Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

APG 14-Crise epiléptica e epilepsia, Notas de estudo de Neurologia

Resumo sobre crises epilépticas e epilepsia com enfoque no conceito, epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento.

Tipologia: Notas de estudo

2025

À venda por 06/04/2025

estaelly-gomes
estaelly-gomes 🇧🇷

14 documentos

1 / 12

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
estaelly.gomes
1
O termo convulsão refere-se a uma manifestação
motora, que pode ou não ser decorrente de uma crise
epiléptica. Um paciente pode apresentar convulsão, por
exemplo, durante um episódio de síncope, cuja causa é
diferente de uma crise epiléptica. Nessas situações, o
serão acompanhadas de alterações simultâneas no EEG.
Definição pela AAP: Convulsão provocada pela
febre em crianças de 6 a 60 meses, sem
infecção do sistema nervoso central.
Definição pela ILAE: Convulsão na infância
associada à febre (> 1 mês de idade), sem
infecção do sistema nervoso central, distúrbios
metabólicos ou história prévia de crises
neonatais.
Tipos de Convulsão Febril:
1. Simples:
oGeneralizada.
oCrianças de 6 meses a 5 anos.
oDuração < 15 minutos.
oSem recorrência em 24 horas.
oSem diagnóstico prévio de epilepsia.
oSem alterações no período pós-ictal.
2. Complexa:
oApresenta manifestações focais.
oDuração > 15 minutos.
oPode ocorrer mais de uma vez em 24
horas.
oPeríodo pós-ictal patológica (paresia de
Todd).
oMaior risco de desenvolvimento de
epilepsia futura.
Crises provocadas por fatores agudos e transitórios,
responsáveis por cerca de 40% dos casos incidentes
de crises não febris.
Respondem ao tratamento do fator desencadeante e
não requerem tratamento prolongado com
antiepilépticos.
1 em 10 pessoas terá uma crise epiléptica em sua
vida.
A maioria é provocada por eventos agudos e não
está relacionada à epilepsia.
Distribuição Etária e Incidência
APG 14-Crise epiletica e epilsepsia
Objetivos
1-Compreender a epilepsia e crise epilética;
2-Conhecer o diagnóstico diferencial sobre a convulsão
febril;
3-Entender o mecanismo de ação das bases
farmacológicas dos anticonvulsivantes.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe APG 14-Crise epiléptica e epilepsia e outras Notas de estudo em PDF para Neurologia, somente na Docsity!

estaelly.gomes O termo convulsão refere-se a uma manifestação motora, que pode ou não ser decorrente de uma crise epiléptica. Um paciente pode apresentar convulsão, por exemplo, durante um episódio de síncope, cuja causa é diferente de uma crise epiléptica. Nessas situações, não serão acompanhadas de alterações simultâneas no EEG.  Definição pela AAP: Convulsão provocada pela febre em crianças de 6 a 60 meses, sem infecção do sistema nervoso central.  Definição pela ILAE: Convulsão na infância associada à febre (> 1 mês de idade), sem infecção do sistema nervoso central, distúrbios metabólicos ou história prévia de crises neonatais. Tipos de Convulsão Febril:

  1. Simples: o Generalizada. o Crianças de 6 meses a 5 anos. o Duração < 15 minutos. o Sem recorrência em 24 horas. o Sem diagnóstico prévio de epilepsia. o Sem alterações no período pós-ictal.
  2. Complexa: o Apresenta manifestações focais. o Duração > 15 minutos. o Pode ocorrer mais de uma vez em 24 horas. o Período pós-ictal patológica (paresia de Todd). o Maior risco de desenvolvimento de epilepsia futura.  Crises provocadas por fatores agudos e transitórios, responsáveis por cerca de 40% dos casos incidentes de crises não febris.  Respondem ao tratamento do fator desencadeante e não requerem tratamento prolongado com antiepilépticos.  1 em 10 pessoas terá uma crise epiléptica em sua vida.  A maioria é provocada por eventos agudos e não está relacionada à epilepsia.  Distribuição Etária e Incidência

APG 14-Crise epiletica e epilsepsia

Objetivos

1-Compreender a epilepsia e crise epilética; 2-Conhecer o diagnóstico diferencial sobre a convulsão febril; 3-Entender o mecanismo de ação das bases farmacológicas dos anticonvulsivantes.

estaelly.gomes o Primeiro ano de vida: Pico de 300 casos por 100.000 pessoas, devido a causas metabólicas, infecciosas e encefalopáticas. o Idosos (>75 anos): Segundo pico de 123 por 100.000 pessoas, associado a doenças cerebrovasculares, neoplásicas e degenerativas.  Traumatismo craniano: 16%.  Acidente vascular encefálico (AVE): 16%.  Distúrbios infecciosos: 15%.  Distúrbios tóxico-metabólicos: 15%.  Abstinência de álcool e substâncias psicoativas: 14%.

ETIOLOGIA

 Alterações celulares:  Permeabilidade anormal da membrana celular.  Distribuição irregular de íons em células neuronais.  Inibição reduzida ou mudanças estruturais:  Redução da inibição da atividade neuronal cortical ou talâmica.  Mudanças estruturais que aumentam a excitabilidade neuronal.  Desequilíbrios de neurotransmissores:  Excesso de acetilcolina.  Deficiência de GABA (neurotransmissor inibitório).  Fatores genéticos:  Mutações específicas em canais iônicos associadas a síndromes epilépticas.

CLASSIFICAÇÃO

 É feita pela International League Against Epilepsy (ILAE), que classifica as crises epilépticas com base nos sintomas clínicos complementados pelos resultados da EEG.  Princípios fisiológicos da classificação:  Tipos básicos de crises epilépticas: o Crises parciais (ou focais): Início restrito a uma parte do hemisfério cerebral. Baseadas no nível de consciência.  Parciais simples (perceptivas): Consciência preservada. Pode transformar-se em crises parciais complexas e ambas podem evoluir para crises generalizadas secundárias.  Parciais complexas (disperceptiva): Consciência comprometida. o Crises generalizadas: Afetam difusamente o cérebro desde o início.  Baseadas nas manifestações motoras ictais: Presença ou ausência de manifestações motoras.  Tônico-clônica, ausência, tônica, clônica, mioclônica, atônica.  Quando o paciente apresenta a primeira crise, podemos ter 3 opções:  Primeira crise de um quadro de epilepsia;  Crise epiléptica provocada (sintomática aguda);  Crise isolada única.  Classificação atual (ILAE, 2017):  Crises de início focal.  Crises de início generalizado.  Crises de início desconhecido.  Crises não classificáveis.

CRISE DE INÍCIO FOCAL

CRISES PARCIAIS SIMPLES

 Descarga ictal afeta uma área limitada e circunscrita do córtex, chamada foco epileptogênico.

estaelly.gomes  Estado Pós-Ictal : Confusão mental.  As crises originadas na porção anterior do lobo temporal, o uncus, são caracterizadas pela sensação de cheiro ruim, são chamadas de crises uncinadas.  Alucinações e experiências ilusórias:  DÉJÀ VU: Familiaridade com eventos ou ambientes desconhecidos.  JAMAIS VU: Falta de familiaridade com ambientes conhecidos.  Medo avassalador, ideias fixas, enxurrada de pensamentos.  Sentimentos de distanciamento e despersonalização.  Diagnóstico diferencial: Pode ser confundido com transtornos psiquiátricos.

CRISE DO LOBO FRONTAL

 Crise do lobo frontal é um tipo de crise epiléptica focal que se origina no lobo frontal, região responsável por funções motoras, planejamento, tomada de decisões e comportamento social.  Segunda forma mais comum de epilepsia focal.  Frequentemente associada a manifestações motoras.  É comum serem iniciadas durante o sono.  (^) Motoras (mais frequentes):  Movimentos tônicos, clônicos ou mioclônicos.  Posturas anormais (ex.: braços levantados como "voar").  Movimentos repetitivos, como pedalar.  Não motoras:  Alterações emocionais, sensitivas ou autonômicas.  Sem comprometimento da percepção. Por exemplo: um paciente com convulsão motora focal no córtex motor primário direito pode apresentar movimentos involuntários na mão esquerda contralateral. Devido à proximidade das áreas corticais, a crise também pode causar movimentos anormais na face, sincronizados aos da mão.  Parada súbita de movimentos (ausência).  Características Específicas  Marcha Jacksoniana: Movimentos começam em uma área pequena e se espalham gradualmente. Disseminação para áreas contíguas.  Paralisia de Todd: Paresia temporária após a crise, na região acometida. Pode durar de alguns minutos a muitas horas.  Epilepsia Parcial Contínua (raro): Crises prolongadas e refratárias ao tratamento clínico.  EEG ictal: Detecta descargas anormais no córtex frontal.  Pode ser confundida com transtornos psiquiátricos devido a alterações comportamentais.

CRISES ORIGINADAS NA ÍNSULA

 Sensação de mal estar epigástrico seguido de comprometimento da consciência.

CRISES DOS LOBOS OCCIPITAL E PARIETAL

 Manifestam-se com fenômenos positivos.  Occipitais: percebe imagens que não existem na realidade. Podem ser relatadas luzes piscantes ou fixas, brancas ou coloridas e distorções visuais.  Parietais: parestesias no hemicorpo contralateral quando houver acometimento da área somatossensitiva primária (giro pós-central).

CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO

 Envolvem ambos os hemisférios cerebrais desde o início.  Podem ser:  Motoras (ex.: crises tônico-clônicas).  Não motoras (ex.: crises de ausência).

estaelly.gomes  Circuitos talamocorticais:  Desempenham papel central.  Envolvem canais de Ca²⁺ tipo T no núcleo reticular do tálamo.  Crises de ausência:  Associadas a descargas de ponta e onda no EEG.  Alterações em ritmos oscilatórios entre o tálamo e o córtex.  Crises tônico-clônicas:  Fase tônica: Despolarização prolongada.  Fase clônica: Despolarização rítmica seguida de repolarização.  Envolvem ativação de receptores de NMDA e isso gera aumento do influxo de Ca²⁺.  Início e modulação das crises:  Dependem de aferentes colinérgicos, noradrenérgicos, serotoninérgicos e histaminérgicos do tronco encefálico e do prosencéfalo basal, que modulam a excitabilidade dos mecanismos motores do hemisfério.  Consideradas generalizadas quando:  Sinais clínicos, sintomas e EEG indicam envolvimento bilateral.  Sintomas clínicos:  Perda de consciência.  Respostas motoras bilaterais simétricas.

CRISES DE INÍCIO GENERALIZADO MOTORAS

  1. Crises Tônico-Clônicas  Tipo mais comum de convulsão motora, anteriormente chamada de "grande mal".  Características:  Aviso prévio vago (possível crise focal).  Perda súbita da consciência.  Fase tônica (10-30s): Extensão tônica bilateral do tronco e membros, produzindo primeiramente uma flexão e depois uma extensão, em especial de costas e do pescoço  Grito epiléptico (expulsão de ar pelas cordas vocais contraídas).  Possível cianose devido à contração das vias respiratórias e músculos respiratórios.  Contração dos músculos mastigatórios pode causar um traumatismo na língua.  O paciente cai e pode se lesionar.  Fase clônica (30-60s ou mais): Abalos musculares sincrônicos-alternância entre contração e relaxamento muscular, com movimentos simétricos dos membros.  O esforço respiratório retorna imediatamente após o cessamento da fase tônica.  Sialorreia.  Os abalos musculares se tornam menos frequentes, até que todo o movimento cessa e os músculos se tornam flácidos.  Incontinência vesical e intestinal frequente.  Fase Pós-Ictal: Período de inconsciência até o sistema de ativação reticular (SAR) retomar a função.  Confusão mental.  Exame físico costuma está normal na epilepsia idiopática ou nas convulsões de origem metabólica, exceto as respostas plantares (sinal de Babinski positivo).  Pupilas sempre reagem à luz, mesmo quando o paciente está insconsciente.  Estado de mal epiléptico: caracterizado por convulsões que duram mais de 30 minutos sem cessar espontaneamente ou por crises recorrentes sem recuperação completa da consciência entre os episódios. Trata-se de uma emergência médica, pois pode causar dano cerebral permanente devido à hiperpirexia, colapso circulatório ou lesão neuronal citotóxica se não for tratado adequadamente.  Variações:  Pode ocorrer apenas uma fase (tônica ou clônica) em alguns pacientes.  Em outros, abalos clônicos precedem a sequência tônico-clônica.
  2. Crises Mioclônicas  Breves contrações musculares involuntárias, súbitas, rápidas, semelhantes a um choque.  A epilepsia mioclônica juvenil é a causa mais comum.  Originadas de estímulos cerebrais.  Envolve abalo muscular bilateral que podem ser generalizadas ou localizadas (face, tronco ou extremidades).  Etiologia: hereditária/genética (proteínas EFHC1, BRD2, CACNB4, CLCN2 e GABRA1), diversos distúrbios neurodegenerativos raros (encefalopatia mitocondrial, Unverricht-Lundborg).
  3. Crises Clônicas  Se caracterizam por início com perda de consciência e hipotonia súbita.  Abalos musculares que podem ser simétricos ou não.

estaelly.gomes  Ictal: Refere-se ao que ocorre durante a crise.  Pós-ictal: Período imediatamente após a crise.  Interictal: Intervalo de tempo entre duas crises sucessivas.

DIAGNÓSTICO

 Base diagnóstica: Reconhecimento clínico do tipo de crise. Eletroencefalograma (EEG):  Útil para diferenciar crise epiléptica de outras causas de perda de consciência.  Não exclui epilepsia se normal ou inespecífico.  Achados sugestivos de epilepsia:  Espículas anormais.  Descargas poliespiculares.  Complexos ponta-onda.  Ondas com aumento de amplitude. ]


Exames complementares:  É obrigatório a realização de exames complementares em todos os pacientes que apresentem a primeira crise epiléptica. Deve ser realizado exames laboratoriais e neuroimagem.  Se houver suspeita de neuroinfecção ou hemorragia subaracnóidea, será importante a coleta de líquor lombar.  Crises de início recente  Exclusão de causas tóxicas/metabólicas, pois não requerem anticonvulsivantes.  Crises de início focal ou após 25 anos → Investigação para lesão cerebral estrutural.  A RM é essencial para esse protótipo.  TC não é suficiente.  Se não for encontrada a causa, a decisão de iniciar com anticonvulsivantes deve ter como base a recorrência. Neuroimagem Tomografia Computadorizada (TC)  Mais simples, barata e acessível  Boa para: Calcificações, hemorragias, neuroinfecções, hidrocefalia, sequelas vasculares  Limitações: Dificuldade em visualizar estruturas profundas e lesões pequenas. Ressonância Magnética (RM)  Mais sofisticada e detalhada, porém mais cara e menos acessível  Detecta alterações sutis não vistas na TC  Exemplos: esclerose de hipocampo, displasias corticais  Técnicas funcionais permitem:  Análise da relação entre áreas encefálicas e funções  Auxílio na decisão de ressecção cirúrgica de foco epileptogênico

estaelly.gomes Medicina Nuclear na Epilepsia  Exames cada vez mais importantes.  SPECT: usa radiotraçador (99Tc-HMPAO) para mapear a circulação cerebral.  SPECT Ictal: feito durante vídeo-EEG, mostra hiperperfusão focal e hipoperfusão ao redor.  SPECT Interictal/Pós-ictal: evidencia hipoperfusão regional.  SISCOM: fusão de imagens do SPECT com a ressonância magnética.  Permite correlacionar alterações anatômicas e funcionais.  Utilizado no planejamento cirúrgico da epilepsia.  A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por uma predisposição crônica a causar crises epilépticas recorrentes. Ou seja, o cérebro é cronicamente vulnerável ao surgimento de crises epilépticas.  Diagnóstico de Epilepsia  Estabelecido se atender a um dos três critérios:

  1. Duas ou mais crises epilépticas não provocadas ou reflexas com intervalo > 24h.
  2. Uma única crise não provocada ou reflexa, mas com risco ≥ 60% de recorrência em 10 anos (ex.: tumor, hemorragia, infecção).
  3. Síndrome epiléptica conhecida (ex.: epilepsia benigna centrotemporal, epilepsia reflexa).  Frequência: Segunda condição neurológica crônica mais comum no mundo, após cefaleia.

FATORES DE RISCO

 Infância:  Excluindo epilepsia hereditária, risco aumentado por:  Crises epilépticas febris;  Traumatismo craniano;  Infecções cerebrais;  Retardo mental;  Paralisia cerebral;  TDAH.  Adultos: Causa identificada em apenas 1/3 dos casos.  Principais fatores:  Traumatismo craniano;  Infecções cerebrais;  AVE (Acidente Vascular Encefálico);  Demência.  Aumento do risco:  Mais de 500 vezes → Lesão craniana militar.  30 vezes → Lesão craniana grave civil.  20 vezes → AVE e infecções cerebrais.  10 vezes → Alzheimer, enxaqueca e hipertensão.

CLASSIFICAÇÃO

 Três níveis de diagnóstico:

  1. Determinação do tipo de crise epiléptica:  Início focal  Início generalizado  Desconhecido
  2. Tipo de epilepsia (baseado na crise):  Focal  Generalizada  Focal e generalizada combinadas  Desconhecida
  3. Caracterização da síndrome epiléptica:  Baseada em clínica, EEG, imagem e etiologia
  4. Diagnóstico etiológico (quarto nível): Caso a caracterização completa não seja possível, deve-se estabelecer um dos seis diagnósticos etiológicos:  Estrutural  Genética  Infecciosa  Metabólica  Imune  Desconhecida

SÍNDROMES EPILÉPTICAS

estaelly.gomes  Tiagabina e vigabatrina: aumentam disponibilidade de GABA.

MEDICAMENTOS UTILIZADOS PARA CRISES

FOCAIS (DE INÍCIO PARCIAL)

 Indicação: Crises focais (protótipo) e crises tônico- clônicas  Mecanismo de ação: Bloqueia canais de sódio dependentes de voltagem (Nav1), impedindo disparos neuronais excessivos. Explicação sobre a despolarização anormal na epilepsia: Quando os neurônios são despolarizados até o limiar do potencial de ação, o canal de sódio muda sua conformação de fechado para aberto, permitindo a entrada de sódio. Em seguida, o canal se inativa rapidamente, interrompendo o fluxo de sódio. Após a repolarização, o canal pode ser ativado novamente, permitindo a alternância rápida entre os estados de repouso, aberto e inativado, o que possibilita o disparo de potenciais de ação em alta frequência nos neurônios.  Contraindicação: Epilepsia mioclônica (piora os sintomas).  Reações adversas:  Comuns: Tontura, diplopia, ataxia, desconforto gastrintestinal.  Graves: Síndrome de Stevens-Johnson (risco maior em HLA-B*1502), teratogenicidade (defeitos do tubo neural).  Interações:  Com fenitoína: Redução do nível sérico de ambas, aumentando o risco de crises.  Precisa ter sua dose aumentada na gravidez, o que pode agravar o risco de teratogênese.  Indicação: Crises focais.  Mecanismo de ação: Bloqueio dos canais de sódio por inativação lenta em relação aos outros.  Destaque: Boa tolerabilidade e propriedades farmacocinéticas favoráveis.  Indicação: Prevenção de crises focais, crises tônico- clônicas e tratamento agudo do estado epiléptico. Entretanto, em razão de seus efeitos adversos, ela não é mais indicada como primeira escolha de tratamento.  (^) Mecanismo de ação: Bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem.  Contraindicação: Epilepsia de ausência, epilepsia mioclônica juvenil, síndrome de Dravet.  Reações adversas:  Dermatológicas: Rash cutâneo, síndrome de Stevens-Johnson.  Neurológicas: Ataxia, neuropatia, dificuldade de fala, confusão.  Sistêmicas: Hipertrofia gengival, hirsutismo, osteoporose, hepatotoxicidade, depleção de folato. .  Teratogênese: Síndrome fetal (microcefalia, palato fendido, atraso mental, nariz arrebitado, hipoplasia facial, lábio superior menor, hipoplasia distal).  Interações: Metabolismo hepático intenso (citocromo P450), propensão a interações medicamentosas.  Indicação: Crises focais, dor neuropática, síndrome das pernas inquietas, transtornos de ansiedade.  Mecanismo de ação: Ligação às proteínas α 2 δ (subunidades auxiliares dos canais de cálcio), especificamente α 2 δ-1 e α 2 δ-2, reduzindo a liberação de glutamato nas sinapses excitatórias.  Destaque: Boa tolerabilidade, sem interação com GABA diretamente.

MEDICAMENTOS EFICAZES PARA CRISES

FOCAIS E CERTOS TIPOS DE CRISES

GENERALIZADAS PRIMÁRIAS

estaelly.gomes  Mecanismo de ação: Bloqueia canais de sódio, eficaz em crises focais e generalizadas.  Indicações: Epilepsia focal e generalizada, monoterapia para convulsões tônico-clônicas, síndrome de Lennox-Gastaut.  Efeitos Colaterais: Ataxia, diplopia, insônia, cefaleia, irritabilidade, erupção cutânea (risco de síndrome de Stevens-Johnson).  Observação: Baixa incidência de efeitos teratogênicos, indicada para mulheres em idade fértil.  Mecanismo de ação: Análogo do piracetam, liga-se seletivamente ao SV2A (proteína que regula a liberação de neurotransmissores), reduzindo a liberação de glutamato durante atividade de alta frequência.  Indicações: Amplamente utilizado na epilepsia, com boa tolerância e poucas interações medicamentosas.  Ação: Modula receptores GABAA, aumentando a duração da abertura do canal de cloreto do receptor GABAA. Além disso, bloqueia receptores AMPA ou canais de sódio ativados por voltagem.  Indicações: Uso limitado devido a efeitos colaterais sobre a vigília e cognição. É uma droga de escolha em convulsões febris neonatais. É eficaz em convulsões tônico-clônicas generalizadas em adultos.  Efeitos Colaterais: Tontura, sedação, prejuízo cognitivo, diminuição da concentração.  Ação: Derivado do fenobarbital, convertido em fenobarbital no fígado.  Indicações: Principalmente no tratamento do tremor essencial.  Observação: Pouco usada para epilepsia.

MEDICAMENTOS EFICAZES PARA CRISES

INICIAIS GENERALIZADAS

 Indicações: Crises mioclônicas, atônicas, tônico- clônicas generalizadas, ausência generalizada, epilepsia mioclônica juvenil, síndrome de Lennox- Gastaut.  É o medicamento de primeira escolha para pacientes com vários tipos de crises iniciais generalizadas.  Mecanismo de Ação: Em altas concentrações, ele inibe a enzima GABA-T, responsável pela degradação do GABA, causando o bloqueio do disparo de alta frequência de neurônios.  Efeitos Colaterais: Náuseas, vômitos, dor abdominal, ganho de peso, alopecia, hepatotoxicidade.  Observações: É o fármaco antiepiléptico mais teratogênico, deve ser evitado em mulheres em idade fértil, risco elevado de espinha bífida e mielomeningocele.  Indicações: Epilepsia, enxaqueca.  Mecanismo de Ação: Atuação sobre canais de sódio, receptores GABAA, AMPA, cainato.  Efeitos Colaterais: Comprometimento cognitivo, nefrolitíase, diminuição do apetite, afasia, glaucoma agudo, encefalopatia.  Observações: Risco intermediário de teratogênese, deve ser evitado em mulheres que usam anticoncepcional em doses acima de 100mg/dia.  Indicações: Crises de ausência generalizada (1ª escolha).  Mecanismo de Ação: Inibe canais de cálcio tipo T nos neurônios talamocorticais (responsáveis pelas descargas de onda de pico de 3 Hz das crises de ausência generalizada), afetando também canais de sódio, potássio e retificadores de potássio.  Observações: Pode ser usada como monoterapia, ou associada a outros FAE se crises tônico-clônicas estiverem presentes.  Indicações: Tratamento agudo de crises, estado de mal epiléptico, crises repetitivas agudas.  Mecanismo de ação: modulação alostérica positiva dos receptores GABAA.  Exemplos:  Diazepam: Uso intravenoso no estado de mal epiléptico, gel retal para crises repetitivas agudas.  Lorazepam: Preferido em estado de mal epiléptico devido à duração prolongada. Uso intravenoso.  Midazolam: Preferido no tratamento ambulatorial devido à solubilidade em água.  Clonazepam: É um dos benzodiazepínicos mais potentes. Uso para crises de ausência, atônicas e mioclônicas, mas com sedação proeminente.  Observações: Efeitos sedativos fortes, risco de tolerância, raramente usados para tratamento crônico. OBS: Em idosos, as drogas de escolha para o tratamento de epilepsia são a lamotrigina e a gabapentina.