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Guias e Dicas
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Tecnologia Educativa: Descobrindo e Combatendo Estigma da Hanseníase, Manuais, Projetos, Pesquisas de Enfermagem

O processo de criação de uma cartilha educativa para portadores de hanseníase, com o objetivo de combater o estigma associado à doença. A cartilha foi desenvolvida em cinco etapas, incluindo pesquisa bibliográfica, revisão integrativa da literatura, elaboração textual, layout e diagramação. O documento aborda os principais estigmas sofridos por portadores de hanseníase, como preconceito por familiares, profissionais da saúde e o próprio portador, além de exclusão social. A cartilha educativa é considerada uma tecnologia, pois é um conjunto de conhecimentos, processos e métodos usados num determinado ramo de atividades.

O que você vai aprender

  • Quais são os principais estigmas sofridos por portadores de hanseníase?
  • Como a cartilha educativa pode ajudar a combater o estigma associado à hanseníase?
  • Quais foram as etapas do processo de criação da cartilha educativa?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2021

Compartilhado em 01/04/2021

eliaquim-teixeira
eliaquim-teixeira 🇧🇷

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IOSR Journal of Nursing and Health Science (IOSR-JNHS)
e-ISSN: 23201959.p- ISSN: 23201940 Volume 5, Issue 3 Ver. III (May. - Jun. 2016), PP 32-37
www.iosrjournals.org
DOI: 10.9790/1959-0503033237 www.iosrjournals.org 32 | Page
Construção De Tecnologias Em Enfermagem Para À Promoção
Da Saúde Portadores De Hanseníase
Francisco Mayron Morais Soares¹, José Edson Ferreira Ribeiro Junior², Julyana
Gomes Freitas³, Maria Albertina Rocha Diógenes4.
1Graduando em Enfermagem da Universidade de Fortaleza. Bolsista de Iniciação Científica. Integrante do
Projeto de Pesquisa Enfermagem na Promoção da Saúde Materna da Universidade Federal do Ceará e do
Grupo de Pesquisa Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza. Coordenador do Laboratório de Tecnologia
em Enfermagem LABTENF da Universidade de Fortaleza.
2 Graduando em Curso Técnico de Enfermagem da Escola Estadual de Educação Profissional Rita Aguiar
Barbosa. Bolsista de Iniciação Científica de Ensino Médio. E Integrante doLaboratório de Tecnologia em
Enfermagem LABTENF da Universidade de Fortaleza.
3 Graduação, Mestrado e Doutorado em Enfermagem pala Universidade Federal do Ceará. Coordenadora da
Especialização em Urgência e Emergência da 4 Saberes. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) nas
disciplinas de Cuidados Clínicos I, Clínica Geral e Cirúrgica II e Primeiros Socorros. Membro do Grupo de
Estudo GEPAEPC (Grupo de Estudo e Pesquisa em Assistência de Enfermagem a Pacientes Críticos -
UNIFOR. Membro do Grupo de Pesquisa TEAC (Tecnologias na Assistência Clínica) UNIFOR.
4Graduação em Enfermagem pela Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo (1976), Mestrado em Saúde
Comunitária pela Universidade Federal do Ceará (2000) e Doutorado em Enfermagem pela Universidade
Federal do Ceará (2004). Docente Adjunto 1 na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Docente da disciplina
Saúde Pública II e Enfermagem no Cuidado à Mulher. Pesquisadora na área: Saúde Coletiva.
Resumo
Introdução: Na prática educativa em saúde deve-se conhecer a realidade do nosso público para escolher a
melhor intervenção.
Objetivo: descrever o processo de construção de tecnologia educativa em enfermagem para a promoção da
saúde de portadores de hanseníase.
Método: A construção foi dividida em 5 etapas. A primeira etapa sendo a seleção e fichamento dos estudos.
Resultados e Discussão: Houve uma minuciosa leitura e a construção de uma revisão integrando os resultados
acerca da temática formando a segunda etapa. Na terceira etapa foi realizada a elaboração textual da cartilha.
Na quarta etapa, foi realizado o processo de construção do layout da cartilha, onde foram confeccionadas
imagens atrativas, de fácil compreensão, representativas da realidade e embasadas pela literatura pertinente.
Quinta etapa foi o envio da cartilha para a gráfica, onde foi feito a diagramação da mesma.
Conclusão: Dessa forma, intenciona-se verificar a validade clínica da cartilha, e assim, implantá-la na prática
clínica.
Palavras-Chave: Enfermagem. Hanseníase. Promoção da saúde. Tecnologia.
I. Introdução
A Hanseníase (HS) define-se, como uma doença causada por uma bactéria chamada Mycobaterium
leprae, ou popularmente conhecido como bacilo de Hansen, um parasita intracelular obrigatório, com afinidade
por células cutâneas e nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se
multiplicar agravando a infecção. A transmissão se faz de forma direta, por via respiratória.¹
A Hanseníase (HS) é uma doença bacteriana que afeta a humanidade desde a antiguidade. Os que
portavam a afecção eram isolados da população para morrerem sozinhos pelo simples fato de não saberem que
não havia cura na antiguidade. Diante disso, percebe-se que o estigma sofrido por portadores de hanseníase já
permeava o mundo desde da antiguidade. ¹
Em relação paciente portador de hanseníase, muitas temáticas podem ser exploradas nas ações de
educação em saúde, como autocuidado, prevenção de deformidades, adesão do tratamento, como também o
medo e o estigma diante desta doença. O medo pode vir de deformidades futuras, o medo de expor-se como
tendo hanseníase, ou o medo de que a família, amigos sofram por conta da doença do paciente². O estigma
origina-se, geralmente, de situações fora dos padrões sociais aceitos como normais, sendo que um indivíduo
estigmatizado costuma sofrer rejeição. O estigma é figura central do impacto social da hanseníase³. Inicia-se,
assim, uma situação na qual a instabilidade emocional pode influenciar diretamente na qualidade de vida de um
portador de hanseníase, que em longo alcance leva à exclusão social do doente.
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IOSR Journal of Nursing and Health Science (IOSR-JNHS)

e-ISSN: 2320–1959.p- ISSN: 2320–1940 Volume 5, Issue 3 Ver. III (May. - Jun. 2016), PP 32-

www.iosrjournals.org

Construção De Tecnologias Em Enfermagem Para À Promoção

Da Saúde Portadores De Hanseníase

Francisco Mayron Morais Soares¹, José Edson Ferreira Ribeiro Junior², Julyana

Gomes Freitas³, Maria Albertina Rocha Diógenes

4

(^1) Graduando em Enfermagem da Universidade de Fortaleza. Bolsista de Iniciação Científica. Integrante do Projeto de Pesquisa Enfermagem na Promoção da Saúde Materna da Universidade Federal do Ceará e do Grupo de Pesquisa Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza. Coordenador do Laboratório de Tecnologia em Enfermagem – LABTENF da Universidade de Fortaleza. (^2) Graduando em Curso Técnico de Enfermagem da Escola Estadual de Educação Profissional Rita Aguiar Barbosa. Bolsista de Iniciação Científica de Ensino Médio. E Integrante doLaboratório de Tecnologia em Enfermagem – LABTENF da Universidade de Fortaleza. (^3) Graduação, Mestrado e Doutorado em Enfermagem pala Universidade Federal do Ceará. Coordenadora da Especialização em Urgência e Emergência da 4 Saberes. Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) nas disciplinas de Cuidados Clínicos I, Clínica Geral e Cirúrgica II e Primeiros Socorros. Membro do Grupo de Estudo GEPAEPC (Grupo de Estudo e Pesquisa em Assistência de Enfermagem a Pacientes Críticos - UNIFOR. Membro do Grupo de Pesquisa TEAC (Tecnologias na Assistência Clínica) – UNIFOR. (^4) Graduação em Enfermagem pela Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo (1976), Mestrado em Saúde Comunitária pela Universidade Federal do Ceará (2000) e Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará (2004). Docente Adjunto 1 na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Docente da disciplina Saúde Pública II e Enfermagem no Cuidado à Mulher. Pesquisadora na área: Saúde Coletiva.

Resumo

Introdução: Na prática educativa em saúde deve-se conhecer a realidade do nosso público para escolher a melhor intervenção. Objetivo: descrever o processo de construção de tecnologia educativa em enfermagem para a promoção da saúde de portadores de hanseníase. Método: A construção foi dividida em 5 etapas. A primeira etapa sendo a seleção e fichamento dos estudos. Resultados e Discussão: Houve uma minuciosa leitura e a construção de uma revisão integrando os resultados acerca da temática formando a segunda etapa. Na terceira etapa foi realizada a elaboração textual da cartilha. Na quarta etapa, foi realizado o processo de construção do layout da cartilha, onde foram confeccionadas imagens atrativas, de fácil compreensão, representativas da realidade e embasadas pela literatura pertinente. Quinta etapa foi o envio da cartilha para a gráfica, onde foi feito a diagramação da mesma. Conclusão: Dessa forma, intenciona-se verificar a validade clínica da cartilha, e assim, implantá-la na prática clínica.

Palavras-Chave: Enfermagem. Hanseníase. Promoção da saúde. Tecnologia.

I. Introdução

A Hanseníase (HS) define-se, como uma doença causada por uma bactéria chamada Mycobaterium leprae, ou popularmente conhecido como bacilo de Hansen, um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar agravando a infecção. A transmissão se faz de forma direta, por via respiratória.¹ A Hanseníase (HS) é uma doença bacteriana que afeta a humanidade desde a antiguidade. Os que portavam a afecção eram isolados da população para morrerem sozinhos pelo simples fato de não saberem que não havia cura na antiguidade. Diante disso, percebe-se que o estigma sofrido por portadores de hanseníase já permeava o mundo desde da antiguidade. ¹ Em relação paciente portador de hanseníase, muitas temáticas podem ser exploradas nas ações de educação em saúde, como autocuidado, prevenção de deformidades, adesão do tratamento, como também o medo e o estigma diante desta doença. O medo pode vir de deformidades futuras, o medo de expor-se como tendo hanseníase, ou o medo de que a família, amigos sofram por conta da doença do paciente². O estigma origina-se, geralmente, de situações fora dos padrões sociais aceitos como normais, sendo que um indivíduo estigmatizado costuma sofrer rejeição. O estigma é figura central do impacto social da hanseníase³. Inicia-se, assim, uma situação na qual a instabilidade emocional pode influenciar diretamente na qualidade de vida de um portador de hanseníase, que em longo alcance leva à exclusão social do doente.

A incorporação das tecnologias tem ocasionado um impacto positivo na área da saúde, e a enfermagem já dispõe de sistemas informatizados que se interligam a identificação das Intervenções de Enfermagem a serem realizadas de acordo com os Diagnósticos levantados^4. Ter o domínio sobre novas tecnologias faz com que a profissão se fortaleça e se refirme em sua cientificidade^5. Além do uso do computador, é notória a explosão da oferta de serviços de tecnologias móveis, a exemplo dos materiais impressos dentre outros, que tem proporcionado um novo leque de possibilidades e acesso a informação em qualquer lugar e a qualquer momento. Um dos materiais educativos impressos é a cartilha, esta é construída para a produção do cuidado em saúde, pode-se considerá-la como uma tecnologia, que, segundo o minidicionário da Língua Portuguesa^6 , é um conjunto de conhecimentos, processos e métodos usados num determinado ramo de atividades. Nos vários processos de trabalho do Enfermeiro, a tecnologia da informática representa um marco referencial nas mudanças de atitude dos profissionais de saúde. A necessidade do Enfermeiro desenvolver competências para avaliação tecnológica é vista como ferramenta necessária para o gerenciamento da assistência de Enfermagem mais humanizada, com qualidade, eficácia, efetividade e segurança. No contexto das tecnologias em saúde, podem ser classificadas em leves, leve-duras e duras. As tecnologias são classificadas como leve quando se fala de relações, acolhimento e gestão de serviços; leve-duras quando se refere aos saberes estruturados, como o processo de enfermagem; e duras quando envolve equipamentos do tecnológicos do tipo máquinas(7,8). Nesse sentido, as tecnologias do cuidado podem ser leves à duras, pois envolve a utilização do conhecimento científico para a concretização do cuidado. Para Nietsche^9 , as tecnologias podem ser classificadas em: tecnologia educacional (TE), definida como um conjunto de conhecimentos que tornam possíveis o planejamento, a execução, o controle e o acompanhamento do processo educacional; tecnologia gerencial (TG), considerada como um processo sistematizado e testado de ações teórico-práticas utilizadas no gerenciamento da assistência; e tecnologia assistencial (TA), constituída de um conjunto de ações sistematizadas, processuais e instrumentais para a prestação de uma assistência qualificada ao ser humano em todas as suas dimensões. Sabe-se que as tecnologias de enfermagem vêm crescendo diariamente, e que, nos dias atuais, as tecnologias leves e duras estão cada dia mais efetivas no cuidado de enfermagem. Portanto, optou-se por a construção de uma cartilha educativa direcionadas a portadores de hanseníase, com o propósito de potencializar o conhecimento dos portadores, da família e da comunidade em geral.

II. Método

Trata-se de uma pesquisa metodológica, que tem como foco o desenvolvimento, a avaliação e o aperfeiçoamento de instrumentos e estratégias metodológicas^10. O presente estudo foi realizado durante o ano de 2015 e teve como foco o desenvolvimento de uma cartilha educativa, a ser utilizado em estratégias educativas durante o acompanhamento dos portadores de hanseníase, para promover a instrução de acompanhantes e familiares e para promover o combate ao estigma. O processo de construção da cartilha foi adaptado às premissas para a elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde^11. Para os autores, após a adaptação, a construção foi dividida em cinco etapas como mostra a Figura 1:

Figura I – Etapas para elaboração da cartilha educativa.

No movimento da PBE, há necessidade de produção de métodos de revisão da literatura, os quais permitam a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o tema investigado. Dentre esses métodos, tem-se a revisão sistemática e a integrativa (RI)^14. Os métodos de revisão da literatura buscam reunir os conhecimentos sobre um tópico, integrando-os e facilitando seu acúmulo^15. A RI é o método mais amplo de revisão de literatura, pois permite incluir simultaneamente estudos experimentais e não experimentais, de modo a entender o fenômeno de interesse. A variada estrutura dos estudos de uma RI em conjunção com a multiplicidade dos objetivos dos mesmos tem o potencial de resultar em uma representação de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde, de suma importância para a enfermagem^14 Este método facilita a tomada de decisão em relação a ações e intervenções que podem resultar em cuidados mais efetivos e eficientes. Este tipo de estudo permite gerar fonte de conhecimento atual sobre o problema e determinar se o conhecimento é válido para ser aplicado na prática clínica Mas, para que as evidências geradas por uma RI sejam confiáveis, a mesma deve seguir um padrão de rigor metodológico em sua execução, de modo que os profissionais possam identificar as características dos estudos analisados e oferecer subsídios para o avanço da enfermagem^15. Para garantir esse rigor metodológico necessário às RI, diversos teóricos trazem etapas a serem percorridas na execução desse tipo de estudo. Whittemore e Knafl^14 , descreveram cinco etapas para uma RI: identificação do problema; busca na literatura; avaliação dos dados; análise dos dados; e apresentação. Enquanto que Mendes, Silveira e Galvão^15 , dividem o percurso metodológico da RI em seis etapas: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; amostragem ou busca na literatura; categorização dos estudos; avaliação dos estudos; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do conhecimento. Vale destacar que tais etapas foram desenhadas a partir de teóricos como Whittemore e Knafl^14. A RI da cartilha baseou-se no percurso metodológico de Whittemore e Knafl^14 , seguindo criteriosamente as etapas propostas, uma vez que quando se sistematiza de forma fidedigna um método, o resultado é claro e fiel ao que se é proposto. Houve consenso entre os 18 estudos que integraram a amostra que a hanseníase representa um grave problema de saúde pública, dada a sua magnitude e consequências associadas aos problemas psico-social- somático dos portadores. Sendo ela, também, uma doença estigmatizada pela sociedade, o que é devido, principalmente, ao impacto social causado por ele. É por isso que é considerada uma doença psicossocial, econômica, política e cultural. O estigma, visto como um processo social envolve não somente os indivíduos afetados, mas desempenha um papel em todos os aspectos do discurso da hanseníase, desde a organização dos cuidados de saúde e da identidade social dos trabalhadores, até a formulação de futuras intervenções. A assistência de enfermagem a portadores de hanseníase constitui algo complexo, exigindo uma série de competências que vão desde o conhecimento da patologia e situações de risco até a prestação de apoio físico e emocional. Além disso, o enfermeiro tem um papel muito importante como educador e deve intervir nas instruções e esclarecimentos de dúvidas dos portadores de hanseníase. Em um estudo, realizado em Fortaleca-CE, com 23 portadores de hanseníase, constatou-se que dezessete conheciam a doença e seis possuíam pouca informação sobre ela. Alguns entrevistados demonstraram conhecimento sobre a transmissão, o tratamento, os sinais e sintomas manifestados pela hanseníase, sendo este um aspecto positivo, pois quanto melhor informados pacientes, familiares e amigos, menores as manifestações de descriminação. Em alguns casos, as informações oferecidas pela equipe de saúde não foram esclarecedoras, a exemplo do conceito da doença e do modo de transmissão, como observado no relato de um dos participantes. Segundo a participante, as orientações adquiridas foram advindas das explicações dadas pela pesquisadora^16. Diante dos resultados obtidos, a partir da revisão, o estigma ainda existe, mostrando-se mais resistente até do que a doença, quando se vê que o portador era obrigado a ficar em isolamento, ou o mesmo se via nessa situação, por vontade própria, de se isolar socialmente. O sofrimento apresentado pelos pacientes com hanseníase em decorrência das alterações vivenciadas se revelou como um acontecimento traumático pelas mudanças nos seus estilos de vida em razão das circunstâncias impostas pela situação vivida naquele momento, pelo afastamento dos amigos, do local de trabalho, enfim, de tudo o que fazia parte do seu dia-a-dia.

Etapa 3 – Elaboração Textual A terceira etapa da construção da cartilha foi constituída pela elaboração textual da mesma. Sabendo os tópicos e subtópicos a serem seguidos, iniciou-se a elaboração textual. Tratou-se de um dos momentos mais difíceis da construção, uma vez que o conteúdo teve que ser parafraseado inúmeras vezes, visto tratar-se uma linguagem peculiar^8 e cientifica que poderia comprometer o entendimento do público alvo.

Pois a hanseníase possui linguagem muito científica e peculiar, e sendo a cartilha educativa uma tecnologia escrita, precisa se escrita de forma criativa, clara e simples, uma vez que o público-alvo deve ser contemplado com o fácil entendimento da mesma. Algumas expressões científicas precisaram sem esclarecidas, para isso, o nome científico veio acompanhado da explicação entre parênteses, utilizando nessa parte uma linguagem popular e de fácil entendimento para todos. Como exemplos, têm-se: Exame dermato-neurológicos (exame da pele e dos nervos dos braços e pernas), dermatoses (doenças de pele) E assim por diante. Um material bem elaborado ou uma informação de fácil entendimento melhora o conhecimento e a satisfação do paciente, desenvolve ações que influenciam o padrão de saúde e favorece a tomada de decisão, além de contribuir na redução do uso dos serviços e dos custos com a saúde^8. O conteúdo era composto pelos achados da RI, onde se descrevia a doença, os estigmas, um pouco de informações acerca de tratamento e transmissão e uma parte sobre superação.

Etapa 4 – Layout da cartilha educativa Na quarta etapa, foram escolhidas as imagens que iriam compor a cartilha educativa. Sendo dividida em capa, contracapa, ilustrações iniciais, ilustrações informacionais e educacionais, ilustrações finais e verso. A cartilha foi desenvolvida no programa Adobe Illustrator que é um editor de imagens vetoriais, além de uma parceria com uma agencia de marketing que auxiliaram no processo de montagem do layout da cartilha. A capa foi composta por 1 imagem que retrata os pacientes na forma de tijolos, um muro na verdade, onde deixa-se claro que todos são iguais, sem distinção pela patologia. Sendo a hanseníase essa doença excludente e com caráter cronificador, pensou-se nesse quesito de superação para relatar ao público algo. Na parte das ilustrações iniciais, foram compostas por ilustrações que traziam informações sobre a hanseníase, onde era contextualizado o um pouco da história das doenças, trazendo informações contempladas na bíblia até os dias atuais, além de contar uma história em fatos reais, que trazia uma parte do contexto de superação e busca ativa de informações. Nas ilustrações informacionais e educacionais, foram utilizados imagens que se referiam ao problemas que a hanseníase traz ao portador, o que ela causava e o que era os principais sintomas da doença, além de trazer informações sobre transmissão e tratamento e a quebra de transmissão após o início do tratamento. Nas ilustrações finais, as imagens eram projetadas com informações, na forma de diálogo entre pacientes e familiares acerca do que aprendemos com o conteúdo. As ilustrações ajudam na interpretação dos textos, pois contribuem de forma significativa no imaginário do público, uma vez que mexe com a imaginação dos mesmos de forma a interpretar e memorizar o que se é passado diante do texto. Em um estudo com 115 agentes comunitários de saúde, mostrou eu as ilustrações na cartilha educativa auxiliaram numa melhor interpretação do texto e relacionaram aos objetivos propostos^17. Os desenhos em linhas simples ajudam no realismo do contexto proposto, por isso, resolveu-se utilizar desenhos de linhas simples por chegar mais perto da vida real, e com isso executar o que se era proposto. Nas folhas finais contem tópicos acerca da patologia, informações sobre prevenção e tratamento, informações de superação do preconceito, e informações úteis para o público-alvo.

Etapa 5 – Diagramação da cartilha destacando a importância de cores estratégicas para um olhar mais atrativo do público-alvo. Foi feita mais uma revisão de linguagem e após isso, foram organizadas de forma simples e atrativa. Segundo Côrrea^18 , a informação visual precisa estar organizada de forma confortável e compreensiva para o público. Seguindo o pressuposto de que as cores são de inteira importância na atratividade, em páginas que as folhas se encontravam, eram mantidas as mesmas cores, uma vez que em um estudo^8 que descreveu o processo de construção e validação de manual educativo, mostrou-se que as cores tornavam o conteúdo mais atrativo. Ao final, a cartilha foi composta por 20 páginas e 25 ilustrações. Foram desenvolvidos vários personagens exclusivos para a cartilha, a fim de facilitar a visualização da sequência de acontecimentos. A Figura 2 apresenta a diagramação da capa da cartilha.

Figura 2: Capa da Cartilha