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Misteriosa Reflexão de Hillé: Um Poema Introspectivo, Manuais, Projetos, Pesquisas de Literatura

Neste documento, encontramos a poética reflexão de hillé, onde ela explora temas complexos, como a vida, a morte, o amor e a identidade. Ela questiona a natureza do corpo, a percepção dos outros e a própria existência. Ao longo do texto, hillé se debate com si mesma, buscando compreender as raízes de seus gestos e as complexidades da humanidade.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 09/11/2020

aline-viturino-lamat
aline-viturino-lamat 🇧🇷

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HILDA HILST
a obscena
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HILDA HILST

a obscena

senhora

D.

Respiro e persigo uma luz de outras vidas

E ainda que as janelas se fechem, meu pai É certo que amanhece.

Dedico este trabalho, assim como o anterior, “Da Morte, Odes Mínimas”, e também meus trabalhos futuros (se os houver) à memória de Ernest Becker por quem sinto incontida veemente apaixonada admiração. H.H.

Vi-me afastada do centro de alguma coisa que não sei dar nome, nem porisso irei à sacristia, teófaga incestuosa, isso não, eu Hillé também chamada por Ehud A Senhora D, eu Nada, eu Nome de Ninguém, eu à procura da luz numa cegueira silenciosa, sessenta anos à procura do sentido das coisas. Derrelição Ehud me dizia, Derrelição - pela última vez Hillé, Derrelição quer dizer desamparo, abandono, e porque me perguntas a cada dia e não reténs, daqui por diante te chamo A Senhora D. D de Derrelição, ouviu? Desamparo, Abandono, desde sempre a alma em vaziez, buscava nomes, tateava cantos, vincos, acariciava dobras, quem sabe se nos frisos, nos fios, nas torçuras, no fundo das calças, nos nós, nos visíveis cotidianos, no ínfimo absurdo, nos mínimos, um dia a luz, o entender de nós todos o destino, um dia vou compreender, Ehud compreender o quê? isso de vida e morte, esses porquês escute, Senhora D, se ao invés desses tratos com o divino, desses luxos do pensamento, tu me fizesses um café, hen? E apalpava, escorria os dedos na minha anca, nas coxas, encostava a boca nos pelos, no meu mais fundo, dura boca de Ehud, fina úmida e aberta se me tocava, eu dizia olhe espere, queria tanto te falar, não, não faz agora, Ehud, por favor, queria te falar, te falar da morte de Ivan Ilitch, da solidão desse homem, desses nadas do dia a dia que

vão consumindo a melhor parte de nós, queria te falar do fardo quando envelhecemos, do desaparecimento, dessa coisa que não existe mas é crua, é viva, o Tempo. Agora que Ehud morreu vai ser mais difícil viver no vão da escada, há um ano atrás quando ele ainda vivia, quando tomei este lugar da casa, algumas palavras ainda, ele subindo as escadas Senhora D, é definitivo isso de morar no vão da escada? você está me ouvindo Hillé olhe, não quero te aborrecer, mas a resposta não está aí, ouviu? nem no vão da escada, nem no primeiro degrau aqui de cima, será que você não entende que não há resposta? Não, não compreendia nem compreendo, no sopro de alguém, num hálito, num olho mais convulsivo, num grito, num passo dado em falso, no cheiro quem sabe de coisas secas, de estrume, um dia um dia um dia Quando Ehud morreu morreram também os peixes do pequeno aquário, então recortei dois peixes pardos de papel, estão comigo aqui no vão da escada, no aquário dentro d’água, não os mesmos, a cada semana recorto novos peixes de papel pardo, não quero mais ver coisa muito viva, peixes lustrosos não, nem gerânios maçãs romãs, nem sumos, suculências, nem laranjas Engolia o corpo de Deus a cada mês, não como quem engole ervilhas ou roscas ou sabres, engolia o corpo de Deus como quem sabe que engole o Mais, o Todo, o Incomensurável, por não acreditar na finitude me perdia no absoluto infinito te deita, te abre, finge que não quer mas quer, me dá tua mão, te toca, vê? está toda molhada, então Hillé, abre, me abraça, me agrada

não compreende o quê? não compreendo o olho, e tento chegar perto. Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os ganidos da infância, os homens curvos, o que pensam de si mesmos os tolos, as crianças, o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa hen? Lixo as unhas no escuro, escuto, estou encostada à parede no vão da escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá dentro além da palavra, expressam-se mas não compreendo, pulsam, respiram, há um código no centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished birds, my name is Hillé, mein name madame D, Ehud is my husband, mio marito, mi hombre, o que é um homem? escuta, Hillé, aqui na vila, está me ouvindo Senhora D? sim então escuta, aqui na vila me perguntam por você todos os dias, eles me veem trazer o leite, a carne, as flores que eu te trago, querem saber o porquê das janelas fechadas, tento explicar que a Senhora D. é um pouco complicada, tenta, Hillé, algumas vezes lhes dizer alguma palavra, você está me ouvindo? te amo, Hillé, está escutando? sim olhe, esse teu fechado tem muito a ver com o corpo,

as pessoas precisam foder, ouviu Hillé? te amo, ouviu? antes de você escolher esse maldito vão da escada, nós fodíamos, não fodíamos Senhora D? sim e você gostava, me lembro das noites que você fazia o café, depois o roupão branco, teus peitos apare- ciam, eles não caíram os teus peitos, o que é que você faz, hen? escute Senhora D, estou descendo a escada, bem devagar, está ouvindo os meus passos? sim então estou descendo, escuta, também posso foder nesse ridículo vão de escada não venha, Ehud, posso fazer o café, o roupão branco está aqui, os peitos não caíram, é assustador até, mas não venha, Ehud, não posso dispor do que não conheço, não sei o que é corpo mãos boca sexo, não sei nada de você Ehud a não ser isso de estar sentado agora no degrau da escada, isso de me dizer palavras, nunca soube nada, é isso nunca soube você se deitava comigo, mesmo não sabendo sim perguntando sempre mas deitava. sim quer dizer que nunca mais a gente vai meter? não sei Vai voltando ao quarto, vai subindo as escadas, é ereto, magro, longilíneo, as sobrancelhas eriçadas, coça com o indicador a bochecha pálida, o mesmo gesto de menino, há um traço rosado nesse pequeno espaço, a bochecha pálida em um traço, um lustro. Cicatriz. Um gato. E o que quer dizer isso de Ehud não estar mais? O que significa estar morto? O traço, a fita mínima na bochecha pálida, o lustro en-

escapam da garganta, agora eu búfalo mergulho, uns escuros Senhora D, a viva compreensão da vida é segurar o coração. me faz um café E nos escuros, eu búfalo não temo, sou senhor de mim, não sei o que é escuro mas estou amoldado, a água nos costados, deslizo para dentro de mim, en- cantamento de um focinho de águas, nem te pres- sinto, vibro as patas, sou senhor do meu corpo, um grande corpo duro, eu búfalo sei da morte? eu búfalo rastejo o infinito? segurar o coração foi isso que você disse? e pedi um café também um dia me disseram: as suas obsessões metafísicas não nos interessam, senhora D, vamos falar do ho- mem aqui agora. que inteligentes essas pessoas, que modernas, que grande cu aceso diante dos movieto- nes, notícias quentinhas, torpes, dois ou três moder- nosos controlando o mundo, o ouro saindo pelos desodorizados buracos, logorreia vibrante modernís- sima, que descontração, um cruzar de pernas tão à vontade diante do vídeo, alma chiii morte chiii, falemos do aqui agora. falando sozinha senhora D? sabe, Hillé, você deve ver as pessoas, você deve foder comigo, deve se ar- rumar um pouco, outro dia vi uma saia longa dessas que você usa mas tão linda, uns frisos escarlates, o tecido amanteigado púrpura, entrei na loja e pensei comprá-la, a mocinha disse ficará lindo na sua se- nhora, ela é alta? magra? eu disse bem, nem muito alta nem muito magra, é loira, tem sardas, não podia falar dos teus peitos duros mas falei tem um lindo busto, ah isso falei, aliás observação inútil em rela-

ção à saia, mas falei, então se é loira, senhor, vai ficar adorável nesses tons, ia comprar mas aí vi pequenos esgarçados, tocando o tecido dava a impressão de que estava tostado do sol das vitrinas, parecia velho de perto, coisa usada, então não quis, mas deve haver outras, hen, não gostarias? Se sou zebu também caminho aos bandos, sou triste de olhar, quero dizer que não terás muita luz no olho se me olhares, a cabeça procura sempre o chão, o beiço quer o verde sempre, se levanto a cabeça olho como quem não vê, procuro como quem não procura, corro se os outros correm ouvindo a voz do homem he boi he boi, que coisa crua empedrada a voz do homem, que cheiro o cheiro do homem, sendo girafa olho alto, estufo de langores, sobrepas- so, sendo girafa no vão da escada encolho, franzida me agacho, sendo girafa te procuro mais perto, lam- bedura acontecível isso de Hillé ser búfalo zebu gi- rafa, acontecível isso de alguém ser muito ao mesmo tempo nada, de olhar o mundo como quem desco- bre o novo, o nojo, o acogulado, e olhando assim ainda ter o olho adiáfano, impermissível, opaco senhora D, senhora D, olhe, dois pãezinhos para a senhora, fui eu mesma que fiz, sou sua vizinha, se lembra? olhe senhora D, não pode se trancar assim, a morte é coisa que não se pode dar jeito, né, o se- nhor Ehud ficaria triste lhe vendo assim, tá morto né, a morte vem pra todos, a senhora também podia colaborar com a vizinhança né, essas caras que a se- nhora anda pondo quando resolve abrir a janela as- sustam as minhas crianças, ai ai senhora D não faz assim agora, isso é coisa de mulher desavergonhada, ai que é isso madona, tá mostrando as vergonhas pra

subida. E para Ehud, Hillé, foi apenas uma letra D. primeira letra de Derrelição, code curva comprimin- do uma haste, verticalidade sempre reprimida, can- cela, trinco, tosco cadeado. Textos, palavras, e de- repente a mão do Porco-Menino me entupindo a boca de terra, de cascalho, de palha. Engasgo neste abis- mo, cresci procurando, olhava o olho dos bichos frente ao sol, degraus da velha escada, olhava encos- tada, meu olho naquele olho, e via perguntas boian- do naquelas aguaduras, outras desde há muito mor- tas sedimentando aquele olho, e entrava no corpo do cavalo, do porco, do cachorro, segurava então minha própria cara e chorava que foi Hillé? o olho dos bichos, mãe que é que tem o olho dos bichos? o olho dos bichos é uma pergunta morta. E depois vi os olhos dos homens, fúria e pompa, e mil perguntas mortas e pombas rodeando um oco e vi um túnel extenso forrado de penugem, asas e olhos, ca- minhei dentro do olho dos homens, um mugido de medos garras sangrentas segurando ouro, geografias do nada, frias, álgidas, vórtices de gentes, os beiços secos, as costelas á mostra, e rodeando o vórtice ho- mens engalanados fraque e cartola, de seus peitos duros saíam palavras Mentira, Engodo, Morte, Hi- pocrisia, vi o Porco-Menino estremecendo de gozo vendo o Todo, suas mãozinhas moles reverberavam no cinza oleoso, ele estendia os dedos miúdos para o alto, procurava quem? Seu irmão gêmeo, estático, os olhos cegos em direção ao próprio peito, a cabeça pendida, o corpo perolado, excrescência e nácar. Venho, Senhora D, a pedido da vila, a confissão, a

comunhão, não quer? meu nome é de onde vem o Mal, senhor? misterium iniquitatis, Senhora D, há milênios luta- mos com a resposta, coexistem bons e maus, o cor- po do Mal é separado do divino. quem criou o corpo do Mal? Senhora D, o Mal não foi criado, fez-se, arde como ferro em brasa, e quando quer esfria, é gelo, neve, tem muitas máscaras, por sinal, não gostaria de se desfazer das suas, e trazer a paz de volta à vizinhança? e como é o corpo do Mal? de escuridão e ouro só tenho coisas baças, peixes pardos, frutas secas, sacos, ferrugem, esterco e meu próprio barro: a carne. por que fecha sempre as janelas? e por que devo abri-las? e por que as abre de repente e assusta as gentes e grita? o corpo é quem grita esses vazios tristes por que não alimenta o corpo com benquerença, aceitando o agrado dos outros? porque o corpo está morto e a alma? a alma é hóspede da Terra, procura e te olha os olhos agora, e te vê cheio de perguntas sou um homem como outro qualquer, Senhora D então rua rua, fora, despacha-te homem como outro qualquer Abro a janela enquanto ele se afasta, invento rouqui- dões, grunhidos coxos, uso a máscara de focinhez e espinhos amarelos (canudos de papelão, pintados

da minha matéria, a imensa insuportável funda nos- talgia de ter amado o gozo, a terra, a carne do outro, os pelos, o sal, o barco que me conduzia, umas manhãs de quietude e de conhecimento, umas tardes-amora brevíssimas espirrando sucos pela cara, rosada cara de juventude e vivez, e uma outra cara de mansa maturidade, absorvendo o que via, lenta, os ouvidos ouvindo sem ressentimento. deverias ter casado com outro por que? esses doutos, falantes, esses da filosofia, ai, devemos nos amar, Hillé, para sempre, eu te dizia: tu tens vinte agora, eu vinte e cinco, pensa tudo isso não vai voltar, não terás mais vinte nem eu vinte e cinco, teremos cinquenta cinquenta e cinco, e vais ficar triste de teres perdido o tempo com perguntas, pensa como serás aos sessenta. eu estarei morto. por que? causa mortis? acúmulo de perguntas de sua mulher Hillé. Subíamos juntos os degraus desta mesma escada. a cama. o gozo. o ímpeto. depois sono e tranquilidade de Ehud. seus débeis sonhos? modéstia. humildade. e cólera muitas vezes: vida, morte, teu trânsito daqui pra lá, porra, esquece, segura meu caralho e esquece, te amo, louca. Bonito Ehud. Afilado, leve, caminha- va de um jeito como se soubesse que encontraria tu- do nos seus lugares certos, como se nele Ehud, mo- rasse o Tempo, e Ehud o domasse. Por que me es- colheu? Talvez porque no início pensasse que eu en- contraria as respostas, e ele então saberia? você vai achar, Hillé, seja o que for que você procura.

como é que você sabe? porque nada nem ninguém aguenta ser assim perseguido o que é Derrelição, Ehud? vem, vamos procurar juntos, Derrelição Derrelição, aqui está: do latim, derelictione, Abandono, é isso, Desamparo, Abandono. Por que? porque hoje li essa palavra e fiquei triste triste? mesmo não sabendo o que queria dizer? DERRELIÇÃO. não, não parece triste, talvez porque as duas primeiras sílabas lembrem derrota, e lição é sempre muito chato. não, não é triste, é até bonita. Desamparo, Abandono, assim é que nos deixaste. Porco-Menino, menino-porco, tu alhures algures acolá lá longe no alto aliors, no fundo cavucando, inventando sofisticadas maquinarias de carne, gozando o teu lazer: que o homem tenha um cérebro sim, mas que nunca alcance, que sinta amor sim mas nunca fique pleno, que intua sim meu existir mas que jamais conheça a raiz do meu mais ínfimo gesto, que sinta paroxismo de ódio e de pavor a tal ponto que se consuma e assim me liberte, que aos poucos deseje nunca mais procriar e coma o cu do outro, que rasteje faminto de todos os sentidos, que apodreça, homem, que apodreças, e decomposto, corpo vivo de vermes, depois urna de cinza, que os teus pares te esqueçam, que eu me esqueça e focinhe a eternidade à procura de uma melhor ideia, de uma nova desengonçada geometria, mais êxtase para a minha plenitude de matéria, licores e ostras vem vem depressa, Hillé, olha um bichinho tão delicado engolindo o outro

se caminha, lembra como caminhávamos? te lembras de um brilho que vias numa pequena colina naquele passeio às águas? e como te esforçaste para subir a colina? e o que era afinal aquele brilho? sim, me lembro, uma tampinha nova de garrafa, uma tampinha prateada como são todos os brilhos no cume de todas as coli- nas. exageros. a Terra não é uma tampinha prateada como será a cara DELE hen? é só luz? uma gigan- tesca tampinha prateada? não há um vínculo entre ELE e nós? não dizem que é PAI? não fez um acor- do conosco? fez, fez, é PAI, somos filhos. não é o PAI obrigado a cuidar da prole, a zelar ainda que a contragosto? é PAI relapso? estavas suada. um vestido de ramas, azulado, onde é que foi parar aquele vestido? e um colar mínimo, de âmbar, perdeste? dizias: Ehud, vem, corre, brilha de- mais para não ser nada. aí achei a tampinha é. está bem. mas vamos esquecer, já mudaste a cara. achei a tampinha e dei um grito, não foi, Ehud? e chorei esgoelada foi. mas por favor vamos esquecer. fui falando mas não me lembrava do fim. eu gritando que Deus era um menino louco e vamos dormir, vem. Um menino louco, vamos dormir vem, sim vamos dormir, como é o Tempo, Ehud, no buraco onde te encontras morto? como vive o Tempo aí? Escuro, e derepente centelhas de cores, como é que o Tempo do inchado, do verme, do asqueroso? O que é asqueroso? Como é o Tempo no úmido do fosso? Pergunto ao

Menino Louco: estás aí com Ehud? Morte, asquero- so, inchado, vermes, fosso fazem parte de ti? Hillé, nada de mim é extensão em ti Não fizemos um acordo? O quê? Não és Pai? Nem sei de mim, como posso ser extensão num outro? Não houve um contrato? Quê? Estás louca. Vivo num vazio escuro, brinco com ossos, estou sujo sonolento num deserto, há o nada e o escuro Não te escuto Digo que durmo a maior parte do tempo, que estou sujo O quê? O que, meu Deus? Não te escuto Que um dia talvez venha uma luz daí Quê?

É uma sapa velha. Viu a pele pintada? É sarda. Ain- da tem umas boas tetas. Credo, teta de sapa. Pode- mos botar fogo na casa durante a lua nova. Com as casas quase coladas? Dá-se um jeito, fogaréu que vai dar gosto. O Nonô metido a demo, a polícia, tu sabes que vive enfiando prego no cu do gato, pois é, pois o Nonô se mijô quando viu a caretona dela na jane- la. Casa da porca. Olhe, eu tive um porco que era um ouro, era um porco de bem, macio, gordo como poucos, atendia pelo nome de nhenhen, foi ficando tão gordo tão macio tão delicadeza, que foi servido só