








Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
CAPÍTULO 2 - VEDAÇÕES
Tipologia: Notas de estudo
1 / 14
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
No
geral, consideram-se como elementos de vedação os que, não tendo fun-
ções estruturais, são usados apenas para fechamento dos vãos. Há vários tipos de veda-ção,
algumas
desempenhando
parcialmente
funções
estruturais, outras
funcionando
como fechamento e proteção.
-
T i p o de vedação que consiste em paus colocados perpendicularmente entre os
baldrames e os frechais,
neles
fixados
por meio de furos ou pregos. Estes paus são
frequentemente
roliços, com sua casca inclusive, em seção compatível com a espessura
pretendida
para as paredes que vão compor, em geral de 0,15 a 0,20m, condicionando
os paus a um diâmetro de 0,10 a 0,15m. (fig. 17) Normalmente a estes, são colocados outros, mais finos, ripas o u varas,
(fig. 18) (foto 11) tanto de um lado como de o u t r o :
amarrados c o m "seda em rama, o linho, o cânhamo, canabis sativa, o tucum, o cravete,o guaxima, o imbé, o b u r i t i " e outros diversos géneros próprios para cordas, conheci-dos no Brasil pelo nome genérico de embiras, como
quer o Bispo de Pernambuco em
sua
"Memória
sobre as Minas de O u r o ". ^
São também usados couro ou pregos, for-
mando uma trama ou armadura capaz de receber e suster o barro que, posteriormente, vai encher
os vazios da armação. Estas varas horizontais podem ser roliças, de taquaras
inteiras ou de canela de ema. No norte utilizam-se os troncos de carnaúba, não só para os paus-a-pique como para o ripamento horizontal. Podem
ser colocadas duas a duas,
de um lado e outro, no mesmo nfvel ou alternadamente, (fig. 19)
de
modo a correspon-
der cada uma a um intervalo de duas do lado oposto. O espaçamento dos paus-a-piquevaria em torno de um palmo, sendo o das varas um pouco menor.
Feita
a
trama, é o barro jogado e apertado sobre
ela,
trabalho que se faz ape-
nas
com as mãos, sem auxílio
de qualquer
ferramenta, o que tornou
este sistema
conhecido pelo nome de
pescoção, tapona
ou
sopapo.
v a
r a
/
V
/
/ / é V q / d o b e
/ / / / / / m
jy/^ ^kw
/ / / / /
//////m7//////////
Empregam-se
as paredes
de pau-a-pique,
tanto
externa como
internamente,
preferindo-se, porém, o seu uso no interior das edificações ou nos pavimentos
elevados.
É, por excelência, o sistema indicado para as vedações
por sua leveza, pouca espessura,
economia e rapidez de construção, sendo também chamado
de taipa de mão ou taipa
desebe. (figs.
2 0 e 2 1 )
T I J O L O S ou A D Ô B O S
Podem
as vedações ser preenchidas
por tijolos ou adôbos assentados sobre os
baldrames,
quando
mais
comum
se torna o emprego das aspas francesas,
compondo,
assim, os frontais tecidos. Sobre os esteios, na sua face voltada para a espessura das pa-redes, pregam-se varas, onde se encaixam os tijolos ou adôbos com rasgos pré-estabele-cidos, proporcionando, desta forma, melhor
solidariedade entre a vedação e a estrutu-
ra, (fig. 22)-
Vedação
similar à taipa de sebe, dela se distingue peia sua menor
espessura,
podendo a trama
compor-se apenas de varas, dispensando os paus-a-pique. A tessitura
pode,
também,
ser feita
de esteira
de taquara
ou de espécies fibrosas
sobre
ripas,
(fig. 23) -
São vedações de tábuas, de grande simplicidade, usadas principalmente
para
divisões de cómodos internos, (fig. 24)
São consideradas como estruturas mistas aquelas em que as cargas se transmi-
tem
aos pilares de alvenaria
de pedra e, também em menor escala, às vedações, dispen-
sando as vigas horizontais. Podem
ainda estes pilares constituir apenas a infraesíruturg
i
-
"
1
1
das construções elevadas
do solo sobre o qual se levantam edifícios de estrutura maci-
ça
ou independente.
ocorrência
conjunta
da estrutura
independente
e da maciça
configura-se de várias formas:
— arcabouço de taipa de pilão sobre pilares de alvenaria de pedra, assentada a
parede sobre baldrames de madeira ou arcadas de alvenaria, (figs. 2 5 e 26)
— paredes
mestras de alvenaria
de tijolos de pedra e divisórias de^vedação, se-
jam de tijolos de meia vez, de taipa de sebe, de adôbos ou estuque.
— paredes mestras de taipa e divisórias de taipa de sebe ou adôbos.Trata-se,
evidentemente,
de
uma combinação
entre
dois
tipos
de
sistemas
construtivos com possibilidade de inúmeras variações.-
Para
a construção dos muros são adotadas as mesmas técnicas empregadas nas
paredes, sejam de taipa, pedra seca, pedra e barro, pedra e cal, adobo ou pau-a-pique. Oelemento, porém, que os completa
é a cobertura de proteção, que pode ser de telhas
(figs.
28 e 29), assentadas
diretamente
no maciço, em uma ou duas águas, ou sobre
armação
de madeira, formando
beirais
de caibros corridos
(fig. 30) ou de cachorra-
da, (foto 8)
Podem
ainda ser completados com cimalha de cantaria ou de alvenaria e mas-
sa, com seus
perfis
emoldurados.
Capeam-se,
também, por tijolos ou lajes de pedra,
(fig. 31) Contudo, os sistemas de coberturas que interessam aos muros são os mesmos das construções, a serem posteriormente
estudados. Convém salientar, desde logo, que
os balanços da cobertura
são sempre proporcionais à proteção que devem oferecer aos
muros,
cujas
alturas tleterminam
a dimensão
do balanço
das proteções com que se
coroam.
Na parte
inferior dos muros divisórios de terrenos aparecem elementos desti-
nados
a isolá-los da ação das águas, constituídos por lajes ou tábuas de revestimento.
Constituem
as sarjetas
espécies de passeios de proteção, de pedras redondas,
poliédricas ou em lajes
que ocorrem
nas faixas
de terreno
imediatamente
ligadas ao
' j^-'
, í
nascimento
das paredes. Têm largura variável e combatem
não só a umidade do solo
como resistem à força das águas despejadas da cobertura, evitando
as ofensas que po-
deriam causar ao terreno e, consequentemente, aos alicerces das paredes.-
As
vedações recebem
acabamentos
diversos, não
só pelos revestimentos das
paredes como pelos coroamentos e tratamento dos cunhais.
As
paredes
são, no geral, revestidas
por argamassa compondo o emboço de
barro,
completado
ou não
por reboco
de cal e areia.
V e z por outra, argamassa-se o
barro com estrutura de curral, para sua maior consi-stência e para proporcionar melhor
ligação entre o maciço de barro e o revestimento de cal e areia. ÍMo auto de arremata- ção
da cadeia
de Sabará, em 1 7 4 1 , querem-se as paredes
"rebocadas de bosta
(sic) e
cayadas,
tudo
na última
p e r f e i ç ã o ". P a d r e
Florian
Bancke,
S. J. , assim descreve o
processo: "Hacem
diferentes revoques en las paredes: el primero es de tierra, arena y
estiercol
caballar
secco
molido
que se mezcla
con agua arcilloza; este revoque
no se
raja
jamas
y
mucho
menos
aún,
el segundo
que se hace de puro
estiercol
vacuno
frasco sin una mezcla de o
material. El tercero
se mezcla con arena caliza de puras
conchas quemadas, y con pr'vo de ladrillo".^'^
Quando à ca!, seria primeiro importada e, depois, obtida de conchas ou maris-
cos queimados até o aparecimento da cal comum. Quando esta falta, é substituída pela tabatinga.^^
Outro revestimento
é feito de madeira e proporcionado por tábuas formando
barras na parte inferior das paredes, divididas em painéis, ou revestindo-as por inteiro,
(foto
gar os frechais. Com tábuas revestem-se também as faces externas das paredes, de altoa baixo, quando sujeitas à ação de chuvas mais intensas. Mais tarde, seria esta proteção
proporcionada também por folhas metálicas. Este revestimento
de tábuas, de consoei-
ras ou mesmo de traves, aplica-se nas cadeias, reforçando as suas paredes para evitar asperfurações
destinadas
à fuga
dos detentos.
Na arrematação
da cadeia de Vila
Rica,
em
1723, as enxovias
dos brancos
e dos pretos deviam ser "forradas de tabuado de
alto
a baixo pela
parte
de dentro e por fora,, gasora
barriadas", como fez Antônio
Luiz de Araújo, 1 7 4 6. ^
Empregam-se, ainda, como revestimento, azulejos lisos, de uma só cor o u colo-
ridos,- em decorações ou cenas, como
na igreja de Nossa Senhora
do Carmo, em Ouro
Preto, (foto 9)
1'.*
BiMIBIttMMBqfMIl
V
i
R e v e s t i m e n t o
d e
p a r e d e
c o m
t e l h a s
e m
b i c a
R e v e s t i m e n t o
d e
p a r e d e
c o m
t e l h a s
e m
c a p a
R e v e s t i m e n t o
d e
p a r e d e
c o m
t e l h a s
e m
c a p a
e
b i
c a
Finalmente, não podem ser esquecidas as telhas, que protegem as paredes do
castigo das águas revestindo, de preferência, as empenas, lanternins, mansardas e outroselementos,
(figs. 3 2 , 33 e 34) Podem
ser colocadas só em bicas, (fig. 35), fixadas em
massas ricas ou por meio de pregos.
As paredes de pau-a-pique podem ser também revestidas na sua parte inferior,
por lajes junto ao solo, pelo
lado de fora, para melhor proteção contra as águas. Neste
caso, as lajes geralmente compõem barras.-
As paredes, têm, no geral, seus limites superiores definidos pela cobertura, em
suas
beiradas
sacadas,
das quais
se falará
posteriormente.
Existem,
porém,
paredes
cujos coroamentos se fazem livres, com empenas monumentais, compreendendo fron-tões ou platibandás. As empenas compõem-se em variadas formas: triangulares, (f iq. 36) de curvas rampantes e caprichosas, (fig. 37) o u interrompidas (fig. 38), de acordo como estilo e o gosto do arquiteto. Arrematam-se
com molduras, cimalhase, nas mais po-
bres, c o m telhas colocadas transversalmente
à direção das águas do telhado. As plati-
bandás podem ser cheias, lisas, com ornamentação em relevo, figuras geométricas, cor-dões, almofadas
e decorações florais, ou se apresentarem vasadas formando
varandas
de balaustres de pedra, cerâmicas ou de alvenaria e massa. Estas balaustradas dividem-
se em painéis separados por pilares, muitas vezes acompanhando o prumo das pilastrase encimadas por figuras, vasos e outros elementos decorativos, (fig. 39)
Os cunhais variam conforme o sistema construtivo adotado. Quando a estru-
tura
é de madeira, os esteios aflorados constituem os cunhais.
Às vezes
revestem-se
com tábuas lisas ou de rebaixo, com molduras dando-lhes maior ressalto em referênciaao plano das paredes,
(fig. 40) Quando de pedra, podem ser de alvenaria e massa ou de
cantaria, sempre, porém, ressaltados da parede, à feição de pilastras.
Há casos de estrutura de madeira com fingimento de pilastras, o que se consegue
fazendo
estuque
sobre
os esteios
o u , apenas,
revestindo-os
de
massa.
Quando
os
cunhais são de alvenaria e massa, recebem, no século X I X , decoração em relevo, estu-cada
ou em pintura. O
estuque
aproveita
o cordão
e os motivos florais; os entalhes
servem-se destes e dos conchoides. Convém destacar as duas significações distintas doestuque: a primeira das quais refere-se a panos de vedação de pouca espessura e a se- gunda, a relevos de massa sobre as paredes, com caráter decorativo.
FOTO
12
Lajes de reforço dos pisos. Casa dos Contos, Ouro Preto/MG.
30
José
Joaquim
da Cunha
Azeredo
Coutinho, Bispo
de Pernambuco,
autor
da
"Memória
sobre as IVlinas de O u r o "
(1804),
In Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro
Tomo
L X I , 1898, fis. 2 6.
31
Segundo
T H E D I M B A R R E T O ,
Paulo
"Casas de Câmara e Cadeia" in Revista do Patri-
mônio
Histórico
e Artístico
Nacional, n?
11, IVlinistério
da
Educação
e Saúde,
Rio de
Janeiro,
1947 - pg. 103.
32
Citado por T H E D I M B A R R E T O , P A U L O
33
—
T A B A T I I M G A
— " O
termo,
corruptela
do
tupi
"toba-tinga", quer
dizer
barro
branco.
Hoje em dia, a palavra designa qualquer barro argiloso com certa porção de matéria orgâni- ca,
untuoso
ao tato, não sendo necessariamente
branco. Antigamente, foi generalizado o
seu
emprego
na pintura
de paredes,
já
que a cal era de difícil obtenção, principalmente
;
na zona rural. Nas pinturas mais requintadas, adicionava-se à calda de tabatinga certos fixa- dores como o leite da sorveira, o leite de vaca, certas soluções de pedra-ume, etc."S O R V E I R A
— "Árvore de família das Apocináceas, couma macrocarpa, Barb.
Rod., que
fornece
madeira
branca
para
marcenaria
e que dá, também, uma resina viscosa, a qual
costuma ser, no vale amazônico, misturada â'tabatinga usada na pintura das casas, segundo
Martius e Afonso Arinos de Melo Franco. Peso específico da madeira igual a 0,54".Apud
C O R O N A
e
L E M O S ,
"Dicionário
da
Arquitetura
Brasileira", Edari
São
Paulo
Livraria Editora Ltda., 1? edição. São Paulo, 1 972 -
pgs. 435 e 4 3 1.
34
T H E D I M
B A R R E T O ,
P A U L O
ob. cit., pgs. 92 e 93. Segundo
Paulo
Thedim
Barreto,
"gazora é expressão que podemos tomar no sentido de rebocada".