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ARTIGO - ARTIGO
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
Cássia Rejane Fernandes dos Santos 1 Marianna Quitéria Silva Albuquerque 2 Ana Elizabeth Araújo da Silva Félix 3
Este estudo foi elaborado objetivando explicar os mitos relacionados à menstruação fazendo algumas considerações culturais acerca da temática. Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com investigação de campo em Caxias -MA no primeiro semestre de 2010. A amostra intencional foi composta por 20 mulheres com idade de 18 a 65 anos, nas quais os dados foram colhidos através de entrevistas semi estruturadas em que relatavam algumas dúvidas atinentes ao período menstrual e seus acometimentos. Das entrevistadas percebeu-se que existe em suas conjecturas acerca do período em pauta, mito em grande maioria. Por isso, desenvolveu-se esta pesquisa a fim de demonstrar às mulheres as verdades sobre esta fase em que todas que fazem parte desse gênero passam em suas vidas. Percebeu-se com a investigação que grande parte não conhece as verdadeiras ocorrências orgânicas do estado menstrual.
Palavras chaves: Menstruação. Cultura. Mitos. Verdades.
(^1) Acadêmica do 3° período do curso Enfermagem da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão. (^2) Acadêmica do 3°período do curso Enfermagem da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão. (^3) Professora de Língua Portuguesa e Metodologia do Trabalho Científico do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão. Orientadora da Pesquisa. Marymartins.22@hotmail.com
A menstruação já foi encarada de várias formas por diversas gerações como algo idolatrado, odiado ou simplesmente como fato normal. O sangue da menstruação tem uma história de tabus e lendas tão antigas quanto a civilização humana. Embora hoje, as jovens estejam mais preparadas para a chegada da menarca (primeira menstruação), vale ressaltar que ainda existem pessoas sem informações sobre determinado assunto. Este estudo foi elaborado com o objetivo de explicar os mitos relacionados à menstruação fazendo algumas considerações culturais com as vidas diárias das pessoas, que relatam dúvidas relacionadas à menstruação, sendo que a maioria das entrevistadas não sabe discernir entre o que é mito ou verdade sobre esta manifestação orgânica. Segundo Coutinho (1996) as mulheres na pré-história apresentavam um ciclo menstrual que iniciava normalmente aos 18 anos, devido supostamente ao quadro de subnutrição que as mulheres da época deveriam ter, principalmente pelas longas caminhadas da vida nômade e da escassez de alimentos. Quando entravam na menarca (primeira menstruação), elas passavam a chamar a atenção dos homens da tribo, e as relações sexuais ocorriam naturalmente pela atratividade das fêmeas e pela agressividade sexual dos machos. Menstruar regularmente durante muitos anos era destino reservado para as mulheres que não conseguiam ter filhos, e assim sendo, eram consideradas doentes, sendo rejeitadas pelos maridos e condenadas à prostituição. Na época da Grécia Antiga, grandes vultos como Pitágoras, Aristóteles, Sócrates e Hipócrates, dentre outros, transformaram a Grécia no berço da sabedoria em praticamente todas as áreas do conhecimento. No caso da medicina e menstruação, Hipócrates, sem ter como examinar cadáveres humanos pensava que o útero fosse subdividido internamente, formando inúmeras subdivisões e saliências, e que o seu interior contivesse tentáculos e ventosas. Ainda assim Hipócrates foi quem primeiro analisou o fenômeno da menstruação, atribuindo ao mesmo uma função benéfica à saúde. Durante a Idade Média, houve uma prolongada estagnação da ciência e a Igreja católica passou a dominar a escrita e o pensamento. Foram séculos dominados pela superstição e medo, pela busca do céu e a fuga do inferno. As solteiras estavam condenadas a menstruar a vida inteira, e como para os médicos era benéfico para a saúde, não havia quem não aceitasse resignadamente a ocorrência da menstruação. Nessa época não eram apenas as
“Agora não, né? mas antigamente, depois que a gente já era mocinha, eles falavam que não podia tomar banho, lavar a cabeça, quando estava menstruada, senão o sangue subia pra cabeça, morria, né? Tinha essas coisas. Não podia tomar friagem..”.(,S 46)
De acordo com o discurso acima, com uma pessoa de faixa etária de 30 anos, evidenciaram características marcantes de regras e tabus: que são passados pelas mulheres da família e principalmente mãe e avó. Cabe ás mulheres reproduzir e perpetuar os valores culturais, ainda que hoje sejam menos considerados.
“É de avó mesmo, né? Porque quando eu falei que tinha lavado a cabeça minha avó ficou brava!” (V. F)
Diante das regras e proibições de qualquer natureza, a mulher tem duas condutas básicas: obedecê-las ou não. Independente da sua atitude, ainda há dúvidas e considerações sobre a validade desses tabus. “Esse negócio de antigo é que deixa gente irritada”.(R.m)
Em praticamente todos os grupos, a questão das regras e tabus relacionados à menstruação despertava a idéia da “dieta” puerperal, que parecia ser levada muito mais a sério pelas mulheres. Foi necessário interromper as divagações sobre “as dietas” e retornar à menstruação.
“Não, na minha menstruação, (...) sempre comi de tudo. Só nas dietas que eu não comia isso – coisas podres; porque dizia os antigos: você tava aberta, que, a mesma coisa da menstruação que fica aberta, dá infecção, dá isso, dá aquilo...(...) Ovo, carne de porco, repolho, peixe... couve... – diz que são coisas que... ajuda a inflamar”.
Por certo, muitas mulheres utilizaram a menstruação para deixar de fazer trabalhos exaustivos, ou para amedrontar homens, ou para evitar relações sexuais com os maridos. De um lado, a representação da menstruação como doença, como debilidade, como periculosa serviu para impedir e calar essas mulheres. Mas de outro lado, serviu para improvisar pretextos e esquivar-se de situações indesejadas.
“Ai mermã eu fico tão estressada... sinto uma dor no pé da barriga, dor de cabeça, meus peitos ficam doloridos e antes de menstruar meu namorado diz que fico insuportável(rs)...mas depois tudo passaa”. (K.S)
CONCLUSÃO
A menstruação foi descrita como um mistério que a mulher vivencia - e o homem jamais saberão o que é. A mulher apodera-se disso e constrói o seu reino, compartilhado apenas com outras mulheres. Observava-se que as participantes falavam abertamente de si mesmas e suas coisas íntimas nos grupos focais. Os tabus se justificam sob este grande “paradigma”: a menstruação é um evento especial, que demanda da mulher cuidados especiais consigo mesma e com os outros. Isto permanece ainda hoje, como herança ancestral histórica das culturas antigas. No entanto é preciso enfrentar o desafio de levar essa discussão, adiante. A menstruação produz crenças, condutas, comportamentos e rituais que se inserem em um sistema determinado de conceber o corpo das mulheres, nas sociedades consideradas “modernas”, as representações da menstruação obedecem lógicas culturalmente específicas, marcam os corpos e têm efeitos na construção das subjetividades, essas marcas, além de efeito simbólico, têm expressão social e material. Esperamos que as interpretações contidas neste estudo sirvam como reflexões que poderão dar início a investigações de caráter mais profundo acerca desta temática que não se encerra nesta pesquisa e sim, abre um leque de investigações sobre esta temática que cabem ainda serem desenvolvidos e investigados. Ainda assim, acreditamos que possibilitamos no decurso da pesquisa, oportunidades para as mulheres que dela fizeram parte e de outras que poderão ter acesso a este texto, novos conhecimentos acerca da menstruação para que elas estejam aptas a discernir os mitos e as verdades sobre este fenômeno orgânico porque passa toda mulher.