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Este documento discute a atuação da força expedicionária brasileira (feb) no teatro-de-operações europeu durante a segunda guerra mundial. O autor aborda a importância da documentação produzida pela imprensa brasileira sobre a feb, que registra o bom desempenho dos combatentes brasileiros e sua notável adaptabilidade à campanha. Além disso, o texto apresenta as perspectivas de william waak, que realizou pesquisas na europa sobre a feb e trouxe interessantes contribuições sobre a 232~ divisão de infantaria alemã e o papel de mascarenhas na liderança da feb.
Tipologia: Notas de estudo
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Claudio Moreira Bento
Trata-se de uma resposta bem fundamentada a colocações de William Waak, em livro lançado pela Editora Nova Fronteira (1985), relativas à atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em território europeu.
m 22 de agosto de 1922, fará 50 anos a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em apoio à cruzada dos Aliados em defesa da Democracia e da Liberdade mun- dial contra o nazi-fascismo. Como decorrência o Brasil enviou, para o teatro-de-operações europeu, a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou no NW da Itália para libertá-la,
países, americanàs e inglesas em es- pecial, mas inclusive italianas livres. A imprensa brasileira acompanhou de perto, nos Apeninos e no vale do rio Pó, a epopéia dos pracinhas bra- sileiros, através dos correspondentes de guerra Rubem Braga, Joel Silveira, Egídio Squeff, Rui Brandão, José B. Leite, Alberto D. Abranches, Fran- cisco Hallowell (inglês da BBC), Thar-
(..) Selecionado pelo CPrep/ECEME
silo Nilke, Horácio Sobrinho, e dos cinegrafistas Fernando Fonseca e Adal- berto Cunha. Eles produziram valiosa documentação sobre a FEB, na qual registram o bom desempenho do com- batente brasileiro e sua notável adap- tabilidade àquela campanha. Rubem Braga, por exemplo, escreveu uma va- liosa e aguda observação que atesta a grandeza do comandante da FEB, so- bre o qual escrevemos: "J.B. Masca- renhas de Moraes - significação histórica" '(RIHGB, Jul/Set 1984), por ocasião do seu centenário, comemo- rado no IHGB.
Escreveu Rubem Braga sobre o epi- sódio de tentativa de renúncia de Mas- carenhas, em dezembro de 194.4, após sofrer injusta pressão do general dos EUA comandante do ·IV Corpo de Exército: "foi bom que ele ficasse. Com o seu Estado-Maior dividido, os
AS DUAS FACES DA GLORIA
inevitáveis desentendimentos (ou difí- ceis entendimentos) com o comando aliado, a displicência com que o Rio atendia aos pedidos da FEB, os ciúmes e prevenções da retaguarda e as dure- zas da guerra, s6 um homem da ener- gia, da respeitabilidade e paciência do General Mascarenhas poderia levar a campanha até o fim, como ele fez com êxito". '
A estes relatos da imprensa brasi- leira somam-se: a alentada documen- tação oficial da FEB reunida no Arquivo Histórico do Exército; a documentação levantada pelo Coronel Ruas Santos no Tesaurus da FEB e reu- nida, em parte, na Associação Nacio- nal de Veteranos da FEB (ANVFEB) na rua das Marrecas- Rio: Toda ela consagra, como motivo de orgulho na- cional, a participação militar correta e bem-sucedida da FEB e como ela, com galhardia, superou as adaptações doutrinárias (mudança da doutrina francesa para a americana), tecnoló- gicas (radiofonia, motorização e meca- nização com suas complexas impli- cações logísticas e operacionais), eco- lógicas (adaptação à montanha e à neve) e psicológicas (distância da pá- tria, enquadramento por exército da maior potência industrial e enfrenta- mento de soldado com fama de ser o melhor do mundo etc.).
Passados 40 anos, um colega dos correspondentes citados, William Waak, após pesquisa na Europa ''com a preocupação de cotejar a versão ofi- cial e laudatória da FEB com o relato de alemães e americanos", publicou
o polêmico livro As duas faces da gló- ria~ I O livro trouxe interessantes contri- buições: sobre a 232~ Divisão de In- fantaria alemã, que fez frente à FEB nos Apeninos; sobre a preocupação louvável e satisfeita do General Mas- carenhas de que a FEB, na expressão popular, não viesse a-ser usada como "bucha de canhão pelos Aliados''; que foi em Monte Belvederé, que dominava Monte Castello, que o comandante alemão, veterano comandante de Corpo de Exército na batalha de Es- talingrado, e então comandante da 232~ DI alemã, .concentrou todo o es- forço defensivo da ampla frente que lhe coube defender, por ser Belvedere o pivô da defesa do Apeninos. Daí a resistência enorme que os alemães ofereceram aos americanos em Monte Belvedere e aós americanos e brasileiros em Monte Castello, que s caiu após o 5? ataque aliado e desfe- chado pela FEB, quando Monte Bel- vedere já havia sido conquistado pela 10~ Divisão de Montanha dos EUA. Do contrário, ataques frontais ameri- canos e brasileiros, sem nenhuma pos- sibilidade de surpresa, continuariam a ser mal-sucedidos. A obra As duas faces da glória é denominada, por muitos veteranos, ''A outrà face da glória", por conter re- ferências predominantemente negati- vas atribuídas à FEB. Referências ne- gativas que colocadas jsoladas como o foram, ao que parece~por mágoa po- lítica do autor contra algumas liderao-
1 WAAK, William,Asduasfacesdaglória. Rio de Janeiro Ed. Nova Fronteira, 1985.
AS DUAS FACE.S DA GLORIA
os ensinamentos que a obra de William Waak em realidade contém. Atitude contrária será um exercício de cívico-masoquismo brasileiro. Con- tinuar a usá-la como arma política e, agora, como instrumento de interesses nacionais e internacionais escusos, vi- sa a desacreditar, e até a desmoralizar, as Forças Armadas do Brasil, consti- tucionalmente o braço armado do
Em realidade, até hoje não·depara- mos com versão oficial que afirme que a FEB teve papel decisivo ou predo- minante na Itália. Ela cumpriu muito bem a missão que lhe coube, com muito mais vitórias do que insucessos, estes reconhecidos, humildemente, por seu comandante, em relato oficial, e ocorridos na fase que o próprio W. Waak reconheceu que a FEB ''foi lan- çada na guerra sem o treinamento e preparo" que tiveram as divisões dos EUA, por exemplo. O reestudo, de parte de Waak, .de toda a bibliografia da FEB, com ênfase na face positiva que ele ficou a dever
em As duas faces da glória e, agora, com sua experiência na Guerra do Golfo, talvez o leve a pedir até des- culpas aos veteranos da FEB, de igual forma que o fizeram Oficiais R-2 que a integraram e que produziram polê- mico relatório, com base em falsas perspectivas - pedido público de des- culpas feito em como~ente e histórica reunião no Clube Militar, em presença de numerosos veteranos da FEB, ofi- ciais e pracinhas. · ~
Assim Waak, brasileiro de direito, que muitos veteranos julgaram tratar- se de um europeu naturalizado, teria a oportunidade de se incorporar à na- cionalidade brasileira de fato e, assim, reverenciar, na FEB, a memória dos soldados brasileiros que, em quasé cinco séculos, em lutas internas e ex- temas, ajudaram com seus sacrifícios, vigílias, sangue e yidas, a forjar a na- cionalidade que hoje o acolhe. Aí então ele vestiria a camisa do Bra- sil, como tão bem o fizeram seus co- legas correspondentes de guerra que acompanharam a FEB.
CLÁUDIO MOREIRA BENTO- Coronel da Reserva do Exérdto, foi desig~wdo para o serviço ativo, como Diretor do Arquivo His- t/Jrico do ExérciW -A Casa da Mem6ria Hist/Jrica do Exérdto. Possui, alhn dos cursos militares regulares, o do Analista A da Escola Nadonal de InfonnaçiJes e o de pesquisador das Forças Te"estres Brasileiras. t membro do Instituto Histórico e Geográ- fico Brasileiro, do Instituto de Geografia e História Militar doBra- sil, integra a Academia Brasileira de História, a Sociedade Brasileira de Geografia, o Instituto dos Centenários e o Instituto
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Bolivariano do Rio de Janeiro. Foi o coordenador da construçiJo do Parque Histórico Nadonal dos Guararapes e atualmente, preside o Instituto de História e TradiçiJes do Rio Grande do Sul. Dirigiu o Departamento Cultural e a Revista do Clube Militar "UII 86- Jul88).