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das expressões não-manuais, é importante que sejam observados os resultados de ... sinais, denominado Libras ou LSB – língua falada pelos surdos no Brasil e ...
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
Instituto de Letras- IL Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas – LIP Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGL
Brasília 2013
Dissertação submetida ao Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Linguística.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Daniele Marcelle Grannier
Brasília 2013
"Os sinais podem ser agressivos, diplomáticos, poéticos, filosóficos, matemáticos: tudo pode ser expresso por meio de sinais, sem perda nenhuma de conteúdo." O Vôo da Gaivota Emmanuelle Laborrit
Dedico esta dissertação a Deus, a quem eu sempre pude clamar, Ao meu marido, pela fé e confiança demonstrada, Aos meus amigos e à minha família, pelo apoio incondicional, Aos meus professores, porque estiveram sempre dispostos a ensinar, À minha orientadora, pela paciência demonstrada no decorrer do trabalho, A todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido.
Esta pesquisa é fruto da minha trajetória como professora e intérprete de alunos surdos. Abordamos neste trabalho a iconicidade que existe nas línguas de sinais, para dizer que elas vão muito além das semelhanças ou analogias com os seus referentes. Assim, o objetivo deste trabalho está em estudar o que está para além das mãos, isto é, o que se encontra nas expressões e nas marcas não-manuais, que saltam aos olhos e cooperam com a manifestação daquilo que os surdos desejam expressar em sua língua. O trabalho consiste em cinco capítulos, partindo da motivação e discussão sobre a Língua de Sinais Brasileira, evoluindo para a apresentação das investigações já feitas por diversos autores como Cuxac, Wilbur, Liddell, Baker, Brito, entre outros, e chegando à apresentação e análise dos dados, que foram coletados a partir da sinalização de surdos sobre alguns filmes e slides motivadores. O exame dos registros demonstrou que existem princípios linguísticos que devem ser obedecidos durante a realização do sinal. A fim de que se tenha um respaldo para o registro lexicográfico das expressões não-manuais, é importante que sejam observados os resultados de pesquisas que demonstrem suas funções.
This research is the result of my career as teacher and interpreter of deaf students. In this study we examine the iconicity that exists in sign language, to say that they go far beyond the similarities or analogies with the referents. Thus, the objective of this dissertation is to study what goes beyond the hands, that is, what we find in expressions and non- manual markers, which are visually obvious and help deaf people to express themselves in their language. Starting with the motivation and discussion of the Brazilian Sign Language, then going on to the presentation of the research already done by many authors such as Cuxac, Wilbur, Liddell, Baker, Brito and others, and then presenting and analyzing the data, which were collected from the deaf people signing about certain movies and motivational slide presentations. Examination of the records showed that there are linguistic functions in the face and in the body when used in the implementation of the signals either alone, or in speech. The analysis of the records showed that there are linguistic principles that must be followed when making a sign, so, in order to obtain support for the lexicographic recording of expressions and non- manual markers, it is important to examine the findings demonstrating their functions.
Tabela I – Demonstração dos processos não-manuais da Língua Gestual Portuguesa ............ 38
Tabela II – Proposta para a classificação das expressões não-manuais ................................... 71
OA Olhos Arregalados OF Olhos Fechados O-I Olhar no Interlocutor Or Orientação PA Ponto de Articulação TF Transferência de Forma TPO Transferência de Pessoa ou Objeto TS Transferência de Situação TSA Testa e Sobrancelhas Arqueadas TSF Testa e Sobrancelhas Franzidas TT Tronco para trás UL Unidade lexical
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Os surdos se comunicam por mímica? Durante minha caminhada profissional, muitas vezes essa pergunta me foi feita e percebi que, apesar de as pessoas em geral terem certo contato com a Língua de Sinais Brasileira – LSB, pela TV ou na rua, elas tinham pouco ou nenhum conhecimento a respeito. Dessa forma, minha resposta negativa precisava vir acompanhada de uma explicação, a fim de que essa ideia pudesse ser totalmente abandonada.
Era preciso explicar que tal impressão era devida, em grande parte, à alta iconicidade de alguns componentes da língua de sinais (LS), a começar pelos desenhos que se fazem no ar. O sinal para CAIXA, por exemplo, é desenhado colocando-se as mãos paralelas, da mesma maneira como qualquer pessoa descreveria.
Uma outra parte icônica que faz as pessoas confundirem mímica com LSs é o fato de que alguns sinais representam o item lexical, como acontece em DORMIR. Em nossa cultura, dormimos de olhos fechados e com a cabeça deitada em algum lugar. E é exatamente dessa forma que se realiza o sinal para este vocábulo.
Há ainda algumas situações em que os surdos assumem o personagem sobre quem estão falando e emprestam seus próprios corpos para demonstrar as ações e os sentimentos desses personagens. Eles podem imitar uma caminhada, ou alguém abrindo uma porta. Este aspecto realmente pode dar a impressão de gestos mímicos.
Esses são alguns motivos pelos quais subsiste essa confusão. Essas características das LSs saltam à vista do leigo. Entretanto, são componentes convencionados, categorizados e organizados em sistemas linguísticos particulares que se diferem entre si. Isto é, a língua americana de sinais está para os surdos americanos assim como a LSB está para os surdos
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Como se pode notar no excerto acima, o texto da lei usa a sigla Libras para a Língua Brasileira de Sinais. E, provavelmente por essa razão, esse é o nome mais utilizado no meio educacional.
Mas a sigla LSB (Língua de Sinais Brasileira), vem sendo utilizada para designar a Língua Brasileira de Sinais dos surdos no Brasil, principalmente no meio acadêmico. Essa denominação segue o modelo adotado por países que se referem às línguas de sinais com o termo Língua de Sinais , acompanhado da indicação do país onde ela é empregada, como a Língua de Sinais Americana – American Sign Language (ASL)^1 – e a Língua de Sinais Francesa – Langue de Signes Française (LSF).
O uso de Libras ou LSB é indiferente para os surdos, variando conforme a preferência dos falantes e ouvintes da língua portuguesa no Brasil, pois do ponto de vista dos surdos que consultamos, o sinal que designa sua língua é.
Nesta pesquisa iremos adotar o termo LSB, por se tratar de um trabalho acadêmico. Nas citações, no entanto, serão mantidas as denominações que foram usadas por seus autores.
Cumpre esclarecer que a LSB é composta por sinais, cujas formas são constituídas de acordo com os seguintes parâmetros: Configuração das Mãos (CM), Pontos de Articulação (PA), Orientação (Or), Movimento (M) e Expressão Facial/Corporal (EFC).^2
(^1) Nos Estados Unidos, usa-se regularmente o nome America para o próprio país. (^2) A estrutura da LIBRAS é constituída a partir de parâmetros que se combinam, principalmente com base na simultaneidade. Esses parâmetros são, conforme Brito (1995): Configuração das mãos (CM): são as diversas formas que uma ou as duas mãos tomam na realização do sinal; Movimento (M): é um parâmetro tão complexo que pode envolver uma grande quantidade de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, movimentos direcionais no espaço e até conjuntos de movimentos no mesmo sinal; Ponto de Articulação (PA): é o espaço em frente ao corpo ou uma região do próprio corpo, onde os sinais são articulados. E, segundo Quadros (2004), ainda temos: Orientação da Mão (OR): a orientação da palma da mão não foi considerada como um parâmetro distinto no trabalho inicial de Stokoe. Por definição, orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal;
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Entendemos que um sinal pode combinar esses parâmetros de várias formas, gerando aqueles que se formam apenas por elementos manuais, por elementos manuais associados à EFC ou, ainda, unicamente por uma Expressão Facial/Corporal (EFC).
MAÇÃ CAXUMBA MASTIGAR Fig. 1 – Verbetes MAÇÃ, CAXUMBA e MASTIGAR – Dicionário Enciclopédico Trilíngue da LSB
Note-se que o verbete MAÇÃ constitui-se da mão em forma de C diante da boca, girando o pulso ligeiramente para baixo. No sinal de CAXUMBA, as mãos também estão em forma de C, tocando o pescoço, associadas à bochecha inflada, e, em MASTIGAR, usa-se apenas a expressão facial para a realização do sinal.
O foco deste trabalho está voltado para as expressões faciais e corporais que são os elementos não-manuais em geral, e por isso nos referiremos a elas como Expressão Não-Manual (ENM). Entre as ENMs existem aquelas que constituem uma manifestação de: 1) parâmetro fonológico, equivalente a fonemas, tal como ocorre no sinal para CAXUMBA, para as quais se manterá o termo ENM; 2) as que apresentam funções morfossintáticas, para as quais adotamos o termo Marcas Não-Manuais (MNM). O conjunto dos demais componentes do sinal expressos com as mãos será tratado tão-somente como Expressão Manual (EM).
Antes de analisarmos as ENMs e as MNMs, passaremos pelo capítulo 2, cujo conteúdo volta- se para o quadro teórico e os estudos que existem sobre o tema. O capítulo 3, destinado à metodologia, traz as informações de como foi organizada e realizada esta pesquisa, mostrando quais foram os itens lexicais e quais as ENMs pesquisadas, além de apresentar os participantes e o modo como foram processados os dados. A análise e a descrição dos dados estão presentes no capítulo 4. E, ao final, no capítulo 5, trazemos os princípios linguísticos
Expressões não-manuais (ENM): as expressões não-manuais (movimentos da face, dos olhos, da cabeça ou do trono) prestam-se a dois papéis nas línguas de sinais: marcação de construções sintáticas e diferenciação de itens lexicais.