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Janete oliveira, mestranda em comunicação social da universidade do estado do rio de janeiro, apresenta o livro 'as boas mulheres da china' de xinran, que revela a outra face da china através de entrevistas com mulheres e um programa de rádio. A autora nos leva a conhecer as rotinas cotidianas e histórias emotivas dessas mulheres, que contrastam com a china moderna e economicamente interessante para os ocidentais.
Tipologia: Slides
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Janete Oliveira Mestranda do programa de pós-graduação em Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Resumo A China hoje é saudada como uma potência, um achado que conseguiu aliar capi- talismo e comunismo com êxito. No entanto, o livro “As boas mulheres da China” tenta refletir um pouco sobre a vida das mulheres chinesas e como é olhar feminino. Ao entrevistar mulheres e discutir suas questões através de um programa de rádio, a jornalista Xinran desvela uma outra China que não está nos noticiários. Abstract China is saluted today as a potency, a formula that succeeded in associate capitalism and communism successfully. However, the book “The good women of China” tries to reflect a little about the Chinese women´s lives and how the womens´s look is. Interviewing women and discussing their questions through a radio show, the journalist Xinran reveals another China that is not on the news.
A China depois de um longo período de “reclusão” internacional – por conta da Revolução cultural e do isolacionismo comunista – tem se tornado na última década “a menina dos olhos” da economia mundial. Seu crescimento excepcional e o capital acumulado para investimento são cobiçados por vários países do ocidente. É um país de grandes dimensões e população e permite ainda uma projeção positiva de crescimento de consumo, o que aguça os in- teresses estrangeiros. A rápida modernização por que passaram as cidades de Xangai e Pequim criou aos olhos ocidentais um estereótipo similar ao do Japão de alguns anos atrás: tecnologia e tradição juntas em um só pacote. Contudo, essa China que hoje aparece nas revistas e jornais é uma nação vista somente no seu aspecto economicamente interessante, uma visão parcial de um país que só é moderno aos olhos ocidentais, mas que esconde rotinas cotidianas que remontam quase à era feudal. Na contramão desse olhar de uma China com tecnologia e comportamento atualizados encontramos o livro da jornalista Xinran que durante oito anos apresentou um programa de rádio no país intitulado “Palavras na brisa noturna” que se propunha a discutir os problemas e questões da mulher chinesa. Durante este período (1989 a 1997) Xinran entrevistou vários tipos de mulheres: das mais novas (já incorpora- das à nova mentalidade pós-moderna capitalista à chinesa) até as mais velhas que suportaram as agruras e violências dos processos revolucionários chine- ses. Mulheres de várias condições sociais que lhe proporcionaram uma visão dos diversos sentimentos e emoções femininas ao longo da história recente da China e resultou no livro “As boas mulheres da China”. Apenas quatros meses depois de ter começado o seu programa de rádio que, a princípio, visava apenas colher a participação dos ouvintes em geral em relação ao cotidiano Tendo o programa alta receptividade, Xinran recebe uma
Xinran também nos leva pelo pensamento acerca da religião das chi- nesas que apresenta um sincretismo dependendo do pensamento religioso da moda. A única real lealdade é para com o Partido e suas crenças. E, entre estas crenças está a da proibição de relação entre pessoas do mesmo sexo, então ela nos conta sobre “a mulher que amava as mulheres” e por Xinran ter mostrado compreender sua condição através de uma resposta pelo rádio, ela pensou que a jornalista a amava, procurou-a e contou sua história. Depois de frustrado por não ter um filho, o pai da menina a criou como um menino e, depois de estuprada por um grupo de homens, passou definitivamente a abominar o contato com o sexo oposto e apaixonou-se por uma ativista homossexual que lhe ensinou sobre os prazeres da sexualidade. Temos ainda várias outras histórias como a da mulher que, sendo mem- bro do Partido teve como “missão” casar-se com um dos seus importantes membros e não ser mais do uma figura decorativa para ele e os filhos. Ou então a da filha de um general da facção de Chan-Kai-Chek que, considerado traidor na época da Revolução, enlouquece e, os homens aproveitando-se dessa fraqueza a estupram seguidamente até que a família a encontre em um estado de quase catatonia. A própria Xinran relembra seus momentos difíceis na infância também presa em campos de “reeducação” ao lado das histórias de outras mulheres que eram forçadas a executarem “tarefas” em nome do Partido e da Revolução para libertarem entes queridos que, ao saberem pelo que a família tinha passado às vezes não agüentavam e perdiam a razão ou tiravam a própria vida. E, finalmente, o motivo pelo qual Xinran deixa a China e muda-se para Londres: a Colina dos Gritos. Uma comunidade onde as pessoas não têm casas e moram em cavernas, não há fogão ou panelas, a comida é escassa, não há roupas para as meninas, a maioria das mulheres têm útero caído e utiliza fo- lhas no período menstrual causando-lhes feridas nas coxas. Após testemunhar a vida daquelas mulheres, a jornalista vai para a capital inglesa para conhecer outra realidade para as mulheres e, ao perceber que o imaginário chinês dife- ria em muito daquele que conhecia resolve escrever o livro contando sobre as mulheres por ela entrevistadas e sobre as experiências no programa de rádio. Tentando responder as perguntas que a universitária lhe propôs quando se encontraram: “Qual é a filosofia das mulheres? O que é a felicidade para uma mulher? E o que faz uma boa mulher?” (p. 56) Talvez não se tenha ainda como responder estas perguntas uma vez que o livro da jornalista é um relato emocional e não científico. De qualquer forma, o texto deixa claro que tanto de um lado como de outro a mulher sempre perde: no lado camponês (que teoricamente seria o lado beneficiado pela Revolução) a ig- norância e o preconceito contra o feminino ainda prevalecem e no lado burguês só existe a revolta que geraram processos de “reeducação” dolorosos que, por sua vez, reprimiram sentimentos tornando as pessoas frias e desiludidas.
XINRAN. As boas mulheres da China: vozes ocultas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.