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Desafios da Aquisição de Cadáveres para Estudo Médico: Socialização Anatômica, Resumos de Anatomia

Uma pesquisa bibliográfica sobre a história da aquisição de cadáveres humanos para fins de estudo médico, enfatizando os aspectos éticos, jurídicos e sociais envolvidos. A pesquisa aborda a origem da dissecação de cadáveres, as dificuldades enfrentadas na idade média e o ressurgimento do interesse na era do renascimento. Além disso, o documento discute as dificuldades atuais na aquisição de cadáveres para o estudo médico no brasil, destacando a importância desses corpos na formação acadêmica.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Lula_85 🇧🇷

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Universidade Federal do Ceará
Campus Cariri
3o Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011
Aquisição de cadáveres para o estudo médico: Entraves à
socialização do conhecimento anatômico
Jamille Ferreira Leandro¹; José Marcílio Nicodemos da Cruz²; Anielly Sampaio
Clarindo¹
¹Estudantes da UFC- Campus Cariri, Barbalha, Ceará, Brasil
2Professor da UFC Campus Cariri, Barbalha, Ceará, Brasil
jamille_leandro@yahoo.com.br; anielly_sampaio@hotmail.com
Resumo. O estudo anatômico com o uso de cadáveres data da antiguidade,
onde se utilizava animais para dissecações, na busca de conhecimento do
corpo humano através de comparações das espécies. Foi realizada uma
pesquisa bibliográfica, com o intuído de ressaltar a história da dissecação de
cadáveres humanos e os aspectos jurídicos, éticos e sociais envolvido em tal
processo. A dissecação de cadáveres sempre foi alvo de discussões e
confrontamento de idéias, e, apesar dos avanços nas técnicas de estudo
anatômicos utilizados atualmente, esse método ainda se destaca como básico
e essencial para o conhecimento médico.
1. Introdução
O interesse do homem pelo estudo anatômico data da antiguidade, no período
dos estudiosos gregos, que viam na anatomia um referencial básico para a ciência
médica. Hipócrates, o Pai da medicina”, é descrito como o primeiro a registrar o
conhecimento anatômico que, na época, já vivenciava intensamente as críticas a respeito
do ato de dissecar. A justificativa tinha como base, principalmente, os princípios
religiosos, os quais pregavam que se devia preservar o cadáver, respeitando-o e
mantendo a sua tranqüilidade após a morte. (MALOMO; IDOWU; OSUAGWU, 2006)
Diante das dificuldades anteriormente mencionadas, a anatomia Animal foi o
verdadeiro enfoque da antiguidade. Porém, devido às diferenças estruturais encontradas
entre as espécies de seres vivos, o médico e cirurgião Herófilo de Calcedônia, da Escola
de Medicina de Alexandria, começou a realizar procedimentos de dissecação em
cadáveres humanos, obtendo um avanço na descrição da nomenclatura e da linguagem
anatômica. As dissecações, que ultrapassavam a marca dos 600, eram realizadas com
cadáveres de criminosos condenados. No mesmo período, viveu Erasístrato (310-250
aC), grande contribuinte da anatomia e da fisiologia humana. (MALOMO; IDOWU;
OSUAGWU, 2006)
No período da Idade Média, foram diversas as dificuldades enfrentadas pelos
estudiosos acerca dos princípios éticos e religiosos na utilização de cadáveres para
dissecação. Por autoridade de Igreja, houve um retrocesso no conhecimento científico e
a dissecação de seres humanos passou a ser proibida, sendo considerada sacríleja. A
principal representação dessa época foi o médico Cláudio Galeno. Tendo feito apenas
duas ou três dissecações humanas durante toda a sua vida, seus conhecimentos
advinham da dissecação de animais, sujeitos, portanto, a muitos equívocos quando não
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Campus Cariri 3 o^ Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

Aquisição de cadáveres para o estudo médico: Entraves à

socialização do conhecimento anatômico

Jamille Ferreira Leandro¹; José Marcílio Nicodemos da Cruz²; Anielly Sampaio Clarindo¹ ¹Estudantes da UFC- Campus Cariri, Barbalha, Ceará, Brasil (^2) Professor da UFC – Campus Cariri, Barbalha, Ceará, Brasil

jamille_leandro@yahoo.com.br; anielly_sampaio@hotmail.com

Resumo. O estudo anatômico com o uso de cadáveres data da antiguidade, onde se utilizava animais para dissecações, na busca de conhecimento do corpo humano através de comparações das espécies. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com o intuído de ressaltar a história da dissecação de cadáveres humanos e os aspectos jurídicos, éticos e sociais envolvido em tal processo. A dissecação de cadáveres sempre foi alvo de discussões e confrontamento de idéias, e, apesar dos avanços nas técnicas de estudo anatômicos utilizados atualmente, esse método ainda se destaca como básico e essencial para o conhecimento médico.

1. Introdução

O interesse do homem pelo estudo anatômico data da antiguidade, no período dos estudiosos gregos, que já viam na anatomia um referencial básico para a ciência médica. Hipócrates, o “Pai da medicina”, é descrito como o primeiro a registrar o conhecimento anatômico que, na época, já vivenciava intensamente as críticas a respeito do ato de dissecar. A justificativa tinha como base, principalmente, os princípios religiosos, os quais pregavam que se devia preservar o cadáver, respeitando-o e mantendo a sua tranqüilidade após a morte. (MALOMO; IDOWU; OSUAGWU, 2006)

Diante das dificuldades anteriormente mencionadas, a anatomia Animal foi o verdadeiro enfoque da antiguidade. Porém, devido às diferenças estruturais encontradas entre as espécies de seres vivos, o médico e cirurgião Herófilo de Calcedônia, da Escola de Medicina de Alexandria, começou a realizar procedimentos de dissecação em cadáveres humanos, obtendo um avanço na descrição da nomenclatura e da linguagem anatômica. As dissecações, que ultrapassavam a marca dos 600, eram realizadas com cadáveres de criminosos condenados. No mesmo período, viveu Erasístrato (310- aC), grande contribuinte da anatomia e da fisiologia humana. (MALOMO; IDOWU; OSUAGWU, 2006)

No período da Idade Média, foram diversas as dificuldades enfrentadas pelos estudiosos acerca dos princípios éticos e religiosos na utilização de cadáveres para dissecação. Por autoridade de Igreja, houve um retrocesso no conhecimento científico e a dissecação de seres humanos passou a ser proibida, sendo considerada sacríleja. A principal representação dessa época foi o médico Cláudio Galeno. Tendo feito apenas duas ou três dissecações humanas durante toda a sua vida, seus conhecimentos advinham da dissecação de animais, sujeitos, portanto, a muitos equívocos quando não

Campus Cariri 3 o^ Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

consideradas as características anatômicas variáveis das espécies, e quando pretende ser a palavra final nos aspectos que discute. (TAVANO; OLIVEIRA, 2011)

Após esse período de grande repulsa ao ato de dissecação de cadáveres, surgiu o período do Renascimento, onde se consagraram vários artistas e anatomistas, como Leonardo da Vinci e Andreas Versalhes. Através da análise meticulosa e crítica de cadáveres, eles ofereceram grande avanço e contribuição para a firmação da ciência anatômica. (TAVANO; OLIVEIRA, 2011)

Atualmente, a polêmica existente acerca da anatomia se concentra no professor alemão Gunther Von Hagens, que preserva as estruturas do corpo humano por meio de uma técnica chamada plastificação. Esse procedimento tem sido revolucionário, porém, o seu lado obscuro está no fato de utilizar os corpos plastificados para exibições públicas. Essas exibições, nada acadêmicas, têm suscitado sentimentos que vão de repugnância à fascinação, e gerado muita polêmica. (RUIZ; PESSINI, 2006) Em nosso país, apesar da utilização de cadáveres para estudo em escolas médicas ser permitida e regulamentada pela lei 1851/92, ainda vemos bastante dificuldade para a aquisição dessas peças anatômicas nas universidades, seja por enfrentamento de questões culturais, éticas, políticas ou sociais. Assim, tal trabalho tem como objetivo evidenciar as dificuldades e a burocracia imposta desde a antiguidade até o período atual na aquisição de cadáveres para o estudo médico, destacando a essencial importância deles na formação acadêmica dos estudantes de medicina.

2. Metodologia

Trata-se de um estudo de análise bibliográfica a partir de uma breve revisão da história da dissecação humana e da atual situação brasileira no que se refere aos aspectos ético-sociais e jurídicos no fornecimento de cadáveres para as escolas médicas. Para tal, foram realizadas buscas em base de dados como o SCIELO e PUBMED, objetivando reconhecer artigos e publicações gerais que contivessem as seguintes expressões: “história da medicina”, “história da dissecação”, “Gunther Von Hagens”, “Lei 8501/92”. Também foram analisadas publicações da revista da Sociedade Brasileira de Anatomia: “O anatomista”. Após o encontro de uma diversidade de artigos, foram selecionados aqueles que condiziam especificamente com a temática e objetivo do estudo.

3. Resultados e discussão

Por proporcionar um grande desenvolvimento para o conhecimento científico médico, o cadáver tem a sua importância histórica que lhe permitiu ser utilizado por vários séculos, em dissecações ilegais, quer de cadáveres de criminosos, quer por furto para obtenção de tal objeto de pesquisa. Com a transição do pensamento humano indo desde a antiguidade até meados do século XX, a sociedade começou a compreender a importância das dissecações para o conhecimento médico. Os corpos então passaram a ser obtidos através de doações de cadáveres indigentes ou não reclamados, o que seria uma forma de aquisição menos impactante, apesar de ainda não ser um processo formalizado.

Em alguns países, tendo como exemplo o EUA, desde o final do século XIX e início do XX, já se obteve um êxito no que se refere à legalização de cadáveres não

Campus Cariri 3 o^ Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

observações em atlas anatômicos e programas computacionais que cada vez trazem mais recursos, como a visualização de imagens em 3D. Porém, assim como as peças sintéticas, tais métodos, apesar de práticos e didáticos, não suprem o conhecimento fornecido pelas técnicas de dissecação e prospecção.

4. Conclusão

Conforme foi evidenciado, a utilização de dissecações animais, atlas

anatômicos e tecnologias digitais para o estudo da estrutura humana fornecem

muitas informações, porém algumas vezes distorcidas e divergentes, pelas

características peculiares existentes somente no ser humano. Referencias

É essencial que se preserve a cultura histórica do aprendizado anatômico através da dissecação de cadáveres, posto que é nela que se resgata o sentido humanístico da arte da medicina e intelectual das estruturas corpóreas humanas. Apesar das diversas dificuldades ao acesso e disponibilização de cadáveres, não se deve desistir de introduzir na formação médica a presença desses corpos que, apesar de não serem mais dotados de vida, representam os primeiros pacientes dos estudantes e contribuem enormemente para a consolidação do conhecimento médico anatômico.

Agradecimentos

Agradeço à Universidade Federal do Ceará, pela concessão da bolsa de iniciação a docência.

Referencias

BRASIL, Lei N° 8.501, de 30 de novembro de 1992. Dispõe sobre a utilização de cadáver não reclamado, para fins de estudos ou pesquisas científicas e dá outras providências. Presidência da República, Casa Civil , Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L8501.htm>. Acesso em: 30 ago. 2011.

FAZAN, V.P.S. Métodos de Ensino em Anatomia: Dissecção versus Prossecção. Revista de Divulgação Científica da Sociedade Brasileira de Anatomia, São Paulo, ano 2, v. 1, p. 8 – 9, 2011.

MALOMO, A.O.; IDOWU, O.E.; OSUAGWU, F.C. Lecciones de Historia: Anatomía Humana, desde el Origen hasta el Renacimiento. International Journal of Morphology , v.24 n.1, 2006.

RUIZ, C.R.; PESSINI, L. Lições de anatomia: vida, morte e dignidade. O Mundo da Saúde , São Paulo, ano 30, v. 30, n 3, jul./set. 2006.

TAVANO, P.T.; OLIVEIRA, M. C. Surgimento e desenvolvimento da ciência anatômica. Anuário da produção acadêmica docente , São Paulo, v.2, n.3, 2008. Disponível em: <http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/anudo/article/viewFile/683/ 526 >. Acesso em: 01 ago. 2011.