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Uma análise detalhada da oclusão dente-dente, uma forma menos comum de relacionamento entre dentes, contrastando com a oclusão dente-superfície. O texto discute as cúspides de apoio ou de contenção cêntrica (c.c.c.) dos dentes inferiores e superiores, as vertentes dos dentes posteriores que deslizam durante o movimento protrusivo da mandíbula, a guia anterior, a relação cêntrica, a máxima intercuspidação dos dentes, a função em grupo combinada ou parcial, o fenômeno de christensen e a concavidade dos dentes anteriores superiores. O documento também aborda a influência da direção dos movimentos de bennett, da distância intercondilar e da angulagem da eminência articular sobre a concavidade dos dentes anteriores superiores.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Essa apostila foi originalmente desenvolvida pelo autor para a disciplina de Oclusão da FORP-USP. Seu uso é restrito e sua reprodução proibida.
Prof. Dr. César Bataglion
Etmologicamente, o vocábulo OCLUSÃO significa o ato de fechar; cerramento, fechamento. Oclusão, num conceito estático significa apenas a relação dos dentes superiores com os inferiores, referindo-se ao ato de aproximar, anatomicamente, dentes antagonistas. Funcional e biologicamente, oclusão significa o relacionamento entre os dentes maxilares e mandibulares, e entre estes e as demais estruturas do sistema estomatognático, tais como periodonto, articulação temporomandibular e mecanismo neuromuscular. O cirurgião-dentista que não estiver atento à necessidade da aplicação dos fundamentos e dos conceitos básicos da oclusão na prática odontologia moderna, os quais procuramos enfocar neste trabalho, estará ultrapassado. Com o conhecimento e domínio do entendimento e da aplicação dos aspectos funcionais da Oclusão Dentária, o profissional estará qualificado para exercer uma odontologia restauradora correta, dentro da normalidade do sistema mastigatório, e ainda, diagnosticar, prevenir e tratar os distúrbios da oclusão e da articulação temporomandibular, causa de enorme desconforto em um número significativo de pessoas que procuram o cirurgião-dentista na busca da resolução de seus problemas.
O Sistema Mastigatório ou Estomatognático, é uma entidade anatômica e fisiológica, perfeitamente definida, constituída por um conjunto heterogêneo de orgãos e tecidos cuja biologia e fisiopatologia são absolutamente interdependentes (BEHSNILIAN^5 ,1974). Todas as funções desse sistema dependem da participação dos seus componentes anatômicos e funcionais simultaneamente. Os componentes anatômicos do sistema estomatognático são: a) Ossos (crânio, mandíbula, hióide, clavícula e esterno) b) Músculos (da mastigação, da deglutição e da expressão facial). c) Articulações [dento-alveolar (periodontal) e temporomandibular (ATM) ou craniomandibular (WOELFEL^29 , 1990)]. d) Dentes. e) Lábios, Língua e Bochechas. f) Glândulas relacionadas. g) Sistema Vascular e Nervoso Relacionados. Os componentes fisiológicos do sistema estomatognático são: a) Oclusão Dentária. b) Periodonto. c) Articulação Temporomandibular (ATM). d) Mecanismo Neuromuscular. Os músculos, guiados por impulsos nervosos, realizam a atividade funcional deste sistema, sendo portanto componentes ativos. Os ossos, articulações temporomandibulares e ligamentos associados, os dentes e suas estruturas de suporte são estruturas dinamicamente passivas. Todos esses componentes são igualmente importantes, devido à interdependência íntima de estímulos, movimentos funcionais, morfologia e estado de saúde, nas várias partes do sistema a serem integradas; em suma, sua saúde biológica depende da perfeita harmonia funcional entre seus componentes fisiológicos. São funções do sistema estomatognático:
a) POR VESTIBULAR. Observando a Figura 1, podemos verificar o relacionamento das cúspides de apoio ou cúspides de contenção cêntrica (C.C.C.) dos dentes inferiores, com os dentes superiores: Figura 1. Oclusão dente-dois-dentes (vista vestibular).
Verificamos assim, como regra básica, que todas as cúspides cêntricas inferiores, ocluem com cristas marginais, com exceção da cúspide mediana do primeiro molar inferior e da disto-vestibular do segundo molar inferior , que ocluem com fossas antagonistas. b) POR LINGUAL Observando a Figura 2 pode-se observar o relacionamento das cúspides de contenção cêntrica superiores, ou seja, o local de oclusão das cúspides palatinas com os dentes inferiores. Figura 2. Oclusão dente-dois-dentes (vista lingual).
Outra forma de oclusão, bem menos encontrada nas dentições naturais é a dente-dente (MOTSCH^13 , 1985), esquema oclusal cúspide com fossa, no qual cada cúspide de apoio ou de contenção cêntrica (C.C.C.) sempre se aloja na fossa oclusal do dente oposto, de modo a cada dente ocluir com apenas um dente antagonista, ocorrendo sempre o tripoidismo, conforme a Figura 4. É importante salientar que pode-se encontrar o relacionamento oclusal dente- 2 - dentes de um lado da arcada dentária e dente-dente do outro lado, principalmente em pacientes submetidos a terapia ortodôntica. Figura 4. Relacionamento oclusal dente-dente mostrando o tripoidismo característico (cúspide com fossa).
Deve ser usado este esquema, apenas quando se restaura muitos dentes contíguos e os dentes opostos a eles, o que normalmente ocorre nas reabilitações extensas. Foi Peter K. Thomas, que observando este esquema de oclusão em um dos seus pacientes, desenvolveu uma técnica de enceramento progressivo com o conceito de cúspide com fossa, dando a relação dente-dente (SHILLINGBURG^23 ,1988). A oclusão cúspide com fossa dá excelente distribuição de forças oclusais no sentido axial e estabilidade dos dentes, já que nesta relação oclusal todas as cúspides cêntricas ocluem com fossas. Assim, uma cúspide de suporte, durante a oclusão dos dentes, é mantida normalmente em posição firme e precisa por três pontos de contato oclusal (tripoidismo). Neste relacionamento, a oclusão se processa da seguinte forma: a) POR VESTIBULAR Observando a Figura 5, verificamos o relacionamento das cúspides cêntricas (C.C.C.) dos dentes inferiores com os superiores e dos dentes superiores com os inferiores: Figura 5. Relacionamento das cúspides cêntricas superiores e inferiores (oclusão dente - dente). Observar que os contatos oclusais das cúspides cêntricas sempre ocorrem contra as fossas.
Nota: Os segundos e terceiros molares superiores repetem o relacionamento oclusal com os seus antagonistas de maneira idêntica ao verificado com o primeiro molar superior quando oclui com o primeiro molar inferior. Finalizando, conforme foi verificado até agora, na oclusão dente-dente todos os contatos das cúspides cêntricas, ocorrem com três pontos de oclusão, de modo a ter sempre o tripoidismo.
Também denominadas de cúspides de apoio , de trabalho ou de parada em cêntrica , as cúspides de suporte são aquelas que ocluem com fossas ou cristas marginais dos dentes antagonistas (Figura 6-A). São as cúspides vestibulares dos dentes inferiores e palatinas dos dentes superiores (UETI^28 ,1987). Estas cúspides ao ocluirem estabelecem e mantem a Dimensão Vertical de Oclusão (DVO). São também chamadas de cúspides de contenção cêntrica , pois estabilizam a mandíbula no fechamento da boca, quando nas posições de máxima intercuspidação habitual ou de oclusão em relação cêntrica. O ápice destas cúspides, anatomicamente, tem forte inclinação para o lado oposto (em direção ao sulco principal), para ocluirem nas fossas e cristas marginais antagonistas.
2. CUSPIDES NÃO-CÊNTRICAS (C.N.C.) OU DE BALANCEIO OU DE PROTEÇÃO. São as cúspides linguais dos dentes inferiores e as vestibulares dos dentes superiores. As cúspides de proteção, na dentição natural, não ocluem com os dentes antagonistas e fisiológicamente tem a propriedade de proteger a língua e bochechas , o que faz com que, anatomicamente, essas cúspides sejam bem verticalizadas e com pouca inclinação Figura 6 - B). Figura 6. Em A) cúspides de contenção cêntrica (C.C.C.) dos dentes superiores e inferiores. Observar a forte inclinação para o lado oposto existente nas mesmas. Em B) cúspides de proteção dos dentes superiores e inferiores. Veja a forte verticalização apresentada por elas.
3.1 Vertentes Triturantes (ou internas): planos e arestas situados na face oclusal propriamente dita (entre as cúspides vestibulares e linguais) ao longo das quais se movem as cúspides de suporte quando são assumidas posições funcionais da mandíbula, conforme se observa na Figura 7, indicada pelas letras b, c, f, g. 3.2 Vertentes Lisas (ou externas): situam-se, a partir do ápice das cúspides vestibulares e linguais, na face livre das coroas dentárias, conforme se observa na Figura 7, indicada pelas letras a, d, e, h. Figura 7. Vista frontal das arcadas vendo-se as vertentes triturantes ou internas (b,c,f,g) e as vertentes lisas ou externas (a,d,e,h).
4. VERTENTES PROTRUSIVAS. São as vertentes dos dentes posteriores que deslizam durante o movimento protrusivo da mandíbula para logo depois desocluírem assim que se inicia a ação da guia anterior. São as vertentes distais das cúspides superiores e mesiais das cúspides inferiores (Figura 8). Figura 8. Vertentes protrusivas. 5. VERTENTES RETRUSIVAS. São as vertentes dos dentes posteriores que deslizam durante o movimento retrusivo da mandíbula, com os dentes em contato. São as vertentes mesiais das cúspides superiores e distais das cúspides inferiores (Figura 9). Figura 9. Vertentes retrusivas.
Durante o movimento protrusivo da mandíbula, enquanto não existe a ação da guia anterior, as cúspides cêntricas dos dentes deslizam contra seus antagonistas determinando assim os chamados sulcos protrusivos, que se localizam na região do sulco principal e apresentam direção póstero-anterior nos dentes superiores (Figura 11) e ântero-posterior nos dentes inferiores (Figura 12). Figura 11. Sulcos protrusivos nos Figura 12. Sulcos protrusivos nos dentes posteriores superiores. A seta dentes posteriores inferiores. A seta indica o deslocamento da mandíbula. indica o deslocamento da mandíbula.
9. SULCOS RETRUSIVOS São os sulcos pelos quais passam as cúspides de contenção cêntrica durante a retrusão mandibular. Estão localizados na região do sulco principal e tem sentido inverso aos sulcos protrusivos (Figuras 13 e 14), ou seja, tem direção ântero-posterior nos dentes superiores e póstero-anterior nos dentes inferiores. Figura 13. Sulcos retrusivos nos Figura 14. Sulcos retrusivos nos dentes posteriores superiores. A seta dentes posteriores inferiores. A seta indica o deslocamento da mandíbula. indica o deslocamento da mandíbula.
Durante o movimento de lateralidade da mandíbula, no lado de trabalho, as cúspides de contenção cêntrica deslizam contra os dentes opostos na região dos sulcos de trabalho (Figuras 15 e 16). Estes sulcos, nos pré-molares superiores saem próximo das cristas marginais mesiais (T1) , e nos inferiores próximos das fossas distais (T2). Nos molares superiores estes sulcos se localizam entre as cúspides vestibulares (T3) e nos molares inferiores entre as cúspides linguais (T4). Figura 15. Sulcos de trabalho nos dentes Figura 16. Sulcos de trabalho nos dentes posteriores superiores. A seta indica o posteriores inferiores. A seta indica o deslocamento da mandíbula. deslocamento da mandíbula.
11. SULCOS DE BALANCEIO. São os sulcos produzidos (no lado de balanceio), pela passagem das cúspides cêntricas, na face oclusal do dente antagonista, durante o movimento de lateralidade da mandíbula (MOTSCH^13 , 1985; NUNES^19 , 1980). A nível de premolares inferiores está localizado na vertente distal da cúspide vestibular (Figura 17 - B3 ) e nos premolares superiores na vertente mesial da cúspide palatina (Figura 18 - B4 ). Nos primeiros molares inferiores, situa-se entre as cúspides mediana e disto-vestibular (Figura 17 - B2 ), sendo denominado de Fenômeno de THOMAS (Figura 20). Nos molares superiores, situa-se na vertente interna da cúspide mésio-palatina (Figura 18 - B1 ), sendo denominado de Fenômemo de STUART (Figura 19). Estes sulcos, por serem funcionais, algumas vezes podem não corresponder aos sulcos anatômicos encontrados nos dentes naturais. Figura 17. Sulcos de balanceio nos dentes Figura 18. Sulcos de balanceio nos dentes posteriores inferiores. A seta indica posteriores superiores. A seta indica o deslocamento da mandíbula. deslocamento da mandíbula.
Over-jet é a distância em que se projetam horizontalmente os dentes superiores sobre os dentes inferiores, quando em máxima intercuspidação (Figura 23).
2. OVER-BITE, TRESPASSE OU SOBREPASSE VERTICAL. O over-bite corresponde a distância em que se projetam verticalmente os dentes superiores sobre os inferiores (Figura 23). Pode ser usado também para indicar as relações verticais das cúspides antagonistas. Têm-se sugerido que o trespasse vertical, em oclusão normal, não deveria exceder a um terço do comprimento do incisivo inferior. Entretanto, tais regras não tem sentido como padrão para avaliação da oclusão (SHILLINGBURG^24 ,1983). O overbite e o overjet determinam a fisiologia ou a patologia (quando incorretos) da guia anterior (incisal), que justamente é o deslize dos dentes anteriores inferiores pela face palatina dos dentes anteriores superiores durante a protrusão da mandíbula. Fica evidente que numa situação de mordida aberta anterior (ausência de trespasse) a guia anterior (incisal) fica comprometida e portanto não conseguirá desocluir a mandíbula na protrusão. O excessivo trespasse (mordida profunda), de modo inverso, irá provocar uma desoclusão imediata e brusca na protrusão mandíbular, com grande desoclusão dos dentes posteriores. A Figura 24, mostra variações de relação dos dentes anteriores que influenciam a guia anterior em função de alterações nos trespasses. Figura 23. SH: Sobrepasse horizontal (over-jet) e, SV : sobrepasse vertical (over-bite) observados nos dentes anteriores e posteriores.
Figura 24. Seis variações de relação dos dentes anteriores que influenciam a guia anterior
3. CURVAS DE COMPENSAÇÃO DE SPEE E WILSON. São curvaturas antero-posterior (Curva de Spee) e látero-lateral (Curva de Wilson) , verificadas no alinhamento das cúspides e bordas incisais dos dentes. 3.1. CURVA DE SPEE. É a curvatura anatômica ântero-posterior do alinhamento oclusal dos dentes inferiores, vista no plano sagital, que passa pelo ápice das cúspides vestibulares, de canino até o último dente do hemi-arco , em direção à borda anterior do ramo ascendente da mandíbula (Figura 25). Distúrbios oclusais na curva de Spee podem levar a interferências nos movimentos mandibulares de lateralidade e protrusão. 3.2. CURVA DE WILSON. É a curvatura dos dentes no sentido vestíbulo-lingual (de um lado a outro da arcada dentária), no plano frontal,que passa pelas cúspides vestibulares e linguais dos dentes posteriores de ambos os lados (Figura 26). A curva é côncava no arco inferior e convexa no arco superior, resultado principalmente das diferentes posições axiais (longo eixo) dos dentes posteriores. A posição axial anormal de um ou mais dentes na arcada, pode levar a distúrbios na movimentação mandibular verificada principalmente nos movimentos de lateralidade. Figura 25. Curva de Spee. Figura 26. Curva de Wilson.