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Papel das Novas Tecnologias na Participação Democrática e Cidadania em Rede: Estudo sobre , Notas de aula de Comunicação

Este artigo investiga o papel das mídias e das novas tecnologias da informação na efectivação da participação democrática e da cidadania em rede. O texto aborda a complexidade das interações em redes sociais como orkut, facebook e twitter, analisando o papel dos ativistas digitais como filtradores e organizadores de informação. Além disso, o autor questiona os modelos teóricos tradicionais que conferem um papel ao gatekeeper na produção de notícias, em face das novas tecnologias.

O que você vai aprender

  • Como os ativistas digitais atuam como filtradores e organizadores de informação na internet?
  • Como os blogs e redes sociais online servem como espaços de articulação social em rede?
  • Quais são as implicações das interações em redes sociais online em relação ao excesso de informações na internet?
  • Como as interações em redes sociais online alteram a noção de hierarquia entre emissor e receptor?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Havaianas81
Havaianas81 🇧🇷

4.6

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ATIVISMO DIGITAL E AS NOVAS MÍDIAS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA
CIDADANIA EM REDE
DIGITAL ACTIVISM AND NEW MEDIA: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES
OF CITIZENSHIP NETWORK
Rafael Santos de Oliveira
RESUMO
As novas tecnologias da informação e comunicação, especialmente a Internet, trouxeram
diversas mudanças ao contexto social contemporâneo. As manifestações sociais ganharam
novos espaços e o ativismo em prol de certas causas ganhou uma nova forma de concretizar a
participação democrática em rede. Nesse contexto, o presente artigo analisa a interação das
novas mídias com a prática do ativismo digital visando identificar os limites e oportunidades
que essas novas tecnologias propiciam. Investiga-se o papel que os blogs e certas redes sociais
online exercem como espaços de articulação social em rede, além da contribuição dos
ativistas enquanto organizadores (gatewatchers) da excessiva informação disposta na internet
no intuito de potencializar a atenção social para certos aspectos.
Palavras-chave: ativismo digital; novas mídias; sociedade informacional; tecnologias da
informação e comunicação
ABSTRACT
The new technologies of information and communication, especially the Internet, brought
diverse changes to the contemporaneous social context. The socials manifestations have
gained new spaces and social activism on towards certain causes has a new way of achieving
democratic participation in the network. In this context, this article analyzes the interaction of
new media with the practice of digital activism aimed at identifying the limitations and
opportunities that these new technologies provide. Investigates the role that blogs and online
social networks exert certain places of articulation as social networking, beyond the
contribution of the activists while organizers (gatewatchers) of excessive information
displayed on the Internet in order to maximize attention to social aspects.
Keywords: digital activism; new media; information society; information technology and
communication
INTRODUÇÃO
A Internet
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se consolidou como uma nova mídia sem precedentes utilizando-se da
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“A internet nasceu em1969, nos Estados Unidos. Seu nome original era ARPA (Advanced Research Projects
Agency). Criada na época da Guerra Fria, a ARPA era uma rede do departamento de defesa norte-americano que
tinha por função interligar centros de pesquisas. A internet foi concebida como uma rede sem um ponto de
comando central único e essa construção permite que ela continue ativa mesmo em caso de suspensão nas
comunicações de alguns de seus centros. Todos os pontos da rede têm o mesmo poder de comunicação. [...] A
WWW (World Wide Web), nascida em 1991, corresponde à parte da Internet construída a partir de princípios do
hipertexto. A WWW foi desenvolvida por Tim Berners-Lee, que trabalhava para o CERN, um laboratório de
pesquisas europeu sediado na Suíça. A Web baseia-se numa interface gráfica e permite o acesso a dados diversos
(textos, músicas, sons, animações, filmes, etc.) através de um simples “clicar” do mouse. Devido à facilidade que
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ATIVISMO DIGITAL E AS NOVAS MÍDIAS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA

CIDADANIA EM REDE

DIGITAL ACTIVISM AND NEW MEDIA: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES

OF CITIZENSHIP NETWORK

Rafael Santos de Oliveira RESUMO As novas tecnologias da informação e comunicação, especialmente a Internet, trouxeram diversas mudanças ao contexto social contemporâneo. As manifestações sociais ganharam novos espaços e o ativismo em prol de certas causas ganhou uma nova forma de concretizar a participação democrática em rede. Nesse contexto, o presente artigo analisa a interação das novas mídias com a prática do ativismo digital visando identificar os limites e oportunidades que essas novas tecnologias propiciam. Investiga-se o papel que os blogs e certas redes sociais online exercem como espaços de articulação social em rede, além da contribuição dos ativistas enquanto organizadores ( gatewatchers ) da excessiva informação disposta na internet no intuito de potencializar a atenção social para certos aspectos.

Palavras-chave: ativismo digital; novas mídias; sociedade informacional; tecnologias da informação e comunicação

ABSTRACT The new technologies of information and communication, especially the Internet, brought diverse changes to the contemporaneous social context. The socials manifestations have gained new spaces and social activism on towards certain causes has a new way of achieving democratic participation in the network. In this context, this article analyzes the interaction of new media with the practice of digital activism aimed at identifying the limitations and opportunities that these new technologies provide. Investigates the role that blogs and online social networks exert certain places of articulation as social networking, beyond the contribution of the activists while organizers (gatewatchers) of excessive information displayed on the Internet in order to maximize attention to social aspects.

Keywords: digital activism; new media; information society; information technology and communication

INTRODUÇÃO A Internet^1 se consolidou como uma nova mídia sem precedentes utilizando-se da

(^1) “A internet nasceu em1969, nos Estados Unidos. Seu nome original era ARPA ( Advanced Research Projects Agency ). Criada na época da Guerra Fria, a ARPA era uma rede do departamento de defesa norte-americano que tinha por função interligar centros de pesquisas. A internet foi concebida como uma rede sem um ponto de comando central único e essa construção permite que ela continue ativa mesmo em caso de suspensão nas comunicações de alguns de seus centros. Todos os pontos da rede têm o mesmo poder de comunicação. [...] A WWW ( World Wide Web ), nascida em 1991, corresponde à parte da Internet construída a partir de princípios do hipertexto. A WWW foi desenvolvida por Tim Berners-Lee, que trabalhava para o CERN, um laboratório de pesquisas europeu sediado na Suíça. A Web baseia-se numa interface gráfica e permite o acesso a dados diversos (textos, músicas, sons, animações, filmes, etc.) através de um simples “clicar” do mouse. Devido à facilidade que

velocidade na transmissão da notícia que o rádio apresenta, do entretenimento e das imagens atraentes com diversos recursos visuais que a TV propicia, tudo isso associado a novas técnicas de vídeo e animação, criadas especialmente para o mundo virtual. 2 Além dessas peculiaridades, a Internet permite uma experiência ímpar de aproximar emissor e receptor, algo que somente ocorria em uma comunicação interpessoal, jamais mediante utilização de um meio de comunicação de massa. Atualmente, em face das novas tecnologias da informação e comunicação a interação praticamente não possui limites. Vídeos, fotos e textos são compartilhados, comentados, criticados em uma vasta rede que interconecta diversos usuários da Internet localizados nos mais diversos lugares do planeta. Essas características favorecem o surgimento de movimentos organizados em rede no intuito de contestar fatos políticos, sociais e até mesmo jurídicos. Por meio da complexidade da interação propiciada pela rede é possível uma leitura diferenciada dos fatos e uma percepção com novas possibilidades graças à utilização de novas ferramentas e de hipertextos.^3 Essa nova forma de produção da informação desafia não somente a forma de se fazer jornalismo, mas todas as demais atividades da vida cotidiana, inclusive em âmbito político. Conforme destaca Manuel Castells “[...] ao contrário da televisão, os consumidores da Internet também são produtores, pois fornecem conteúdo e dão forma à teia. Assim, o momento de chegada tão desigual das sociedades à constelação da Internet terá consequências duradouras no futuro padrão da comunicação e da cultura mundiais”.^4 Dentro desse contexto é que se desenvolve o presente artigo no intuito de identificar o papel da mídia e das novas tecnologias da informação enquanto fatores de efetivação da participação democrática e da cidadania em rede. Dentro desse contexto, busca- se, ainda que não exaustivamente, identificar os novos contornos midiáticos decorrentes dos avanços nas tecnologias informacionais (1) e sua relação entre o ativismo digital e as novas mídias (2). Isso se dá mediante identificação da emergência do blogs enquanto fonte de

sua interface oferece, a Web vem crescendo de uma forma vertiginosa. Antes da WWW, era necessário conhecer comandos UNIX para ‘acessar’ a Internet” LEÃO, Lúcia. O labirinto da hipermídia : arquitetura e navegação no ciberespaço. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2001. p. 22-23. 2 De acordo com Manuel Castells, “a criação e o desenvolvimento da Internet nas três últimas décadas do século XX foram consequência de uma fusão singular de estratégia militar, grande cooperação científica, iniciativa tecnológica e inovação contracultural”. Para uma compreensão mais detalhada sobre a criação da internet consultar: CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação – economia, sociedade e cultura. v.

  1. Tradução de Roneide Venâncio Majer. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. p. 82-89. 3 “O hipertexto é um documento digital composto por diferentes blocos de informações interconectadas. Essas informações são amarradas por meio de elos associativos, os links. Os links permitem que o usuário avance em sua leitura na ordem que desejar” LEÃO, Lúcia. O labirinto da hipermídia : arquitetura e navegação no ciberespaço. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2001. p.15 4 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação – economia, sociedade e cultura. vol. 1. 10 ed. Tradução de Roneide Venâncio Majer.São Paulo: Paz e Terra, 2007. p. 439.

Nesse sentido, destaca Wilson Dizard Jr. que “[...] a nova mídia não é apenas uma extensão linear da antiga. A mídia clássica e a nova mídia oferecem recursos de informação e entretenimento para grandes públicos, de maneira conveniente e a preços competitivos”.^10 Dessa forma, o autor afirma que a diferença em relação à nova mídia é que ela proporciona uma pluralidade de novos recursos aos consumidores graças à Internet , resultando em uma “conexão interativa entre o consumidor e o provedor de informação”.^11 Essa peculiaridade apresenta ainda uma nova dimensão junto ao atual padrão da mídia, tendo em vista que se parte de uma mídia unidirecional, gerada e difundida por uma fonte centralizada e avança-se para uma nova mídia cada vez mais interativa, a qual permite que os consumidores possam escolher os recursos de informação desejados no momento e formato que o desejarem. Com isso, rompe-se com a tradicional comunicação unidirecional, característica da comunicação de massa, emergindo a possibilidade de uma interação plural que propicia uma diversidade de diálogos junto ao espaço público virtual que, graças aos novos recursos, como os blogs , favorece o surgimento de uma mídia alternativa. A mudança na mídia tradicional, contudo, já vem ocorrendo há décadas. O diferencial desse período de transição é que o ritmo das alterações está mais acelerado em face das pressões que a Internet impõe à mídia tradicional. As redes de computadores e outras tecnologias de ponta “[...] deixaram de ser fenômenos periféricos; são a força dominante que está remodelando o futuro das indústrias de mídia”.^12 Nota-se, também, que as alterações não se restringem somente aos meios de comunicação, pois a forma e direção da sociedade contemporânea e tudo aquilo que se julga importante no processo de tomada de decisões diárias por parte da população também é afetado por tais mudanças,^13 razão pela qual é no espaço virtual que o ativismo ganha espaço considerável. Conforme refere Manuel Castells, as alterações no meio virtual das redes geram transformações nas relações de poder. Dessa forma, o poder da informação confere àqueles que detêm as conexões da rede a possibilidade de influenciar os processos políticos e todas as demais interações sociais contemporâneas. Para ele, “como a informação e a comunicação circulam basicamente pelo sistema de mídia diversificado, porém abrangente, a prática da

(^10) DIZARD JR., Wilson. A nova mídia : a comunicação de massa na era da informação. Tradução de Edmond Jorge. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. p. 40-41. 11 12 Ibidem. 13 Ibidem,^ p. 254. Ibidem.

política é crescente no espaço da mídia”.^14 Além disso, o autor destaca que nesse espaço virtual das redes, a liderança política pode ser personalizada diante da formação de imagens que geram poder. Todavia, ressalta, ainda, que nem toda política pode vir a ser reduzida a meros efeitos de mídia. Isso porque, independentemente de quais sejam “os atores políticos e suas preferências, eles existem no jogo do poder praticado através da mídia e por ela, nos vários e cada vez mais diversos sistemas de mídia que incluem as redes de comunicação mediada por computadores”.^15 Essa constatação permite que se afirme que as novas mídias geram uma necessidade de alteração na forma de se fazer política.^16 A remodelagem da política para se adequar à linguagem da nova mídia traz profundas consequências para os atores e instituições políticas, e isso merece a atenção por parte dos estudiosos desses fenômenos e, inclusive daqueles ligados à área jurídica.

2 A RELAÇÃO ENTRE O ATIVISMO DIGITAL E AS NOVAS MÍDIAS

Atualmente, existe uma maior interlocução entre os que produzem o conteúdo e os que consomem essa informação. Com isso, os modelos teóricos até então existentes e que conferem um papel ao gatekeeper^17 como uma figura de destaque no processo de produção das notícias precisam ser questionadas em face das novas tecnologias da informação e comunicação. Essas peculiaridades propiciam, ainda, uma descentralização da informação que se encontra em rede e, com isso, favorece a comunicação horizontal que, aliada às especificidades da Internet, acaba por alterar a noção de hierarquia entre emissor e receptor tal como presente nos estudos tradicionais da comunicação.

(^14) CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação – economia, sociedade e cultura. v. 1. Tradução de Roneide Venâncio Majer. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. p 572. 15 16 Ibidem. O autor destaca, ainda, que “a política também é uma crescente área de utilização da CMC” [comunicação global mediada por computadores]. Por um lado, o correio eletrônico está sendo usado para a difusão massificada de propaganda política dirigida com possibilidade de interação. As campanhas eleitorais de todos os países iniciam seus trabalhos criando seus sítios na web. Os políticos fazem suas promessas em suas páginas da Internet. Grupos fundamentalistas cristãos, a milícia norte-americana nos EUA e os zapatistas no México são os pioneiros dessa tecnologia política”. 17 Ibidem, p. 447-448. O conceito de gatekeeper (porteiro) “refere-se à pessoa que toma uma decisão após uma seqüência de decisões” TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2001. p. 68. Segundo o Mauro Wolf, a função de gatekeeper junto aos mass media inclui todas as formas de controle da informação que podem ocorrer nesse complexo processo, de maneira que as decisões também passam por selecionar outros atributos que envolvem a codificação da mensagem, a formação da mensagem, sua difusão, programação e exclusão integral ou não da mensagem. WOLF, Mauro. Teorie delle comunicazioni di massa.

  1. ed. Milão: Bompiani, 2006. p 181-182.

Dessa forma, ao invés de necessitar sintetizar tais informações, o papel do gatewatcher , em face do jornalismo online , é o de reunir as informações e repassar aos leitores os links onde elas podem sem encontradas. Além disso, outro aspecto interessante desse fenômeno é que em face da descentralização da informação torna-se possível que os próprios leitores auxiliem nesse processo ao também publicar as suas interpretações para aquela informação. Axel Bruns sustenta, ainda, que esses “bibliotecários” também se encontram inseridos no processo de publicação de informações e não somente de sistematização das fontes. Por essa razão, o papel do gatewatching favorece uma dinâmica de troca de informações que potencializa a capacidade de comunicação interpessoal horizontal por meio de links interativos existentes em certos sites (principalmente em blogs ) que permitem o envio de uma notícia com comentários pessoais para outras pessoas, sendo justamente nesse universo que o ativismo em prol de certas causas ganha espaço e evidencia sua força de articulação em rede. A proposta de Axel Bruns confere novo olhar ao newsmaking online, ao propiciar diversos pontos de discussão e de reflexão. O autor observa ainda que o gatewatching deve ser compreendido mediante uma análise de site para site, tendo em vista que em alguns casos ele suplanta por completo as práticas tradicionais de gatekeeping e, em outros, o complementa de maneira significativa.^21 O autor também observa que o modelo do gatewatching pode ser descrito como um modelo de jornalismo participativo ( participatory journalism )^22 devido aos

mundo todo são colhidas, organizadas segundo o assunto e exibidas de acordo com o interesse de cada leitor. Tradicionalmente, leitores de notícias escolhem primeiro uma publicação e só depois procuram as manchetes que os interessam. Nossa abordagem é diferente: queremos oferecer opções mais personalizadas e uma maior variedade de perspectivas. O Google Notícias primeiro oferece links para diversos artigos sobre um determinado tema. Ou seja, depois de escolher o tópico do seu interesse, você pode selecionar o jornal ou site de sua preferência e conhecer sua versão dos fatos. É só clicar no título do artigo que lhe interessa para ir diretamente ao site que publicou a matéria. Nossos artigos são selecionados e ordenados por computadores programados para avaliar, dentre outras variáveis, com que frequência e em que sites um artigo é veiculado on-line. Resultado: as matérias são selecionadas sem considerar a linha editorial ou ideologia da fonte, e você pode ler diferentes perspectivas sobre o mesmo assunto. Continuaremos a aperfeiçoar o Google Notícias adicionando fontes, melhorando nossa tecnologia e estendendo nosso serviço a leitores em outras regiões”. SOBRE o Google Notícias. Disponível em: http://news.google.com.br/intl/pt-BR_ALL/about_google_news.html Acesso em: 4 maio.2011. 21 Interessante ressaltar que Axel Bruns compreende que o gatewatcher continua a ser uma espécie de gatekeeper , tendo em vista que mantém controle sobre o que incluir ou não em sua “biblioteca”. Por outro lado, o gatewatcher apresenta algumas peculiaridades interessantes. Uma dessas peculiaridades é a possibilidade de veiculação de informações mais profundas em face da potencial exploração das fontes diretamente pelos leitores e, outra peculiaridade, é que o processo de coleta de notícias torna-se mais transparente tendo em vista que os leitores podem verificá-las por si próprios pois são, inclusive, estimulados a fazer tal conferência. Cf. BRUNS, Axel. Gatewatching, Not Gatekeeping: Collaborative Online News. Media International Australia, Incorporating Culture & Policy. 22 v. 107, maio 2003, p. 31- Um exemplo dado pelo autor para a abordagem colaborativa do gatewatching é o site MediaChannel.org. Trata-se de um site que combina os relatórios sobre questões relacionadas a mídia com uma rede de mais de mil meios de comunicação alternativos filiados em todo o mundo [até o início de 2010 haviam 1107 afiliados]. BRUNS, Axel. Gatewatching: collaborative online news production. Nova York: Peter Lang, 2005. p.141-150.

diversos pontos de vista expressados pelos participantes da audiência que conduzem a uma cobertura multifacetada e com multiperspectivas acerca dos eventos noticiados. 23 Por fim, o autor alerta para a constatação de que grandes partes dos links presentes nos sites analisados em sua obra remetem para notícias produzidas pela mídia profissional. Ou seja, apesar de o gatewatcher efetuar as ligações e análise de certas informações, ainda há uma dependência quanto à produção das notícias pelos meios de comunicação estabelecidos profissionalmente. Essa dependência, apesar de se encontrar num processo de diminuição em face da emergência do chamado jornalismo participativo, acaba desempenhando uma função interessante para tais meios tradicionais. Na medida em que mais comentários são realizados a partir dessas notícias, maior será a capacidade de circulação e visibilidade que o assunto ganhará junto à Internet e, consequentemente, garantirá uma sobrevida a essa informação maior do que se ela estivesse tão somente num meio tradicional (jornal impresso, por exemplo), ou no site do próprio jornal online , que por vezes mantém um acesso ilimitado às notícias somente para os seus assinantes. Em face dessas características anteriormente expostas e da percepção acerca da intrínseca relação existente entre o ativismo digital e a mídia é que o jornalista inglês George Monbiot buscou contribuir para o movimento em rede. Mobiot elaborou um manual para os ativistas “aproveitarem-se” das mídias. Sua intenção era a de mostrar o caminho que percorre a informação até se tornar notícia e como um membro de uma ONG, por exemplo, deve se comportar perante um jornalista para que sua causa seja reconhecida.^24 Essa publicação demonstra claramente essa necessidade de qualificação do ativismo em rede para explorar de forma mais racional e efetiva as novas tecnologias da

No Brasil, essa rede encontra-se vinculada ao Centro de Mídia Independente (CMI). Segundo a definição disponível em seu site , o CMI Brasil “é uma rede de produtores e produtoras independentes de mídia que busca oferecer ao público informação alternativa e crítica de qualidade que contribua para a construção de uma sociedade livre, igualitária e que respeite o meio ambiente. O CMI Brasil quer dar voz a quem não têm voz constituindo uma alternativa consistente à mídia empresarial que frequentemente distorce fatos e apresenta interpretações de acordo com os interesses das elites econômicas, sociais e culturais. A ênfase da cobertura é sobre os movimentos sociais, particularmente, sobre os movimentos de ação direta (os "novos movimentos") e sobre as políticas às quais se opõem. A estrutura do site na internet permite que qualquer pessoa disponibilize textos, vídeos, sons e imagens tornando-se um meio democrático e descentralizado de difusão de informações”. SOBRE o Centro de Mídia Independente. Disponível: <http://www.midiaindependente.org/pt/blue/ static/about.shtml> Acesso em 15 mar.2010. Por fim, cumpre ressaltar, ainda, que o Independent Media Center (CMI ou Indymedia) foi criado por um grupo de ativistas para cobrir as manifestações contra a Organização Mundial do Comércio em Seattle em 1999. Com o sucesso na cobertura feita por voluntários munidos de câmeras e gravadores, o CMI ganhou notoriedade e gerou projetos semelhantes no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Cf.Independent Media Center. Disponível em: http://www.indymedia.org Acesso em: 05 mar.2010. 23 24 BRUNS, Axel.^ Gatewatching:^ collaborative online news production. Nova York: Peter Lang, 2005. p. 2. MONBIOT, George. An Activist’s Guide to Exploiting the Media. Disponível em: < http://www.ligali.org/pdf/AnActivistsGuide.pdf > Acesso em: 6 maio.2011.

permanente), o que facilita sua conexão a partir de sites externos”.^29 Outra característica peculiar é que as informações podem ser arquivadas “cronológica (por meses e anos) e tematicamente (por categorias) e é possível ter um buscador interno para tornar sua localização mais fácil”.^30 Por isso, os blogs apresentam uma novidade formal, tendo em vista que a disposição do seu conteúdo foge do modelo tradicional baseado na hierarquização da informação de acordo com a sua importância para priorizar a informação mais recente. Os blogs , essencialmente, requerem uma atualização contínua e, portanto, pela sua simplicidade e agilidade para publicação de novos conteúdos, conseguem realizar um “antigo fetiche jornalístico: vencer o tempo”.^31 Ou seja, enquanto os jornais tradicionais ainda necessitam de um tempo maior até levar ao público a notícia, os blogs conseguem isso em tempo recorde. Depois de publicada na Internet , a informação-notícia veiculada nos blogs resiste aos efeitos do tempo, pois, enquanto no jornal tradicional o contato com a notícia pelo público não dura mais do que alguns dias, a informação presente na Internet fica disponível para eventuais consultas futuras, representando, com isso, uma permanência à disposição do leitor muito mais significativa do que aquilo que foi apenas disponibilizado pela mídia tradicional impressa. Outro aspecto interessante a ser frisado relaciona-se com um elemento que diferencia o blog dos demais tipos de sites: a possibilidade de inserção de comentários nas informações veiculadas. Grande parte dos pesquisadores sobre blogs apontam para certos acontecimentos de repercussão mundial como sendo marcantes para a popularização dessa forma de informação em rede. Os principais exemplos desse papel dos blogs puderam ser vistos durante os atentados de 11 de setembro, Guerra do Iraque^32 , campanha presidencial dos Estados Unidos, os atentados terroristas em Madri de 11 de março, dentre outros. A cobertura desses fatos por essa nova mídia “ressaltaram a importância informativa dos blogs como fontes

(^29) Ibidem, p. 3. (^30) Ibidem, p. 4. (^31) ESCOBAR, Juliana Lúcia. Blogs como nova categoria de webjornalismo. In: AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra Portella (Orgs.) Blogs.com : estudos sobre blogs e Comunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 232. 32 No que se refere à Guerra do Iraque (2003) diversos estudos apontam para a forte influência política que os blogs tiveram nesse episódio visando manifestar contrariedade a essa postura bélica. O blog MoveOn é apontado como um dos primeiros a manifestar internacionalmente e de forma desvinculada das grandes mídias tradicionais de massa, essa contrariedade a guerra. Cf. MoveON.org: Democracy in action. Disponível em: http://www.moveon.org

complementares, alternativas e críticas diante da mídia tradicional”.^33 José Luis Orihuela destaca também o crescente papel dos blogs, ao referir, por exemplo, que “as credenciais concedidas aos blog ueiros^34 durante as convenções democratas e republicanas de 2004, nos Estados Unidos, assinalam um ponto de singular importância no processo de reconhecimento dos blogs como atores midiáticos”.^35 Essa importância^36 e reconhecimento, todavia, não se desenvolve uniformemente em todos os países, pois em muitos deles essa é uma categoria que ainda não goza de um status bem definido e, em outros, há forte censura a esse tipo de crítica exercida por meio desse tipo de site. O interessante, contudo, é notar que o papel dos blogs , enquanto meios de manifestação política,^37 causa em certos países reações extremas. No Irã, por exemplo, tem sido bastante comum a prisão de blogueiros que lutam contra a censura e filtragem de informações na Internet. Desde as eleições presidenciais de 12 de junho de 2009, as autoridades iranianas já prenderam diversos jornalistas e ativistas políticos e também blogueiros.^38 De qualquer forma, é cada vez mais perceptível que os blogs possibilitaram que as pessoas manifestassem sua insatisfação (e até indignação) com certos fatos políticos e até mesmo com a própria forma como a mídia tradicional se comporta, sendo, portanto, uma das principais ferramentas empregadas pelos ativistas digitais. Leonardo Foletto refere que muitos blogs se transformaram em “observatórios da

(^33) ORIHUELA, José Luis. Blogs e blogosfera: o meio e a comunidade. In: ORDUÑA, Octavio I. Rojas; ALONSO, Alonso; ANTÚNEZ, José Luis; ORIHUELA, José Luis; VARELA, Juan. Blogs: revolucionando os meios de comunicação. Tradução de Vertice Translate. São Paulo: Thomson Learning, 2007. p. 7. 34 Blogueiro é a expressão utilizada no Brasil para se referir àquela pessoa que escreve e é responsável por algum blog 35. 36 ORIHUELA, José Luis.^ Op. cit.^ p. 7. Segundo José Luis Orihuela “a importância relativa dos blogs em relação a outros atores tem menos a ver com a popularidade (número de visitas e quantidade de comentários por história) e mais com sua influência potencial ou centralidade (média ponderada de links de entrada e saída), já que esse segundo elemento é o que lhes confere alva visibilidade diante dos buscadores e dentro da própria comunidade da blogosfera”. 37 Ibidem, p. 8. “No campo da política, a rede mundial de computadores se configura como importante espaço de informação, debates e interações entre os diversos atores sociais. As diversas possibilidades da internet trazem uma nova dinâmica para as relações políticas, introduzindo novas práticas, atores e sociabilidades mediadas por essas NTICs [Novas Tecnologias de Informação e Comunicação]. [...] A mídia tradicional é uma fonte de informação vertical, ou seja, dos emissores para os receptores. As NTICs, por sua vez, agregam a essa relação a possibilidade de os receptores serem produtores de informações, além de permitirem a interação. PENTEADO, Cláudio; SANTOS, Marcelo dos; ARAÚJO, Rafael Araújo. O movimento Cansei na blogosfera: o debate nos blogs de política. In: AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra Portella (Orgs.) Blogs.com 38 : estudos sobre blogs e Comunicação.São Paulo: Momento Editorial, 2009. p.135-136. IRÃ: Nova onda de prisões de blogueiros. Disponível em: <http://pt.globalvoicesonline.org/2010/03/24/ira- nova-onda-de-prisoes-de-blogueiros> Acesso em: 25 mar.2010.

propriamente dito. O ativismo em blogs pode ser visualizado em diversas práticas recentes praticadas por ONGs ambientalistas como o Greenpeace e WWF, apenas para citar um exemplo. A Hora do Planeta também conhecida como Earth Hour foi criada em 2007 como uma forma de mobilização social sobre a importância de se enfrentar as mudanças climáticas. Assim, por iniciativa do WWF, a campanha consistiu em convidar pessoas, empresas, órgãos governamentais, etc. a apagar as suas luzes pelo período de uma como forma de mostrar apoio ao combate ao aquecimento global. O Quadro abaixo demonstra a evolução do número de participantes desse ato de manifestação:

Quadro 1 – Hora do Planeta DATA ALCANCE 31 de março de 2007 2,2 milhões de moradores de Sidney 29 de março de 2008 50 milhões de pessoas de 35 países e 371 cidades 28 de março de 2009 centenas de milhares de pessoas, mais de 4 mil cidades em 88 países 27 de março de 2010 mais de um bilhão de pessoas, 4.200 cidades em 125 países 26 de março, de 2011 centenas de milhões de pessoas em milhares de cidades e comunidades de 134 países, Fonte:horadoplaneta/hora_do_planeta___edicoes_anteriores/> Acesso em: 4 maio.2011 HORA do Planeta: Edições Anteriores. Disponível em: < http://www.wwf.org.br/informacoes/especiais/

Além da mobilização nos blogs , o movimento ganhou um destaque significativo no Twitter tendo sido um dos assuntos mais comentados nos dias que antecederam a sua realização, bem como, atraiu a atenção de diversas pessoas junto às comunidades criadas especialmente para divulgar a campanha junto ao Facebook^43 e Orkut^44. Segundo dados do WWF, em 2010, mais de 105 países se envolveram nessa campanha tendo apoio de 4211 cidades e 56 capitais nacionais. Além disso, importantes pontos turísticos mundialmente reconhecidos também ficaram no escuro por uma hora (Cristo Redentor, Torre Eiffel, London Eye , Fontana di Trevi e Empire State , dentre outros).^45

Situações como essa demonstram que “o ativismo é um dos traços mais importantes da blogosfera” e, dessa forma, o seu poder não está tão somente em “números brutos, mas nas ideias que chamam a atenção. E agora, pela primeira vez, desde Gutenberg, não há necessidade de acessar um veículo de imprensa (rádio ou televisão) para se chegar à

(^43) Cf. http://www.facebook.com/horadoplaneta (^44) Cf. http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=54135300 (^45) WWW Brasil. Hora do planeta. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/informacoes/especiais/ horadoplaneta> Acesso em: 3 maio.2010.

audiência”.^46

Outro exemplo do ativismo digital por meio de blogs, seguindo essa mesma temática, foi a realização do Blog Action Day (BAD). Trata-se de um evento anual que reúne blogueiros de todo o mundo no intuito de postarem mensagens sobre o mesmo assunto num mesmo dia nos seus próprios blogs , com o objetivo de provocar uma discussão em torno de uma questão de importância global. Em 2009 o Blog Action Day ocorreu no dia 15 de outubro, e teve por tema as mudanças climáticas, tendo contado com a participação de 13. blogs, com mais de 18 milhões de leitores distribuídos por mais de 156 países que realizaram mais de 31 mil posts somente em um dia.

Em face da grandiosa participação alcançada com o Blog Action Day (BAD) o mesmo foi considerado como um dos maiores eventos instigadores de mudança social já realizada na Internet em prol de uma causa ambiental. Na avaliação da última edição do evento, os organizadores da campanha revelaram que a participação maciça dos blogueiros mostrou o poder da Internet em conectar as pessoas ao redor do mundo e que, mesmo com origens diferentes possuem um desejo em comum: fazer a diferença.^47 Diante dessa pluralidade de possíveis manifestações dentro da blogosfera , nota-se que, enquanto as mídias tradicionais apresentam limitações mais complexas para lidar com o assunto e os jornais online ainda transitam para uma inovadora concepção de um fazer jornalístico diferenciado, os blogs se mostram muito mais ágeis para lidar com essas situações. Isso porque o processo de publicação nesses espaços não requer muitos investimentos e permite uma liberdade de expressão enormemente superior a encontrada em outras mídias. O problema, contudo, talvez esteja na ausência de um nível de credibilidade adequado que permita estabelecer uma relação direta de confronto à mídia tradicional.^48

(^46) VARELA, Juan. Jornalismo participativo: o Jornalismo 3.0 In: ORDUÑA, Octavio I. Rojas; ALONSO, Alonso; ANTÚNEZ, José Luis; ORIHUELA, José Luis; VARELA, Juan. Blogs: revolucionando os meios de comunicação. Tradução de Vertice Translate. São Paulo: Thomson Learning, 2007. p. 83. 47 48 Cf. http://www.blogactionday.org Segundo Raquel Recuero, um serviço que mede a credibilidade dos blogs é realizado pelo site Technorati que mede a autoridade dos blogs a partir da quantidade de links que um determinado post recebe. Dessa forma, explica a autora, que “a autoridade é relacionada à influência, à capacidade de um blog de gerar conversas na blogosfera. A autoridade de um ator no Twitter , outro exemplo, poderia ser medida não apenas pela quantidade de citações que um determinado ator recebe, mas principalmente pela sua capacidade de gerar conversações a partir daquilo que diz (o que não é, necessariamente, um sinônimo de citação). Como muitos atores utilizam o Twitter como uma fonte de informações há uma possível capacidade de gerar autoridade (a partir da influência) muito grande no sistema. Portanto, o número de seguidores de um perfil no Twitter poderia ser, também uma medida de autoridade. Assim, a medida de autoridade é uma medida que só pode ser percebida através de processos de difusão de informações nas redes sociais e da percepção dos atores dos valores contidos nessas informações”. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 113-114.

interação, são considerados como “lugares de fala construídos pelos atores de forma a expressar elementos de sua personalidade ou individualidade”.^52 Constata-se que as redes sociais na Internet são um fenômeno com características muito peculiares e interessantes. Cada uma dessas diversas redes apresenta finalidades específicas e, em alguns casos, muito próximas entre si. Ao analisá-las sob um enfoque político, por exemplo, percebe-se que os diversos atores políticos nacionais e internacionais já se encontram presentes nessas redes por considerarem tal participação como algo imprescindível para poder interagir com o a opinião pública. Cada vez mais políticos e instituições governamentais passaram a participar dessas redes sociais e a dialogar com um público vasto e que busca se informar com muito mais ênfase por meio daquilo que circula na rede do que, em muitos casos, por aquilo que circula pela mídia tradicional.

4.1 a) Orkut e Facebook : redes sociais globais

O Orkut, criado em 24 de janeiro de 2004, é filiado à empresa Google Inc.^53 O nome é originado de um dos engenheiros turcos do Google , chamado Orkut Büyükkokten. Inicialmente, o Orkut foi desenvolvido para o público norte-americano, mas atualmente a grande maioria dos usuários são indianos e brasileiros. No Brasil, segundo os dados do início do ano de 2010, já são mais de 25 milhões de usuários.^54 Do total de usuários do Orkut , 50,64% são brasileiros. A sua concepção sempre foi a de servir como uma rede social ( social network ou community websites ), ao facilitar o contato entre seus membros, bem como, auxiliá-los a conhecer novas pessoas. Em suas origens, o Orkut era um sistema que somente permitia o cadastro de seu usuário se o mesmo tivesse sido convidado por outro usuário já cadastrado. Conforme refere Raquel Recuero, isso acabou "valorizando a entrada de atores, inclusive a venda de convites” em sites de vendas online.^55 O Facebook ,^56 por sua vez, foi lançado em 4 de fevereiro de 2004 e teve como seu fundador Mark Zuckerberg, ex-estudante de Harvard. Inicialmente, o site era de uso restrito aos estudantes de Harvard, posteriormente foi aberto ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e gradualmente a outras instituições de ensino dos Estados Unidos até

(^52) Ibidem, p. 25-26. (^53) O seu endereço na internet é http://www.orkut.com (^54) SOBRE o Orkut. Disponível em: http://www.orkut.com.br/Main#About Acesso em: 4 maio.2011. (^55) RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 166. (^56) O seu endereço na internet é http://www.facebook.com

que, em setembro de 2006, seu acesso foi autorizado a qualquer usuário. Atualmente, o site já conta com mais de 500 milhões de usuários que, no mesmo estilo do Orkut, criam um perfil que pode conter fotos e informações pessoais permitindo a troca de mensagens públicas ou privadas entre os usuários. A grande maioria dos seus usuários são norte-americanos (71%) sendo que no Brasil esse número já ultrapassa os 13 milhões.^57 O Facebook é considerado como a “primeira rede social global”, tendo em vista que nunca um site de relacionamentos alcançou a liderança em tantos países tendo, inclusive, desbancado os líderes de usuários sendo que atualmente é preferência de 30% dos usuários de Internet no mundo. Além disso, a projeção de crescimento do Facebook é impressionante sendo que, somente em 2009, seu crescimento foi de 155%.^58 A interação, tanto no Orkut quanto no Facebook , ocorre por meio de perfis que são criados individualmente com uma série de dados que podem ou não ser fornecidos pelo usuário. Esses diversos perfis, quando se combinam, formam uma grande rede social de amigos e comunidades. Com isso, surge a possibilidade de enviar mensagens para os amigos previamente cadastrados, criar álbuns de fotos que poderão ser compartilhados segundo critérios de divulgação estabelecidos pelo usuário. Um dos problemas existentes, no que tange à possibilidade de criação de perfis pelos usuários dessas redes, é a criação de perfis falsos, chamados de fakes. O controle quanto à veracidade das informações é bastante precário e são bastante comuns os perfis de políticos, por exemplo, que não foram criados pelos próprios, configurando, com isso, uma nova forma de falsidade ideológica. O termo comunidade, segundo a concepção do Orkut, se refere a um grupo de pessoas ligadas por algum interesse em comum representada justamente pelo pertencimento a essa rede de interesses. Dentro dessas comunidades podem ser propostos tópicos de discussão onde cada usuário pode expressar sua opinião e todos os demais podem se manifestar a respeito do que foi escrito. A grande maioria das comunidades existentes no Orkut é do tipo aberta, ou seja, não exigem autorização para participação, mas há, contudo, algumas em que a participação fica condicionada a aceitação do usuário responsável pela criação daquela comunidade.

(^57) Dados de abril de 2011 demonstram que nos Estados Unidos o número de usuários era de 152.189. enquanto que no Brasil o número era de 13.410.180 Cf. <http://www.facebook.com/facebook?ref=pf#!/press/ info.php?statistics> Acesso em: 28 abr.2011. 58 UMA rede global com elementos locais. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/ tecnologia,uma-rede-global-com-elementos-locais,2861,0.shtm> Acesso em: 3 mar.2010.

sustenta que na modernidade líquida existe uma tendência de surgimento de novos tipos de comunidade em substituição àquelas de conteúdo ético, sendo, portanto, denominadas por ele de comunidades estéticas, por serem voláteis, passageiras, formadas em torno de eventos ou espetáculos que muito raramente se fundirão em interesse de um grupo verdadeiro, pois servem apenas para demonstrar um interesse individual a respeito de alguma coisa.^64 Segundo Raquel Recuero, a expressão comunidade utilizada no Orkut "é usada sem a acepção teórica de comunidade virtual". A autora justifica que não acredita que "essas estejam presentes no Orkut. Trata-se, unicamente, de usar o termo através do qual o próprio sistema identifica esses grupos".^65

4.2 Twitter e a política em 140 caracteres

Uma das novas formas de interação e manifestação política que emergiu nos últimos anos junto à Internet é o Twitter. Com a pergunta inicial “O que está acontecendo?” ( What´s happening? ), as mensagens publicadas no Twitter são geralmente respostas curtas às questões de outros usuários ou links para os textos opinativos dos blogs pessoais.^66 O Twitter é considerado como um microblog , tendo em vista que as mensagens não podem ultrapassar 140 caracteres. Apesar dessa limitação, ele vem sendo adotado como uma nova forma de interação na rede por “grandes grupos de comunicação como BBC, Los Angeles Times , The New York Times , IG, CNN, The Guardian e por uma infinidade de internautas”.^67 Uma das justificativas a essa ampla aceitação do Twitter é que ele permite o envio de textos através do celular ou de programas de mensagens instantâneas. Juliana Escobar, em trabalho que analisa os blogs como nova categoria de webjornalismo, refere que enquanto os atentados de 11 de setembro e a Guerra do Iraque “potencializaram os blogs ”, as eleições americanas de 2008 fizeram “explodir a audiência dos microblogs ”, razão pela qual vêm sendo tratados como uma importante ferramenta

(^64) Ibidem. (^65) RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. p.167. (^66) Quando o Twitter foi criado em 2006 a pergunta inicial era “O que você está fazendo” (“What’s happening?”), porém, desde o final de novembro de 2009, a pergunta foi alterada. A justificativa é a de que o Twitter passou a ser utilizado como meio de informação para divulgar produtos, marcas e notícias. “Diante desse novo cenário, o slogan anterior perdeu sentido. “O Twitter agora é um meio para que se saiba, em tempo real, o que está acontecendo.” MUDANÇA de slogan tem o objetivo de marcar novo momento do Twitter. Disponivel em:< http://www.logicadigital.com.br/noticia44.asp > Acesso em: 5 nai. 2011. 67 ESCOBAR, Juliana. Blogs como nova categoria de webjornalismo. In: AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra Portella (Orgs.) Blogs.com : estudos sobre blogs e Comunicação.São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 269.

jornalística.^68 A autora explica, ainda, que devido à possibilidade de indicação de links e envio de mensagens curtas, o Twitter permite, e ao mesmo tempo exige, atualizações contínuas de forma a prender a atenção do internauta, especialmente para situações que requerem “reportagens de maior fôlego e contextualizadas que serão exploradas nas edições online ou impressas”. 69 Por essa razão, a autora ainda explica que “essas pequenas ‘pílulas’ de notícias curtas vão construindo um nó de informações que pode desencadear na expectativa para a leitura das matérias jornalísticas mais aprofundadas sobre o tema em foco do dia”. 70 Essa funcionalidade, provavelmente, é o que justifica a sua rápida adoção pelos principais jornais online do mundo, que “perceberam que surgia um novo fenômeno na Internet com características apropriadas para “chamadas” de suas notícias principais”. 71 Segundo o jornalista Victor Barone, o Twitter "tem se configurado como uma importante ferramenta de interação e de manifestação política".^72 Uma demonstração disso já pôde ser vista em alguns fatos políticos nacionais e internacionais cuja influência desse novo mecanismo foi relevante. O jornalista refere ainda que é cada vez mais evidente a utilização crescente do Twitter pelos mais diversos grupos sociais como instrumento de divulgação de ideias e arena de debates. No Irã, por exemplo, em junho de 2009, por meio do Twitter os opositores do presidente Mahmoud Ahmadinejad conseguiram driblar a censura em vigor no país e levar ao mundo inteiro as imagens da repressão. Porém, uma das imagens mais chocantes dessa situação política foi a morte da jovem Neda durante os protestos por uma nova eleição no Irã. Sua morte causou um impacto na opinião pública mundial, vindo a se transformar num ícone do movimento chamado de “revolução verde” em alusão à cor do candidato derrotado nas eleições. Sua morte foi acompanhada, quase que instantaneamente, por milhares de pessoas em todo o mundo, através das redes de relacionamento, como Twitter , Facebook , Youtube , blogs , entre outros. O assunto ganhou destaque na mídia internacional e, no Brasil, foi objeto de diversas reportagens nos mais diversos meios. Uma dessas reportagens foi realizada pelo programa Sem Fronteiras, exibido pela rede de TV à cabo Globo News. Além de analisar os dilemas políticos no Irã o programa também questionou a capacidade que as novas

(^68) ESCOBAR, Juliana. Blogs como nova categoria de webjornalismo. In: AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra Portella (Orgs.) Blogs.com : estudos sobre blogs e Comunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009. p. 269. 69 70 Ibidem. 71 Ibidem. 72 Ibidem. BARONE, Victor. Twitter: política em 140 caracteres. Observatório da Imprensa. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=559ENO001 Acesso em: 12 out.2009.