos, nas esferas psicossociais/espirituais, que objetiva alcanÁar uma forma especializada do ìcuidarî, pode ser facilitada por meio da utilizaÁ„o de metodologia assistencial, que possibilite elaborar diagnÛsticos. A princÌpio, utilizar DE significou rejeiÁ„o por parte dos graduandos de enfermagem, que encontraram apoio em suas queixas, pelo fato de somente uma das disciplinas do elenco do curso, abordar tal conte˙do, ou mesmo pela vis„o atÈ ent„o tradicional de ìenxergarî a aÁ„o do enfermeiro centrada na prescriÁ„o mÈdica.
Rev.latino-am.enfermagem - v. 6 - n. 2 - p. 37-46 - abril 1998
TambÈm os enfermeiros assistenciais comentavam com os docentes da disciplina em quest„o, a sua incompreens„o e rejeiÁ„o diante da modificaÁ„o introduzida pela nova sistem·tica. Este tipo de comportamento È documentado por RODRIGUES & LINS (1990), para quem, ìinfelizmente, muitas enfermeiras continuam a definir a enfermagem unicamente em termos de atendimentos e de procedimentos tÈcnicos baseados na tradiÁ„o e n„o no conhecimento, compreens„o e adequaÁ„o obtidos atravÈs da pesquisa. Para muitos enfermeiros, sÛ È relevante a competÍncia, esmero e padronizaÁ„o rÌgida das tÈcnicasî. Esperando desenvolver, na Disciplina Enfermagem MÈdica, procedimentos tÈcnicos n„o contemplados, em parte, em disciplinas anteriores que a antecedem no quadro do CurrÌculo de GraduaÁ„o, onde assistem os pacientes com graus de complexidade menores, os alunos relutavam em efetuar as atribuiÁıes diagnÛsticas, pois queixavam-se de que necessitavam estudar muito mais sobre situaÁıes aparentemente comuns, que aconteciam no cotidiano dos est·gios, antes de efetivamente realizarem intervenÁıes aos pacientes. Como era-lhes exigido primeiramente conhecer em profundidade , em etapa anterior a intervir, ou seja, a intervenÁ„o dava-se a partir deste conhecimento , as suas avaliaÁıes acerca deste novo processo eram, em geral, negativas, pois, muitas vezes deixavam de executar tarefas e tÈcnicas em detrimento da necessidade de obter conhecimentos, de refletir, analisar e discutir acerca do porque realiz·-las. Sabe-se que as habilidades tÈcnicas eram e ainda vem sendo exigidas pelo mercado de trabalho na ·rea da sa˙de. Ao prestarem concursos de admissıes em hospitais, as exigÍncias, em geral, apresentadas pelo sistema de sa˙de, ainda priorizam que os enfermeiros possuam, tecnicidades, habilidades manuais e n„o necessariamente, conhecimentos. Este pensamento parece contar com o apoio de grande parte do empresariado da ·rea que, possivelmente, ainda deseja contratar, enfermeiros cumpridores de tarefas, em geral alienados, dÛceis e portadores de habilidades, divisores de atividades com a sua equipe e n„o indivÌduos que tenham conhecimentos, que saibam argumentar, discutir e analisar os problemas e ìverî o paciente de modo global. H· o entendimento por parte dos autores deste texto, que o desenvolvimento de habilidades tÈcnicas nos enfermeiros n„o deve excluir a existÍncia de uma postura crÌtica e, tampouco a vis„o global que eles devem ter sobre o ser humano que assistem. Por outro lado, acreditam que tanto o sistema de sa˙de quanto o empresariado do setor, objetivam um mais r·pido atendimento, e de preferÍncia, de mais baixo custo possÌvel, evidentemente almejando a obtenÁ„o de lucro. RODRIGUES & LINS (1990) corroboram esta
situaÁ„o, comentando que existe uma crise envolvendo a enfermagem brasileira, trazendo os enfermeiros ‡ uma realidade social, onde est„o aprendendo a lidar com o n„o, com os limites e as frustraÁıes. Os profissionais encontram-se limitados pela divis„o de trabalho, com o surgimento de outros profissionais na ·rea da sa˙de e pela falta de autonomia, consolidada nos serviÁos, pelos interesses dos grupos dominantes. Como o lucro consiste a essÍncia do sistema capitalista, adotado no paÌs, o enfermeiro n„o È visto ou entendido de forma holÌstica e isto favorece com que ele mesmo transfira o modelo ‡ sÌ imposto, quando divide tarefas entre os demais elementos da equipe de enfermagem, distribuindo-os em funÁıes especializadas e, conseq¸entemente, fragmentando a assistÍncia. Com isto, acaba experimentando insatisfaÁ„o, ansiedade, desestÌmulo, acomodaÁ„o, atuaÁ„o profissional frustada e sem esperanÁa no futuro da profiss„o. Diante do exposto, as dificuldades encontradas pelos docentes de Enfermagem MÈdica, em relaÁ„o ‡ insatisfaÁ„o apresentada pelos graduandos de enfermagem, buscando se manter em um modelo tradicional de enfermagem, torna-se compreensÌvel. Este entendimento È reforÁado por SHOEMAKER (1989), para quem o enfermeiro n„o È preparado para realizar atribuiÁıes diagnÛsticas. As disciplinas iniciais de seu currÌculo de graduaÁ„o deveriam introduzir o conte˙do de metodologia da assistÍncia, a fim de possibilitar maior desenvolvimento deste processo, situaÁ„o esta ainda n„o vivenciada com tranq¸ilidade, acredita-se, em v·rias escolas de enfermagem brasileiras. No entanto, a persistÍncia dos professores sobre a necessidade de alertarem os alunos sobre esse outro paradigma, continuou existindo. Muitas vezes as ocorrÍncias vivenciadas com os pacientes, nos campos de realizaÁ„o de atividades pr·ticas, n„o eram contempladas em salas de aulas, onde o conte˙do, pela quest„o formal de carga hor·ria, n„o era possÌvel de ser ministrado. No entanto, nos est·gios, antes de elaborarem DE, efetuarem prescriÁıes e finalmente conseguirem realizar alguma intervenÁ„o de enfermagem, os alunos eram orientados a se instrumentalizarem cientificamente sobre aquele determinado conte˙do, desenvolvendo as habilidades de an·lise e sÌntese, no seu julgamento clÌnico. CARVALHO et al. (1996), em estudo sobre DE, apontaram que os estudantes de anos anteriores, cursando a disciplina em quest„o, no nÌvel educacional em que se encontravam, enfrentavam problemas de falta de conhecimento sobre fisiopatologia. Este fato contribuÌa para a limitada perspic·cia em identificar dados de relev‚ncia, para conseguirem, finalmente, elaborarem os DE. A utilizaÁ„o de livros de fisiopatologias, de metodologias de assistÍncia e a leitura de artigos
eclÈtico citado por GRIFFITH KENNY & CHRISTENSEN (1986). Onze alunos foram escalados para prestarem assistÍncia de enfermagem ‡ dez indivÌduos internados com alteraÁıes neurolÛgicas, cujos DiagnÛsticos MÈdicos, muitas vezes m˙ltiplos, variaram entre Epilepsias, DemÍncia, DoenÁa de Creutzfeldt-Jacob, Lesıes de Medula, Mielopatias, Tumores Cerebrais, SÌfilis do Sistema Nervoso Central, Hidrocefalia, Esclerose M˙ltipla, Coma e Acidentes Vasculares Cerebrais, entre outros. Alguns destes conte˙dos com DE atribuÌdos, foram abordados nas aulas teÛricas, outros n„o. Os estudantes receberam ent„o a incumbÍncia de desenvolver, em duas semanas planejadas para o respectivo est·gio, a assistÍncia de enfermagem adotando a metodologia descrita anteriormente. Os resultados desta tarefa, encontram-se descritos a seguir.
Em relaÁ„o ao primeiro objetivo (identificar as categorias diagnÛsticas, atribuÌdas pelos graduandos de enfermagem, aos pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas) observou-se que os estudantes elaboraram 28 DE aos 10 pacientes assistidos. As informaÁıes referentes a distribuiÁ„o dos DE, em cada um dos padrıes encontrados no presente estudo, encontram-se nos gr·ficos que se seguem.
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Gr·fico 1 - DistribuiÁ„o de DiagnÛsticos de Enfermagem (DE) segundo a Taxonomia 1 da NANDA, em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas, segundo os Padrıes de Respostas Humanas TROCAR
TIPOS DE DIAGN”STICOS
Em relaÁ„o aos DE deste padr„o, observa-se que cada um significou 3,57% em relaÁ„o ao n˙mero total de atribuiÁıes diagnÛsticas. Estes 14 DE atribuÌdos, no que se refere aos 28 elaborados, representam 50% deste total. Acredita-se que os mesmos s„o compreensÌveis de serem encontrados em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas, tais como as citadas anteriormente, ou seja, que n„o deambulam, encontram-se restritos aos leitos, com presenÁa de escaras de dec˙bito, emagrecidos, com incapacidades para falar, alimentar-se sozinhos, com presenÁa de sondas naso- g·strica e/ou naso-enteral, traqueostomias, entre outras situaÁıes, Outrossim, supıe-se que se o perÌodo destinado a este est·gio especÌfico fosse maior, considerando-se as barreiras iniciais apresentadas pelos alunos, na aceitaÁ„o dos DE e em relaÁ„o ‡s abordagens aos pacientes com problemas neurolÛgicos, outros diagnÛsticos, inseridos neste e em outros padrıes, certamente seriam atribuÌdos.
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D is tú rb io n o P ad rã o d e S o n o M o b ilid ad e Fís ica
C o m u n ic ação P re ju d ic ad a
Gr·fico 2 - DistribuiÁ„o de DiagnÛsticos de Enfermagem (DE) segundo a Taxonomia 1 da NANDA, em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas, segundo os Padrıes de Respostas Humanas COMUNICAR E MOVER
Em relaÁ„o ao Padr„o Comunicar, foram encontrados 5 (cinco) DE de ComunicaÁ„o Prejudicada , o que representou 18% do total de 28 DE elaborados. Este È um dos diagnÛsticos que se espera encontrar em pacientes com dist˙rbios neurolÛgicos. Muitas vezes com a funÁ„o cognitiva comprometida, com alteraÁıes respiratÛrias severas, utilizando-se de c‚nulas orotraqueais ou de traqueostomia, com lesıes que provocam paralisias da musculatura respons·vel pela fonaÁ„o ou em estado de coma, decorrente das mais variadas causas (SANVITO, 1978), torna-se difÌcil a comunicaÁ„o com os mesmos. Conforme atestam SMELTZER & BARE (1994 a), podem acontecer entre estes enfermos dist˙rbios de auto-
estima relacionados ‡ perda da capacidade de comunicaÁ„o, dÈficits de comunicaÁ„o relacionados ‡s lesıes cerebrais, incluindo-se comprometimento das relaÁıes familiares, em virtude deste problema. A enfermeira muito tem a realizar nos aspectos relativos ‡ melhoria da comunicaÁ„o com estes pacientes. Quanto ao Padr„o Mover, tambÈm apresentado no Gr·fico 2, os alunos conseguiram atribuir 5 (cinco) DE de Mobilidade FÌsica Prejudicada que representam 17,85% em relaÁ„o aos 28 DE elaborados e 1 (um) de Dist˙rbio no Padr„o do Sono 3,57% em relaÁ„o a este total. BACHION et al. (1995) igualmente encontraram DE relatados neste padr„o, no estudo que realizaram em indivÌduos com alteraÁıes cardÌacas. Como era de se esperar, no entanto, os pacientes cardÌacos apresentaram estes tipos de diagnÛsticos em freq¸Íncias menores que as encontradas nos enfermos com dist˙rbios neurolÛgicos. As disfunÁıes relativas ‡ falta de movimentaÁ„o s„o comuns de ocorrerem nestes ˙ltimos. Perdas de movimentos no hemicorpo, paraplegias ou quadriplegias, ou imobilidades generalizadas em decorrÍncia de estados comatosos, s„o costumeiramente encontradas nestes indivÌduos, provocando ainda outras seq¸elas, como escaras de dec˙bito, atrofias nos dimÌdios que perderam a capacidade de mover-se, alteraÁıes de posturas, deformidades fÌsicas, entre outras. Os livros textos b·sicos de patologias neurolÛgicas, citados anteriormente, tais como os de PLUM & POSNER (1977); SANVITO (1978); SCHMIDT (1979); PORTO (1982); entre outros, reforÁam tais problemas nestes pacientes. O Dist˙rbio no Padr„o do Sono foi encontrado em um paciente jovem, bem apessoado, em situaÁ„o econÙmica e de conhecimento aparentemente superior aos demais enfermos que se encontravam internados no hospital universit·rio. Havia sido hospitalizado para investigaÁ„o diagnÛstica, j· que apresentava crises convulsivas espor·dicas, sem causas aparentes. Demonstrando condicionamento fÌsico, praticava esportes freq¸entemente, antes da hospitalizaÁ„o; no entanto sentia dificuldades para dormir, em decorrÍncia da mudanÁa de ambiente e presenÁa de outros pacientes no quarto, pleiteando permanecer sozinho em uma das enfermarias. Durante o est·gio dos graduandos de enfermagem, evidenciou-se atravÈs de realizaÁ„o de exame especializado, que possuÌa um certo tipo de tumoraÁ„o encef·lica, com necessidade premente de intervenÁ„o cir˙rgica e com prognÛstico incerto quanto ‡ sua cura. A partir daÌ, tornou-se extremamente nervoso, aumentando a sua dificuldade para dormir, mesmo com a mudanÁa de enfermaria, o que justificou o DE elaborado pelo estudante que o assistia. Em relaÁ„o aos Padrıes Sentir, Escolher e Perceber, encontram-se visualmente apresentados ‡ seguir.
Gr·fico 3 - DistribuiÁ„o de DiagnÛsticos de Enfermagem (DE) segundo a Taxonomia 1 da NANDA, em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas, segundo os Padrıes de Respostas Humanas SENTIR, ESCOLHER e PERCEBER
Observa-se que dentro do padr„o Sentir, foi atribuÌdo o DE de Ansiedade, em freq¸Íncia de 3,57% em relaÁ„o ao total de diagnÛsticos atribuÌdos; inserido no Padr„o Perceber o DE de Senso PercepÁ„o Alterada e no Padr„o Escolher, o diagnÛstico de Processo Familiar Alterado, todos encontrados com a mesma percentagem. S„o compreensÌveis de serem encontrados em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas. Ansiedade foi DE tambÈm encontrado por BACHION et al. (1995), em pacientes com alteraÁıes cardÌacas, sÛ que em percentagem inferior ao do atual estudo. Esta manifestaÁ„o diagnÛstica foi atribuÌda ao paciente com tumoraÁ„o cerebral relatado anteriormente, que se sentia ameaÁado frente ‡ perspectiva de cirurgia iminente, com grandes riscos de lhe provocar paralisias, e comeÁou a apresentar episÛdios de impaciÍncia, inquietaÁ„o e express„o facial tensa, entre outras. Explica PORTO (1982) que o paciente ansioso apresenta manifestaÁıes psÌquicas e som·ticas que a acompanham, tais como inquietude, voz embargada, m„os frias, trÍmulas e/ou sudorÈticas, taquicardias, boca seca, entre outros problemas. SMELTZER & BARE (1994 a) ainda acrescentam que o enfermeiro deve estar atento ao preparo emocional dos pacientes que v„o ser submetidos ‡ cirurgias intracranianas e, inclusive, caso seja possÌvel, deve incluir informaÁıes que satisfaÁam as expectativas pÛs-operatÛrias dos mesmos. Apoio e consideraÁ„o aos enfermos e seus familiares devem ser ofertados, pois segundo as palavras destes autores, reconhece-se ìa potencial gravidade de uma cirurgia intracranianaî. Obviamente n„o È difÌcil compreender as manifestaÁıes de ansiedade presentes no paciente em quest„o, particularmente em se tratando de um indivÌduo com certa diferenciaÁ„o econÙmica e de conhecimento, em relaÁ„o aos demais pacientes internados na mesma clÌnica. O DE de Senso PercepÁ„o Alterada foi atribuÌdo
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conhecimentos, de diagnosticar, em busca deste novo ìolhar para a Enfermagemî, relacionado ‡ qualidade do cuidado a ser prestado aos seus clientes, voltado ‡ assistÍncia especializada, n„o alienada, ‡ consciÍncia crÌtica, a um processo de participaÁ„o profissional ativa. A distribuiÁ„o gr·fica dos DE segundo estes padrıes, encontram-se a seguir. A Tabela 1 pode ser sintetizada no gr·fico a seguir.
(^114)
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tro car s e n tir
co m u n icar
m o ve r
p e rce b e r e s co lh e r
Gr·fico 4 - DistribuiÁ„o de padrıes de respostas humanas, segundo a Taxonomia 1 da NANDA, em pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas
Como pode ser observado, a maior parte dos estudantes realizou atribuiÁıes diagnÛsticas referentes ao Padr„o Trocar (50%), seguidas dos Padrıes Mover (21%), Comunicar (18%), do Padr„o Sentir (4%), do Escolher (4%,) e do Perceber (4%). ¿ semelhanÁa do estudo realizado por BACHION et al. (1995), ainda observa-se no alunado de Enfermagem MÈdica, tendÍncia a valorizar, as alteraÁıes biolÛgicas apresentadas pelos doentes que assistem, em detrimento das demais, o que fica comprovado pela maior facilidade em atribuir diagnÛsticos inseridos nos Padrıes Trocar e Mover. Pode ser que a predomin‚ncia desta situaÁ„o tenha ocorrido em decorrÍncia da orientaÁ„o dada para a fase de coleta de dados, abrangendo entrevista e exame fÌsico, com roteiro previamente entregue aos estudantes. PORTO (1982) enfatiza que saber entrevistar pacientes constitui-se em um processo social, de interaÁ„o entre o profissional e o enfermo. H· que se garantir um ambiente propÌcio para isto, o que muitas vezes torna-se difÌcil em hospitais universit·rios; deve ocorrer uma predisposiÁ„o do paciente em fornecer informaÁıes, o que tambÈm pode tornar-se uma condiÁ„o dificultada, pelo ac˙mulo de estudantes e outros profissionais que entrevistam o mesmo indivÌduo, v·rias vezes ao dia. AlÈm disso, complementa PORTO (1982) que a linguagem empregada para se obter a entrevista, em alguns momentos torna-se ininteligÌvel para os
entrevistados; os quadros de referÍncias existentes, em geral, s„o distintos, tanto por parte do profissional, quanto do aluno, como do paciente. Existem diferentes culturas entre estas pessoas; a reaÁ„o dos pacientes pode variar, ante os estÌmulos apresentados pelos entrevistadores e vice-versa. Estes, entre outros, podem ser elementos dificultadores, para se obter uma entrevista. O exame fÌsico complementar ‡ abordagem inicial possui um grande significado psicolÛgico para os enfermos e adquirir habilidades suficientes para realiz·-lo com adequacidade, demanda experiÍncia, tempo, respeito m˙tuo, seriedade e seguranÁa, aspectos estes que n„o est„o prontos, mas vÍm sendo adquiridos, de modo gradual, pelos estudantes, em seu processo de aprendizagem. Acrescenta-se a este fato a situaÁ„o usualmente encontrada nos pacientes com alteraÁıes neurolÛgicas, j· comentadas por SMELTZER & BARE (1994 a, b) particularmente os que apresentam seq¸elas destas enfermidades. Acredita-se que ìo que chama a atenÁ„o inicial do examinadorî, em geral, È a parte fÌsica, que no caso de indivÌduo com patologia neurolÛgica, muitas vezes, encontra-se lesada, observando-se presenÁa de deformidades, cabeÁas alopÈcicas, Ûrg„os do sentido alterados, marchas sem simetria, quedas ao solo, conversas desconexas, aparentando que as pessoas encontram-se, as vezes, com dist˙rbios psiqui·tricos, entre outras situaÁıes. Como em geral, as capacidades fÌsicas dos pacientes s„o as inicialmente procuradas pelos estudantes, para darem inÌcio ao processo interacional com os enfermos, particularmente no ato de realizaÁ„o da primeira entrevista, È de se esperar que as valorizem, mais que as outras. Afirma STEFANELLI (1990) que fala-se muito sobre a import‚ncia do enfermeiro saber comunicar-se, sobre a necessidade que ele tem de desenvolver competÍncia no relacionamento interpessoal, mas na pr·tica, de um modo geral, isso n„o È observado. FERRAZ et al. (1995) acrescentam que os enfermeiros n„o conhecem as estratÈgias de comunicaÁ„o terapÍutica e os modos de comunicaÁ„o n„o-terapÍutica, apesar de terem tido este conte˙do em algum momento de sua formaÁ„o acadÍmica. Esta dificuldade inicia-se no Curso de GraduaÁ„o e provavelmente agrava-se, caso os estudantes iniciem seus contactos com pacientes portadores de dist˙rbios relacionados ‡ comunicaÁ„o e, possivelmente, prossegue durante toda a vida profissional, se n„o for desestimulada pelos professores, atravÈs do estabelecimento de uma relaÁ„o de ajuda aos alunos. AlÈm disso aprender a comunicar-se efetivamente com os doentes, significa, em inst‚ncia maior, iniciar os primeiros passos para tornar-se um agente ativo da aÁ„o de realizar Enfermagem, assumindo um compromisso para com a profiss„o e uma postura de
domÌnio da situaÁ„o e n„o apenas de mero espectador da mesma. SMELTZER & BARE (1994 a) citam que a ·rea de Enfermagem NeurolÛgica possibilita a realizaÁ„o profissional ao enfermeiro, pois proporciona a oportunidade de reabilitar funcionalmente os enfermos, que encontram-se com perdas decorrentes de fraquezas, imobilidades, comprometimentos de reflexos posturais, dores articulares entre outros. Ou seja, È particularmente a capacidade fÌsica que aparenta ter a maior alteraÁ„o e, praticando a reabilitaÁ„o, o profissional de Enfermagem, consegue melhorar a qualidade de vida destas pessoas. A tendÍncia de estimaÁ„o dos aspectos estritamente biolÛgicos, no entanto, foi reduzida em relaÁ„o ao levantamento efetuado com alunos do mesmo semestre letivo, em 1995, por BACHION et al.(1995), pois mesmo apesar de somente 11 alunos, 10 pacientes e 28 atribuiÁıes diagnÛsticas relatadas, estarem sendo considerados no atual estudo, observou-se que padrıes de respostas humanas, anteriormente n„o t„o claramente ìpercebidosî pelos estudantes, passaram a ser contemplados por eles, como ocorreu, por exemplo, com os Padrıes Comunicar, Perceber e Escolher. Pode-se supor ent„o que os docentes da disciplina em quest„o, em esforÁo conjunto, incrementaram o ensino sobre estas outras abordagens alÈm da predominantemente biolÛgica, mesmo em se tratando de enfermos com problemas neurolÛgicos, na tentativa cada vez maior de procurarem levar ‡ compreens„o dos estudantes que o homem a ser assistido deve ser contemplado de forma integral, holÌstica, por ser criatura indivisÌvel e n„o apenas portador de um corpo fÌsico e visÌvel. Acreditam, como explica BACHION et al. (1995), que para acontecer este tipo de abordagem global, È necess·rio que ocorra uma busca de dados, abrangendo diferentes e mais ìprofundosì aspectos, para que os demais padrıes sejam encontrados. A abordagem eclÈtica adotada para construir o instrumento de coleta de dados, favorece a aquisiÁ„o de dados de todos os padrıes. A intencionalidade dos professores em desenvolver nestes alunos, habilidades de an·lise e sÌntese no julgamento clÌnico, parece ent„o estar resultando em experiÍncia positiva, formando-se por referÍncia o perfil de Padrıes de Respostas Humanas encontrados neste estudo.
Enfermagem MÈdica, na EERP-USP e receberam vinte e oito diferentes atribuiÁıes diagnÛsticas, segundo a Taxonomia 1 da NANDA (1994);
no Nordeste - momento e tendÍncias. Enfermagem CientÌfica , Rio de Janeiro, n. 1, p. 28-31, 1990.
S„o Paulo: Manole, 1978. 545 p.
EPU/SPRINGER/EDUSP, 1979. 372 p.
curricula. J.Prof.Nurs. , v.5, n. 3. p.140-43,
SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner/Suddarth : tratado de enfermagem mÈdico-cir˙rgica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994 a. Cap. 56, p. 1395-1440: Tratamento de pacientes com dist˙rbios neurolÛgicos.
SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner/Suddarth : tratado de enfermagem mÈdico-cir˙rgica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994 b. Cap. 57, p. 1441-1505: Tratamento de pacientes com doenÁas neurolÛgicas.
STEFANELLI, M. C. ComunicaÁ„o terapÍutica enfermeira-paciente avaliaÁ„o de ensino. Enfermagem CientÌfica , Rio de Janeiro, n. 1, p. 4-10, 1990.